.
A
Verdade Pura
“O
primeiro sutra.
Janak
perguntou: 'Oh Senhor, como se alcança a
sabedoria? E como acontece a libertação? E
como o desapego é alcançado? Por favor,
fale-me isto.
'
‘Fale-me,
Oh Senhor. Por favor, explique isto a mim.’ O
rei Janak diz a um garoto de doze anos, ‘Oh
Senhor, Bhagwan. Por favor, explique. Dê alguma
compreensão a uma pessoa sem conhecimentos como
eu. Desperte uma pessoa ignorante como eu.’
Três
questões foram perguntadas.
Como
se alcança a sabedoria? Naturalmente, nós
podemos querer saber: por que ele precisava
perguntar? Existem livros repletos dessas
coisas. Janak também sabia disto.
Não
é de sabedoria que os livros estão repletos.
Estão repletos apenas da poeira que a sabedoria
deixa para trás, das cinzas. Quando a chama da
sabedoria queima, cinzas são deixadas para trás.
As cinzas vão se acumulando e tornam-se
escrituras. Os Vedas são cinzas; um dia eles
foram carvoeiros queimando. Sábios védicos
queimaram-nos em suas almas e as cinzas foram
deixadas para trás. Depois as cinzas foram
recolhidas, compiladas e organizadas
sistematicamente.
Da
mesma forma como as pessoas recolhem as cinzas e
os ossos depois que o corpo de um homem é
cremado. Eles chamam aquilo de ‘flores’. As
pessoas são muito estranhas. Elas nunca
chamaram o homem de flor enquanto ele estava
vivo, mas depois da cremação, elas recolhem os
seus ossos dizendo que estão recolhendo as
flores. Elas os conservam, guardando-os numa
urna. Enquanto o homem estava vivo, ele nunca
foi respeitado como uma flor; enquanto ele
estava vivo, nunca olharam para ele como uma
flor.Depois que ele morre, chamam seus ossos e
cinzas de flores. O ser humano é insano!
Da
mesma maneira, quando um Buda está vivo, você
não o ouve. Quando um Mahavira caminha entre
vocês, vocês ficam com raiva. Parece que este
homem está destruindo os seus sonhos ou está
interferindo em seu sono: ‘isto é hora de se
acordar? Justo na hora em que meu sonho estava
começando a se tornar real, justo na hora em
que o sucesso estava entrando em minha vida,
quando as minhas chances estavam melhores,
quando a flecha estava acertando o alvo – vem
este camarada dizer agora que tudo isto é sem
significado! Exatamente quando eu venci as eleições
e o caminho para chegar ao poder estava aberto,
aparece esse grande homem e diz que tudo era um
sonho, que nada significava, que a morte virá e
levará tudo. Não me fale isto! Quando a morte
vier, nós veremos, mas não me venha trazer
estas coisas agora.’
Mas
quando Mahavira ou Buda morre, nós recolhemos
todas as suas cinzas. Nós criamos o Dhammapada,
nós criamos os Vedas com as cinzas e depois os
cultuamos oferecendo flores.
Janak
também sabia que as escrituras estavam repletas
apenas de informações. Mas ele perguntou, Como
se alcança a sabedoria? – porque não
importa o quanto você sabe, não é assim que
se alcança a sabedoria. Você pode continuar
reunindo mais e mais conhecimentos, aprendendo
as escrituras com devoção, tornando-se
papagaios, memorizando todos os sutras, deixando
que os Vedas completos sejam impressos em sua
memória – mas ainda assim não haverá
sabedoria. Como se alcança a sabedoria? Como
acontece a libertação? Ele pergunta porque
o que chamamos sabedoria, conhecimento, na
verdade nos amarram; como isto pode ser libertação?
Sabedoria é aquilo que liberta. Jesus disse:
‘A verdade o libertará’. Sabedoria é
aquilo que liberta – este é o critério da
verdade. Os eruditos não parecem estar
libertos, mas sim escravizados. Eles falam sobre
libertação, mas não parecem ser livres. Eles
parecem estar amarrados com mil correntes.
Você
já observou: as pessoas chamadas religiosas
parecem estar mais escravizadas que você. Você
pode ter um pouco de liberdade, mas os seus
santos são mais presos que você. Eles são
simples seguidores cegos da tradição. Eles não
podem se movimentar livremente, eles não podem
sentar-se livremente, eles não podem viver
livremente. (...)
Janak
perguntou: Como acontece a libertação?
O que é libertação? Explique-me a sabedoria
que liberta.
