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A
mente humana é um milagre
Querido
Osho,
Você nos disse que a mente se torna mais e mais
quieta se meditamos regularmente. No ano
passado, quando eu estava morando na Europa,
fora de uma comuna, os pensamentos se tornaram
mais e mais fortes durante minhas meditações
até eu começar a ficar amedrontada ao sentar.
Agora
que eu estou com você novamente, este problema
foi embora. Mas eu me pergunto: como pode alguém
ser uma sannyasin por dez anos, meditando todos
os dias, e ter uma mente que se torna mais e
mais barulhenta?
“Sagarpriya,
a questão que você formulou tem muitas implicações.
Primeiro, é preciso entender que a sua mente é
muito antiga – doze anos nada são comparados
à história da mente; é a história de todo o
universo desde o exato começo.
Ela
tem trabalhado por tanto tempo e tão
eficientemente que os cientistas dizem que não
são capazes de criar um computador que possa
competir com a mente humana. E a mente humana
está ocupando um pequeno espaço, no seu crânio;
os computadores deles estão ocupando grandes
salas. Um cientista calculou que seria necessário
mais de um quilômetro quadrado de espaço para
um computador comparável à mente humana. A
mente humana é um milagre.
Sentada
comigo, você está sentada com um milagre ainda
maior. Você está sentada com uma não-mente.
Naturalmente o silêncio se torna mais fácil, a
meditação vem por si mesma, assim como uma
brisa fresca. Quando você fica só, a mente é
tudo o que você tem. Este problema continuará
a acontecer, a menos que sua meditação vá a
uma tal profundidade que você tenha algo mais
valioso que a mente.
Comigo
você pode ter um vislumbre, só por um momento.
E esse vislumbre cria o anseio por ter aquele
momento esticado pela eternidade. Ele é tão
cheio de paz, tão fresco, quem não gostaria
disso?
Mas,
quando você volta para o mundo, existem apenas
computadores andando por todos os lados; você
tem que se comunicar com computadores. Um psicólogo
definiu o corpo do homem como nada mais que um
mecanismo para facilitar o funcionamento da
mente. O psicólogo está dizendo exatamente o
contrário: é a mente que está carregando você;
todos o seu corpo está funcionando só pelo bem
da mente.
Assim,
no momento em que você vai para o mundo –
isto aqui não é parte do mundo; nós estamos
tentando criar pequenas ilhas onde a mente não
seja mais exigida como um computador. Mas no
mundo você precisará da mente. E o problema
continuará, Sagarpriya, até que você tenha
algo mais que a mente. Ter apenas um vislumbre
de silêncio não é suficiente.
Você
precisa de um centramento, você precisa de uma
percepção, você precisa exatamente da iluminação
– somente então você poderá permanecer no
mundo, sem sua mente funcionar, a menos que você
queira usá-la.
A
mente é um mecanismo tremendamente valioso, um
dos maiores milagres na biologia, na evolução
do homem. A mente é simplesmente inacreditável,
a maneira como ela funciona... Porque você nada
sabe a respeito dela, embora ela seja a sua
mente. Você não sabe como ela acumula milhões
de memórias.
Os
cientistas calcularam que uma simples mente
humana pode conter todas as bibliotecas do
mundo. Ela pode memorizar tudo o que foi escrito
ao longo das eras. Essa é a capacidade; você
pode usá-la, você pode não usá-la.
E
você não conhece as bibliotecas. Apenas a
Biblioteca do Museu Britânico tem livros
suficientes para dar três voltas em todo o
mundo, se você colocar um livro ao lado do
outro, da maneira como você os coloca na
prateleira da biblioteca. E essa é apenas uma
biblioteca! Moscou talvez tenha a maior
biblioteca, e todas as grandes universidades do
mundo têm bibliotecas semelhantes. Só na Índia
existem cem universidades com bibliotecas
extraordinariamente grandes.
E a
própria idéia de que uma simples mente humana
tem a capacidade de memorizar tudo o que está
escrito em todos os livros que existem em todo o
mundo...Isso simplesmente nos deixa perplexos,
parece inacreditável.
Você
não sabe o que a sua mente está fazendo por
você. A sua mente está regulando tudo em seu
corpo. De outra forma, como você pensa que por
setenta ou oitenta anos, ou mesmo por cem anos
– e existem pessoas que tem até passado
disso; elas têm alcançado o aniversário de
cento e cinqüenta anos, e existem umas poucas
centenas de pessoas na União Soviética que
ultrapassaram a idade de cento e oitenta anos.
