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Divertimento
e Silêncio
Querido Osho,
No Ocidente, a celebração está associada à idéia americana de
divertimento que é sinônima de barulho, música
alta, ir ao cinema, fumar, fazer sexo e liberação
de energia, enquanto que silêncio e serenidade
estão automaticamente associados a tédio e
excessiva acumulação de energia, o que resulta
em tensão e ansiedade. Você poderia dizer algo
a respeito de silêncio, celebração e vida?
Chidananda, a questão que você levantou
tem muitas implicações. Não é uma simples
questão; ela compreende muitas questões
importantes. Eu gostaria de entrar em cada
dimensão da questão e somente então você será
capaz de encontrar a resposta.
A primeira coisa para se lembrar é que o
homem compreende dois mundos, um que o leva para
fora e o outro que o leva para dentro. O homem
é uma dualidade: ele é um corpo e é uma alma.
E por causa desta tremenda dualidade, surgem
todos os problemas do mundo. A dualidade não é
apenas uma. Ela é aquilo que chamamos de
“dualidade gestalt”. Numa dualidade gestalt
você nunca vê ambos os mundos juntos. Se você
escolhe ver um, o outro fica esquecido. Como
exemplo, eu tenho falado a respeito de um
pequeno livro de crianças onde existe um
desenho feito com linhas simples, mas nessas
linhas existem duas possibilidades: se você
fixar seus olhos no desenho, você pode ver ou
uma velha mulher ou uma bela garota. Você
consegue ver cada uma separadamente. Se você
olhar fixamente para a velha mulher, de repente
você perceberá uma estranha mudança: a velha
mulher desaparecerá e uma bela garota estará
diante de você.
Se você persitisse em olhar fixamente...
mas em geral os olhos não olham fixamente, eles
se movem continuamente. O movimento é intrínseco
aos seus olhos. Eles ficam cansados de olhar
fixamente para uma coisa. Eles estão sempre em
busca de algo novo. Por causa disso, você logo
percebe a bela garota desaparecendo e a velha
mulher voltando novamente ao seu lugar. Ambas são
feitas com as mesmas linhas, apenas as combinações
são diferentes, mas você não consegue ver
ambas ao mesmo tempo. Isto é impossível.
Porque se você ver a garota, onde estarão as
linhas que fazem a velha mulher? E se você ver
a velha mulher, você não terá linhas extras
para criar a garota. Você consegue ver cada uma
separadamente, mas não consegue vê-las juntas.
Isto é dualidade gestalt, e esta é a realidade
do homem.
O Oriente tem visto o homem somente como
uma alma, como uma consciência, como um ser
introvertido. Mas porque foi escolhida uma
gestalt, a outra foi negada. É por isto que no
Oriente, por séculos, os místicos têm negado
consistentemente a realidade do mundo. Eles
dizem que ela é apenas um sonho, que é maya,
uma ilusão. Que esta realidade do mundo é
feita da mesma matéria que os sonhos são
feitos. Aquilo não está verdadeiramente ali,
é apenas uma miragem, uma aparência. O Oriente
tem negado o lado externo – e tem que negar
devido à necessidade interna da dualidade
gestalt.
O Ocidente escolheu o mundo externo e tem
que negar o mundo interno. O homem é visto
apenas como um corpo. Psicologia, biologia e
quimica, mas não uma consciência, não uma
alma. A alma é apenas um epifenômeno. E porque
somente o lado externo é considerado como sendo
verdadeiro, foi possível desenvolver a ciência
no Ocidente. Tecnologia, milhares de aparelhos,
possibilidades de pousar na lua e no vasto
universo que circunda você. Mas mesmo
conhecendo tudo isto, tem havido um profundo
vazio na mente ocidental: algo está faltando.