Liberdade
é o mais importante anseio do homem. Consiga
tudo, mas se você não for livre, ficará uma
dor. Alcance tudo, mas se a liberdade não for
alcançada, você nada alcançou.
O
homem quer o céu aberto, sem limites. Este é o
anseio mais profundo do homem, o anseio mais
secreto: um espaço onde não existem limites,
sem barreiras. Você pode chamar isso de anseio
por se tornar divino, anseio por moksha, libertação.
Em sânscrito, nós escolhemos a palavra certa,
moksha. Uma palavra tão amorosa não existe em
nenhuma outra língua. Existem palavras como céu,
paraíso, mas tais palavras não têm a melodia
de moksha. Moksha tem uma música sem igual. Ela
simplesmente significa uma liberdade tão
definitiva, que não há qualquer barreira; uma
liberdade absolutamente pura e sem limites.
Janak
perguntou: ...Como acontece a libertação? E
como o desapego é alcançado? Oh Senhor, por
favor, fale-me isto.
Ashtavakra
deve ter olhado com atenção para
Janak, porque isto é a primeira coisa
que um mestre faz quando alguém lhe formula uma
pergunta. Ele observa atentamente: De onde esta
pergunta surgiu? Por que a pessoa formulou tal
pergunta? A resposta do mestre só pode ser
significante se ele compreender claramente
porque a pergunta foi formulada.
Lembre-se:
uma pessoa que alcançou a verdade, um mestre, não
responde à sua pergunta. Ele responde a você.
Ele
não se importa muito com o que você pergunta,
ele está mais interessado em saber por que você
perguntou, o que está por trás da pergunta, o
complexo escondido no inconsciente, qual desejo
está realmente escondido por trás da tela de
sua pergunta.
Existem
quatro tipos de pessoas no mundo: o sábio, o
buscador, o ignorante e o idiota. E existem
quatro tipos de perguntas. A primeira pergunta
é sem palavras, é a pergunta do sábio, do gyani,
daquele que sabe. Na verdade, a pergunta de um sábio
não é uma pergunta. Ele sabe, nada ficou sem
saber. Ele já alcançou, a mente tornou-se
clara e calma. Ele chegou em casa, ele chegou ao
estado de relaxamento.
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Existence - Osho Zen
Tarot
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Assim,
a pergunta de um gyani não é uma pergunta.
Isto não significa que ele não esteja pronto
para aprender. Um gyani se torna simples, como
uma criança; ele está sempre pronto para
aprender. Quanto mais você aprende, mais a
prontidão para aprender aumenta. Quanto mais
você se torna simples e inocente, mais você se
abre ao aprendizado.O vento chega e encontra a
sua porta aberta. O sol chega e não precisa
bater na porta. A existência chega e o encontra
sempre disponível.
Um
gyani não coleciona conhecimentos, ele
simplesmente tem a capacidade de conhecer.
Compreenda isto bem, porque será útil para você.
‘Gyani’ simplesmente significa aquele que
está totalmente aberto para aprender, aquele
que não tem qualquer prejulgamento, aquele que
não tem qualquer amortecedor contra o
aprendizado, aquele que não tem qualquer
sistema ou estrutura de conhecimento montado
previamente. Um gyani significa um dhyani,
aquele que é meditativo.
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Ashtavakra
deve ter observado cuidadosamente, olhado dentro
de Janak e visto que aquela pessoa não era um
gyani, ele não havia atingido a meditação,
caso contrário, a sua pergunta teria sido
silenciosa, não haveria palavras nela. (...)
Ashtavakra
deve ter olhado cuidadosamente.
Quando
você vem a mim e pergunta alguma coisa, você
é uma pergunta mais importante do que o que você
perguntou. Algumas vezes você pode perceber que
eu respondi a uma pergunta que você não
formulou. E talvez você pode até mesmo
perceber que eu evitei a sua pergunta, deixei-a
de lado e respondi alguma outra coisa. Mas para
mim, a sua necessidade interna é sempre mais
importante, o que você pergunta não é
importante, porque você não sabe realmente o
que está perguntando nem porque está
perguntando. A resposta é dada somente para a
sua necessidade, nada na resposta é definido
pela sua pergunta.
Ashtavakra
deve ter visto que Janak não era um gyani.
Seria ele ignorante então? Não, ele também não
era ignorante, pois a pessoa ignorante é
arrogante, ela se levanta cheia de orgulho. Ela
não sabe nem mesmo como curvar-se em reverência,
e este homem curvou-se aos seus pés,
prostrou-se totalmente aos pés de um garoto de
doze anos. Isto é impossível para um
ignorante. O ignorante pensa que já sabe. Quem
vai lhe explicar alguma coisa? Se uma pessoa
ignorante pergunta, é apenas para provar que
você está errado, porque o ignorante presume
que ele já sabe e só quer ver se você também
sabe ou não. A pessoa ignorante pergunta para
testá-lo.
