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A
única barreira para o autoconhecimento
O sufismo é uma alquimia, a ciência da
alma interna. Ele é uma experimentação em
consciência. Somente o resultado define se o
que você estava fazendo era certo ou errado. Não
existe outra maneira de definir isto.
As
filosofias continuam dando voltas em círculos,
elas nunca levam você a lugar algum. O sufismo
está cansado de filosofias. Na verdade, todos
os grandes místicos estão cansados de
filosofias. É por causa do lamaçal das
filosofias e suas confusões que as pessoas estão
impedidas de conhecer aquilo que lhes é direito
conhecer. Você não perde Deus por causa de
seus pecados, mas sim devido ao que você chama
de conhecimento.
O
sufismo é uma experimentação para uma certa
experiência. Ele não é um caminho de crença,
mas de conhecer, de experienciar. Ele é
existencial. Experiência de que? Experiência
de si mesmo. Ele não é especulação por
especulação. Ele tem uma metodologia que
resulta na mais sublime de todas as experiências
– chame isso de Deus, Nirvana, moksha, liberação,
ou o que você quiser. É a experiência mais
sublime de todas. É a maior experiência na
vida. E sem esta experiência, ninguém jamais
sente qualquer contentamento, não consegue
sentir. O significado de estarmos aqui é para
alcançarmos esta experiência. Este é o nosso
potencial, ele tem que se tornar real. Esta é a
nossa semente: ela tem que desabrochar em todas
as cores e fragrâncias. E a não ser que a
semente se torne uma flor, nós permaneceremos
na dificuldade, no desconforto, ansiando por
alguma coisa sem saber exatamente o que é.
Procurando, tateando no escuro...
O
homem permanece procurando, tateando no escuro.
E a procura só termina com Deus e nunca de
outra maneira. O que é Deus? A experiência do
seu próprio centro interior. Deus não está lá.
Deus está aqui, dentro do seu coração,
pulsando, respirando, consciente. Deus está
muito perto.
Ramana
Maharshi diz: Autoconhecimento é uma coisa fácil,
a coisa mais fácil que existe. Porque ele está
tão próximo! Ele já está aí, ele sempre
esteve aí. Basta uma olhada, basta ligar, e você
já não será mais um pedinte, terá alcançado
a qualidade de imperador, e você será
empossado, será coroado, e se tornará um rei.
Basta uma olhada para dentro... Mas isto é o
que os Sufis dizem. Ramana é um Sufi.
Eu
estou usando a palavra ‘Sufi’ no significado
mais amplo da palavra. (Neste sentido,) Buda é
um Sufi, Jesus é um Sufi, Ramana é um Sufi.
Por ‘Sufi’ eu quero dizer aquele que está
enfastiado de filosofias e que começou a
procurar por aquilo que é verdadeiro, aquele
que não mais se satisfaz com alimento sintético
e está à procura de nutrição verdadeira.
Ramana
diz: Autoconhecimento é uma coisa tão fácil
quanto qualquer outra coisa fácil que exista.
Mas, exatamente o opopsto disso está nesta
frase de Emanuel Kant, um grande filósofo: ‘A
metafísica é um chamado à razão para
empreender novamente a mais difícil de todas as
tarefas que é o autoconhecimento.’
A
filosofia torna isto difícil, muito difícil,
quase impossível – porque a filosofia se
movimenta cada vez mais distante, bem longe
disto. Saber a respeito do Ser não é conhecê-lo;
saber a respeito de Deus não é conhecer Deus
– como pode o ‘a respeito de’ ser aquilo.
A respeito, a respeito... Você segue em círculos.
Isto se torna impossível.
Quanto
mais você se torna esperto, ardiloso,
calculista, a respeito do a respeito, você será
levado a se perder. Não é uma questão de
saber a respeito do Ser; é simplesmente uma
questão de conhecê-lo, estar consciente, não
é uma questão de se pensar a respeito dele,
mas de estar centrado nele. Sentando-se
silenciosamente nele, ele é revelado.
Ramana
está certo, ele tem que estar certo, pois ele
conhece. Emanuel Kant não está certo, ele não
pode estar certo, pois ele nunca conheceu o Ser.
Embora ele tenha tentado e trabalhado arduamente
– ele foi um dos intelectos mais aguçados que
existiu. Sua perspicácia não pode ser colocada
em dúvida. Sua lógica era perfeita. Mas, no
que se refere a seus insights, ele era cego.
É
como um homem cego pensando a respeito da luz
– é certo que será impossível. Como pode um
cego pensar a respeito da luz? (...)