É difícil para a lógica ocidental
localizar com precisão o que está faltando,
mas é absolutamente certo que algo está
faltando. A casa está cheia de convidados, mas
está faltando o anfitrião. Você tem todas as
coisas do mundo, mas você não está ali. O
resultado é uma tremenda miséria. Você tem
todos os prazeres, todo o dinheiro, tudo o que o
homem jamais sonhou, e ao final de séculos de
esforços, de repente descobre que você não
existe. O seu interior está oco, não há ninguém.
O Oriente também tem enfrentado sua própria
miséria. Ao pensar que o mundo externo não é
verdadeiro, não há qualquer possibilidade de
progresso científico. A ciência tem que ser
objetiva, mas se os objetos são apenas aparências,
ilusões, qual o sentido em dissecar ilusões
para tentar descobrir os segredos da natureza?
Conseqüentemente o Oriente permaneceu pobre,
faminto e submetido a todo tipo de escravidão
por séculos.
Estes dois mil anos de escravidão não
foram por acaso. O Oriente estava preparado para
isto. Ele aceitou isto. O que interessa num
sonho, se você é o senhor ou o escravo? O que
interessa, se no sonho você está sendo servido
com um alimento delicioso ou se você está com
fome? No momento em que você acorda, ambos os
sonhos se revelarão inválidos. O Oriente
consentiu em permanecer morrendo de fome, em ser
escravizado, e a razão é que ele escolheu uma
gestalt diferente: o verdadeiro é o interior.
O Oriente
aprendeu como estar silencioso e em paz, para
curtir a felicidade que surge quando você
mergulha fundo em sua interioridade. Mas você não
consegue compartilhar isto com outra pessoa;
isto é absolutamente individual. No máximo,
você consegue falar a respeito. Assim, por
milhares de anos, o Oriente tem falado a
respeito de espiritualidade, consciência,
iluminação, meditação e externamente tem
permanecido um mendigo, doente, faminto e
escravizado.
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Quem vai querer ouvir esses escravos e
suas grandes filosofias? O Ocidente simplesmente
tem rido disso. Mas o riso não tem sido só de
um lado. O Oriente também tem rido ao ver que
as pessoas estão acumulando coisas e perdendo a
si mesmas.
Por milhares de anos nós temos vivido
num estado de mente muito estranho e esquizofrênico.
Chidananda, você disse, ‘No Ocidente,
celebração está associada com a idéia
americana de divertimento.’ Isto traz uma
outra implicação. Somente um homem miserável
necessita de divertimento. Assim como um homem
doente precisa de medicamento, um miserável
necessita de divertimento. Isto é apenas uma
estratégia muito engenhosa para evitar a sua
miséria.
A miséria
não é evitada; você somente se esquece por um
tempo que é miserável. Sob a influência de
drogas, do sexo ou sob a influência do que você
chama de divertimento, o que na verdade você
está fazendo? Você está escapando de seu
vazio interior. Você está se envolvendo em
todo tipo de coisas. Uma coisa da qual você
sente medo é do seu próprio ser.
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Stress
Osho Zen Tarot
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Isto tem criado uma certa loucura, mas
porque no Ocidente todo mundo está no mesmo
barco, isto se torna muito difícil de ser
reconhecido. Milhões de pessoas estão
assistindo futebol americano, e você chama
essas pessoas de inteligentes? Então, quem você
vai chamar de retardado? E não é que essas
pessoas estejam apenas envolvidas em jogos como
o futebol americano, elas estão pulando, estão
gritando, estão brigando. E porque não existem
estádios suficientemente grandes para acomodar
todo o país, todo mundo está sentado grudado
em sua cadeira diante da televisão. E elas estão
fazendo as mesmas coisas estúpidas: sentadas em
suas cadeiras, gritando...
Eu conheço
um homem que, porque seu time estava perdendo,
ficou tão enlouquecido que quebrou sua televisão.