Ashtavakra
deve ter pensado, ‘Não, os olhos de Janak são
muito claros. Embora ele seja um rei, ele
perguntou-me, a um desconhecido, a um garoto de
doze anos, ‘Oh Senhor, por favor,
explique-me...’ Não, ele é humilde, ele não
é ignorante. Seria ele um idiota? Idiotas nunca
perguntam. Idiotas nem têm a idéia de que
existe algum problema na vida.’
Existe
uma semelhança entre os idiotas e os
iluminados. Para os iluminados, nenhum problema
permanece; para os idiotas nenhum problema
sequer surgiu. Os iluminados foram além dos
problemas; os idiotas nem entraram neles. Os
idiotas são muito inconscientes, como podem
formular perguntas? É impossível um idiota
perguntar ‘O que é sabedoria?’, ou ‘O que
é libertação?’ ou ‘O que é desapego?’
E se
um idiota perguntar, ele perguntará como
satisfazer suas paixões, como prolongar a sua
vida. Libertação? Não, um idiota perguntará
como tornar as suas correntes douradas, como
colocar diamantes em suas correntes.Se um idiota
pergunta, serão tais coisas. Sabedoria? Um
idiota não consegue imaginar que sabedoria
possa existir. Ele não consegue aceitar nem
mesmo a possibilidade. Ele dirá, ‘O que é
sabedoria?’ Um idiota vive como um animal.
Não,
Janak não é um idiota. Ele é um mumukshu,
um buscador da verdade. A palavra ‘mumukshu’
precisa ser entendida. Mumukshu é o desejo por
libertação, o desejo por moksha.
Ele
ainda não alcançou a libertação, ele não é
um gyani. Ele não está de costas para a
libertação, ele não é um idiota. Ele não
está preso a quaisquer idéias tradicionais a
respeito de libertação, ele não é um
ignorante. Ele é um mumukshu. Mumukshu
significa que a sua pergunta é simples e
direta. Ela nem está corrompida por idiotices
nem distorcida por preconceitos ignorantes. Sua
pergunta é pura, ele pergunta com uma mente
inocente.
Ashtavakra
respondeu: Oh amado, se você quiser libertação,
então renuncie à paixão como veneno, e tome o
perdão, a inocência, a compaixão, o
contentamento e a verdade como néctar.
...
se você quiser libertação, então renuncie à
paixão como veneno.
A palavra vishaya, paixão, é muito
significante. Ela é derivada de visha,
veneno. Visha significa uma substância que se
alguém comer, morre. Vishaya significa aquilo
que se consumirmos, morreremos repetidas vezes.
Com paixões nós morremos repetidas vezes. Com
comida nós morremos repetidas vezes; com ambições,
raiva, ódio, inveja; consumindo estas coisas nós
continuaremos morrendo repetidas vezes. Nós
temos morrido repetidas vezes por causa dessas
coisas.
Até
agora nós não temos realmente conhecido a vida
através do viver, nós temos conhecido somente
a morte. Até agora em nossa vida, onde está a
tocha flamejante da vida? O que existe é apenas
a fumaça da morte. Desde o nascimento até a
morte, nós estamos morrendo aos poucos. Nós
estamos vivendo? Nós morremos a cada dia. O que
nós chamamos vida é um contínuo processo de
morte.
Nós
ainda não conhecemos a vida. Como nós podemos
estar vivendo? O corpo continua se enfraquecendo
a cada dia, a força continua diminuindo a cada
dia. O divertimento e a paixão continuam
chupando nossa energia a cada dia, continuam nos
envelhecendo. Paixões e desejos são como
buracos, e a nossa energia e o nosso ser se
esgotam através deles. No final, o nosso balde
está vazio. Isto é o que nós chamamos morte.
Você
já observou? Se você atira um balde cheio de
buracos dentro do poço, assim que ele afunda na
água, parece que ele está cheio. Puxe a corda
e levante o balde para fora da água e
imediatamente ele começa a se esvaziar. Isto
cria uma grande comoção. É isto que você
chama vida? Caindo correntes de água. É isto
que você chama vida? E na medida em que o balde
se aproxima de suas mãos, ele se torna cada vez
mais vazio. Quando ele chega às suas mãos, ele
está vazio. Não há mais uma gota-d’água
sequer. Assim é a nossa vida.
Uma
criança, antes de nascer, parece estar cheia.