Os
cientistas dizem que não há razão para o
corpo morrer senão aos trezentos anos. É
apenas uma velha hipnose, autohipnose, que gerou
a idéia predominante de que você tem apenas
setenta anos de vida. Isso vai fundo em sua
consciência, de que por volta dos setenta anos
você começa a achar que está desabando, que
você já se foi.
E,
de qualquer maneira, com o tempo, na idade dos
sessenta, você está aposentado e nada existe
para fazer. A morte parece ser um alívio, não
um risco. Nós não temos sido suficientemente
capazes e humanos para oferecer uma situação
onde os nossos idosos possam ter alguma
dignidade, algum auto-respeito, algum orgulho. Nós
não temos sido capazes de encontrar dimensões
onde eles possam contribuir para o mundo. E eles
têm experiência e certamente são capazes de
contribuir bastante – o suficiente para o
auto-respeito deles, o suficiente para eles
viverem e não se sentirem como um fardo. (...)
Os
cientistas dizem que o corpo do homem tem a
capacidade, pelo menos – isto é o mínimo –
de viver trezentos anos. Mas, por que o homem não
vive tanto tempo? Talvez o homem não saiba como
viver, talvez ele não saiba como usar o seu
corpo, como usar a sua mente.
Sagarpriya,
você tem que entender duas coisas muito
claramente: primeiro, a mente é um grande
milagre.
A
existência não foi capaz de criar algo maior
que a sua mente. O seu funcionamento é tão
complexo que deixa perplexos os maiores
cientistas. Ela administra todo o seu corpo que
é um sistema muito complexo. Quem cuida para
que uma certa parte de seu sangue vá para o cérebro?
Quem cuida para que parte de seu alimento se
transforme em ossos, se transforme em sangue, se
torne pele? Quem cuida para que parte de sua
pele se torne unhas, que parte de sua pele se
torne olhos e orelhas?
Certamente
você não está administrando isso, e eu não
vejo qualquer outro administrador por perto.
Assim, primeiro você tem que estar agradecida
à mente. Este é o primeiro passo para ir além
da mente, não como uma inimiga, mas como uma
amiga. Ao me ouvir dizer continuamente que você
tem que ir além da mente, você pode cair num
mal entendido. Eu tenho tremendo respeito pela
mente, não existe maneira de retribuir a nossa
gratidão.
Assim,
a primeira coisa é: meditação não é contra
a mente, ela é além da mente. E além não é
equivalente a contra.
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Esse mal entendido mais se espalha quanto
mais pessoas falam sobre meditação,
particularmente pessoas que não compreendem
meditação – aquelas que já leram a
respeito, aquelas que já ouviram a respeito,
aquelas que conhecem as técnicas... E as técnicas
são simples; você as pode ler, elas estão
disponíveis em muitas escrituras. E agora
existem livros que ensinam como fazer qualquer
coisa – mecânica de carro, engenharia elétrica,
qualquer coisa – você pergunta e o vendedor
de livro está pronto para lhe dar um livro
sobre como fazer aquilo.
Um mestre nunca se tornará irrelevante
por uma simples razão: quem lhe ensinará a
amar a mente e ir além dela? A amar e respeitar
seu corpo? A ter gratidão para com sua mente e
seu funcionamento extraordinário e milagroso?
Isso criará uma grande amizade, uma ponte entre
você e a mente.
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Com
o aprofundamento dessa amizade, sempre que você
estiver meditando, a mente não perturbará,
porque a sua meditação não é contra ela. Na
verdade, é a sua própria realização, é o
seu florescimento maior. Ir além dela não é
uma atitude hostil, mas uma evolução amigável.
Assim, isso deve ser a base de todo
meditador: não ser um lutador. Se lutar, talvez
você seja capaz de aquietar a mente por algum
tempo, mas isso não será uma vitória. A mente
voltará de novo, você precisará dela. Você não
consegue viver sem ela; você não consegue
existir no mundo sem ela.
E se você criar um relacionamento amigável
com a mente, uma ponte amorosa, ao invés de ser
um obstáculo para a meditação, ela começará
a se tornar uma ajuda. Ela protege o seu silêncio,
porque aquele silêncio é também um tesouro
dela, ele não é apenas seu. Ela se torna um
solo no qual as rosas da meditação irão
florescer, e o solo será tão feliz quanto as
rosas. Quando as rosas dançarem no sol, na
chuva, no vento, o solo também se alegrará.
