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Encontros
e desencontros
Pergunta:
Amado Osho, ultimamente, eu tenho percebido que
o meu companheiro é um estranho para mim. Ainda
assim, existe uma vontade intensa de superar a
separação entre nós. É quase uma sensação de
que nós somos linhas correndo paralelas, uma à
outra, mas destinadas a nunca se encontrarem.
Amado Osho, o mundo da consciência é como o
mundo da geometria? Ou existe uma chance daquelas
linhas paralelas poderem se encontrar?
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Dhyan Amiyo, essa é uma das grandes misérias que todos os
amantes tem que encarar: não há como os amantes não terem
esse estranhamento, esse desconhecimento, essa separação.
Na verdade, todo o funcionamento do amor se baseia no fato
dos amantes serem polaridades opostas. Quanto mais distantes
eles forem, mais atraentes eles serão. A sua separação é
a sua atração. Eles se aproximam, eles se aproximam muito,
mas eles nunca se tornam um.
Eles
chegam tão próximos, que há mesmo uma sensação de que só
um passo a mais e eles se tornariam um. Mas aquele passo a
mais nunca é dado e ele não pode ser dado por uma
lei natural. Ao contrário do que se espera, quando eles estão
muito próximos, imediatamente começam a se tornarem
separados de novo, afastando-se para longe. Porque quando
eles estão muito próximos, a atração é perdida, e aí
eles começam a brigar, a ficar ranzinzas, a rosnar. Essa é
a maneira de se criar distância novamente. E assim que a
distância surge, imediatamente eles começam a sentir-se
atraídos. E aí, isso segue como num ritmo, se aproximando,
se afastando, se aproximando, se afastando.
Existe uma vontade de ser um, mas no nível biológico, no nível
do corpo, tornar-se um não é possível. Mesmo enquanto vocês
fazem amor, vocês não são um, a separação no nível físico
é inevitável.
Você
está dizendo, "Ultimamente eu tenho percebido que o
meu companheiro é um estranho para mim". Isso é
bom. Isso é parte de uma compreensão que está crescendo.
Somente pessoas infantis pensam que elas conhecem umas às
outras. Você não conhece nem a si mesmo, como se pode
conceber que você conheça o seu companheiro?
Nem o
seu companheiro conhece a si mesmo, nem você conhece a si
mesma. Dois seres desconhecidos, dois estranhos que nada
sabem a respeito deles mesmos estão tentando conhecer um ao
outro. Isso é um exercício fútil. Isso está fadado a ser
uma frustração, um fracasso. E é por isso que os amantes
ficam raivosos uns com os outros. Eles pensam que talvez o
outro não esteja permitindo a sua entrada no seu mundo
particular. "Ele está me mantendo afastada, ele está
me mantendo à distância". E ambos seguem pensando da
mesma maneira. E isso não é verdadeiro, todas as reclamações
são falsas. Eles simplesmente não compreendem a lei da
natureza.
Ao nível
do corpo, vocês podem se aproximar mas vocês não podem se
tornar um. Apenas no nível do coração vocês podem se
tornar um, mas só momentaneamente, não permanentemente.
Ao nível
do ser, vocês já são um. Não existe a necessidade de se
tornar um. Isso apenas tem que ser descoberto.
Amiyo,
você está dizendo, "Ainda assim existe uma vontade
intensa de superar a separação entre nós". Se
você seguir tentando no nível físico, você irá
fracassar. A vontade simplesmente mostra que o amor
necessita ir além do corpo, que o amor quer alguma coisa
mais elevada que o corpo, alguma coisa maior que o corpo,
alguma coisa mais profunda que o corpo.
Mesmo
o encontro de coração a coração, embora doce, embora
imensamente prazeroso, é ainda insuficiente, porque ele
acontece apenas por um momento e, em seguida, de novo,
estranhos são estranhos. A não ser que vocês descubram o
mundo do ser, vocês não serão capazes de satisfazer essa
vontade de se tornar um. E o fato estranho é que no dia em
que você se tornar um com seu amante, você se tornará um
com toda a existência também.
Você
está dizendo, "É quase uma sensação de que nós
somos linhas correndo paralelas, uma à outra, mas
destinadas a nunca se encontrarem". Amiyo, talvez
você desconheça a geometria não-Euclidiana, porque ela
ainda não é ensinada em nossos institutos educacionais.
Nas universidades ainda se ensina a geometria Euclidiana que
surgiu há dois mil anos.
Na
geometria Euclidiana, linhas paralelas nunca se encontram.
Mas já foi descoberto que se você continuar e continuar,
elas se encontram. A última descoberta é que não existem
linhas paralelas, por isso é que elas se encontram. Você não
pode criar duas linhas paralelas.
As
novas descobertas são muito estranhas. Você não pode nem
mesmo criar uma linha reta, porque a Terra é redonda. Se
você criar uma linha reta aqui e se você seguir desenhando
a partir de ambas as extremidades, ao continuar e continuar,
finalmente você descobrirá que ela se tornou um círculo.
E se uma linha reta desenhada até o final se torna um círculo,
antes de tudo, ela não era uma linha reta, ela era apenas
parte de um círculo muito grande, e uma parte de um grande
círculo é um arco, não uma reta. As linhas desapareceram
na nova geometria não-Euclidiana, e não havendo linhas, o
que dizer sobre linhas paralelas? Não existem linhas
paralelas também.
Assim, se fosse uma questão de linhas paralelas, existiria
uma chance de que os amantes pudessem se encontrar em algum
lugar, talvez na velhice, quando eles já não pudessem
brigar, quando eles já não tivessem nenhuma energia para
isso, ou quando eles tivessem se tornado tão acostumados...
aí, qual seria a questão? Eles usaram os mesmos
argumentos, eles tiveram os mesmos problemas, os mesmos
conflitos, ambos já estão entediados um com o outro.