Basta nascer e ela começa a se esvaziar. O
primeiro dia de nascimento é o seu primeiro dia
morrendo. Ela começa a se esvaziar: um dia
morto, dois dias mortos, três dias mortos. O
que você chama de aniversário, data do
nascimento, deveria ser a data de sua morte.
Estaria mais próximo da verdade. Você morreu
por um ano e diz que um ano de vida aconteceu.
Você tem morrido por cinqüenta anos e diz que
viveu cinqüenta anos. ‘Vamos celebrar minhas
bodas de ouro’. E você morreu por cinqüenta
anos. A morte está se esboçando cada vez mais
enquanto a vida está retrocedendo: o balde está
se esvaziando. Você baseia o seu conceito sobre
a vida naquilo que está retrocedendo ou naquilo
que está se esboçando cada vez mais? Que tipo
de inversão aritmética é esta? Nós estamos
morrendo a cada dia, a morte se aproxima
rastejando.
Ashtavakra
diz que paixões são venenosas porque cedendo a
elas nós simplesmente morremos. Nós nunca
conseguiremos vida alguma através delas.
Ashtavakra
respondeu: Oh amado, se você quiser libertação,
então renuncie à paixão como veneno, e tome o
perdão, a inocência, a compaixão, o
contentamento e a verdade como néctar.
Néctar
significa aquilo que dá vida, aquilo que dá
imortalidade, ambrosia – aquilo que quando
alguém encontra, não morre jamais.
Então
o perdão. A raiva é veneno. Perdão é
ambrosia.
Inocência.
Astúcia é veneno. Simplicidade, inocência é
néctar.
Compaixão.
Insensibilidade, crueldade é veneno. Bondade,
compaixão é néctar.
Contentamento.
O verme do descontentamento segue devorando
tudo. O verme do descontentamento se aloja no
coração como um câncer. Ele continua
penetrando internamente e espalhando veneno.
Contentamento.
Satisfação com aquilo que é, sem desejo por
aquilo que não é. Aquilo que é, é mais do
que suficiente. Aquilo que é, é mais do que
necessário. Abra seus olhos um pouco e veja.
Não
é preciso impor contentamento na vida. Se você
olhar atentamente, descobrirá que o que você
tem é mais do que o que necessita. Você
continua recebendo aquilo que você quer, você
sempre obteve aquilo que você quis. Se você
quis infelicidade, você obteve infelicidade. Se
você quis felicidade, você obteve felicidade.
Se você quis algo errado, você obteve. Os seus
desejos modelaram a sua vida.
O
desejo é a semente e a vida é a sua colheita.
Vida
após vida você tem obtido aquilo que você
deseja. Muitas vezes você acha que desejou uma
coisa e recebeu outra. O erro não está naquilo
que desejou, você apenas escolheu uma palavra
errada para aquilo que desejou. Por exemplo, você
quer sucesso e obtém fracasso. Você diz que
você fracassou porque o que você queria era o
sucesso. Mas aquele que desejou o sucesso já
aceitou o fracasso. Internamente ele estava com
medo do fracasso. Por causa da possibilidade do
fracasso, ele desejou o sucesso. E sempre que
ele deseja o sucesso, a idéia do fracasso
surge; a idéia do fracasso continua se
fortalecendo. Algumas vezes ele será bem
sucedido mas é certo que passará a sua jornada
pela vida enfrentando fracassos após fracassos.
A sensação de fracasso continua se
aprofundando. Ela se aprofunda tanto que um dia
ela se manifesta. Então você reclama que você
queria o sucesso. Mas ao querer o sucesso, você
pediu pelo fracasso.
Lao
Tzu disse, ‘Deseje o sucesso e você fracassará.
Se você realmente quer o sucesso, nunca peça
por ele. Então ninguém poderá fazê-lo
fracassar.’
Você
diz que queria respeito mas está recebendo
insultos. A pessoa que quer respeito não tem
respeito por si mesma, mas quer o respeito dos
outros. Aquele que não tem respeito por si quer
que os outros tenham, para esconder esta sua
falta de respeito por si. Esse desejo de
respeito é o sinal de que internamente você
sente desrespeito para consigo mesmo. Você tem
uma sensação de que é um nada. Os outros
devem fazer alguma coisa por você, colocá-lo
num trono, hastear bandeiras para você,
levantar bandeiras em seu nome. Os outros devem
fazer alguma coisa. Você é um mendigo. Você já
tinha se insultado quando pediu respeito. E este
insulto continua se aprofundando.
Lao
Tzu diz, ‘Ninguém pode insultar-me, porque eu
não quero respeito’. Isto é alcançar o
verdadeiro respeito.