Minha abordagem é totalmente diferente
da abordagem que até agora tem sido feita. Por
milhares de anos, todas as religiões estiveram
ensinando algo contra o corpo, contra a mente.
(...)
As religiões têm ensinado contra o
corpo. Isso é tão ridículo – você tem que
viver no corpo, tem que alimentá-lo, tem que
mantê-lo saudável, ele é a sua casa. Elas têm
falado contra a mente. Isto agora é a última
coisa – Israel fez um trabalho pioneiro. O
parlamento de Israel parece ser constituído
verdadeiramente por idiotas de primeira classe.
Eu não acho que eles conheçam mesmo
algo a respeito de meditação, mas o medo... Os
judeus estão com medo, os muçulmanos estão
com medo, os hindus estão com medo, os jainas
estão com medo – todos eles estão com medo
de meditação. Embora eles falem a respeito de
meditação, eles têm medo dela. Eles falam
porque, sem falar sobre meditação, a religião
deles parece estar incompleta, mas, basicamente,
eles são contra ela porque o homem que se torna
meditador, simplesmente escapa, sorrateiramente,
de qualquer religião organizada. Ele não é
mais um hindu, não é mais um judeu, nem um muçulmano.
Ele não consegue continuar acreditando em todos
os tipos de superstições e estupidezes das
quais todas as religiões estão cheias.
Os judeus acham que eles são o povo
escolhido de Deus. Ora, nenhum meditador
consegue achar isso. Pensar que ‘somente nós,
os judeus, somos o povo escolhido de Deus, e
toda a humanidade, de alguma maneira, é
inferior a nós’... Mas não são apenas os
judeus que têm cometido esse pecado. Eles têm
sofrido muito por isso; eles ainda estão
sofrendo. Eles continuarão a sofrer, porque a
própria idéia é tão estúpida que ela cria
hostilidade, particularmente num mundo onde os
germânicos nórdicos pensam que eles são o
povo escolhido, onde os hindus pensam que eles são
o povo escolhido, porque o seu livro sagrado é
o mais antigo e é a primeira escritura sagrada
escrita por Deus. Eles não conseguem tolerar
uma idéia como a de Moisés dizendo a seu povo
que ‘vocês são o povo escolhido de Deus; vocês
têm o direito básico de serem superiores a
todo mundo.’ Quem pode tolerar isso? Os hindus
pensam que eles é que são superiores a todo
mundo. (...)
Se a meditação se tornar mais preponderante, então você
ficará livre de todos esses preconceitos;
conseqüentemente, nenhuma religião quer meditação,
embora elas possam falar sobre ela.
Para mim nem Deus é importante, nem céu,
nem inferno, nem anjos – todos eles são
apenas hipóteses. Para mim, a meditação é a
alma exata da religião. Mas ela pode ser alcançada
apenas se você se mover corretamente. Um
simples passo na direção errada... Você está
sempre se movendo no fio da navalha!
Comece com amor ao corpo, que é a sua
parte mais externa. Comece a amar sua mente –
e se você ama a sua mente, você irá enfeitá-la,
assim como você enfeita o seu corpo. Você o
mantém limpo, viçoso; você não quer que seu
corpo cheire mal para as pessoas, você quer que
seu corpo seja amado e respeitado pelos outros.
A sua presença deve ser não apenas tolerada,
mas bem-vinda.
Você tem que decorar a sua mente com
poesia, com música, com arte, com ótima
literatura. O seu problema é que a sua mente
está cheia apenas com coisas corriqueiras.
Essas coisas medíocres circulam pela sua mente
de maneira que você não consegue amá-la. Você
não pensa em alguma coisa que seja grandiosa.
Coloque-a em sintonia com os grandes poetas,
coloque-a em sintonia com pessoas como Fyodor
Dostoievski, Leon Tolstoi, Anton Chekov,
Turgenev, Rabindranath, Kahlil Gibran, Mikhail
Naimy, preencha-a com as maiores alturas que a
mente já alcançou.
Então, você não ficará hostil à
mente. Então você irá se alegrar na mente;
mesmo se a mente estiver ali no seu silêncio,
ela terá uma poesia e uma música própria, e
transcender uma mente tão refinada é muito fácil.
