apenas
livre, ele é liberdade. É uma rebelião viva.
Mas ainda assim eu vou tentar dar algumas pistas,
não exatamente definições, mas umas poucas
indicações, dedos apontando para a Lua. Não se
prenda aos dedos. Os dedos não definem a Lua,
eles apenas indicam. Os dedos nada têm a ver com
a Lua...... Esqueça os dedos e olhe para a Lua.
O que eu vou lhe dar não é uma definição.
Neste caso, não é possível definição. Na
verdade, definição nunca é possível a respeito
de qualquer coisa viva. Definição só é possível
a respeito de alguma coisa morta, que não vai
mais crescer, que não vai mais desabrochar, que não
tem mais possibilidades, potencialidades,
que está exaurida e gasta. Nesse caso a definição
é possível. Você consegue definir um homem
morto, você não consegue definir um homem vivo.
Vida basicamente significa que o novo é ainda
possível.
Assim, essas não são definições. O sannyas
antigo tem uma definição, muito clara, por isso
ele está morto. Eu chamo o meu sannyas de "neo-sannyas"
por essa particular razão: o meu sannyas é uma
abertura, uma jornada, uma dança, um caso
amoroso com o desconhecido, um romance com a própria
existência, uma busca de relacionamento orgástico
com o todo. Tudo mais fracassou no mundo. Tudo que
estava definido, que estava claro, que era lógico,
tudo fracassou. As religiões fracassaram, as políticas
fracassaram, as ideologias fracassaram. E elas
eram muito claras e continham planos para o futuro
do homem. Todas elas fracassaram. Todos os
programas fracassaram.
O sannyas não é mais um programa. Ele é uma
exploração, não um programa. Quando você se
torna um sannyasin, eu inicio você na liberdade e
em nada mais. Ser livre é uma grande
responsabilidade porque então você não tem mais
aonde se apoiar. A não ser o seu próprio ser
interior, a sua própria consciência, você nada
mais tem como apoio ou como escora. Eu tiro de você
todos os apoios e escoras. Eu deixo você só, eu
o deixo completamente só. E nessa solidão... a
flor do sannyas. Essa solidão desabrocha
espontaneamente na flor do sannyas.
No sannyas não há caráter. Ele não tem
qualquer moralidade. Ele não é imoral, ele é
amoral. Ou, pode-se dizer que ele tem uma
moralidade maior a qual vem do interior e nunca de
fora. Ele não permite qualquer imposição vinda
de fora, porque todas as imposições vindas de
fora convertem vocês em servos, em escravos. E o
meu esforço é para dar a vocês dignidade e glória.
O meu esforço aqui é para dar esplendor a vocês.
Todos os outros esforços fracassaram. Era inevitável
porque o fracasso estava embutido. Todos eles
estavam orientados para estruturar e todo tipo de
estrutura, mais cedo ou mais tarde se torna pesado
sobre o coração do homem. Toda estrutura se
torna uma prisão, e um dia você terá que se
rebelar contra ela. Você não tem observado ao
longo da história? Cada revolução em seu próprio
desdobramento se torna repressora. Na Rússia isso
aconteceu, na China aconteceu. Depois de toda
revolução, o revolucionário se torna
anti-revolucionário. Uma vez que ele chega ao
poder, ele traz a sua própria estrutura para
impor à sociedade. E uma vez que ele começa a
impor a sua estrutura, a escravidão se transforma
num novo tipo de escravidão, e nunca em uma
liberdade. Todas as revoluções fracassaram.
Isso aqui não é uma revolução, isso é uma
rebelião. A revolução é social, coletiva,
enquanto a rebelião é individual. Chega de
estruturas! Deixe que todas as estruturas se vão.
Nós queremos indivíduos no mundo, movendo-se
livremente, movendo-se conscientemente, é claro.
E a responsabilidade deles surge através de sua
própria consciência. Eles se comportam
corretamente não porque eles estão tentando
seguir certos mandamentos; eles se comportam
corretamente, eles se comportam de maneira
precisa, porque eles são cuidadosos. ....