Lao
Tzu diz, ‘Ninguém pode me derrotar porque eu
abandonei a idéia de vencer. Como você pode me
derrotar? Você só pode derrotar aquele que
quer vencer.’ Isto é um fato estranho.
Neste
mundo, aqueles que não pedem respeito,
recebem-no. Aqueles que não pedem sucesso, obtém-no,
porque aqueles que não pedem sucesso, já
aceitaram que eles são bem sucedidos. Que
sucesso maior você vai querer? Você já é
respeitado pelo seu ser interno. O que mais você
vai querer? A existência já lhe deu respeito
ao lhe dar o nascimento. O respeito de quem mais
você vai querer? A existência já lhe deu glória
suficiente. Ela lhe deu a vida. Ela abençoou-o
dando-lhe os olhos. Abra-os e veja essas árvores
verdes, as flores e os pássaros. Ela lhe deu os
ouvidos. Ouça a música, o som de uma
cachoeira. Ela lhe deu consciência e assim você
pode se tornar um Buda. O que mais você vai
querer? Você já foi honrado. A existência já
lhe deu o certificado. A quem você está, como
um mendigo, pedindo um certificado? Àqueles que
estão pedindo um certificado a você?
Esta
é uma situação muito hilariante. Dois
mendigos, cara a cara, um pedindo ao outro. Como
você pode obter alguma coisa? Ambos são
mendigos. A quem você está pedindo respeito?
Diante de quem você está de pé? Desta
maneira, você está se insultando. E este
insulto se aprofundará.
Contentamento
significa: Olhe para o que você já tem! Abra
os seus olhos um pouco e veja o que você já
obteve.
Esta
é uma chave extremamente valiosa que Ashtavakra
está nos dando. Aos poucos isto irá se tornar
claro para você. A visão de Askavakra é muito
revolucionária, sem igual. Sua revolução é
desde a própria raiz.
...
Tome ...o contentamento e a verdade como néctar.
Porque aquele que vive em falsidade tornar-se-á
ainda mais falso. Aquele que mente, que vive em
mentiras, naturalmente estará rodeado por
mentiras. Sua conexão com a vida será
quebrada, suas raízes serão cortadas.
Você
quer estar enraizado na existência? As raízes
somente serão possíveis através da verdade.
Você só consegue estar conectado à existência
através da autenticidade e da verdade. Você
quer ser cortado da existência? Então crie uma
tela esfumaçada de mentiras, crie grandes
nuvens de mentiras ao seu redor. Quanto mais
falso você se tornar, mais distante você estará
da existência.
Você
não é terra, nem ar, nem fogo, nem água, nem
éter. Para alcançar a libertação, conheça a
si mesmo como consciência de todas essas
coisas, testemunhando.
Esta
declaração é tão imediata, nem sequer tem
uma introdução. Ashtavakra proferiu duas
sentenças diretas e chegou à meditação. Ele
começou a falar sobre samadhi, sobre
meditação profunda. Aquele que sabe só dispõe
do samadhi para compartilhar. Primeiro ele disse
duas sentenças porque se ele tivesse começado
imediatamente a falar sobre samadhi, talvez você
ficasse assustado demais para entender. Por isso
as duas sentenças e, imediatamente após, ele já
está falando sobre samadhi.
Ashtavakra
nem mesmo dá os sete passos. Buda deu sete
passos e no oitavo, o samadhi. Ashtavakra nos
traz o samadhi já no primeiro passo.
Você
não é terra, nem ar, nem fogo, nem água, nem
éter..
Permita-se relaxar nesta verdade...
Para
alcançar a libertação, conheça a si mesmo
como consciência de todas essas coisas,
testemunhando.
A
testemunha é a chave. Não existe chave alguma
mais valiosa que esta.
Seja
o observador. O que acontecer, deixe que aconteça.
Não há qualquer necessidade de interferir. O
corpo é composto por terra, ar, fogo, água e
éter. Você é a lâmpada interna pela qual
tudo isso – terra, ar, fogo, água e éter –
são iluminados. Você é o observador. Entre
profundamente nisto.
...
conheça a si mesmo como consciência de todas
essas coisas, testemunhando.
Este
é o mais importante sutra na existência. Seja
uma testemunha. A sabedoria acontecerá através
disto. O desapego acontecerá através disto. A
libertação acontecerá através disto. As
perguntas eram três, mas a resposta é uma.
Se
você puder separar-se do corpo físico e
descansar em consciência, então neste exato
momento você será feliz, em paz e livre da
escravidão.