Eu estava com este homem e lhe disse, ‘Você
está preparado para ser internado num asilo de
loucos? Em primeiro lugar, futebol americano
deveria ser para crianças. Você já passou
dessa idade, mas mentalmente você não tem mais
que doze ou treze anos. E o que você fez com
sua televisão me leva a suspeitar que você não
é apenas retardado, mas louco também.’ (...)
As pessoas têm se tornado tão voltadas
para fora que não conseguem, nem mesmo por um
simples momento, sentar em silêncio. Esta é a
coisa mais difícil no mundo. As pessoas não
param quietas. Qual é o medo? O medo é que você
pode encontrar o seu vazio e uma vez que ele
seja encontrado, a sua vida perde todo o
interesse, todo o sabor, todo o sentido e
significado.
Todo mundo está fugindo de si mesmo. E
chamam de divertimento a essa fuga de si mesmo.
A vida do homem ocidental pode ser
dividida em duas partes: a primeira é se
divertindo e a segunda é tendo ressaca. Com o
tempo, a ressaca se torna mais prolongada que o
divertimento. E ele segue, num círculo vicioso,
entre essas duas partes, desperdiçando sua vida
e não chegando a lugar algum.
Não se pode dizer que chegar ao cemitério
significa chegar a algum lugar. Isto
simplesmente significa que agora a roda está tão
cansada e tão entediada com os divertimentos e
com as ressacas sofridas que ela quer descansar
dentro de uma sepultura.
As pessoas descansam apenas em suas
sepulturas.
Fora da sepultura, não há tempo para
descansar.
No Oriente, nós escolhemos a gestalt
oposta. Nós descobrimos tesouros, mistérios e
segredos, mas a dificuldade com o interior é
que você não consegue materializá-lo. Você não
consegue prova-lo no tribunal, você não
consegue nem mesmo ter uma testemunha. A não
ser você, ninguém, mais é permitido entrar em
seu mundo interior. Naturalmente, o Oriente
pouco a pouco criou indivíduos isolados. Esses
indivíduos isolados foram constantemente
molestados pela multidão, pelo mundo dos negócios.
Eles queriam o silêncio interior, sua calma,
sua serenidade sem perturbação. A conclusão
foi: renuncie ao mundo, mude para o Himalaia ou
para o meio da floresta onde você pode ser
totalmente você mesmo.
Mas ambas as alternativas estão
escolhendo metade do homem. E no momento em que
escolhe metade do homem, você cai na mesma miséria.
As misérias podem ser diferentes, mas é
absolutamente garantido que se trata de miséria.
O Oriente é miserável, devido aos seus
Goutamas Budas, seus Mahaviras, Bodhidharmas,
Kabirs. Ele está na miséria devido aos seus
grandes exploradores do mundo interior. E o
Ocidente está miserável devido a Galileu, Copérnico,
Colombo, Albert Einstein, Bertrand Russell.
Estas são as grandes pessoas do Oriente e do
Ocidente e todas estas grandes pessoas
escolheram o homem em sua metade. E esta tem
sido a miséria do homem até agora.
Eu lhes ensino o homem total. A dimensão
interna é tão verdadeira quanto a dimensão
externa. E a externa é tão significante quanto
a espiritual. Você tem que alcançar um certo
equilíbrio, no qual nem o interior nem o
exterior predominem, mas ambos sejam igualmente
complementares, um ao outro. Isto não aconteceu
até agora. Mas, a não ser que isto aconteça,
não há possibilidade alguma para qualquer
humanidade existir no mundo.
O Ocidente está morrendo devido ao seu
próprio sucesso. O Oriente já morreu devido ao
seu sucesso. É uma história muito estranha,
essa que as pessoas morrem devido às suas vitórias.
Escolher a metade é perigoso. Mas escolher o
todo necessita coragem, insight e uma imensa
compreensão. E uma mobilidade... Ir para fora e
para dentro de seu ser deve ser tão simples
como entrar e sair de sua casa.