Os
Sufis acreditam no ver. Ver é fácil; pensar é
difícil. Se você tiver ouvidos, saberá o que
é música, mas se não tiver ouvidos, como
poderá pensar a respeito de música? De que
maneira? É impossível. Não existe maneira de
comunicar a você o que é música. Se você tem
olhos, você conhece as cores e a beleza de um
arco-iris. Mas se você não tiver olhos, nem
mesmo o maior dos poetas poderá lhe dar uma idéia
do que é um arco-iris, é impossível.
Os
Sufis não acreditam no pensar: eles acreditam
no ver.
Você
deve ter ouvido o famoso ditado: ver é crer. É
exatamente isto o que os Sufis dizem: ver é
crer.
Um famoso ditado Sufi diz: aquele que
conhece os outros, é erudito; aquele que
conhece a si é sábio. Ser erudito é fácil,
para ser sábio tem que ter vísceras, coragem.
Por que? Por que no mundo é preciso ser
corajoso para conhecer a si? Existem razões.
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A
primeira razão é: existe um medo de que se você
mergulhar em si mesmo, poderá não encontrar
alguém lá...E de certa maneira este medo está
certo. Você não vai mesmo encontrar alguém lá.
Esta apreensão está certa.
Se o
Naresh entrar em si, não vai encontrar o Naresh
lá. Se a Astha entrar em si, ela não vai
encontrar Astha lá. O mesmo com a Sudha e com o
Viyogi. Alguma coisa vai ser encontrada lá, mas
é algo que não se define, é algo que não se
expressa em palavras. E este algo não é sua
posse; este algo é tanto seu quanto é de todo
mundo.
Você
encontrará algo, mas será o centro universal.
Você não encontrará qualquer indivíduo lá,
nenhum ego será encontrado. Por isto, o medo.
Você irá desaparecer. No autoconhecimento você
irá desaparecer completamente. Por isto as
pessoas conversam a respeito dele, perguntam a
respeito dele, lêm livros a respeito, mas nunca
entram. Um medo inconsciente impede seu caminho.
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Adventure
Osho Zen Tarot
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E o homem moderno particularmente tem
muito mais medo. O homem moderno é freqüentemente
levado ao desespero porque ele tem medo de que o
Ser não exista em definitivo ou que ele seja
uma máquina nazista, um robot Skineriano, uma
barata Kafkiana, um rinoceronte de Ionesco ou
uma paixão inútil Sartreana. Todos esses medos
explodiram na mente moderna.
Quem
sabe? Quando você mergulhar em si, poderá
encontrar a barata Kafkiana. Existe uma parábola
de Kafka:
Certa
manhã ele acordou e descobriu que era uma
barata. Deve ser um sonho, ele deve ter acordado
dentro de um sonho. E não era apenas isto, a
barata estava de pernas para o ar, e ele
conseguia ver aquelas pernas se movendo no ar, e
ele não conseguia se virar para posição
certa, ele estava de costas. E você pode
imaginar... a miséria do homem, a agonia e a náusea.
E ele tentava arduamente, mas parece que não
havia jeito de se virar. Uma grande barata
ocupando toda a cama.
O
homem moderno tem ainda mais medo. Quem sabe no
que você vai tropeçar quando mergulhar em si?
Pesadelos, monstros... Quem sabe o que está lá
dentro? Por que abrir a caixa de Pandora?
Mantenha-a firmemente fechada e sente-se em
cima. Isto é o que todo mundo está fazendo. E,
sob certo sentido, o medo está certo – mas
somente sob certo sentido.
No
começo você encontrará baratas, rinocerontes,
répteis e todo tipo de coisas horríveis –
porque estas são as coisas que você esteve
reprimindo em si mesmo, estas são as coisas que
você não permitiu. Você reprimiu a raiva, o
ciúme, a possessividade, o ódio. Você
reprimiu a violência e o assassinato. Todas
estas coisas estão ali. Esta é a barata que
está dentro de você. A violência tornou-se
uma perna, a possessividade tornou-se outra e o
ciúme uma outra mais...
Quando mergulhar dentro de si, você terá
que encarar tudo isto. Naturalmente, esta não
é a história toda. Se você puder encarar a
barata, se você puder ir cada vez mais fundo,
sem qualquer medo, e observar tudo o que estiver
acontecendo, e lembrando-se que ‘eu sou apenas
um observador, uma testemunha a tudo isto. Eu não
posso ser a barata porque eu posso ver...’ o
que você consegue ver não é você.