...Neste
exato momento! É por isto que eu digo que
isto é uma revolução desde a raiz. Patanjali
não é tão corajoso para dizer, ‘Neste exato
momento.’ Patanjali diz, ‘Pratique
disciplina interna e externa. Pratique o
controle da respiração, volte-se para dentro e
posturas de yoga. Purifique-se. Isto levará
inumeráveis vidas, e depois a iluminação.
..’
Mahavira
diz, ‘Pratique os cinco grandes votos. E
quando inumeráveis vidas tiverem passado, o
descondicionamento acontecerá, a purificação
acontecerá. Então os vínculos do karma serão
cortados.’
Ouça
Ashtavakra:
Se
você puder separar-se do corpo físico e
descansar em consciência, então neste exato
momento você será feliz, em paz e livre da
escravidão.
Exatamente
aqui, exatamente agora, neste exato momento, Se
você puder separar-se do corpo físico e
descansar na consciência...
Se você começar a ver o fato,
.’Eu não sou o corpo, eu não sou o
fazedor nem o que desfruta a vida: sou aquele
escondido dentro de mim que vê tudo... Quando a
infância veio, ele viu a infância; quando a
juventude veio, ele viu a juventude; quando a
velhice veio, ele viu a velhice. A infância não
permaneceu, assim eu não posso ser a infância.
Ela veio e passou, e ainda estou. A juventude não
permaneceu, assim eu não posso ser a juventude.
Ela veio e passou, e ainda estou. A velhice veio
e está indo, assim eu não posso ser a
velhice.. Como eu posso ser aquilo que vem e
vai? Eu estou sempre. Aquele a quem a infância
vem, a quem a juventude vem, a quem a velhice
vem... a quem milhares de coisas vieram e se
foram. Eu sou aquele eterno, perpétuo.’
Como
as estações de trem, elas seguem mudando: infância,
juventude, velhice, nascimento. O viajante
continua se movimentando. Você nunca pensa que
se tornou um com as estações de trem. Vindo à
estação de Puna, você não pensa que você é
Puna. Quando você alcança Manmad você não
pensa que você é Manmad. Você sabe que Puna
chegou e ficou para trás.Manmad chegou e ficou
para trás. Você é um viajante. Você é o
observador que viu Puna; Puna chegou e ficou
para trás; que viu Manmad, Manmad chegou e
ficou para trás. Você é aquele que vê.
A
primeira coisa: separe o que está acontecendo
do observador.
...
separe
a si mesmo do corpo físico e descanse em consciência...
Nada
mais há de valor a se fazer.
|
Assim
como a chave do sutra de Lao Tzu é a entrega, a
chave do sutra de Ashtavakra é o descanso, o
relaxamento. Nada há para se fazer.
As
pessoas vêm a mim e perguntam como meditar. A
própria pergunta está errada. Eles formulam
uma pergunta errada, por isto eu digo a eles
para fazer tal coisa. O que eu devo fazer? Eu
digo a eles, ‘façam – uma coisa ou outra
tem que ser feita.’ Você está coçando para
fazer alguma coisa e essa coceira tem que ser
satisfeita. Se ela coça, o que fazer? Ela não
pode ficar sem ser coçada. Mas, pouco a pouco,
só por mantê-los ocupados fazendo algo, eu os
faço ficarem cansados. Então eles dizem,
‘Alivie-nos disto. Por quanto tempo nós
continuaremos a fazer isto?’ Eu digo, ‘Eu
estava pronto desde o início para lhes dizer,
mas vocês precisavam de tempo para entender.
Agora, relaxem!’
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Silence - Osho
Zen Tarot
|
O
significado final da meditação é descansar.
...
Descanse em consciência...
Aquele que deixa sua consciência estar
relaxada, aquele que descansa apenas em ser...
Nada há para se fazer, porque você já tem
tudo aquilo que está buscando, porque você
nunca perdeu aquilo que está buscando. Não é
possível perder, porque aquilo é a sua
natureza. Você é o divino. Ana’l haq
– você é a verdade. Que lugar você está
procurando, para onde você está correndo? Em
busca de si mesmo, para onde você está
correndo? Pare. Relaxe. O divino não é alcançado
através da corrida, porque ele está escondido
dentro daquele que corre. O divino não é alcançado
por se fazer alguma coisa, porque ele está
escondido dentro daquele que faz. Para
experienciar o divino, nada precisa ser feito;
você é ele.
Então
Ashtavakra diz: ...
descanse em consciência...
Relaxe, deixe-se desligar. Deixe ir essa tensão.