Sempre que for preciso você estar no
mercado, você deve estar lá com sua
totalidade. O mercado não pode destruir a sua
alma. Todo aquele que prega a renúncia ao
mundo, está contra a humanidade. O fato de ir
para dentro de si e estar num silêncio
meditativo não tira coisa alguma do mundo
externo. Você não tem que condenar o mundo
externo, nem tem que declará-lo ilusório. Isso
deveria ter sido tão simples de se ver que eu
fico admirado porque milhares de anos se
passaram e isto ainda não é um fato
reconhecido em todo o mundo. (...)
Estas duas ideologias idiotas têm destruído
toda a humanidade, a sua paz, o seu amor, a sua
grandeza e a sua dignidade. Isto tem que ser
restaurado. Eu nego Adi Shankara e também nego
Karl Marx, ao mesmo tempo. Eu sou contra o ateísta
e contra o teista, porque ambos estão tentando
dividir a realidade, a qual é indivisível. O
exterior não consegue existir sem o interior.
Nem o interior existe sem o exterior. Eles são
os dois lados de uma mesma moeda.
Mas, acredite ou não, não existe uma
simples declaração em toda a história do
homem afirmando que ele é um, que o seu
exterior e interior não são contraditórios,
mas complementares, que cada um deles não pode
existir em separado e que eles devem ser usados
juntos. Somente então o homem consegue crescer
à sua verdadeira altura e desabrochar em seu
florescimento máximo.
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Sorrow
Osho Zen Tarot
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Chidananda, você está perguntando,
‘...associada com a idéia americana de
divertimento, que é sinônima de de barulho, música
alta, ir ao cinema, fumar, fazer sexo e liberação
de energia.’ Isto é apenas o lado de uma
metade, o das pessoas que escolheram ser
extrovertidas e se esqueceram de seu próprio
centro interior. Mas elas estão ficando cheias
disto. Agora os maiores filófos do Ocidente,
como Sorem Kierkegaard, Martin Heidegger, Karls
Jasper, Marcel, Jean Paul Sartre, todos estão
em absoluto acordo de que a vida é sem sentido,
que ela nada mais é que tédio. E a única
conclusão de todas essas filosofias é simples:
a não ser o suicídio, não há outro caminho.
Mas existem surpresas e surpresas: de todos
esses grandes filósofos que eu citei, nenhum
cometeu suicídio.
Todos
estes cinco grandes filósofos do Ocidente – e
eles são os mais destacados – não estão
interessados em cometer suicídio, eles estão
apenas interessados em escrever a respeito de náusea,
falta de sentido e angústia. Todos eles
chegaram à conclusão que o suicídio parece
ser a única saída, mas nenhum abandonou o seu
caminho. (...)
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Devido ao seu sucesso, o Ocidente alcançou
seu maior fracasso. E este fracasso é muito
perigoso porque eles têm sob seu controle
enorme poder destrutivo, bombas nucleares. (...)
Os políticos estão preparados para destruir
este planeta setenta vezes. Este é o sucesso da
abordagem ocidental de tomar a dimensão externa
do homem como sendo toda a realidade. E nada
melhor aconteceu com o Oriente. Quase cinqüenta
por cento da população do Oriente está
faminta, morrendo, subnutrida. E ao final do século
XX a previsão é de que pelo menos quinhentos
milhões de pessoas morram, somente na Índia,
sem contar as que morrerão na China, em Taiwan,
na Coréia, no Japão. Este planeta terra não
consegue suportar essa imensa humanidade que
continua crescendo, a não ser que nós
comecemos também a ser científicos e tecnológicos.
A ciência é capaz, mesmo agora, de dar
suporte a uma humanidade sete vezes maior que a
atual. Hoje existem cinco bilhões de pessoas no
mundo. A ciência tem a capacidade de propiciar
agora que sete vezes mais pessoas vivam
confortavelmente. Mas a ciência não consegue
fazer isto por conta própria. Ela precisa de
mentes científicas, de pessoas que sejam
tecnologicamente especialistas.
