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“The Book of Wisdom” é o nome do livro que
reune uma série de palestras do Osho em que ele
comenta os ensinamentos fundamentais de Atisha no
Tibet.
O texto
que apresentamos abaixo foi extraído da quinta
palestra dessa série.
E temos uma
surpresa, um presente que queremos compartilhar.
A parte central do
texto também poderá ser lida no original em inglês
e ouvida, simultaneamente, na voz do próprio Osho.
Basta clicar num
botão que indicamos e abrirá um arquivo BSplayer.
Você irá ouvir a voz do Osho proferindo aquela
parte da palestra. E poderá ouvi-lo
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enquanto
lê o texto em inglês que é uma transcrição do
que ele fala e a correspondente tradução linha
por linha.
É uma maneira de
recebermos a mensagem juntamente com a energia de
sua voz.
É
um presente. Aproveitem!
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Meditação
e Compaixão
“Meditação
é a fonte, compaixão é o transbordamento
daquela fonte. O homem não meditativo não tem
energia para o amor, para a compaixão, para a
celebração. Uma pessoa não meditativa está
desconectada de sua própria fonte de energia; ela
não está em contato com o oceano. Ela tem um
pouquinho de energia que é criada pelo alimento,
pelo ar, pela matéria – ela vive na energia física.
A
energia física tem limitações. Ela nasce num
certo momento do tempo e morre em outro momento.
Ela existe entre o nascimento e a morte. É como o
lampião que queima por causa do óleo que está
nele – uma vez que o óleo se esgota, a chama se
vai.
A
pessoa meditativa vem a conhecer algo do infinito,
torna-se conectada com a fonte inesgotável de
energia. A sua chama continua e continua, ela não
conhece fim. Ela não pode desaparecer porque
antes de tudo ela não apareceu. Ela não pode
morrer porque ela é não-nascida.
Como
se conectar com essa fonte inesgotável de vida,
abundância e riqueza? Você pode chamar essa
fonte inesgotável de Deus ou pode chamá-la de
verdade ou de alguma coisa que você queira
chamar. Mas uma coisa é absolutamente certa, que
o homem é uma onda de algo infinito.
Se
a onda olhar para dentro ela descobrirá o
infinito. Se ela continuar olhando para fora, ela
permanecerá desconectada de seu próprio reino e
de sua própria natureza. Jesus chama essa
natureza de reino de Deus. Ele diz repetidas
vezes, ‘O reino de Deus está dentro de você. Vá
para dentro.’
A
meditação nada mais é que uma ponte para ir
para dentro. Uma vez que a meditação aconteceu,
a única coisa que permanece para ainda acontecer
é a compaixão.
Buda,
o mestre original da linhagem de Atisha, disse
que, a não ser que a compaixão aconteça, não
se contente com a meditação. Você foi apenas até
a metade do caminho, você tem que ir um pouco
mais. A meditação, se ela é verdadeira,
certamente ela se transborda na compaixão. Assim
como, quando se acende uma lâmpada, ela
imediatamente começa a irradiar luz,
imediatamente começa a dispersar a escuridão,
uma vez que a luz interna é acesa, a compaixão
é a sua irradiação.
A
compaixão é a prova de que a meditação
aconteceu. O amor é a fragrância que prova que o
lótus de mil pétalas no centro mais interno do
seu ser desabrochou, que a primavera chegou –
que você não é mais a mesma pessoa que
costumava ser, que aquela personalidade acabou e a
individualidade nasceu, que você não está
vivendo mais na escuridão, que você é luz.
Estes
sutras são instruções práticas, lembre-se
disso. Atisha não é um filósofo, nenhum sábio
o é. Ele não é um pensador, pensar é para os
tolos e medíocres. O sábio não pensa, ele sabe.
Pensar é um esforço para saber, são
conjecturas, tateando no escuro, atirando setas no
escuro. (...)
Você
não tem que se agarrar a essas instruções.
Simplesmente compreenda-as, absorva-as e não seja
um fanático. Não diga, ‘Isto tem que ser como
aquilo. Se não for como aquilo então eu não
estou seguindo, algo está errado.’ Será alguma
coisa como aquilo, mas de uma maneira muito vaga.