Para onde você está indo? Não há lugar algum
para ir, não há lugar algum para ser alcançado...
e
descanse em consciência... agora
...neste exato momento você será feliz, em paz
e livre da escravidão.
A declaração é sem igual. Nenhuma outra
escritura é comparável a isto.
Você
não é um brâmane ou outra casta, você não
está em qualquer um dos quatro estágios da
vida, você não é percebido pelos olhos nem
pelos outros sentidos. Desapegado e sem forma,
você é a testemunha de todo o universo. Saiba
isto e seja feliz.
Como
pode um brâmane escrever um comentário sobre
isto? Você
não é um brâmane ou outra casta...
Como pode um hindu trazer esta escritura ao seu
coração? Toda a sua religião é baseada em
castas e estágios da vida. E desde o começo de
tudo, Ashtavakra está cortando as raízes
destas crenças. Ele diz que você não é um brâmane,
nem um sutra, a casta baixa, nem um xátria, o
guerreiro. Tudo isto é tolice. Tudo isto são
projeções. Tudo isto são jogos da política e
da sociedade. Você simplesmente é brahma,
o divino, não um brâmane, não um xátria, não
um sudra.
Você
não é um brâmane ou outra casta, você não
está em qualquer um dos quatro estágios da
vida...
E
você não é um estudante brahmacharya
ou um chefe de família, nem está num estágio
antes do sannyas, você não está em
qualquer um dos quatro estágios da vida. Você
é o observador, a testemunha que está dentro,
passando através de todas estas situações.
Os
hindus não podem reivindicar que o Ashtavakra
Gita seja deles. O Ashtavakra Gita é de todos.
Se existissem muçulmanos, hindus e cristãos no
tempo de Ashtavakra, ele teria dito, ‘vocês não
são hindus, nem cristãos, nem muçulmanos.’
Quem construiria um templo para Ashtavakra? Quem
iria patrocinar suas escrituras? Quem iria
reivindicá-lo? ...Ninguém, porque ele está
negando todos. Isto é uma declaração direta
da verdade.
Desapegado
e sem forma, você é a testemunha de todo o
universo. Saiba isto e seja feliz.
Ashtavakra
não diz que depois que você tiver tomado
conhecimento disto você se tornará feliz. Ouça
a sua declaração atentamente. Astavakra diz: Saiba
isto e seja feliz.
Você
não é um brâmane ou outra casta, você não
está em qualquer um dos quatro estágios da
vida, você não é percebido pelos olhos nem
pelos outros sentidos. Desapegado e sem forma,
você é a testemunha de todo o universo. Saiba
isto e seja feliz.
Seja
feliz. Seja feliz agora. Janak pergunta, ‘Como
se pode ser feliz? Como a libertação pode
acontecer? Como a sabedoria pode acontecer?’
Ashtavakra
diz que isto pode acontecer exatamente agora. Não
há necessidade de se demorar nem mesmo um
momento. Não há qualquer razão para deixar
isto para amanhã, nenhuma necessidade de se
adiar isto. Este acontecimento não acontece no
futuro, ele acontece agora ou nunca. Quando ele
acontece, é exatamente agora, porque não
existe outro tempo a não ser agora. Onde está
o futuro? Quando ele chega, é como agora.
Assim,
aqueles que se tornaram iluminados, foram no
agora. Não deixaram para algum outro dia. Isto
é esperteza da mente. A mente argumenta,
‘Como isto pode acontecer tão depressa?
Primeiro você tem que se preparar.’
As
pessoas chegam a mim e dizem, ‘nós pediremos
sânias. Algum dia nós pediremos.’ Algum dia!
Elas nunca pedem. Se você adia isto, você adia
para sempre. ‘Algum dia” nunca chega. Se você
vai pedir, peça agora. Não existe outro tempo
a não ser agora. Vida é agora, libertação é
agora. Ignorância é agora, o saber é agora.
Dormir é agora, o despertar pode acontecer
agora. Por que algum dia?
Isto
é difícil para a mente; ela diz, você terá
que fazer preparações. A mente argumenta,
‘Como alguma coisa pode acontecer sem preparação?
Quando uma pessoa quer um diploma de uma
universidade, isso leva anos. Até alcançar um
doutorado leva-se de vinte a vinte e cinco anos,
trabalhando ano após ano, até que finalmente
se obtém o doutorado. Como isto pode acontecer
exatamente agora?’
Ashtavakra
sabe disto. Se você quiser ter uma loja, você
não pode abri-la neste momento. Você terá que
reunir tudo, arrumar as coisas, trazer os bens,
construir a loja, atrair os clientes, colocar os
anúncios. Isto pode levar anos. Neste mundo
nada acontece exatamente agora. As coisas seguem
passos ordenadamente, e isto é bom. Ashtavakra
sabe disto e eu também.