Um sannyasin é alguém cuidadoso consigo mesmo e,
naturalmente, cuidadoso com todo mundo, porque ele
não consegue ser feliz sozinho. Você só
consegue ser feliz num mundo feliz, num ambiente
feliz. Se todo mundo estiver chorando em prantos
na miséria, será muito difícil para você estar
feliz. Assim, se alguém é cuidadoso a respeito
da felicidade, a respeito de sua própria
felicidade, tornar-se-á cuidadoso a respeito da
felicidade de todos, porque a felicidade somente
acontece num ambiente feliz. Mas esse cuidado não
é por causa de algum dogma. Ele existe porque você
ama e o primeiro amor, naturalmente, é o amor
para consigo mesmo. Em seguida vem o amor aos
outros.
Outros esforços fracassaram porque eles eram
orientados pela mente. Eles foram baseados no
processo do pensar, eles eram conclusões da
mente. Sannyas não é uma conclusão da mente.
Sannyas não é orientado por pensamentos. Ele não
tem qualquer raiz no pensar. Sannyas é insight,
é meditação, não mente. Suas raízes estão na
alegria, não no pensamento. Suas raízes estão
na celebração, não no pensar. Suas raízes estão
naquela consciência onde os pensamentos não são
encontrados. Ele não é uma escolha entre dois
pensamentos, ele é o abandono de todos os
pensamentos. Ele é viver a partir do nada........
Cada sannyasin será uma pessoa totalmente única.
Eu não estou interessado na sociedade. Eu não
estou interessado na coletividade. Meu interesse
está absolutamente nos indivíduos - em você!.
E a meditação pode ser bem sucedida onde a mente
fracassou, porque a meditação é uma revolução
radical no seu ser. Não é a revolução que muda
o governo, não é a revolução que muda a
economia, mas a revolução que muda a sua consciência,
que transforma você da noosfera à cristosfera,
que transforma você de uma pessoa dormindo numa
alma acordada. E quando você está acordado, tudo
o que você fizer será bom.
Essa é a minha definição de 'bom' e de
'virtude': a ação de uma pessoa acordada é
virtude, e a ação de uma pessoa não acordada é
pecado. Não existe outra definição de pecado e
virtude. Depende da pessoa, de sua consciência,
da qualidade que ela traz ao ato. Assim, algumas
vezes pode acontecer de que o mesmo ato possa ser
virtuoso e ser pecaminoso. Os atos podem
aparentemente ser os mesmos, mas as pessoas que
estão por trás dos atos podem ser diferentes.
.........
O ato pode ser o mesmo, mas se a pessoa está
acordada, a qualidade do ato muda.
Um sannyasin é uma pessoa que vive mais e mais em
estado de alerta. E quanto mais pessoas houver
vivendo através da consciência, melhor o mundo
que será criado. A civilização não aconteceu
ainda. .....
Sannyas é apenas um começo, a semente de uma
qualidade totalmente diferente de mundo, onde as
pessoas são livres para serem elas mesmas, onde
as pessoas não são restringidas, aleijadas,
paralisadas, onde as pessoas não são reprimidas,
não são feitas para se sentir culpadas, onde o
prazer é aceito, onde a alegria é a regra, onde
a seriedade desaparece, onde entra a sinceridade não
séria e a brincadeira. Essas podem ser as indicações,
os dedos apontando para a Lua.
A primeira qualidade de um sannyasin é uma
abertura à experiência. Normalmente as
pessoas são fechadas, elas não são abertas à
experiência. Antes que elas experienciem alguma
coisa elas já têm prejulgamentos a respeito.
Elas não querem experimentar, elas não querem
explorar. Isso é pura estupidez. ........
Assim, a primeira qualidade de um sannyasin é uma
abertura à experiência. Ele não decidirá antes
de ter experienciado. Ele nunca decidirá antes de
ter experienciado. Ele não terá qualquer sistema
de crenças. Ele não dirá, 'isso tem que ser
desse jeito porque Buda disse assim'. Ele não dirá,
'isso tem que ser assim porque está escrito nos
Vedas'. Ele dirá, 'eu estou pronto para entrar
nisso e ver se é assim ou não'. .....
Um sannyasin não carregará muitas crenças, na
verdade, não carregará nenhuma. Ele carregará
apenas as suas próprias experiências. E a beleza
da experiência é que a experiência está sempre
aberta, porque sempre é possível mais exploração.
E a crença é sempre fechada, ela está completa.
A crença está sempre acabada. A experiência
nunca está acabada, ela permanece inacabada.
Enquanto você estiver vivendo, como pode a sua
experiência ter acabado? Sua experiência está
crescendo, está mudando, está se movendo. Ela
está continuamente se movendo do conhecido para o
desconhecido e do desconhecido para o incognoscível.
