Conexão Brasil                                                       outubro de 2006
 

 

Notícias de Puna


Mensalmente, o Osho Conexão Brasil apresentava aos seus leitores notícias diretamente de Puna, Índia. Esta coluna era de responsabilidade do Sw. Prasado, brasileiro, que residiu alguns anos no Osho International Meditation Resort. Prasado voltou para o Brasil e por alguns meses ainda conseguimos um outro colaborador, o Sw. Subuddha que depois também retornou ao Brasil. Deixamos, então de publicar esta coluna. 

Repetindo o que fez no mês passado, neste mês, o nosso amigo Ansu nos brindou com mais uma matéria, relatando sua experiência em recente visita que fez à comuna do Osho em Puna..

 

 

Um eterno ciclo de euforia e silêncio

Estive apenas 40 dias no ashram, ou melhor, no Osho Resort, em novembro e dezembro do ano passado, mas deu para perceber que o mesmo movimento sazonal anual vem acontecendo há vários anos desde que o percebi pela primeira vez em que lá estive durante um ano inteiro.

Na época de maior calor, de março a maio, e das chuvas de monções, de junho a setembro, o resort fica gradualmente mais vazio, com poucos grupos acontecendo e suas atividades mais centradas no pessoal residente, os que moram dentro da comunidade e lá trabalham em período integral. De outubro a novembro, pouco a pouco, novos visitantes chegam para diferentes períodos, de algumas semanas a vários meses. Mas a chamada “alta estação” só acontece mesmo de fins de dezembro a fevereiro, quando os principais grupos acontecem e o ashram fica mais fervilhante de gente vinda de todo o mundo como pássaros migratórios que numa determinada época do ano recebem um misterioso chamado para retornar.

Quando cheguei, a maioria dos pássaros ainda não havia chegado, mas já havia um astral ao mesmo tempo tranqüilo e divertido, com algumas vantagens: bastante espaço durante as meditações no auditório, ótimas e concorridas festas noturnas, quando parecia que “todo mundo” estava lá, e poucas filas nos restaurantes e no café. Alguns brasileiros mais jovens que encontrei estavam até meio decepcionados com uma atmosfera tão cool, quer dizer, sem aquele constante faiscar de olhares, paqueras, encontros, namoros, etc, que se tornam mais freqüentes no período da alta estação. Não foi o caso de Nalini, uma brasileira de Santa Catarina que, em viagem pelo Oriente, chegou ao ashram em maio, tornou-se residente e começou a trabalhar no departamento de eventos. Sempre animada, ela e o restante do pessoal responsável por organizar as festas, shows e apresentações em geral, criavam decorações novas a cada festa que acontecia, organizavam noites com shows de variedades do tipo “venha e apresente o seu talento”, onde vale qualquer talento ou falta do mesmo, o que torna a coisa ainda mais divertida. Também não foi o caso de Antonello, um empresário italiano que conheci na viagem de volta ao aeroporto de Bombaim e que havia ficado por apenas 21 dias, mas saía extasiado. Casado com uma brasileira de Fortaleza, falava um português perfeito com o melhor sotaque nordestino. Contou-me que viera sozinho, não falava inglês e não conhecia ninguém, então não havia restado outra alternativa a não ser meditar... Fez dinâmica, kundalini  e a meditação noturna todos os dias e acabou fazendo um grupo e se entrosando. Saiu fascinado, vivendo um pouco daquilo que ele havia lido avidamente em dezenas de livros do Osho.

Na verdade sempre me surpreendo como se pode ficar tanto tempo num lugar relativamente pequeno para o número de pessoas que o freqüentam. Qual é exatamente a atração deste local? Nunca sei o que responder quando as pessoas me perguntam porque sempre viajo para a Índia, mas acho que é um pouco de cada coisa, das pessoas que se conhece aos alegres dancings ao ar livre durante o dia, das animadas festas à noite ao silêncio na entrada da meditação noturna com a pirâmide de mármore negro iluminada sob focos de luzes cambiantes e coloridas, pairando refletida no lago artificial a sua frente, sendo preenchida com a procissão surreal de seres de longas vestes brancas caminhando lenta e silenciosamente como almas em direção ao outro mundo. Na meditação noturna, depois que todos entram e se sentam, um conjunto começa a tocar uma música calma e meditativa, de ritmos orientais e ocidentais em harmoniosa fusão, que vai num crescendo até que todo o auditório começa a dançar freneticamente. Fim da música, silêncio. A música recomeça e tudo se repete por três vezes. Ao final, sentamos em meditação, assistimos a um vídeo com discurso do Osho, fazemos a gibberish, que pode terminar em total silêncio ou com mais música bem animada para dançar. Trocamos as roupas brancas especiais para esta meditação e voltamos aos trajes “civis”. Depois do jantar à luz de velas em mesas espalhadas pelos jardins do ashram ao redor da pirâmide, a noite pode trazer alguma outra meditação ou pode ser outra noite de festa, de um novo encontro ou de estar só. O eterno ciclo de euforia e silêncio continua, a cada dia uma surpresa para aqueles que têm olhos e coração atentos para senti-las.

                                                                                          Ansu    

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