Terá uma fragrância semelhante, mas não será
exatamente a mesma; semelhante, sim, mas não a
mesma. É preciso estar consciente disso. Se não
estiver consciente, pode-se tornar um fanático
– e fanático nunca chega, o seu próprio
fanatismo o impede.
Estas são pequenas dicas. Elas não são
matemáticas, não são como dois mais dois são
quatro. No mundo dos mistérios, algumas vezes
dois mais dois são três, algumas vezes são
cinco. É muito raro que dois mais dois sejam
quatro, é a exceção, não a regra. Isto não é
matemática, é música. Não é lógica, é
poesia. (...)
Deixe-me lembrá-lo: no sutra anterior,
Atisha estava dizendo para deixar que isso se
torne a sua meditação, que quando você inspira,
traga junto com sua inspiração todos os
sofrimentos de todos os seres no mundo para que
alcancem o seu coração. Absorva todos esses
sofrimentos, dores e misérias em seu coração e
veja um milagre acontecer.
Sempre
que você absorve a miséria, a dor e o sofrimento
de alguém, no momento em que você o absorve, ele
é transformado. (...)
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Clique
no botão
para ouvir a voz do Osho
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Atisha
says:
Atisha
diz:
Begin
the development of taking with yourself.
Comece
a evolução partindo de você mesmo.
Atisha
says before you can do with the whole
existence,
Atisha
diz: antes que você possa fazer com
toda a existência,
you
will have to start with yourself first.
This is one of the fundamental secrets
você
terá que começar primeiro consigo
mesmo. Este é um dos segredos
fundamentais
of
inner growth. You cannot do with others
anything that you have not done
do
crescimento interior. Você não pode
fazer algo com os outros, que não tenha
feito,
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in
the first place with you. You can hurt others if
you hurt yourself,
em
primeiro lugar, com você. Você pode ferir os
outros se você fere a si mesmo,
you
will be a pain in the neck of others if you are a
pain in the neck yourself,
você
será um chato para os outros se você é um chato
para si mesmo;
you
can be a blessing to others only if you are a
blessing to yourself.
você
pode ser uma bênção para os outros, somente se
você for uma bênção para si mesmo.
Whatsoever
you can do with others, you must have done to you
before,
Seja o
que for que você possa fazer com os outros, você
deve ter feito antes consigo mesmo
because
that is the only thing that you can share. You can
share only
porque
esta é a única coisa que você pode
compartilhar. Você só pode compartilhar
that
which you have; you cannot share that which you
don't have.
aquilo
que você tem; você não pode compartilhar aquilo
que você não tem.
Atisha
says:
Atisha
diz:
'Begin the development of
taking with yourself.'
‘Comece
a evolução partindo de si mesmo.’
Rather
than starting taking the whole misery of the world
and absorbing it in the heart,
Ao invés
de começar recebendo toda a miséria do mundo e
absorvendo-a no coração,
start
with your own misery. Don't go into the deep sea
so fast;
comece
com a sua própria miséria. Não vá tão
depressa ao mar profundo;
learn
swimming in shallow water. And if you start
immediately taking the misery
aprenda
a nadar em água rasa. E se você começar,
imediatamente, a receber a miséria
of
the whole existence, it will remain simply an
experiment in speculation.
de
toda a existência, isso permanecerá simplesmente
uma experiência em conjectura.
It
won't be real, it can't be real. It will be just
verbal.
Não
será real. Não pode ser real. Será apenas
verbal.
You
can say to yourself, "Yes, I am taking the
misery of the whole world" -- but
Você
pode dizer a si mesmo: ‘Sim, estou recebendo a
miséria de todo o mundo’ – mas
what
do you know of the misery of the whole world? You
have not even experienced
o que
você sabe da miséria de todo o mundo? Você nem
ao menos experienciou
your
own misery.
sua própria
miséria.
We
go on avoiding our own misery. If you feel
miserable,
Nós
vivemos evitando nossa própria miséria. Se você
se sente miserável,
you
put on the radio or the tv and you become engaged.