E lembre-se de que a experiência tem uma beleza
porque ela é inacabada. Algumas das maiores canções
são aquelas que estão inacabadas. Alguns dos
maiores livros são aqueles que estão inacabados.
Algumas das maiores músicas são aquelas que estão
inacabadas. O inacabado tem uma beleza. ....
Nenhuma história pode ser bela se ela estiver
completamente acabada. Ela estará completamente
morta. A experiência sempre permanece aberta, o
que significa inacabada. A crença está sempre
completa e acabada. Assim, a primeira qualidade é
uma abertura à experiência.
A mente é a reunião de todas as suas crenças
juntas. Abertura significa não-mente. Abertura
significa você colocar a sua mente de lado e
estar pronto para olhar para a vida mais e mais
vezes de uma maneira nova, não com os velhos
olhos. A mente dá a você os velhos olhos, ela
lhe dá novamente idéias: 'olhe através disso'.
Mas então a coisa se torna colorida, mas você não
olha para ela, você projeta uma idéia em cima da
coisa. Então a verdade se torna uma tela na qual
você continua projetando.
Olhe através da não-mente, através do nada - shunyata.
Quando você olha através da não-mente, a sua
percepção é eficiente, porque então você vê
aquilo que é. E a verdade liberta. Tudo mais cria
escravidão, somente a verdade liberta.
Naqueles momentos de não-mente, a verdade começa
a filtrar em você como luz. Quanto mais você
desfrutar dessa luz, dessa verdade, mais você se
tornará capaz e corajoso para abandonar a sua
mente. Mais cedo ou mais tarde, um dia chegará em
que você olhará mas não terá qualquer mente.
Você não estará olhando para alguma coisa, você
estará simplesmente olhando. O seu olhar será
puro. Em tal momento você terá se tornado avalokita,
aquele que olha com olhos puros. Esse é um dos
nomes de Buda: Avalokita. Ele olha sem
quaisquer idéias, ele simplesmente olha. ........
A segunda qualidade é viver existencial. O
sannyasin não vive a partir das idéias de que
deve ser desse jeito, de que deve ser daquele
jeito, de que deve comportar-se dessa maneira, de
que não deve comportar-se daquela maneira. Ele não
vive a partir das idéias. Ele é responsivo à
existência. Ele responde com seu coração total,
qualquer que seja o caso. Seu ser está aqui e
agora. Espontaneidade, simplicidade e
naturalidade. Essas são as suas qualidades.
Ele não vive uma vida pré-fabricada. Ele não
carrega mapas - como viver, como não viver. Ele
permite a vida levá-lo para onde quer que seja.
Um sannyasin não é um nadador, ele não tenta
nadar contra a correnteza. Ele vai com o todo, ele
flui com a correnteza. Ele flui tão totalmente
com a correnteza que pouco a pouco ele não está
mais separado da correnteza. Ele se torna a
correnteza. É a isso que Buda chama srotapanna:
aquele que entrou na correnteza. Esse é também o
início do sannyas de Buda: aquele que entrou na
correnteza, aquele que relaxa na existência. Ele
não carrega avaliações, ele não faz
julgamentos.
Viver existencial significa que cada momento tem
que decidir por si. A vida é atômica. Você não
decide de antemão, você não ensaia, você não
prepara como viver. Cada momento chega e traz a
situação. E você está ali para responder àquilo.
Você responde. Geralmente as pessoas vivem uma
maneira muito estranha de vida. Se você for dar
uma entrevista, você se prepara, você pensa
naquilo que lhe será perguntado e como você irá
responder, como você irá se sentar e como você
ficará de pé. Tudo se torna falso porque tudo
foi ensaiado. E então o que acontece? Quando você
vai assim ensaiado, você nunca está totalmente
presente. Alguma coisa está sendo perguntada e
você está pesquisando em sua memória, porque
você está carregando uma resposta preparada,
quer ela se ajuste ou não, quer ela funcione ou não.
Você segue perdendo o ponto. Você não está
totalmente ali, você está envolvido na memória.
....
A terceira qualidade de um sannyasin é uma
confiança em seu próprio organismo. As pessoas
confiam nos outros. O sannyasin confia em seu próprio
organismo. Corpo, mente, alma, tudo está incluído.
Se ele sente que está amando, ele flui no amor.
Se ele não sentir que está amando, ele diz:
'sinto muito', mas ele nunca finge.