O meu entendimento a respeito do Oriente
é que mesmo aquelas pessoas que foram para o
Ocidente serem bem educadas em ciência e
tecnologia, continuam internamente com suas
velhas estupidezes. Eu tenho visto Doutores
adorando um deus macaco. Eu não posso acreditar
no que vejo. Às vezes eu penso que teria sido
melhor ser cego. Essas pessoas que estão
adorando deuses macacos, deuses elefantes –
elas não têm mentes científicas. Elas podem
ter tido uma educação científica, mas isto é
uma coisa totalmente diferente.
Ter conhecimento a respeito de ciência
é uma coisa e ser criativo a respeito de ciência
é outra coisa. Ter conhecimento a respeito de
meditação é uma coisa e meditar é algo
totalmente diferente. O Ocidente precisa de uma
mente mais meditativa e o Oriente precisa de uma
mente mais científica. Então nós seremos
capazes de criar uma humanidade que possa viver,
sem pobreza e sem fome, uma vida mais saudável
e mais prolongada, da qual não temos nem idéia.
Há cálculos científicos de que este
corpo que temos é capaz de viver pelo menos
trezentos anos – com alimentação correta,
cuidados médicos corretos, ambiente ecológico
correto, as pessoas podem viver trezentos anos.
Eu nem consigo conceber que tesouros seriam
revelados se um Goutama Buda conseguisse viver
trezentos anos, se Albert Einstein pudesse ter
vivido trezentos anos, ou Bertrand Russell.
Até agora, a maneira como temos vivido
é um puro desperdício. Pessoas que são
treinadas, educadas, cultas, tornam-se velhas e
morrem com a idade de setenta anos. E novos
visitantes, absolutamente bárbaros, sem educação
continuam saindo dos úteros. Temos que forçar
as pessoas a se aposentarem, e estas são as
pessoas que sabem as coisas. E temos que
empregar pessoas que nada sabem.
A vida das pessoas poderia se tornar mais
prolongada e o controle da natalidade ser mais
estrito. Uma criança deveria nascer somente
quando nós estivéssemos prontos para permitir
que um Bertrand Russell deixasse o mundo –
apenas uma substituição, e a não ser que
possamos encontrar uma substituição melhor, nós
não iríamos deixar que o Bertrand Russel
deixasse o mundo. E existe toda possibilidade de
encontrarmos uma substituição, porque nós
podemos ler todo o programa genético, todas as
possibilidades pelas quais a pessoa irá passar
– se ela será um pintor da qualidade de um
Picasso ou se será um poeta genial como
Rabindranath Tagore; quanto tempo ela irá
viver, se será saudável ou doente. E não
apenas podemos ler o programa futuro dos genes,
mas podemos mudar esse programa também. Podemos
fazer com que uma pessoa doente, desde o início
seja mais saudável, e que os idiotas possam ser
evitados, assim como os retardados.
A existência dá tudo com tanta abundância
que se você não escolher, as coisas vão se
tornar um caos. Um simples ser humano, um macho,
se não for corrompido pelas religiões, terá
pelo menos quatro mil vezes a oportunidade de
gerar uma criança. E a cada vez ele libera um
milhão de espermas. Isso quer dizer que cada
macho humano pode criar toda uma Índia. Tal
abundância simplesmente quer dizer que você
tem que ser muito criterioso na escolha.
Naturalmente nesta multidão você não pode
encontrar muitos Rabindranath. O próprio
Rabindranath foi o décimo terceiro filho de
seus pais. Antes dele, seus pais geraram doze
crianças sem qualquer genialidade. Elas
poderiam ter sido evitadas. Rabindranath poderia
ter sido o primeiro filho. E quem sabe quantos
outros Rabindranath não estão preparando seus
caminhos para entrar no mundo? Nós precisamos
de uma abordagem muito científica a respeito do
lado exterior e uma abordagem muito meditativa
para o lado interior.