You start reading
você
liga o rádio ou a TV e se torna ocupado. Começa
a ler
the
newspaper so that you can forget the misery, or
you go to the movies,
o
jornal a fim de que possa se esquecer da miséria,
ou vai ao cinema,
or
you go to the woman or the man. You go to the club,
you go for shopping
ou
procura a mulher ou o homem. Vai ao clube, vai
fazer compras
in
the market, just somehow to keep yourself away
from yourself,
no
mercado, justamente para, de alguma forma,
manter-se distante de si mesmo,
so
that you need not see the wound, so that you need
not look
de
maneira que não precise ver a ferida, de maneira
que não precise olhar
how
much it hurts within.
o
quanto ela dói por dentro.
People
go on avoiding themselves. What do they know of
misery?
As
pessoas estão sempre evitando a si mesmas. O que
elas conhecem da miséria?
How
can they think of the misery of the whole
existence?
Como
podem pensar na miséria de toda a existência?
First,
you have to begin with yourself. If you are
feeling
Primeiramente,
você tem que começar consigo mesmo. Se você está
se sentindo
miserable,
let it become a meditation. Sit silently,
miserável,
deixe que isso se torne uma meditação. Sente-se
silenciosamente,
close
the doors. First feel the misery with as much
intensity as possible. Feel the hurt.
feche
as portas. Primeiro, sinta a miséria com tanta
intensidade quanto possível. Sinta a dor.
Somebody
has insulted you. Now, the best way to avoid the
hurt is to go and
Alguém
o insultou: ora, a melhor maneira de evitar a mágoa
é ir lá e
insult
him, so you become occupied with him.
Insultá-lo,
de modo que você se torne ocupado com ele.
That
is not meditation.
Isso não
é meditação.
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Se alguém o insultou, sinta-se agradecido
a essa pessoa por ela ter lhe dado uma
oportunidade de sentir uma ferida profunda. Ela
abriu uma ferida em você. A ferida pode ter sido
criada por muitos, muitos insultos que você
sofreu em toda a sua vida; ela pode não ter sido
a causa do sofrimento, mas ela desencadeou um
processo.
Simplesmente
feche seu quarto, sente-se silenciosamente, sem
raiva alguma da pessoa, mas com total consciência
dos sentimentos que estão surgindo em você – o
sentimenro doloroso de que você foi rejeitado,
foi insultado. E, então, você ficará surpreso
de que não somente aquele homem está presente:
todos os homens e todas as mulheres e todas as
pessoas que o tenham insultado alguma vez, começarão
a se mover na sua memória.
Você
começará não somente a lembrar-se deles, começará
a revivê-los. Estará entrando numa espécie de
grupo primal.
(...)
Atisha
está dizendo: apenas seja você mesmo. Seja qual
for a dor, seja qual for o sofrimento, deixe que
assim seja.
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Primeiro
experimente isso na sua total intensidade. . Será
difícil, será um dilaceramento do coração.
Você pode começar a chorar como uma criança,
pode começar a rolar pelo chão em profunda dor,
seu corpo pode passar por contorções. Você
pode, de repente, tornar-se consciente de que a
dor não está somente no coração, ela está por
todo o corpo – que ele está todo dolorido, que
é dor por todo lado, que todo o seu corpo nada
mais é senão dor.
Se você
puder experienciar isto – será de enorme importância
– então comece a absorver a dor. Não a jogue
fora. É uma energia tão valiosa, não a jogue
fora. Absorva-a, beba-a, aceite-a, dê-lhe as boas
vindas, sinta-se agradecido por ela. E diga a si
mesmo: ‘Desta vez não vou evitá-la, desta vez
não vou rejeitá-la, desta vez não vou jogá-la
fora. Desta vez vou bebê-la e recebê-la como uma
convidada. Desta vez vou digeri-la.’
Pode
levar uns dias para você ser capaz de digeri-la,
mas no dia em que isso acontece, você se depara
com uma porta que o leva realmente distante, bem
distante. Uma nova jornada começou na sua vida,
você está entrando numa nova espécie de ser –
porque, imediatamente, no momento em que você
aceita a dor sem rejeição em qualquer parte, a
energia e a qualidade dela mudam. Não há mais
dor.
Na
verdade, a pessoa é simplesmente surpreendida, a
pessoa não pode acreditar, é tão incrível. A
pessoa não pode acreditar que o sofrimento possa
ser transformado em êxtase, que a dor possa se
tornar alegria.”
OSHO
- The Book of Wisdom – cap. 5
Tradução: Swami Bodhi Champak
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