Guarde
isto como uma chave, uma lembrança constante:
tudo o que você vê, não é você. Você vê a
raiva? Então você não é ela. Você vê a
fome? Então você não é ela. Você vê a
sexualidade? Então você não é ela. Você é
aquele que testemunha tudo isto. Lembre-se da
testemunha e, pouco a pouco, todas as baratas
desaparecerão, assim como todos os rinocerontes
e tudo o mais que é feio.
O
testemunhar é um fenômeno tamanho que dissolve
tudo que é feio. Pouco a pouco, somente a
testemunha permanece. Mas esta testemunha não
será você; ela é Deus. Esta testemunha não
pode ser confinada em um Eu – ela é puro ser.
Há
poucos dias eu lhes disse que existem duas
inscrições gravadas no templo de Apolo em
Delfos: ‘Conheça-te a ti mesmo’ e ‘Nada
em excesso’. Há uma relação entre estas
admonições. O homem era aconselhado a conhecer
a si mesmo, e no seu conhecer ele deveria evitar
extremos. Quais são os extremos?
Dois
são os extremos: o inferno e o céu, as baratas
feias e as lindas borboletas. Você tem que
permanecer uma testemunha de ambas. Você não
é nem a barata nem a borboleta com cores psicodélicas.
Nem isto nem aquilo – neti neti. Você
é apenas o observador, o espelho que reflete a
barata e que reflete a borboleta.
De
acordo com os sacerdotes de Delfos, um extremo
era a tentativa de ir além de sua finitude,
agir como se fosse infinito. Isto acontece. Se
você for para dentro, ou começa a sentir que
é alguma coisa como uma criatura do inferno, ou
começa a sentir que você é um anjo, uma
criatura celestial. Mas em ambos os casos você
novamente criou um ego. Evite os extremos,
porque o ego consegue existir apenas com os
extremos. Ele morre no meio. O meio dourado é a
sepultura do ego.
Os
gregos costumavam chamar estes extermos de hybris.
Este termo designava os extremos e quer dizer:
uma afronta contra a natureza das coisas. Não
comece a pensar que você é celestial, que você
é um mensageiro de Deus, que você foi
especialmente enviado ao mundo para entregar a
última mensagem, que você é o filho de Deus,
que você é o único mensageiro, o único
verdadeiro, o único Mestre, o único Mestre
perfeito... Evite estas tolices. Deus vem através
de muitos caminhos, e suas mensagens continuam
filtrando no mundo. Não apenas através de
Jesus, Buda e Maomé. Mesmo quando um cuco
canta, ele é a mensagem de Deus. E Jesus não
é o único filho de Deus, caso contrário, todo
o resto do mundo seria órfão.
Cada árvore, cada animal, cada pássaro
é tão filho de Deus quanto qualquer um outro.
Não que somente Maomé seja o profeta – os
rios e as montanhas, todos eles são seus
mensageiros e seus profetas. Sua mensagem
continua sendo derramada em todos os lugares, em
todos os nichos, em todos os cantos. Assim, não
entre nessa idéia, senão o ego entrará por
detrás da porta, e irá criar problemas para
você novamente. E você terá perdido o
autoconhecimento.
Os
gregos têm uma palavra especial para isto –
eles chamam isto de hybris. O outro
extremo é a tentativa de agir como se o indivíduo
não fosse um membro da sociedade, tornando-se
um monge, entrando na solitude. Você é parte
da sociedade, você nasceu na sociedade, você
vive em sociedade. A consciência social é como
um oceano para você – você é um peixe neste
oceano. Você não consegue viver sem ele. E
aqueles que tentam viver sem a sociedade quase
sempre se tornam pervertidos. Sim, de vez em
quando é bom descansar por uns dias num retiro
nas montanhas, só para um descanso, mas você
tem que voltar para o mundo. Sim, é bom meditar
por algumas horas, mas depois você tem que
voltar para o mundo. Não se torne um monge. Não
comece a pensar que você está separado, porque
o autoconhecimento não pode ser alcançado na
separação. Ele é alcançado na união.
