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A meditação e seus artifícios 

         Normalmente temos publicado nesta seção textos do Osho traduzidos diretamente dos originais em inglês. Procuramos com isso, suprir nosso público com uma opção extra de textos, além dos que contêm os livros disponíveis nas livrarias. Neste mês, fugimos à essa regra e estamos publicando o Prefácio do livro Meditação: A Arte do Êxtase, ora reeditado no Brasil pela Editora Cultrix. Isso se deve a duas razões: primeiro por se tratar de um texto muito esclarecedor sobre meditação, tema central no trabalho do Osho; e, segundo, para fazermos um divulgação desse excelente livro que já se encontra à venda nas principais livrarias, cuja leitura estamos aqui recomendando. Este texto introdutório dá a justa medida da profundidade e riqueza do livro como um todo.

 

          "Treinamos uma criança no sentido de focalizar sua mente, concentrar-se, porque, sem concentração ela não poderá lidar com a vida. A vida requer isso: a mente deve ser capaz de se concentrar. Mas no momento em que a mente se torna capaz de se concentrar, ela fica menos consciente. Consciência significa uma mente que é cônscia, mas não focada. Consciência é uma percepção de tudo o que está acontecendo. 
          A concentração é uma escolha. Ela exclui tudo, exceto o seu objeto de concentração: trata-se de um estreitamento. Se você está andando na rua, tem de estreitar a sua consciência para andar. Normalmente você não pode ficar ciente de tudo o que está acontecendo porque, se estiver ciente de tudo o que está acontecendo, ficará desfocado. Assim, a concentração é uma necessidade.
          A concentração da mente é uma necessidade na vida - para sobreviver e existir. Eis porque toda cultura, a seu modo, tenta estreitar a mente da criança.  
            As crianças, como são, nunca estão focadas; a consciência delas é aberta de todos os lados. Tudo vai entrando, nada vai sendo excluído. A criança está aberta a toda sensação, toda sensação é incluída em sua consciência.
          E é tanta coisa que entra! Eis porque ela é tão oscilante, tão instável. A mente descondicionada de uma criança é um fluxo - um fluxo de sensações. Mas ela não será capaz de sobreviver com esse tipo de mente. Ela tem que aprender a estreitar a mente, a se concentrar. 
          No momento em que você estreita a mente, fica particularmente consciente de uma coisa e, simultaneamente, inconsciente de muitas outras coisas. Quanto maior for o estreitamento da mente, mais bem sucedida ela será. Você se tornará um especialista, você será um perito. Mas todo o processo consistirá em saber cada vez mais sobre cada vez menos. 
          O estreitamente é uma necessidade existencial: ninguém é responsável por isso. Na medida em que a mente existe, ele é necessário, mas não é o bastante. É utilitário. Simplesmente sobreviver não é o bastante. Ser apenas utilitário não é o bastante. 
          Assim, quando se torna utilitário e a sua consciência é estreitada, você nega à sua mente muito daquilo de que ela é capaz. Você não está usando a mente toda, está usando uma parte muito pequena dela. 
          E o restante - a parte maior - ficará inconsciente.
          Na verdade, não há nenhuma fronteira entre o consciente e o inconsciente. Não há duas mentes. 'Mente consciente' significa aquela parte da mente que foi usada no processo de estreitamento. 'Mente inconsciente' significa aquela parte que foi negligenciada, ignorada, fechada. Isso cria uma divisão, uma cisão. A maior parte da mente torna-se estranha a você. Você fica apartado do seu próprio eu (self): você vira um estranho para a sua totalidade. 
          Uma pequena parte é identificada como seu eu, e o resto fica perdido. Mas a parte inconsciente, que fica de fora, está sempre presente como potencialidade não usada, possibilidades não concretizadas, aventuras não vividas. Essa mente inconsciente - essa mente potencial, essa mente não usada - estará sempre em luta com a mente consciente; eis porque há sempre um conflito interior.


 Worry/Anxiety
 Osho Neo Tarot 

          Todo mundo está em conflito, devido a essa cisão entre o inconsciente e o consciente. Mas somente se o potencial, o inconsciente, tiver permissão de florescer, você poderá sentir a bem-aventurança da existência - caso contrário, não.
          Se a maior parte de suas potencialidades permanece não realizada, sua vida será uma frustração. Eis porque quanto mais utilitária é uma pessoa, menos ela é realizada, menos ela é feliz. Quanto mais utilitária a abordagem, quanto mais a pessoa está no mundo dos negócios, menos ela está vivendo, menos êxtase ela conhece. A parte da mente que não pode se mostrar útil no mundo utilitário tem de ser rejeitada.
          A parte utilitária da vida é necessária, mas a um grande custo: você perde a festividade da vida. A vida se torna uma festividade, uma celebração, se todas as suas potencialidades chegam a um florescimento. Então a vida é uma solenidade. Eis porque eu sempre digo que a religião significa a transformação da vida numa celebração. A dimensão da religião é a dimensão do festivo, não do utilitário.