É um passo amigável em direção a picos mais
altos: a poesia se transformando em misticismo,
a grande literatura se transformando em grandes
insights sobre a existência, a música se
transformando em silêncio.
E à medida que essas coisas começam a
se transformar em picos mais altos, além da
mente, você estará descobrindo novos mundos,
novos universos para os quais nós nem mesmo
temos nomes. Nós podemos dizer felicidade, êxtase,
iluminação, mas nenhuma palavra descreve isso
verdadeiramente. Está simplesmente fora do
poder da linguagem reduzir isso em explicações,
em teorias, em filosofias. Isso está
simplesmente além... Mas a mente se alegra em
sua transcendência.
Eis o que é a minha única contribuição
para você. Com absoluta humildade eu quero lhe
dizer que estou muito à frente mesmo de Goutama
Buda pela simples razão de que ele ainda está
lutando com a mente. Eu amei a minha mente e
através do amor eu a transcendi.
Isso é um começo totalmente novo.
Naturalmente eu tenho que ser condenado. Muitos
virão até a mim, mas não serão capazes de
caminhar comigo, nem mesmo alguns passos, porque
logo descobrirão que seus preconceitos os estarão
impedindo de seguir comigo.
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Os seus preconceitos são antigos e
naturalmente – eu posso compreender – eles nâo
podem pensar que alguém possa ir além de
Goutama Buda, da mesma maneira que os contemporâneos
de Goutama Buda não podiam acreditar que ele
tinha ido além dos VEDAS e além dos profetas
dos UPANISHADS, da mesma maneira que os
contemporâneos de Lao Tzu e Chuang Tzu não
podiam acreditar que eles tivessem ido além de
Confúcio.
E
se, apenas por questão de humildade, eu não
disser a verdade, eu estarei cometendo um crime
contra a verdade. Não me interessa tal
humildade; o que eu quero é exatamente que o
caso seja explicado a você.
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A minha abordagem a respeito de meditação
é totalmente nova, totalmente fresca, porque
ela depende do amor – não da luta, não da
guerra. Eu deixei Mahavira vinte e cinco séculos
atrás. O seu nome não era Mahavira –
mahavira significa ‘o grande guerreiro’. O
seu nome era Vardhamana, mas as pessoas mudaram
seu nome porque ele era um grande guerreiro. Um
guerreiro contra quem? – contra seu corpo,
contra a sua mente. E eu não acho que alguém
que seja contra seu corpo e contra sua mente
seja capaz de alcançar o além.
Somente o amor é
o caminho.
Sagarpriya,
faça a sua mente tão bela quanto for possível.
Enfeite-a com flores. Eu fico realmente muito
triste quando vejo pessoas que não conhecem O
LIVRO DE MIRDAD, que nunca viram as histórias
absurdas de Chuang Tzu, que nunca se preocuparam
em compreender as histórias totalmente
irracionais do Zen. Eu não consigo conceber
como você consegue viver belamente se não
conhece os livros de Dostoievsky... Para mim, OS
IRMÃOS KARAMAZOV é mais importante que A BÍBLIA.
Ele tem tantos insights grandiosos, que A BÍBLIA
não deve ser considerada de jeito algum, nem
mesmo por comparação. Mas A BÍBLIA será lida
– e quem vai se preocupar com OS IRMÃOS
KARAMAZOV, no qual Dostoievsky colocou toda a
sua alma? Ou ANA KARENINA de Leon Tolstoi, ou
PAIS E FILHOS de Turgenev, OFERENDA DE CANÇÕES
de Rabindranath? E estes são apenas poucos
nomes; existem milhares que alcançaram o melhor
florescimento da mente.
Primeiro
deixe sua mente ser enfeitada. Somente além
desse jardim perfumado da mente você será
capaz de ir silenciosamente, sem qualquer luta;
a mente será uma ajuda, não um obstáculo; então
eu posso dizer com total autoridade: ela não é
um obstáculo. Você simplesmente não sabe como
usá-la.
Ela
é bela, Sagarpriya, e quando você vem aqui,
você se sente meditativa. Pelo menos estes
pequenos espaços, estes poucos dias, irão
gradativamente começar a se tornar mais fortes,
mais profundos. Um dia, você terá ido e estes
momentos estarão com você, mesmo no mundo dos
negócios, e este será um dia de grande
alegria.
Mas
isso leva tempo. Eu tenho que dizer às pessoas
que isso pode acontecer instantaneamente. Não
que isso seja falso – pode acontecer
instataneamente, mas onde encontrar o gênio que
consegue compreender isso instantaneamente?
