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Sannyas é comprometimento (1)

 

Osho,  
Um outro discurso, uma outra pergunta boba. Por que você se refere aos seus sannyasins como ‘os poucos escolhidos’, quando qualquer alma perdida pode vir a Puna com vontade de participar de algum grupo de gestalt terapia da moda, participar de algumas meditações e aparentemente tomar sannyas? Quem já teve o sannyas recusado e fundamentado em quê?  
PS.: Bob Dylan diz ‘Eu nunca entrei em qualquer uma dessas viagens de guru. Eu nunca me perdi assim.’

      Dick Blackburn, ninguém jamais é recusado, nenhum Tom, Harry, nem mesmo Dick. Isto não significa que todos eles sejam aceitos. Ninguém jamais é recusado, isto é verdade, mas isto não significa que eles sejam aceitos. Somente são aceitos aqueles que se rendem. Somente são aceitos aqueles que estão completamente comprometidos, que entraram no amor comigo, que podem confiar, e cuja confiança é incondicional e absoluta. Estes são aceitos.  
       O sannyas não é negado a ninguém porque ele é uma oportunidade. Algumas pessoas se entregam antes mesmo de tomar o sannyas, e algumas se entregam depois de tomá-lo. Há pessoas que se entregam depois de serem sannyasins por meses ou por anos. Então o sannyas não é negado, ele cria um espaço e um contexto para a entrega.
 

      Mas, sobre quem realmente recebe o sannyas, quem é realmente aceito, é uma questão totalmente diferente. Ela permanece esotérica. Somente eu sei. E, aos poucos, a pessoa que é aceita começa a ficar sabendo, mas muito aos poucos. Às vezes leva anos para a pessoa compreender que ela foi aceita. Isto nunca é dito, nem mesmo para a pessoa é dito que ela foi aceita. Isto tem que ser compreendido, e nisto está a sua beleza. Somente assim ele é significante.
     
Mas isto começa a acontecer. Se eu aceito uma pessoa, aos poucos a sua energia começa a lhe enviar mensagens de que ela foi aceita. Um dia isto se torna uma certeza tão absoluta, tão evidente, que não há necessidade de qualquer declaração, validação ou certificado.  
      O sannyas é dado a todos, mas realmente tomam sannyas somente aqueles que são aceitos. Por isto eu digo que os sannyasins são os poucos escolhidos. É devido à minha compaixão que eu não rejeito ninguém. O mais indigno também é respeitado, amado, recebido e bem-vindo. E quem sabe? O indigno pode mudar. O homem é imprevisível, o metal mais básico pode um dia se tornar ouro.  
      E a respeito do P.S.: ‘
Bob Dylan diz ‘Eu nunca entrei em qualquer uma dessas viagens de guru. Eu nunca me perdi assim.’


Osho Transformation Tarot - Disciplehood

      Encontrar um mestre não é para aqueles que se sentem perdidos. E para aqueles que começam a sentir que existe um caminho e que existe um raio de luz, que eles não estão perdidos, que eles podem encontrar alguém que os ajudará e que fará com que as coisas fiquem mais claras e transparentes.”

                                      Osho – The Book of Wisdom – capítulo 6 – pergunta n° 4  
                                          Tradução: Sw. Bodhi Champak

 Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados

 

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Sannyas é comprometimento (2)

 

Osho,  
Por que os não-sannyasins têm que sentar atrás da linha verde? Para mim, tem sido muito difícil vê-lo e isso para alguém que está apenas aprendendo a seu respeito, não ajuda muito a senti-lo. Na verdade, eu me sinto um pouco como uma cidadã de segunda classe.