          A mente utilitário não deve ser encarada como um todo, o remanescente, a parte maior, a mente inteira, não deve ser sacrificado por ela. A mente utilitária não deve ser o fim. Ela terá de permanecer presente, mas como um meio. A outra - o remanescente, a parte maior, o potencial - deve ser o fim. Eis o que eu quero dizer com 'uma abordagem religiosa'. 
          Com uma abordagem não religiosa, a mente negociante, o utilitário torna-se o fim. Quando isso acontece, não há nenhuma possibilidade de o inconsciente realizar o potencial: o inconsciente será negado. Se o utilitário se torna o fim, isso significa que o subalterno está representando o papel do patrão.
          A inteligência, o estreitamento da mente, é um meio para a sobrevivência, mas não para a vida. Sobrevivência não é vida. 
          A sobrevivência é uma necessidade - existir no mundo material é uma necessidade -, mas o fim é sempre chegar ao florescimento de um potencial, de tudo o que é significativo para você. Se você se realiza completamente, se não sobra nada em forma de semente dentro de você, se tudo se torna real, se você é um florescimento, então, e somente então, você pode sentir a bem-aventurança, o êxtase da vida. 
          A sua parte negada, a parte inconsciente, só pode se tornar ativa e criativa se você acrescentar uma nova dimensão à sua vida - a dimensão do festivo, a dimensão da brincadeira.
          Assim, a meditação não é um trabalho, é uma alegria. Orar não é um negócio, é uma alegria. A meditação não é algo a ser feito para alcançar alguma meta - paz, bem-aventurança - mas algo a ser desfrutado como um fim em si mesmo. 
          A dimensão festiva é a coisa mais importante a ser compreendida - e nós a perdemos totalmente. Com festivo, quero dizer a capacidade de desfrutar, momento a momento, tudo o que vem a você. 
          Nós ficamos tão condicionados e os hábitos se tornaram tão mecânicos que mesmo quando não há nenhum negócio a ser feito, nossa mente é negociante. Quando nenhum estreitamento é necessário, você permanece estreito. Mesmo quando está jogando cartas, você não está se divertindo. Joga pela vitória, e, então, o jogo vira um trabalho; então, o que vai acontecendo não é importante, somente o resultado.
          Nos negócios, o resultado é importante. Na festividade, o ato em si é importante. Se consegue tornar qualquer ato significativo em si mesmo, então você se torna festivo e pode celebrá-lo. 
          Sempre que você está em celebração, os limites, os limites de estreitamento, são quebrados. Eles não são necessários, eles são eliminados. você sai de sua camisa-de-força, da jaqueta de estreitamento da concentração. Agora você não está escolhendo, tudo o que vem você permite. E, no momento em que você permite que a existência total entre, você se torna uno com ela. Há uma comunhão.
          Eu chamo essa comunhão - essa celebração, essa consciência sem escolha, essa atitude não negociante - de meditação.
          A celebração está no momento, no ato - sem se importar com os resultados, em alcançar alguma coisa. 
          Não há nada a ser alcançado; assim, você pode desfrutar aquilo que acontece aqui e agora. 
          Mas você pode explicar isso deste modo: eu estou falando com você; se eu estiver interessado no resultado, então a fala se torna um negócio, ela se torna um trabalho. Mas, se eu falo com você sem nenhuma expectativa, sem nenhum desejo quanto ao resultado, então a fala se torna um divertimento. O próprio ato em si é o fim. O estreitamento não é necessário. Eu posso brincar com as palavras, eu posso brincar com os pensamentos. Eu posso brincar com a sua pergunta, eu posso brincar com a minha resposta; então, não se trata de algo sério, mas de algo leve e alegre. 
          E se você está me ouvindo sem pensar em conseguir alguma coisa disso, então você pode ficar relaxado; você pode permitir que eu entre em comunhão com você,  sua consciência não se estreitará. Então, ela está aberta - divertindo-se, desfrutando.
          Qualquer momento pode ser um momento de negócios, qualquer momento pode ser um momento meditativo: a diferença está na atitude. Se a atitude é de não ter escolha, se você está se divertindo com o momento, ele é meditativo.
          Há necessidades sociais e há necessidades existenciais que têm de ser preenchidas. Eu não direi: 'Não condicionem as crianças'. Se vocês as deixaram totalmente descondicionadas, elas serão barbarescas. Não serão capazes de existir. A sobrevivência precisa de condicionamento, mas ela não é o fim; assim, você deve ser capaz de ligar o seu condicionamento e desligá-lo. Exatamente como você faz com as roupas: você pode colocá-las, sair e fazer seus negócios; e, depois, chegar em casa e retirá-las. Então, você existe.  
          Se você não estiver identificado com as suas roupas, com os seus condicionamentos, se você não diz, por exemplo: 'Eu sou minha mente', não é difícil - então, você pode mudar facilmente. Mas vocês ficam identificados com os seus condicionamentos. Vocês dizem: 'Meu condicionamento sou eu' - e tudo o mais que não seja o seu condicionamento é negado. Você pensa: 'Tudo o que não é o meu condicionamento não sou eu, o inconsciente não sou eu; eu sou o consciente, a mente focalizada.' Essa identificação é perigosa. Isso não devia ser assim. Uma educação apropriada não é condicionada, ela é condicionada com a condição de que o condicionamento seja uma necessidade utilitária; você deve ser capaz de ligá-lo e desligá-lo. 
          Quando ele é necessário, você o liga e, quando não precisa mais dele, pode desligá-lo. Até que seja possível educar os seres humanos de modo que eles não fiquem identificados com os seus condicionamentos, eles não serão realmente seres humanos. Serão robôs - condicionados, estreitados.