Um não-sannyasin segue fingindo. Sua vida é
vivida através de máscaras. Ele chega em casa,
abraça sua esposa, mas ele não quer abraçar a
mulher. E ele diz 'eu te amo', e tais palavras
soam tão falsas porque elas não estão vindo do
coração. Elas estão vindo do Dale Carnegie. Ele
esteve lendo o seu livro 'Como Fazer Amigos e
Influenciar Pessoas' e esses tipos de tolices. Ele
está cheio dessas tolices. Ele as carrega e as
pratica. Toda a sua vida se torna uma vida falsa,
uma paródia. E, naturalmente, ele nunca está
satisfeito. Ele não pode estar porque a satisfação
vem apenas com uma vida autêntica. Se você não
está sentindo amor, você tem que dizer isso, não
há necessidade de fingir. Se você está sentindo
raiva, você tem que dizer isso. Você tem que ser
verdadeiro para com seu organismo, você tem que
confiar em seu organismo. E você ficará
surpreso: quanto mais você confiar, mais a
sabedoria de seu organismo se tornará muito clara
para você.
O seu corpo tem sua própria sabedoria. Ele
carrega a sabedoria de séculos em suas células.
O seu corpo está faminto e você está jejuando,
porque a sua religião lhe diz que neste dia você
tem que jejuar. Mas seu corpo está faminto. Você
não confia no seu organismo e sim numa escritura
morta, porque em algum livro alguém escreveu que
neste dia você tem que jejuar. Aí você faz
jejum. Escute o seu corpo! Sim, existe dia em que
seu corpo diz: 'faça jejum!'. Então faça. Mas não
há qualquer necessidade de ouvir às escrituras.
O homem que escreveu aquelas escrituras não as
escreveu pensando em você..... Isso é como se
você ficasse doente e fosse à casa de um médico
falecido e lá encontrasse uma receita e começasse
a segui-la. Aquela receita havia sido prescrita
para uma outra pessoa, para uma outra doença, em
uma outra situação.
Lembre-se de confiar em seu próprio organismo.
Quando você sentir que o corpo está lhe dizendo
'não coma', pare imediatamente. Quando o corpo
estiver dizendo 'coma', então não se preocupe se
as escrituras estão dizendo para jejuar ou não.
Se o seu corpo disser coma três vezes ao dia, está
perfeitamente bom. Se ele disser para comer uma
vez ao dia, também está perfeitamente bom.
Comece a aprender a ouvir seu corpo, porque ele é
o seu corpo. Você está nele; você tem que
respeitá-lo e você tem que confiar nele. Ele é
o seu templo. É um sacrilégio impor coisas ao
seu corpo. .... E você não vai apenas aprender a
confiar em seu corpo, você vai aprender, pouco a
pouco, a confiar na existência também, porque o
seu corpo é parte da existência. Então a sua
confiança irá crescer e você irá confiar nas
árvores e nas estrelas, na lua, no sol e
nos oceanos. Você confiará nas pessoas. Mas o
começo da confiança tem que ser a confiança em
seu organismo; a confiança em seu coração.
...........
Um sannyasin é aquele que confia no seu próprio
organismo, e essa confiança ajuda-o a relaxar em
seu ser, ajuda-o a relaxar na totalidade da existência.
Isso traz uma aceitação geral de si mesmo e dos
outros. Isso dá uma qualidade de enraizamento e
centramento. Surge então uma grande força e um
grande poder, porque você está centrado em seu
próprio corpo, em seu próprio ser. Você tem raízes
no solo. Por outro lado você vê pessoas sem raízes,
como árvores arrancadas do solo. Elas estão
simplesmente morrendo. Elas não estão vivendo.
É por isso que não existe muita alegria na vida.
Você não vê a qualidade da gargalhada; está
faltando celebração. E mesmo quando as pessoas
celebram, isso também é falso. .........
A quarta é um senso de liberdade.
O sannyasin não é apenas livre. Ele é
liberdade. Ele sempre vive de uma maneira livre.
Liberdade não quer dizer licenciosidade.