Nesse
longo trajeto, os amantes param para conversar um com outro.
Qual é o sentido dessa conversa? Porque começar a
conversar significa começar a argumentar, e sempre é o
mesmo argumento, isso não vai mudar. E eles têm
argumentado isso tantas vezes e chegam ao mesmo fim. Mas
mesmo então, as linhas paralelas, no que se refere aos
amantes... Em geometria elas podem começar a se encontrar,
mas no amor não há qualquer esperança, elas não podem se
encontrar.
E é
bom que eles não possam se encontrar porque se os amantes
pudessem satisfazer sua vontade de se tornar um ao nível do
corpo físico, eles nunca iriam olhar para o alto. Eles
nunca iriam tentar descobrir aquilo que está muito mais
oculto no corpo físico: a consciência, a alma, Deus.
É
bom que o amor fracasse, porque o fracasso do amor, mais
cedo ou mais tarde irá levar você a uma nova peregrinação.
A vontade irá atormentar você até que ela traga você ao
templo onde o encontro acontece. Mas o encontro sempre
acontece com o todo... no qual o seu amante estará, mas no
qual as árvores também estarão, e os rios, as montanhas e
as estrelas.
Em
tal encontro, somente duas coisas não estarão presentes: o
seu ego não estará lá e o ego do seu amante não estará
lá. Além dessas duas coisas, toda a existência estará lá.
E esses dois egos eram verdadeiramente o problema, era o que
estava fazendo deles duas linhas paralelas.
Não
era o amor que estava criando problemas, era o ego. Mas a
vontade não será satisfeita. Nascimento após nascimento,
vida após vida, a vontade irá permanecer, a não ser que
você descubra a porta certa para ir além do corpo e entrar
no templo. (.........)
Simplesmente mantenha a sua vontade fervilhando, acesa. Não
perca o coração.
A sua
vontade é a semente da sua espiritualidade.
A sua
vontade é o começo da união maior com a existência. O
seu amante é simplesmente uma desculpa.
Dhyan
Amiyo, não fique triste. Fique alegre. Alegre-se por não
haver possibilidade de encontro no nível físico. Senão,
os amantes não teriam caminho algum para a transformação.
Eles iriam ficar empacados um com o outro, eles iriam
destruir um ao outro. E não há dano algum em se amar um
estranho. Na verdade, é mais excitante amar um estranho.
Quando vocês não estão juntos, existe uma grande atração.
Quanto mais vocês estão juntos, mas a atração se torna
embotada. Quanto mais vocês se tornarem conhecidos um do
outro, ainda que superficialmente, menor será a excitação.
Muito cedo a vida se tornará uma rotina.
As
pessoas seguem repetindo a mesma coisa, muitas e muitas
vezes. Se você olhar para as faces das pessoas no mundo,
você ficará surpresa: Por que essas pessoas parecem tão
tristes? Por que os seus olhos aparentam que elas perderam
toda a esperança? O motivo é simples: o motivo é a repetição.
O
homem é inteligente. A repetição cria tédio. O tédio
traz uma tristeza porque a pessoa sabe o que vai acontecer
amanhã, e depois de amanhã... Até a pessoa ir para a
sepultura, acontecerá o mesmo, a mesma história.
Um
judeu e um polaco estavam sentados num bar acompanhando o
noticiário na televisão. No noticiário eles mostraram uma
mulher em pé no terraço de um prédio ameaçando se jogar.
O judeu disse ao polaco: "eu quero fazer uma aposta com
você. Se ela se jogar você me paga vinte dólares. Se ela
não se jogar, eu lhe pago vinte dólares. Ok?"
"Tudo bem", disse o polaco.
Poucos minutos depois, a mulher se jogou do terraço e se
matou. O polaco pegou sua carteira e entregou vinte dólares
ao judeu.
Poucos minutos depois, o judeu se voltou para o polaco e lhe
disse, "Olha aqui, eu não posso ficar com esses seus
vinte dólares. Eu tenho que lhe confessar que eu já tinha
visto esse noticiário hoje mais cedo. Foi uma repetição."
"Não, não", disse o polaco, "fique com o
dinheiro, você ganhou por honra e mérito. Fique sabendo
que eu também vi esse noticiário hoje mais cedo na
TV."
"Você viu?", disse o judeu, "Bem, então por
que você apostou que a mulher não iria se jogar?"
"Bem", disse o polaco, "Eu não pensei que
ela iria ser tão estúpida ao ponto de fazer aquilo duas
vezes!"
Mas a
vida é assim...
Essa
tristeza no mundo, esse tédio e essa miséria podem ser
mudados se as pessoas souberem que elas estão procurando
pelo impossível.
Não
procure pelo impossível.
Descubra a lei da existência e siga-a.
A sua
vontade de ser um é o seu desejo espiritual, é a sua
natureza religiosa verdadeiramente essencial. Você está
apenas focando a si mesma no ponto errado.
O seu
amante é apenas uma desculpa. Deixe que seu amante seja
apenas um experimento de um grande amor, o amor por toda a
existência.
Deixe
que sua vontade seja uma busca de seu próprio ser interior.
Ali, o encontro já está acontecendo. Ali, nós já somos
um.
Ali,
ninguém jamais está separado.
A
vontade está perfeitamente certa, apenas o foco do desejo não
está certo. Isso está criando o sofrimento e o inferno.
Simplesmente mude o foco e a sua vida se tornará um paraíso.
OSHO - The Hidden Splendor - Discourse n. 20 -
question n. 2
tradução: Sw.Bodhi Champak
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