          Compreender isso é ficar ciente daquela parte da mente, da parte maior, à qual foi negada a luz. E ficar ciente disso é ficar ciente de que você não é a mente consciente. A mente consciente é apenas uma parte. 'Eu' sou as duas, e a maior parte é não-condicionada. Mas ela está sempre aí, esperando. 
          Minha definição de meditação é que ela é simplesmente um esforço para saltar para dentro do inconsciente. Você não pode saltar calculadamente, porque todo cálculo é do consciente, e a mente consciente não permitirá isso. Ela tomará precauções: 'Você ficará louco. Não faça isso.'
          A mente consciente está sempre com medo do inconsciente, porque, se o inconsciente emerge, tudo o que estiver sereno e claro no consciente será levado de roldão. Então, tudo ficará escuro, como numa floresta.
          É semelhante a isto: você fez um jardim, um jardim com uma cerca. Muito pouca terra foi mexida, mas você plantou algumas flores, e tudo ficou bem - em ordem, limpo. 


Awareness
Osho Neo Tarot

          Acontece, porém, que a floresta está ali sempre perto. Ela é desregrada, incontrolável; e o jardim tem um medo constante dela. A qualquer momento, a floresta pode entrar, e então o jardim desaparecerá. Do mesmo modo, você cultivou uma parte de sua mente. 
          Você deixou tudo claro. Mas o inconsciente está sempre ao redor, e a mente consciente está sempre com medo dele. A mente consciente diz: 'Não entre no inconsciente; não olhe para ele, não pense sobre ele.'
          O caminho do inconsciente é escuro e desconhecido. Para a razão, ele parecerá irracional; para a lógica, ele parecerá ilógico. Assim, se tiver de pensar para entrar em meditação, você jamais entrará - porque a parte pensante não lhe permitirá.
          Isso se torna um dilema. Você não pode fazer nada sem pensar e, com o pensamento, você não pode entrar em meditação.
          O que fazer? Ainda que você pense: 'Não vou pensar', isso também é pensamento. É a parte pensante da mente que diz: 'Não permitirei o pensamento.'
          Meditação não pode ser feita pelo pensamento: esse é o dilema - o maior dilema. Todo buscador tem de chegar a esse dilema; em algum lugar, em alguma hora, o dilema estará presente. Aqueles que sabem dizem: 'Salte! Não pense!' Mas você não consegue fazer nada sem pensar. Eis porque artifícios desnecessários foram criados - digo 'artifícios desnecessários' porque, se você saltar sem pensar, nenhum artifício será necessário. Mas você não pode saltar sem pensar; assim, um artifício é necessário. 
          Você pode pensar sobre o artifício, sua mente pensante pode ficar à vontade quanto ao artifício, mas não quanto à meditação.
          A meditação será um salto para dentro do desconhecido. Você pode trabalhar com um artifício, e o artifício automaticamente o empurrará para dentro do desconhecido. O artifício é necessário somente devido ao treinamento da mente, de outro modo, ele não seria necessário.
          Uma vez que tenha dado o salto, você dirá: 'O artifício não era necessário, não era preciso'. Mas esse é um conhecimento retrospectivo: você saberá depois, que o artifício não era necessário. É isso o que diz Krishnamurti: 'Nenhum artifício é necessário; nenhum método é necessário. Os mestres do Zen dizem: 'Nenhum esforço é necessário, acontece sem esforço'. Mas isso é absurdo para quem não cruzou a barreira. E está se falando principalmente para aqueles que não cruzaram a barreira. 
          Um artifício é artificial. É simplesmente um truque para colocar a sua mente racional, à vontade, de modo que você possa ser empurrado para dentro do desconhecido.
          Eis porque eu uso métodos vigorosos. Quanto mais vigoroso o método, menos a sua mente calculista é necessária. Quanto mais vigoroso ele é, mais completo, porque a vitalidade não é apenas da mente - é do corpo, das emoções. É do seu ser inteiro. 