Chidananda, você está dizendo, ‘...enquanto
que silêncio e serenidade estão
automaticamente associados a tédio e excessiva
acumulação de energia, a qual resulta em tensão
e ansiedade.’ Se as coisas permanecerem do
jeito que estão, isto é verdade. Se você não
usar a sua energia... Com sua alimentação, com
sua respiração constante, bebendo água, você
está gerando energia. Ela tem que ser usada,
senão ela se transforma em tensão, e por fim
acabará se tornando ansiedade. Mas se a minha
idéia for entendida... Eu estou dizendo que você
é metade o lado externo e metade o lado
interno.
Use a sua energia no mundo externo em
atividades criativas, não em futebol americano.
Existe tanto para ser criado, tanto para ser
descoberto, um vasto universo está aí na sua
frente como um desafio para ser explorado. Use a
sua energia para tornar o mundo mais belo, mais
poético, mais saudável.
E quando você sentir que está cansado,
exaurido, vá para o lado interior. Descanse. E
o seu descanso se tornará a sua meditação,
porque meditação não precisa de nenhum gasto
de energia. Ao contrário, ela conserva, ela
preserva, ela faz de você uma concentração de
grande energia. Quando você sente que a sua
serenidade, seu silêncio e sua alegria interior
quer dançar externamente, então dance, então
cante, então crie. E se a sua criatividade vier
do silêncio de seu coração, ela terá uma
qualidade e um sabor diferente.
É apenas uma questão de um pouco de
inteligência e equilíbrio. Dentro está a
fonte de suas energias e fora está o mundo para
permitir que a energia crie – seja um criador.
Mas você não
consegue ser um criador a não ser que seja um
meditador.
O meu sannyas tem uma nova definição; não
é a definição do velho. Na velha definição,
o sannyas significa renunciar ao mundo. O meu
sannyas significa alegrar-se no mundo. Mas antes
que possa se alegrar, você deve acumular
energia de tal modo que comece a transbordar
amor, sentividade, criatividade, poesia, canção,
dança...
E certamente essas coisas terão a
qualidade da compaixão. Elas não poderão ser
violentas. Eu não consigo conceber um meditador
jogando futebol americano. Eu não consigo
conceber um Goutama Buda numa luta de Box. Mas
um Goutama Buda pode criar um lindo jardim de
rosas. Um Goutama Buda pode pintar. E as suas
pinturas serão muito superiores às de Picasso,
porque ele era quase louco. Se você olhar para
as pinturas de Picasso irá perceber um tipo de
doença atirada para fora. Mantenha um Picasso
pintando em seu quarto de dormir e você terá
pesadelos, porque aquelas pinturas vieram dos
pesadelos de Picasso, pesadelos com ar
condicionado.
Existiram meditadores que criaram. Você
pode ver o Taj Mahal que foi criado por místicos
Sufis. Observe-o numa noite de lua cheia, de
repente você entrará num profundo silêncio
que nunca conheceu dentro de si mesmo. Se você
puder sentar silenciosamente ao lado, a beleza
do Taj Mahal começará a mudar alguma coisa
dentro de você. O Taj Mahal não estará mais
apenas ali, do lado de fora; ele começará a se
tornar parte de seu próprio ser. (...)
Existem templos na China, no Japão, na
Índia criados por meditadores. Apenas por estar
sentado ali você perceberá que o que era tão
difícil para você, parar o seu pensamento,
acontecerá por si mesmo. Toda a atmosfera do
templo, a fragrância, o incenso, as estátuas...
Tudo está criando um certo espaço dentro de
você.
Uma vez que a
humanidade aprenda ambas as coisas juntas – o
estado meditativo e a abordagem científica do
mundo – nós teremos entrado numa nova fase,
totalmente descontínua do passado feio, doente
e louco.
OSHO – Om Mani Padme Hum – Capítulo
13
Tradução: Sw. Bodhi Champak
Copyright
© 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.
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