Quando
eu digo que isso pode acontecer
instantaneamente, as pessoas simplesmente
pensam, ‘Isso é impossível para nós.’ Se
eu lhes disser que isso pode acontecer ao longo
de algumas vidas, elas acham, ‘Isto parece
estar perfeito,’ porque enquanto isso elas têm
tempo de fazer todas as suas coisas estúpidas.
Qual é a pressa, se isso é uma questão de
algumas vidas? Primeiro cuide de seu namorado,
de sua namorada; primeiro vá visitar as ruínas
de Roma, da Grécia, da Índia; primeiro faça
todas essas coisas tolas que toda a multidão
espera de você. E no que se refere à iluminação,
ela não vai acontecer agora, isso demora muitas
vidas, assim, por que a pressa? Você pode
continuar deixando para depois.
É
por isto que as pessoas amam todas as religiões
que falam sobre muitas vidas – não porque
elas compreendem o significado disso, mas porque
elas querem usar isso como uma desculpa.
Isto
pode acontecer neste exato momento, mas não
acontecerá. A razão não está na sua
natureza; a razão está em você. Não
acontecerá porque você não quer que aconteça
exatamente agora.
Pense
apenas por um momento: Se eu fosse fazer você
se iluminar neste exato momento, você começaria
a pensar, ‘Mas eu não pedi ao meu marido. E o
que fazer com meus filhos? Eu tenho que casar a
minha filha. Eu acabei de encontrar a minha
namorada, meu Deus! E isso vai acontecer
exatamente agora? Ele não poderia esperar?
Deixe-me só terminar a lua-de-mel.’ Mil
pensamenos surgirão em sua mente: ‘Meu Deus,
eu comecei um novo negócio, investi tudo nele.
Se ele tivevesse me falado antes, eu não teria
me envolvido em toda essa bagunça.’ Todo
mundo, sem exceção...
Eu
contei a vocês a história de um grande mestre
ceilonês que tinha milhões de discípulos e
que, por cinqüenta anos, esteve lhes dizendo
somente uma coisa: Meditem. O dia de sua morte
chegou e ele anunciou, ‘Após sete dias eu vou
deixar o corpo, assim deixe que todos os meus
discípulos se reúnam de modo que eu possa vê-los
uma vez mais, porque eu não voltarei
novamente.’
Assim,
todos os discípulos se reuniram; foi uma grande
reunião. E antes de morrer, o velho homem
disse, ‘Eu sempre disse a vocês para meditar,
mas vocês não me ouviram. Eu dou a vocês uma
outra chance. Desta vez vocês não têm que
fazer coisa alguma. Eu vou morrer e eu posso
levar vocês comigo. Tem alguém pronto para vir
comigo?’
Todo
mundo olhou, um para o outro: ‘Você ficou
muito tempo com ele, você pode ir.’ As
pessoas olhavam umas para as outras e
sussurravam, ‘O que você está fazendo? Todos
os seus filhos estão casados, tudo já está
terminado, ninguém precisa de você...’ Mas
ninguém se levantou.
Ele
disse, ‘Simplesmente se levantem e eu levarei
vocês comigo.’
Houve
um grande silêncio e as pessoas começaram a
olhar para baixo – como encarar esse velho
homem? É tão embaraçoso. Mas todos eles
ficaram sem se mover, porque qualquer movimento
ele poderia entender mal – ele poderia ver
alguém se movendo e dizer, ‘Levante!’.
Finalmente um homem levantou a mão. Ele disse,
‘Primeiro, por favor, compreenda isso: Eu não
estou me levantando. Eu simplesmente levantei a
mão para lhe formular uma pergunta.’
O
velho homem disse, ‘Por cinquenta anos eu
estive respondendo a perguntas e você ainda está
formulando perguntas? E desta vez eu estou lhe
dando a oportunidade de vir comigo.’
Ele
disse, ‘Sinto muito. Algum dia eu irei.
Conte-me apenas o segredo de como eu posso ir me
encontrar com você.’
Ele
disse, ‘O que eu estive falando para vocês
por cinqüenta anos?’
O
homem disse, ‘Só uma vez mais...’
É
possível neste exato momento abandonar todos os
seus preconceitos, limpar sua mente. É preciso
apenas uma resolução absoluta, a maior confiança
e um amor que não conheça limites.
