Eu gostaria que vocês se lembrassem de um grande, talvez
o maior, pintor holandês; Vicent van Gogh. Seu pai queria
que ele se tornasse um ministro religioso, viver uma vida
de respeito confortável, conveniente e não apenas nesse
mundo, no outro mundo depois de morrer também.
Mas Vicente van Gogh queria
ser pintor.
O pai dele disse, "Você
está maluco!"
Ele disse, "Pode ser.
Para mim, você é o maluco. Eu não vejo nenhum
significado em se tornar ministro porque tudo que eu iria
dizer não seria nada além de mentiras. Eu não conheço
Deus. Eu não sei nem se existe céu ou inferno. Eu não
sei nem se existe vida após a morte ou não. Eu estaria
continuamente contando mentiras. Claro, isso é respeitável,
mas esse tipo de respeito não é para mim; Eu não
estarei feliz com isso. Será um tortura para minha
alma."
Seu pai o expulsou de casa.
Ele começou a pintar e ele é o primeiro pintor moderno.
Você pode traçar uma linha em Vicente van Gogh; antes
dele a pintura era ordinária. Até mesmo os maiores
pintores, como Michelangelo, são de menor importância
comparados com Vicente van Gogh, porque o que eles estavam
pintando era ordinário. A pintura deles era
mercadoria.
Michelangelo pintou para
igrejas sua vida toda; pintando muros e tetos de igrejas.
Ele quebrou a coluna pintando o teto de uma igreja, porque
para pintar um teto você tem que deitar num andaime alto
enquanto você pinta. É uma posição muito desconfortável
e por dias seguidos, meses seguidos... Mas ele estava
ganhando dinheiro, e estava ganhando respeito. Ele estava
pintando anjos, Cristo, Deus criando o mundo. A pintura
mais famosa dele é Deus criando o mundo.
Vicente van Gogh começou
em uma dimensão totalmente nova. Ele não vendeu uma
simples pintura em toda sua vida. Agora, quem dirá que as
pinturas dele tinham alguma razão? Nem uma simples pessoa
poderia ver que havia qualquer coisa em suas
pinturas.
Seu irmão mais jovem
costumava mandar dinheiro para ele; suficiente para ele não
morrer de fome, apenas o suficiente para sete dias, comida
para toda semana porque se ele desse de uma vez o
suficiente para um mês inteiro ele iria gastar dentro de
dois ou três dias, e os outros dias eles passaria fome.
Toda semana ele mandava dinheiro para ele. E o que Vicente
van Gogh estava fazendo era, por quatro dias ele comia, e
por três dias, entre os quatro dias, ele guardava
dinheiro para suas tintas e telas.
É algo totalmente
diferente de Michelangelo, que ganhou dinheiro suficiente,
que se tornou um homem rico. Ele vendeu todas as suas
pinturas. Elas foram feitas para serem vendidas, era negócio.
Claro, ele era um grande pintor, então mesmo pintando
para serem vendidas eram lindas. Mas se ele tivesse tido a
profundidade de um Vicente van Gogh, ele teria enriquecido
o mundo todo.
Três dias passando fome, e
van Gogh comprava as tintas e telas. Seu irmão mais novo
ouviu dizer que nenhuma de suas pinturas tinham sido
vendidas, ele deu dinheiro a um homem, um amigo dele, não
conhecido por Vicente van Gogh, e disse a ele para ir lá
e comprar pelo menos uma das pintura: "Isso daria a
ele alguma satisfação. O pobre homem está morrendo; ele
pinta durante todo o dia, passa fome para poder pintar mas
ninguém compra suas pinturas ninguém vê nada
nelas." Porque para ver algo nas pinturas de Vicent
van Gogh você precisa o olho de um pintor do calibre de
van Gogh; menos que isso não é possível.
