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O
Êxtase e a Arte de Testemunhar
“Querido
Osho,
Eu sempre estou oscilando entre uma excitação
de alta energia, onde a vida é maravilhosa e é
uma alegria estar só, e estes dias quando há
uma tranqüilidade que é estúpida e enfadonha.
Num momento existe energia, mas nenhuma consciência,
e no outro existe consciência, mas nenhuma
energia.
Existe um artifício para fazer com
estes dois momentos estejam juntos?
Isto
é uma coisa muito simples. Você diz que tem
momentos de grande êxtase, cheio de energia,
mas que você fica afogado nesta energia; o êxtase
é tão intenso que você se esquece de ficar
alerta. Você fica imerso naquele êxtase e a
testemunha não está presente. E você diz que
existem momentos quando está triste e
entediado, mas a testemunha está ali.
Você
simplesmente precisa que colocar as coisas no
seu devido lugar. Comece com seu tédio e sua
tristeza, porque a testemunha está ali e a
testemunha será a ponte. Assim, quando você
estiver triste e entediado, simplesmente observe
este estado, como se ele fosse alguma coisa fora
de você; ele é. Você sempre é uma testemunha
e agora está testemunhando tristeza e tédio.
É fácil
testemunhar a tristeza e o tédio, porque ninguém
quer ficar mergulhado no tédio. E isto é muito
importante porque você pode aprender toda a
arte enquanto você estiver entediado.
Simplesmente observe o tédio e na medida em que
o seu testemunhar cresce, você verá que existe
uma distância entre você e o tédio, a
tristeza, a miséria, a dor e a angústia. Você
não é parte de toda essa experiência; você
está de pé no alto, acima das montanhas, um
observador nas montanhas, e tudo mais está se
movendo lá em baixo, no vale escuro.
Você
já tem o segredo, só falta praticá-lo mais e
mais. Sente-se ao lado de um burro, sente-se ao
lado de um búfalo; fique olhando para o búfalo
e você ficará entediado. Por todo lado você
pode encontrar objetos que serão imensamente úteis.
Você não precisa esperar pela chegada desses
momentos, porque quem sabe quando o búfalo se
aproximará de você? Por que não ir até o búfalo?
Você
pode se enfiar no meio do gado e sentar-se entre
os animais. Você se vai se sentir entediado. O
gado fica pastando e mastigando o capim. Você
acha que você vai começar a pastar? Você não
vai se envolver naquilo. Sentado no meio do
gado, entre os búfalos, você vai se sentir
apenas como uma testemunha.
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Não
fique triste nem entediado. Deixe que o tédio
esteja ali, assim como a tristeza. E você
permanece sendo simplesmente uma testemunha.
Nestas situações, isto é mais fácil. Depois
que você já tiver fortalecido a sua
testemunha, experimente então testemunhar
aqueles momentos de êxtase, aquelas alturas...
Aí será um pouco mais difícil, pois virá uma
vontade de lançar-se naquele espaço cheio de
ondas. Quem vai querer ficar sentado num banco só
observando? Surge o medo de que aquele momento
se vá, se perca, se ficarmos só observando.
Não
se preocupe. Se você testemunhar, o momento vai
permanecer ali, a experiência vai crescer ainda
mais e vai tornar-se cheia de cores. Mas em
momento algum fique identificado com a experiência.
Permaneça desapegado, simplesmente um
expectador.
A
arte é a mesma, não importa se é com o tédio
ou com o êxtase. O que importa é que você não
esteja envolvido, que mantenha a distância, que
permaneça ali, parado.
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Awareness - Osho Zen
Tarot
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Quando
testemunhar, você ficará surpreso, pois o tédio,
a tristeza, a felicidade, o êxtase, seja o que
for, vai começar a se mover para longe de você.
Na medida que o seu testemunhar fica mais
profundo e mais forte, se torna mais
cristalizado, qualquer experiência, boa ou má,
bela ou feia, desaparece. Existe um puro nada
por toda a sua volta.
O
testemunhar é a única coisa que pode torná-lo
mais consciente do imenso nada que o circunda. E
nesse imenso nada... Não é vazio, lembre-se.
Em inglês não existe uma palavra para traduzir
a palavra budista shunyata. Esse
nada não é vazio, ele é cheio da sua presença,
cheio do seu testemunhar, cheio da luz de sua
testemunha.
Nesse
nada, você se torna quase um sol, e os raios do
sol movem-se dentro do nada em direção ao
infinito.
Um dos místicos
indianos, Kabir, disse, ‘Minha primeira experiência
foi com o sol e na medida em que minha experiência
foi crescendo, vi que o sol externo é nada e o
sol interno é infinito. A sua luz preenche todo
o infinito da existência. E em tal momento eu
sou apenas uma testemunha; eu estou lá.’
Assim,
comece testemunhando o seu tédio, a sua
tristeza, porque a questão não é o objeto, a
questão é a arte de testemunhar. Comece com
qualquer objeto – raiva, ódio, amor, ciúme
– qualquer coisa serve. Se você nada
encontrar, pegue um espelho e olhe para a sua
face, testemunhe-a. E você ficará muito
surpreso, pois quando você está num completo
estado de testemunhar, o espelho se torna vazio,
você não está nele.
Em
total testemunhar, o objeto desaparece.
Pela
primeira vez você será capaz de ver o espelho
como um nada.
Comece
com coisas que são mais fáceis, e depois passe
para as que são mais onduladas. A ponte é
simples."
OSHO
– From Death to Deathlessness – Disc n° 24
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
© 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.
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