          Os dervixes sufis usam a dança como uma técnica, como um artifício. Se você entra na dança, não consegue permanecer intelectual, porque a dança é um fenômeno árduo: todo o seu ser é necessário nela. E, fatalmente, chega um momento em que a dança se tornará destituída de mente. Quanto mais vital, mais vigorosa, quanto mais você estiver nela, menos a razão estará presente. Assim, a dança foi planejada como uma técnica para instigar. A certa altura, você não estará mais dançando - a dança tomará conta, tomará conta de você. Você será arrastado para a fonte desconhecida. 
          Os mestres do Zen usam o método do koan. Koans são quebra-cabeças absurdos pela própria natureza. Não podem ser resolvidos pela razão: você não consegue pensar a respeito deles. Aparentemente, é como se fosse possível pensar algo sobre eles - esse é o ardil. Parece que algo pode ser pensado sobre os koans; então, você começa a pensar. Sua mente racional fica à vontade: algo foi dado a ela para ser resolvido. Mas é algo que não pode ser resolvido - é de tal natureza que não pode ser resolvido, pois a própria natureza daquilo é absurda.
          Há centenas de quebra-cabeças. O mestre dirá: 'Pense sobre um som sem som'. Verbalmente, parece que se pode pensar sobre isso. Se você tentar bastante, de algum modo, em algum lugar, um som sem som pode ser descoberto - pode ser possível!. Então, num certo ponto - e esse ponto não pode ser predito: ele não é o mesmo para todos - a mente se esgota. Ela desaparece. Você está presente, mas a mente, com todos os seus condicionamentos, se foi. Você fica exatamente como uma criança: o condicionamento não está presente, você está simplesmente consciente - a concentração estreitadora desapareceu. Agora você sabe que o artifício não era necessário - mas esse é um conhecimento posterior, não poderia ser dito de antemão.
          Nenhum método é causal: nenhum método é a causa da meditação. Eis porque muitos métodos são possíveis. Todo método é apenas um artifício, mas toda religião diz que o seu método é o caminho e que nenhum outro método servirá. Todas pensam em termos de causalidade. 
          Ao aquecer a água, ela evapora. O calor é a causa: sem o calor, a água não evaporará. Isso é causal. O calor é uma necessidade que deve preceder a evaporação. Mas a meditação não é causal; assim, qualquer método é possível. Todo método é apenas um artifício: está apenas criando a situação para o acontecimento, não o está causando.
          Por exemplo: além dos limites desta sala está o ilimitado, o céu aberto. Você nunca o viu antes. Eu posso falar com você sobre o céu, sobre o seu frescor, sobre o mar, sobre tudo o que está além desta sala, mas você não viu nada. Você não sabe nada sobre isso. Você ri; acha que estou inventando tudo. Você diz: 'Isso tudo é fantástico. Você é um sonhador!' Eu não posso convencê-lo a ir lá fora, porque tudo o que eu digo a respeito não é significativo para você.
          Então eu digo: 'A casa está pegando fogo!' Isso é significativo para você - é algo que você compreende. 
          Agora eu não tenho de lhe dar nenhuma explicação. Eu simplesmente corro; você me segue. A casa não está pegando fogo, mas quando você estiver do lado de fora, não irá me perguntar porque menti. O significado está ali: o céu está ali. Agora, então, você vai me agradecer. Qualquer mentira serve. A mentira foi apenas um artifício. Foi apenas um artifício para levá-lo para fora. Ela não foi a causa da existência do lado de fora. 
          Toda religião é baseada num artifício-mentira. Todos os métodos são mentiras: eles apenas criam a situação, não são causais. Novos artifícios podem ser criados;novas religiões podem ser criadas. Os velhos artifícios ficam chochos, uma velha mentira fica chocha, e mais outras novas são necessárias. Tantas vezes já lhe foi dito que a casa estava pegando fogo, quando ela não estava, que a mentira se tornou inútil. Agora alguém tem de criar um novo artifício.