Mas
existe um fenômeno neste mundo que acontece
exatamente agora. É o divino. O divino não é
a sua loja nem a sua banca examinadora, nem a
sua universidade. O divino não acontece em
degraus, ele já aconteceu. É simplesmente uma
questão de se abrir os olhos. O sol já surgiu.
Ele não está esperando pelos seus olhos,
dizendo que está aguardando seus olhos se
abrirem para ele surgir. A luz se espalhou por
toda parte. Sua música está ressoando dia e
noite. O som de Aum está vibrando em
todas as direções. A música intangível está
ecoando em todo lugar. Abra seus ouvidos! Abra
seus olhos!
Quanto
tempo levará para abrir os olhos? Para se alcançar
o divino, leva-se menos tempo. Leva-se um
instante para a pálpebra piscar. A palavra
hindi para ‘instante’ significa o tempo que
se leva um piscar de olhos. Mas não se leva
tanto tempo para se alcançar o divino.
...
você é a testemunha de todo o universo. Saiba
isto e seja feliz.
Seja feliz agora.
A
religião de Ashtavakra não é a prestação.
Ela é em dinheiro vivo, dinheiro na mão.
Oh
expansivo, religião e ateísmo, felicidade e
miséria – tudo são coisas da mente, elas não
são para você. Você não é o que faz nem o
que se diverte. Você sempre esteve liberto.
A
iluminação é a nossa natureza inata.
Sabedoria é a nossa natureza interior. Divino
é o nosso jeito de ser. É o nosso centro. É a
fragrância de nossa vida, nosso ser.
Ashtavakra
diz: Oh expansivo... oh portador da
alegria, oh magnificência luxuosa, ...religião
e ateísmo, felicidade e miséria – tudo são
coisas da mente...Tudo são ondas de
pensamentos. Você fez o bem ou o mal, cometeu
pecados ou praticou boas ações, construiu um
templo ou deu esmolas – todas essas coisas são
da mente.
Você
não é o que faz nem o que se diverte. Você
sempre esteve liberto.
Vocês
são eternamente livres, vocês sempre foram
livres.
Libertação
não é um acontecimento pelo qual precisamos
nos esforçar.
Libertação
já aconteceu em nosso ser.
Toda
a existência é feita de liberdade. Cada partícula
dela, cada poro dela é feito de libertação.
Liberdade é o material com o qual toda a existência
é produzida. Liberdade é a própria natureza
dela.
Esta
afirmação – basta compreendê-la e a
transformação acontece. Nada há para se fazer
exceto compreender isto. Se isto penetrar em você,
se você ouvir isto com toda a sua mente, será
o bastante.
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The Master - Osho
Zen Tarot
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Faça
um esforço total para compreender Ashtavakra.
Com Ashtavakra não há lugar para o fazer. Não
pense que vai surgir algum método para você
praticar. Ashtavakra nada sugere para ser feito.
Ouça em repouso. Nada vai acontecer através do
fazer.
Assim,
não traga um bloco de rascunho ou um caderno
para fazer anotações quando surge um sutra. Não
anote em baixo algo para se fazer depois.O fazer
não funciona aqui. Ouça sem se preocupar com o
futuro. Simplesmente ouça. Sente-se em silêncio
comigo e ouça. Ouça-me relaxadamente. Apenas
ouça... ouvindo você se torna iluminado! (...)
Com
Ashtavakra uma coisa tem que ser lembrada: nada
existe para se fazer. Você pode ouvir
alegremente. Você não tem que extrair nada
daquilo, nem tentar depois. O que tiver que
acontecer acontecerá ao ouvir. A chave é ouvir
corretamente.
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.
... neste exato momento você
será feliz, em paz e livre da escravidão.
Liberte-se
agora. Ilumine-se neste exato momento. Ninguém
está detendo você, nada está impedindo você.
Não há qualquer necessidade de se mover um
centímetro. Ilumine-se agora onde você está,
porque você já é livre. Desperte-se e
ilumine-se.
Desapegado
e sem forma, você é a testemunha de todo o
universo. Saiba isto e seja feliz.
Seja feliz. Não há necessidade de se
esperar um único momento. É um salto, um salto
quântico. Com Ashtavakra não existem degraus.
Não é uma evolução gradual, mas repentina.
Pode acontecer neste exato momento.
Hari
Om Tat Sat!
OSHO
– Enlightenment: The Only Revolution- Cap. 1
Tradução: Sw. Bodhi Champak
Copyright
© 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.
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