|
Todos os meses estamos apresentando nesta seção o depoimento de um discípulo do Osho que adotou a meditação em seu dia-a-dia e aqui compartilha conosco essa sua experiência. Neste mês estamos apresentando o depoimento do Swami Anand Neerava. Neerava nasceu em 1956, em Porto Alegre (RS), e foi iniciado por Osho em 1977.
Osho, companheiro de viagem É bem provável que poucos seres já encarnados neste planeta Terra tenham sido capazes de trazer tanta energia positivamente transformadora e inspiração tão intensamente saudável para a vida de tantos outros seres como Osho o fez enquanto estava no corpo, e como continua a fazer fora dele, desde janeiro de 1990. Os livros que deixou, os centros de meditação e terapia que incentivou, a motivação inspiradora que despertou em músicos e artistas, intelectuais, profissionais e pessoas comuns, anônimas, em todo o mundo, são simplesmente grandiosos, ricos, multifacetados. Mas a obra maior do Mestre, sem dúvida, foi, é, e será sempre o legado dos seus discípulos e amigos de caminhada: as almas, os corpos, as mentes e os corações daqueles a quem iniciou e tocou com seu amor, sua luz, sua bênção, seu riso, sua lucidez, sua transparência real e transcendental. Um das mais apropriadas definições sobre Osho é a de um “companheiro de viagem”. Um companheiro de mil faces, e de uma face só: pura, original, autêntica, centrada, iluminada. Um ser de milhões de palavras, e de além-palavras, “no words”. Ele é como a seta que aponta para vários caminhos, e ao mesmo tempo encarna o vazio e o silêncio que não perseguem objetivo algum e estão plenos de si mesmos, a todo instante, aqui e agora: sem pressa, sem angústia, sem ambições, sem metas, sem competições, estresses ou tensões. Muita gente chega a pensar que nós, saniássins de Osho, constituímos um bando de fanáticos que cultuam e idolatram um espertalhão barbudo, debochado e controverso, que tirou proveito de seguidores a vida inteira, acumulando riqueza e estórias sordidamente exploradas pela mídia sensacionalista, no mundo inteiro. Que gigantesco engano! O papel de um Mestre para seus discípulos, na visão de Osho, é o de levar-nos cada vez mais para um espaço de autoconsciência, de liberdade e de expansão de nossas reais potencialidades. Um Mestre jamais deve ser um impedimento e uma limitação, e sim uma miríade de oportunidades de crescimento e desabrochar para dimensões mais amplas, mais íntegras, amorosas e auto-sustentáveis: para que andemos melhor com nossas próprias pernas, firmemo-nos mais positivamente sobre nossos próprios pés, aceitemos integralmente nossa realidade holística e multidimensional, e amemos quem somos e quem ainda podemos vir a ser. Da aceitação plena e consciente de nós mesmos, nasce a possibilidade de amarmos mais integralmente nossa existência e nossa jornada, nossa missão, nosso caminho, em cada encarnação. Amando a nós próprios mais integralmente, podemos amar mais integralmente o outro, aos outros, respeitando e não interferindo negativamente no caminho alheio. Criando uma rede de amor, consciência e crescimento, podemos contribuir para tornar este mundo um pouco mais alegre, criativo, divertido, bonito: melhor do que quando aqui chegamos. Somos rebeldes, sim, mas com causa. Nos inspiramos num Osho que não é apenas um místico e um filósofo, como alguns podem pensar. Osho é um cientista da alma, do interior, pragmático e didático. Não é, como alguns podem julgar pelas aparências, apenas um louco e visionário, um profeta e guru alucinado do tumultuado século XX. Osho é uma porta real, uma janela preciosa, um trampolim poderoso para uma nova era, um novo desafio: o “desafio dourado”, como batizou um dos seus livros algum tempo antes de deixar o corpo. Vivemos por esse desafio, por essa ventura, por esse sonho que ele nos deixou: o de resgatarmos o Buda que existe em nós; o de criarmos 10.000 Budas nesta virada de século e milênio! O papel de Osho na minha vida tem representado um divisor de águas que fez toda a diferença entre continuar a viver dormindo, na inconsciência individual e coletiva, ou assumir um claro compromisso com a vida e o crescimento: começando por mim, pelo indivíduo, assumindo plena responsabilidade pelo meu processo evolutivo; e ao mesmo tempo reconhecendo que, ao nos transformarmos interiormente, estamos transformando tudo ao nosso redor. Não esperemos que o mundo mude; mudemos nós, dentro, e as mudanças externas virão no seu próprio tempo. Autodescoberta e participação social são processos simultâneos e inseparáveis. E viaja melhor quem viaja na companhia de um companheiro de viagem como Osho, de mãos dadas com a meditação e o amor, com o silêncio e a bem-aventurança. Obrigado, Mestre! Mais uma vez, e sempre, obrigado, obrigado, obrigado!
Swami Anand
Neerava
Julho de 2004, sob o Sol de Câncer
|