          Se alguma coisa é a causa de outra coisa, ela nunca se torna inútil. Mas um artifício velho é sempre inútil: novos artifícios são necessários. Eis porque todo novo profeta terá de lutar com os velhos profetas. Ele está fazendo o mesmo trabalho que eles fizeram, mas terá de se opor a seus ensinamentos, porque terá de negar os velhos artifícios, que ficaram chochos e sem significado.
          Todos os grandes - Buda, Cristo, Mahavira - criaram mentiras enormes por pura compaixão, só para empurrá-los para fora de casa. Se você puder ser empurrado para fora da mente por meio de qualquer artifício, isso é tudo o que é necessários. Sua mente é o aprisionamento, sua mente é fatal: ela é escravidão.
          Eu disse: esse dilema vai acontecer fatalmente - assim é a natureza da vida -,você terá de aprender a estreitar a mente. Esse estreitamento o ajudará quando você sair de casa, mas ele será fatal interiormente. Ele será útil na sua relação com os outros; e será suicida para você mesmo.
          Você tem de existir com os outros e consigo mesmo. Qualquer vida que seja unilateral é deformada. Você deve existir entre os outros com uma mente condicionada, mas deve existir consigo mesmo com uma consciência totalmente descondicionada. A sociedade cria uma consciência estreita, mas a consciência, em si, significa expansão: ela é ilimitada. Ambas são necessárias, e ambas devem ser realizadas.
          Eu chamo de sábia uma pessoa que pode realizar ambas as necessidades. Qualquer dos dois extremos é não-sábio; qualquer dos dois extremos é nocivo. Assim, viva no mundo com a mente, com o seu condicionamento, mas viva consigo mesmo sem a mente, sem treinamento. Use a sua mente como um meio, não faça dela um fim: saia para fora dela no momento em que tiver oportunidade. No momento em que você estiver sozinho, saia da mente, desligue-a. Então, celebre o momento; celebre a própria existência, o próprio ser.
          Simplesmente ser é uma celebração enorme, se você souber como desligar o condicionamento. Esse 'desligar' você terá de aprender pela Meditação Dinâmica. Ele não será causado, virá a você sem causa. A meditação criará a situação na qual você chegará ao desconhecido: em pouco tempo, você será empurrado para fora da sua personalidade habitual, mecânica, robotizada. Seja corajoso: pratique a Meditação Dinâmica vigorosamente, e tudo o mais se desdobrará. Não será o seu fazer, será um acontecimento.
          Você não pode trazer o divino, mas pode atrapalhar a sua vinda. Você não pode trazer o sol para dentro de sua casa, mas pode fechar a porta. Negativamente, a mente pode fazer muito, positivamente, nada. Toda coisa positiva é um presente, toda coisa positiva é uma bênção: ela vem a você; enquanto toda coisa negativa é o seu próprio fazer. 
          A meditação e todos os artifícios da meditação podem fazer uma coisa: empurrá-lo para fora de suas barreiras negativas. Ela pode trazê-lo para fora do aprisionamento que é a mente; e, quando você tiver saído, vai rir. Era tão fácil sair, estava bem ali. Só um passo era necessário. Mas nós vamos andando em círculos, e aquele passo é sempre perdido...o único passo que pode levar a pessoa para o centro.
          Você vive andando em círculos, na periferia, repetindo a mesma coisa. Em algum lugar, a continuidade deve ser quebrada. Isso é tudo o que pode ser feito por qualquer método de meditação. Se a continuidade é quebrada, se você for descontínuo com o seu passado, então, nesse exato momento há uma explosão. Nesse exato momento você fica centrado, centrado no seu ser e, então, conhecerá tudo o que sempre foi seu, tudo o que simplesmente estava esperando por você."  
          

                                        Extraído do livro
                                        Meditação: A Arte do Êxtase - autor: OSHO - Editora Cultrix

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