Licenciosidade não é liberdade, é apenas uma
reação contra a escravidão; daí você se move
para o outro extremo. Liberdade não é o outro
extremo, não é uma reação. Liberdade é um
insight: 'Eu tenho que ser livre, se é que eu
quero ser algo. Não há outra maneira de ser. Se
eu for muito possuído pela igreja, pelo
hinduismo, pelo cristianismo, pelo islamismo, então
eu não conseguirei ser. Então eles irão criar
limites ao redor de mim. Eles seguirão forçando
a mim mesmo como um ser aleijado. Eu tenho que ser
livre. Eu tenho que assumir esse risco de ser
livre. Eu tenho que encarar esse perigo.'
A liberdade não é muito conveniente, ela não é
muito confortável. Ela é arriscada. Um sannyasin
assume tal risco. Isso não que dizer que ele vai
sair brigando com todo mundo. Isso não significa
que quando a lei disser mantenha-se à direita, ou
à esquerda, ele fará o contrário. Não. Ele não
se preocupa com questões triviais. Se a lei
disser mantenha-se à esquerda, ele se manterá à
esquerda, porque não é isso que é escravidão.
Mas a respeito de coisas importantes e
essenciais... ........
A respeito de coisas essenciais, o sannyasin
sempre manterá a sua liberdade intacta. E porque
ele respeita a liberdade, ele respeitará a
liberdade dos outros também. Ele nunca irá
interferir na liberdade dos outros, seja lá quem
for. Se a sua esposa se apaixonar por um outro,
você se sentirá ferido, você irá chorar de
tristeza, mas esse é um problema seu. Você não
irá interferir nela. Você não dirá: 'pare com
isso, porque eu estou sofrendo!' Você dirá:
'Essa é a sua liberdade. Se eu estou sofrendo,
isso é problema meu. Eu terei que lidar com isso,
eu terei que encarar isso. Se eu sinto ciúme, eu
terei que me livrar desse ciúme, mas você segue
o seu caminho. Embora isso me tenha machucado,
embora eu tenha querido que você não se fosse
com um outro alguém, isso é um problema meu. Eu
não posso me intrometer em sua liberdade.'
O amor respeita tanto que ele dá liberdade. E se
o amor não estiver dando liberdade, ele não é
amor, ele é alguma outra coisa.
Um sannyasin é tremendamente respeitoso quanto à
sua própria liberdade, muito cuidadoso para com a
sua própria liberdade, e da mesma maneira ele
também é em relação à liberdade dos outros.
Esse senso de liberdade lhe dá uma
individualidade. Ele não é uma simples parte da
massa. Ele tem um certo jeito único: a sua
maneira de viver, o seu estilo, a sua atmosfera, a
sua individualidade. Ele existe do seu próprio
jeito, ele ama a sua própria música. Ele tem um
senso de identidade: ele sabe quem ele é; ele
segue aprofundando esse sentimento de quem ele é;
e ele nunca faz concessões quanto a isso....
(.....) A quinta é criatividade. (........) Meu
conceito de sannyasin é que a sua energia será
criativa, é que ele trará um pouco mais de
beleza a este mundo, ele trará um pouco mais de
alegria a este mundo, ele encontrará novas
maneiras de dançar e cantar; ele trará belos
poemas e músicas. Ele criará alguma coisa, ele
será criativo. .....
Ele deve contribuir com alguma coisa. Permanecer não
criativo é quase um pecado, porque você está
existindo e não está contribuindo. Você come,
você ocupa um espaço, e você não está
contribuindo com coisa alguma. Os meus sannyasins
têm que ser criadores. E quando você está em
profunda criatividade, você está próximo de
Deus. Isso é o que a prece realmente é. Isso é
meditação. Deus é o criador e se você não é
criador, você está longe de Deus. Deus conhece
apenas uma linguagem, a linguagem da criatividade.
É por isso que quando você compõe música,
quando você está completamente perdido nela,
alguma coisa de divino começa a se filtrar a
partir de seu ser. Essa é a alegria da
criatividade, esse é o êxtase - svaha!
A sexta é um senso de humor, gargalhada,
brincadeira, sinceridade não séria. Os
antigos sannyasins não riam, eram mortos e
chatos. O novo sannyasin tem que trazer cada vez
mais risos para o seu ser. Ele tem que ser um
sannyasin risonho, e o seu riso pode criar situações
para que os outros também relaxem. O templo deve
ser cheio de alegria, risos e dança. Ele não
deve ser como uma igreja cristã. As igrejas
parecem cemitérios. E com a cruz ali parece ser
quase uma adoração à morte... um pouco mórbido.