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We are
the world
Osho Zen Tarot
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E a união mais íntima possível é com
outra pessoa. Como você pode estar em comunhão
com as árvores se você não consegue estar em
comunhão com pessoas? Como você pode estar em
comunhão com as pedras se você não consegue
estar em comunhão nem mesmo com seu amado ou
sua amada? Isto é absurdo! Toda esta idéia é
absurda. Um homem está dizendo, ‘Eu estou
deixando minha esposa e minhas crianças porque
elas são uma prisão para mim e eu estou indo
para as montanhas, para estar em comunhão com
as montanhas.’ O que ele está falando é
besteira. Não será possível para ele estar em
comunhão com as montanhas, pois elas falam uma
linguagem, totalmente diferente. Elas estão
muito atrás da consciência humana. Para se
relacionar com elas você terá que se tornar
uma montanha – somente então você conseguirá
se relacionar.
Se
você não consegue se relacionar com seres
humanos que são tão evoluídos como você, que
pertencem ao mesmo mundo de linguagem, que
pertencem ao mesmo nível de vida, você não
conseguirá se relacionar com ninguém mais, em
lugar algum. Não seja tolo.
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Os
gregos foram muito específicos a respeito
destes dois extremos. Aquele que vivia fora da
sociedade era chamado de um ser privado. Eles
tinham uma palavra bonita para isto, eles
chamavam a pessoa de idios. É desta
palavra que surgiu ‘idiota’. Idios
era o nome para tal ser. Se você fosse de
verdade para fora da sociedade, então se
tornaria um idiota. Esta é a minha observação.
Eu
tenho visto pessoas vivendo anos e anos nas
montanhas e elas se tornam idiotas. Elas têm
que se tornar idiotas, pois lá não há
qualquer desafio, nenhum ser humano para provocá-las,
nenhum desafio humano para aguçar suas inteligências.
É muito provável que elas se tornem idiotas. O
crescimento não é possível lá.
Elas
podem viver num silêncio, mas o silêncio será
das montanhas, não é uma realização delas. A
não ser que você consiga viver o silêncio na
praça do mercado, ele não será uma realização
sua. Ao retornar do Himalaia você, de repente,
ficará chocado, pois continuará sendo a mesma
pessoa que era antes de ter ido para lá, talvez
você esteja até pior. Você não será capaz
de tolerar o barulho, o tumulto do mundo. Que
tipo de realização é esta? Em lugar de se
tornar mais capaz, mais integrado, você terá
se desintegrado, terá se enfraquecido. Você não
ganhou força.
‘Conheça-te
a ti mesmo’, mas nesse seu conhecer, não se
torne um híbrido ou um idiota! O ego fica
inflado – ‘Eu sou uma alma’, ‘Eu sou
infinito’, ‘Eu sou eterno’, ‘Eu sou isto
e aquilo’... Se o eu continua presente, então
você nada é. Quando o Eu se vai, então sim,
Deus está, a imortalidade está, mas nada disso
você pode possuir, nada disso você pode
guardar em seu caixa-forte. E isto nada tem a
ver com você! Isto pertence à existência. E
você também pertence à existência.
Este
é o primeiro extremo a ser evitado.
E o
segundo extremo é: não se torne um idiota. Não
comece a escapar das pessoas, porque todo
crescimento está ali com as pessoas,
relacionando-se com as pessoas, aceitando os
desafios e respondendo a tais desafios.
Autoconhecimento
é um conceito muito estranho, e você precisa
compreendê-lo, porque este é todo o trabalho
de um Sufi: como conhecer a si mesmo. A expressão
‘si mesmo’ é uma contradição em termos,
porque no conhecimento pelo menos duas coisas são
necessárias: o sujeito que conhece e o objeto
que está sendo conhecido. E no autoconhecimento
não existem duas coisas, mas apenas uma. Como
chamar isto de autoconhecimento? Quem é o
sujeito que conhece e quem é o objeto que é
conhecido? A palavra tem que ser usada porque nós
não temos outra melhor para isto. Mas ela tem
que ser usada muito conscientemente, sabendo que
ela não significa extamente o que ela diz.
Autoconhecimento
é um tipo de conhecer, mas não de
conhecimento.É um tipo de consciência,
luminosidade, mas não conhecimento. Ele não
pode ser conhecimento porque isto requer duas
coisas.
Este
problema de autoconhecimento foi resumidamente e
metaforicamente declarado por Simone de
Beauvoir. Ela diz, ‘É fácil dizer: Eu sou
Eu. Mas, quem sou Eu? Onde encontrar a mim? Eu
teria que estar do outro lado de todas as
portas. Mas quando sou eu quem bate na porta, o
outro, do outro lado, se torna silencioso. Para
conhecer o ser, o ser deve estar em ambos os
lados de uma mesma porta. Mas quando o ser que
bate é o sujeito que conhece e está de um lado
da porta, não há ninguém do outro lado da
porta para abri-la. E quando existe um ser do
outro lado, do lado do objeto que está sendo
conhecido, para abrir a porta, não há ninguém
do lado do sujeito que conhece para bater na
porta! Então, o que se deve fazer?’