Mas
se não puder acontecer neste momento, eu não
quero que alguém fique triste e entre num
estado de desespero. Isso pode acontecer amanhã.
Você pode relaxar, não há pressa. Mas, por
favor, compreenda o processo claramente: ame seu
corpo – contra todas as religiões. Ame sua
mente, refine sua mente – contra todas as
religiões.
E eu
lhes digo que a luta não é o caminho; o
caminho é o amor. Ame seu corpo, ame sua mente,
e este próprio amor criará a energia, a
atmosfera para transcender a mente, para criar o
que eu chamo meditação ou o estado de não-mente.
Ele virá. Ele tem que vir. Ninguém sai deste
templo de mãos vazias.
Mas
vocês têm que entender uma coisa: eu não
represento qualquer velha tradição, eu não
represento nenhuma velha religião; eu não
represento qualquer Goutama Buda, ou Mahavira,
ou Maomé ou Jesus ou Moisés – eu
simplesmente represento a mim mesmo.
E se
você puder amar e confiar num estranho que não
pertence a qualquer organização ortodoxa, então
comigo a meditação estará acontecendo... E
logo, sem mim também, ela estará acontecendo.
Levará um pouco de tempo. Levará um pouco de
tempo porque é preciso crescer as raízes.
Assim,
Sagarpriya, sempre que você puder encontrar um
tempo, venha. E não se preocupe com o que
acontece do lado de fora; é simplesmente lixo.
O que acontece aqui, conte apenas isso como
sendo sua vida verdadeira. Os momentos em que
você está comigo permanecerão com você mesmo
depois da sua morte, e os momentos que você está
desperdiçando no mundo simplesmente irão pelo
esgoto.
Mas
não há necessidade alguma de se preocupar. Se
mesmo uns poucos momentos de meditação começarem
a se tornar sementes em você, começarem a
criar raízes em você, não está muito longe o
dia em que as primeiras flores de sua consciência
estarão crescendo dentro de você.
E eu
a compreendo, Sagarpriya; compreendo você e sua
confiança e seu amor. Poucas pessoas têm tanto
amor e tanta confiança.
Mas,
abandone toda hostilidade para com a mente.
Existe uma fase de luta com a mente, talvez
inconsciente – a mente é apenas uma coisa
pobre e bela. (...)
Sinta
esta paz, absorva este silêncio. E à medida
que você o absorve, ele se torna mais
profundo... Ele começa a tocar o seu coração.
Não
há movimento algum, mas você sentirá uma dança.
Não
há palavra alguma, mas você sentirá uma canção.
É
como se ninguém existisse, mas uma extraordinária
unidade... Todas as personalidades se foram e
somente uma consciência, pulsando em
sincronicidade um com o outro.
Só
para concluir este belo momento... Eu sempre
gosto de deixar vocês rindo, cantando e dançando.
Isto é apenas uma indicação de que no dia em
que eu finalmente deixá-los, eu gostaria que
vocês cantassem, dançassem e celebrassem.
Na
verdade, nenhum homem na história do mundo
recebeu uma tal celebração quando morreu como
a que vou receber. Uns poucos receberam celebração
apenas dos inimigos, porque os inimigos celebram
quando se morre. Os amigos lamentam.
Eu
sou a única pessoa... Na minha morte os meus
amigos celebrarão e meus inimigos celebrarão.
Na minha morte eles estarão juntos em celebração.
Nunca existiu um homem assim antes.
Uma
senhora negra em Nova York recebeu uma chamada
telefônica da escola onde seu filho Leroy
estuda. O diretor queria vê-la o mais cedo possível
por causa do comportamento de seu filho.
‘O
seu filho, Leroy,’ começou o diretor, é uma
influência perturbadora.’
‘Exatamente
como seu pai,’ disse a senhora negra.
‘Ele
rouba das outras crianças,’ continuou o
diretor.
‘Exatamente
como seu pai,’ disse a mulher.
‘Ele
está sempre entrando em brigas,’ continuou o
diretor.
‘Exatamente
como seu pai,’ respondeu a mãe.
‘Ele
persegue as garotinhas e as faz chorar,’ disse
o diretor.
‘Exatamente
com seu pai, disse a senhora negra, ‘e,
senhor, eu me alegro por nunca ter me casado com
aquele homem!’ "
Osho – The Great Pilgrimage: From Here
to Here –
capítulo 13 – pergunta n° 2
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
© 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos
os direitos reservados
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