Você não pode dar gargalhadas numa igreja. Uma
gargalhada daquelas que sacudem a barriga não
seria permitida. As pessoas pensariam que você
está louco ou algo parecido. Quando as pessoas
entram numa igreja, elas se tornam sérias,
duras... fecham a cara...
Para mim o riso é uma qualidade religiosa muito
essencial. Um senso de humor tem que fazer parte
do mundo interior de um sannyasin.
A sétima é a qualidade meditativa, o estar só,
o pico da experiência mística que acontece
quando você está só, quando você está
absolutamente só dentro de si mesmo.
O sannyas torna você só, não isolado, mas só.
Não solitário, mas ele dá a você uma solitude.
Você pode ser feliz estando só, você não é
mais dependente dos outros. Você pode sentar-se só
em seu quarto e sentir-se completamente feliz. Não
há qualquer necessidade de ir a um clube, não há
qualquer necessidade de estar rodeado de amigos, não
há qualquer necessidade de ir a um cinema. Você
pode fechar os olhos e entrar na mais interna
felicidade. Qualidade meditativa é isso.
E a oitava é o amor, a qualidade do
relacionar-se, o relacionamento. Lembre-se de que
você só pode se relacionar quando você tiver
aprendido como estar só, nunca antes disso.
Somente dois indivíduos podem se
relacionar.Somente duas liberdades podem se
aproximar e se abraçar. Somente dois nada podem
penetrar um no outro e se desmanchar um no outro.
Se você não é capaz de estar só, o seu
relacionamento é falso. Ele é apenas um artifício
para evitar que você esteja só, nada mais.
E
isso é o que milhões de pessoas estão fazendo.
O amor delas nada mais é do que a incapacidade de
estar só. Assim, elas andam com alguém. ficam de
mãos dadas, elas fingem que amam, mas no fundo o
único problema é que elas não conseguem estar sós.
Por isso, elas precisam de alguém com quem andar,
elas precisam de alguém para se agarrar, elas
precisam de alguém para se apoiar. E o outro também
está usando-as da mesma maneira, porque o outro
também não consegue estar só, é incapaz. ...
Assim, duas pessoas que você diz que estão
amando, estão de certa forma odiando a si mesmas.
E por causa desse ódio, elas estão tentando
escapar. O outro ajuda-a a escapar, assim elas se
tornam dependentes do outro, elas se tornam
viciadas no outro. Você não consegue viver sem a
sua esposa, você não consegue viver sem o seu
marido, porque vocês estão viciados. Mas um
sannyasin é aquele .......... É por isso que eu
digo que a sétima qualidade é estar só e a
oitava é amor-relacionamento.
E existem duas possibilidades: você pode ser
feliz estando só e você também pode ser feliz
estando junto. Esses são dois tipos de êxtase
possíveis para a humanidade. Você pode entrar em
samadhi quando está só e você pode entrar em
samadhi quando está junto com alguém em profundo
amor. E há dois tipos de pessoas: os
extrovertidos que acharão mais fácil atingir seu
pico através dos outros; e os introvertidos acharão
mais fácil alcançar seu pico maior enquanto estão
sós. ,,,,,,,,,,,, O caminho de Buda é o caminho
do introvertido; ele fala apenas a respeito da
meditação. O caminho de Cristo é extrovertido;
ele fala a respeito do amor.
O meu sanyasin tem que ser uma síntese de ambos.
Uma ênfase haverá: alguém estará mais
enfaticamente afinado consigo mesmo do que com os
outros; e alguém será exatamente o oposto, mais
afinado com um outro alguém. Mas não há
qualquer necessidade de se estar enganchado a um só
tipo de de experiência. Ambas as experiências
podem permanecer disponíveis.
E a nona é a transcendência, o Tao, não ego, não
mente, ninguém, nada, afinado com o todo.
(........)
Transcendência é a última e a mais elevada
qualidade de um sannyasin.
Mas essas são apenas indicações, não são
definições. Considere-as de uma maneira muito
fluida. Não comece a considerar que eu disse isso
de uma maneira muito rígida. .... muito fluida,
uma vaga maneira de ver, uma visão no crepúsculo,
não como quando há um sol aberto no céu. Aí as
coisas são muito definidas. No crepúsculo,
quando o Sol está se pondo e a noite ainda não
desceu, exatamente no meio, no intervalo.
Considere o que eu disse dessa maneira. Permaneça
líquido, fluindo. Nunca crie qualquer rigidez ao
seu redor. Nunca se torne definível.
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