Entendeu?
Se você é o sujeito que conhece, então quem
estará ali para ser o objeto conhecido? E se
você é o objeto conhecido, quem estará ali
como sujeito para conhecer? Isto é o que
Beauvoir quer dizer, que você tem que estar de
ambos os lados da porta. Por exemplo, se você
está batendo na porta e você é o único ali,
não haverá ninguém do lado de dentro para
responder à sua batida. Se você está do lado
de dentro da porta e pronto para abri-la, então
não haverá ninguém do lado de fora para bater
nela. Você terá que estar em ambos os lados. Só
assim haverá alguma comunicação e algum
conhecimento.
Isto
é impossível. Como você pode estar nos dois
lados da porta? Isto parece mais um koan Zen, e
é. Este é o koan básico. A partir deste koan,
milhares de outros koans foram criados. Então,
o que se deve fazer?
Alguém
dirá: ‘continue batendo!’ Este é o caminho
da vontade. ‘Continue batendo!’ Jesus disse:
Peça e lhe será dado. Bata e a porta lhe será
aberta. Procure e você encontrará.
Esta
é uma resposta: Continue batendo... persevere,
seja paciente. Não se sinta frustrado se a
porta não está abrindo. Continue batendo,
continue batendo...Um dia a porta se abrirá.
Esta é uma resposta.
A
outra resposta é: ‘Pare de bater e espere!’
Este é o caminho da entrega, da devoção, do
amor, da prece. O primeiro é o caminho do iogue
que funciona através do poder da vontade. O
segundo é o caminho do devoto que entrega e
espera, confia e ora.
Mas
eu lhe digo: Olhe... Não existe nenhuma porta
para bater e ninguém para bater nela. E mais, a
porta está aberta. Ela tem estado aberta por
todo o tempo, desde o começo. E não existe
nenhum ser para ser conhecido e nenhum
autoconhecimento. Conhecer, naturalmente,
existe, mas nada como autoconhecimento.
Isto
foi o que a grande mística Rabia disse para
Hasan:
Hassan
costumava orar todos os dias diante do mosteiro,
sentando-se na rua. E ele chorava em prantos,
olhava para o céu e dizia, ‘Deus, abra a
porta! Eu tenho esperado há tanto tempo. Não
foi o suficiente? Terei eu que passar por mais
testes? Você ainda não me testou o suficiente?
Abra a porta! Eu estou chorando. Eu estou em
prantos. Eu estou gritando – abra a porta!’
Esta
era a sua constante prece, toda manhã e toda
tarde. Onde quer que estivesse, ele ia ao
mosteiro, sentava-se na rua e orava.
Rabia
estava passando um dia. Ela bateu na cabeça do
Hassan e disse, ‘Que tolice você está
falando? A porta está aberta! Mas você está tão
absorvido em seus gritos ‘Abra a porta!
Escute-me, Senhor. Por que você não abre a
porta?’ Você está tão ocupado com essas
tolices, que você não consegue ver que a porta
está aberta. Ela sempre esteve aberta’.
Eu
concordo com Rabia... Tudo está disponível.
Você não precisa lutar. Você nem mesmo
precisa se entregar. Porque a entrega é a
polaridade oposta à luta. Você tem apenas que
estar no meio. Tem que estar no estado de não-fazer,
nem lutar nem se entregar. E de repente você
será capaz de ver que a porta está aberta. Você
nunca foi a nenhum outro lugar. Você sempre
esteve aqui. Onde mais você poderia ir? Estar
dentro é a sua natureza. E então tudo é
revelado como um relâmpago. De repente a
escuridão desaparece e tudo é luz.
Mas
não existe ser algum para ser encontrado. O
conhecer acontece, mas não um autoconhecimento.
Por isto o medo. Lá, bem no fundo, em algum
lugar no inconsciente, você sabe perfeitamente
bem que ‘Se eu for para dentro, eu não
encontrarei a mim mesmo. É melhor não ir para
dentro, assim poderei continuar acreditando que
‘Eu sou!’
Este
‘Eu’ é a única barreira. Este ‘Eu’ é
a única ignorância. Este ‘Eu’ é o único
pecado.
OSHO
– The Perfect Master – vol. II – Capítulo
1
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
© 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.
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