      “Elaine Santoz, você, na verdade, é uma cidadã de segunda classe. Eu não posso ajudá-la nisto. Eu não posso mentir para você. Os sannyasins estão num relacionamento totalmente diferente comigo. Eles são privilegiados sob todas as maneiras possíveis. Os não-sannyasins devem se sentir agradecidos pelo menos por lhes ser permitido estar além da linha verde.  
      Se você quiser tornar-se uma cidadã de primeira classe, torne-se uma sannyasin. Você não pode ser uma cidadã de primeira classe sem pagar por isto. Na vida você não pode ter coisa alguma, a não ser que você pague por aquilo. Mesmo se você puder ter alguma coisa sem pagar, aquilo não terá valor algum para você. O valor surge quando você paga por aquilo. Quanto mais você paga, mais valioso aquilo se torna. Para chegar perto de mim, você tem que fazer alguma coisa.  
      E este arranjo – sannyasins sentados mais próximos de mim e não-sannyasins sentados um pouco mais distante – também tem algo a mais. Se os não-sannyasins estiverem em frente a mim, eu não conseguirei falar da maneira como estou falando, porque o meu falar não é algo pré-fabricado, é uma resposta. Se eu vejo o meu povo silenciosamente sentado e atento, absorvendo todas as palavras, focados, meditativos, eu consigo falar coisas muito mais elevadas, coisas muito mais complicadas que podem ser explicadas a eles.  
      Mas se os não-sannyasins estiverem sentados à minha frente, eu sempre terei que começar do ABC. Então o avião nunca conseguirá alçar vôo, ele terá que funcionar como um ônibus. Você pode usar um avião como um ônibus. Ele só consegue alçar vôo depois que ganha velocidade, uma certa situação é necessária para ele ganhar velocidade.  
      Eu costumava falar para milhões de pessoas neste país, mas eu tive que parar. Eu falava para milhares num simples encontro, cinqüenta mil pessoas. Eu viajei por todo este país por quinze anos, de um canto a outro. Eu simplesmente fiquei cansado daquela coisa toda porque a cada dia eu tinha que começar do ABC. Era sempre ABC, ABC, ABC. E ficou absolutamente claro que eu nunca iria alcançar o XYZ. Eu tive que parar de viajar.  
      Agora eu nem mesmo coloco os pés do lado de fora do portão do Ashram, senão, de novo eu vou encontrar aquelas pessoas que vivem no ABC. Eu não estou mais interessado nelas. Se elas estiverem interessadas, então elas terão que vir, e terão que passar pelas barreiras, e aos poucos elas terão que se tornar participantes. Elas terão que se tornar sannyasins.  
      Eu não estou falando para estudantes, mas somente para discípulos. Os estudantes ainda são permitidos, mas daqui a algum tempo isto será completamente interrompido. Assim, antes que seja tarde demais, Santoz, cruze a linha verde. Porque eu gostaria de falar apenas para o meu povo, de modo que eu possa comunicar tudo aquilo que eu quero, de modo que eu possa estar seguro e confiante de que tudo o que eu disser será recebido com boa fé e com amor, de modo que eu saiba desde o começo que tudo poderá lhes ser revelado e nada será mal compreendido.   

      Há poucos dias eu estava lendo uma reportagem no Indian Express. Seu jornalista esteve aqui por dois ou três dias. Ele escreveu em sua reportagem que milhares de pessoas estavam sentadas em silêncio e que se podia ouvir o gorjeio dos pássaros nas árvores. Elas estavam tão silenciosas como se não houvesse ninguém ali.  
      E a que conclusão ele chegou? Ele achou que tudo aquilo tinha sido arranjado, que era apenas uma armação. Ele achou que era uma performance para impressionar o pobre jornalista do Indian Express. Ele não pode acreditar no que viu, porque ele conhece os indianos e os encontros de indianos.  
      Eu também os conheço. Certa vez eu estava falando sobre Krishna em um encontro e as pessoas estavam sentadas de costas para mim, conversando umas com as outras, fofocando. Aquele foi o último dia, foi a gota dágua. No meio do encontro, eu fui embora. O presidente da sessão disse, ‘Onde você está indo?’ Eu disse, ‘Estou indo embora para sempre. Eu encerrei com esse povo estúpido. Eu estava falando sobre Krishna, eles haviam me convidado para falar e ninguém parece me escutar.’ 
 


Osho Zen Tarot - Silence

      Aquele jornalista indiano deve ter visto muitos encontros como aquele. Assim, ao ver três mil pessoas sentadas em silêncio aqui, ninguém se mexendo, ninguém falando com ninguém, era normal que ele concluísse que tudo aquilo era apenas para impressioná-lo.  
      Naquele dia, quando eu estava deixando o encontro, eu vi ali duas pessoas sentadas que pareciam estar absolutamente fora de lugar. E quando eu me curvei diante delas, elas não responderam. Agora, se muitas pessoas não responsivas estiverem ao meu redor, eu não serei capaz de derramar o meu coração, será impossível.  
      É por isto, Elaine Santoz, que existe aquela linha verde. Se você quiser atravessá-la, as portas não estão fechadas. Mas não peça por alguma coisa sem que esteja realmente pronta para pagar por ela. E na medida em que muito mais sannyasins estarão chegando, somente aqueles que são realmente dedicados e comprometidos, somente eles são capazes de sentar mais perto.  
      E eu compreendo o seu problema. Sentar próximo, estar mais junto a mim, tem a sua própria bênção. O contato vai mais fundo, a vibração penetra você mais totalmente, porque não é apenas uma questão de perguntas que eu estou respondendo, ou palavras que eu estou usando. Basicamente é a minha presença, você tem que bebê-la, você tem que digeri-la.  
      Mas, sinto muito, eu nada posso fazer a respeito disso. É provável que não-sannyasins aqui permaneçam cidadãos de segunda classe.”

                                      Osho – The Book of Wisdom – capítulo 6 – pergunta n° 3  
                                          Tradução: Sw. Bodhi Champak

 

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