As pinturas dele parecerão
estranhas para você. As árvores dele são pintadas tão
altas que vão além das estrelas; as estrelas são
deixadas para trás. Agora, você achará esse homem
maluco... árvores indo mais alto do que as estrelas? Você
já viu essas árvores em algum lugar? Quando perguntaram
a Vicent van Gogh, "Suas árvores sempre vão além
das estrelas...? ele disse, "Sim porque eu entendo as
árvores. Eu sempre senti que as árvores tem a ambição
sobre a terra de alcançar as estrelas. Caso contrário,
por quê? Tocar as estrelas, sentir as estrelas, ir além
das estrelas - isso é o desejo da terra. A terra se esforça,
mas não pode realizar seu desejo. Eu posso fazer isso. As
árvores entenderão minhas pinturas, e eu não me importo
com vocês, se vocês entendem ou não."
Agora, esse tipo de pintura
você não consegue vender. O homem que seu irmão mandou
veio. Van Gogh estava muito feliz: pelo menos alguém
tinha vindo comprar. Mas logo sua felicidade tornou-se
frustração porque o homem olhou ao redor, pegou um
pintura e deu o dinheiro.
Vicent van Gogh disse,
"Mas, você entendeu a pintura? Você pegou tão
descuidado, você nem olhou; Eu tenho centenas de
pinturas. Você nem mesmo preocupou-se em olhar a sua
volta; você simplesmente pegou uma que estava
acidentalmente a sua frente. Eu suspeito que você foi
mandado pelo meu irmão. Coloque a pintura de volta, e
pegue seu dinheiro de volta. Eu não venderei a pintura
para um homem que não tem olhos para pintura. E diga ao
meu irmão para nunca mais fazer tal coisa
novamente."
O homem ficou intrigado.
Como é que ele conseguiu descobrir isso? Ele disse,
"Você não me conhece, como você
descobriu?"
Ele disse, "É tão
simples. Eu sei que meu irmão quer que eu me sinta
valorizado. Ele deve ter manipulado você - e esse
dinheiro pertence a ele porque eu posso ver que você é tão
cego quanto ao valor das pinturas. E eu não sou do tipo
que vende pinturas para pessoas cegas; Eu não posso
explorar um homem cego e vender um pintura. O que ele fará
com isso? E diga ao meu irmão que ele também não
entende pinturas, de outra forma ele não mandaria você."
Quando o irmão ficou
sabendo, ele veio se desculpar. Ele disse, "Em vez de
dar a você um pouco de consolo, eu o feri. Eu jamais
farei tal coisa de novo."
Em sua vida inteira, van
Gogh só deu pinturas para amigos: para o hotel onde ele
costumava comer quatro vezes por semana ele presenteou com
uma pintura, ou para uma prostituta que lhe disse certa
vez que ele não era um homem bonito. Para ser
absolutamente sincero, ele era feio. Nenhuma mulher sequer
se apaixonou por ele, era impossível. E essa prostituta
por compaixão, e às vezes as prostitutas tem mais
compaixão do que as suas chamadas senhoras, elas entendem
mais sobre homens só por compaixão ela disse, "Eu
gosto muito de você."
Ele nunca havia escutado
isso. Amor era uma coisa tão distante. Até mesmo um
gostar... Ele disse, "Sério, você gosta de mim? O
que você gosta em mim?" Agora, a mulher estava
perdida. Ela disse, "Eu gosto das suas orelhas. Suas
orelhas são lindas." E você ficará surpreso que
van Gogh foi para casa, cortou a orelha com uma navalha,
empacotou-a lindamente, foi até a prostituta e deu sua
orelha à ela. E o sangue estava escorrendo...
Ela disse, "O que você
fez?"
Ele disse, "Ninguém
jamais gostou de qualquer coisa
em mim. E
eu sou um homem pobre, como eu posso agradecer você? Você
gosta da minha orelha; Eu presenteei você com ela. Se você
tivesse gostado dos meus olhos, eu teria lhe dado meus
olhos. Se você tivesse gostado de mim, eu teria lhe dado
minha vida."
A prostituta não pode
acreditar. Mas pela primeira vez, van Gogh estava feliz,
sorrindo; alguém gostou pelo menos de uma parte dele. E a
mulher só tinha feito uma brincadeira caso contrário,
quem se importaria com suas orelhas? Se as pessoas gostam
de algo, elas gostam dos seus olhos, seu nariz, seus lábios
você não irá ouvir dois amantes dizendo que gostam das
orelhas um do outro.
Somente nas antigas
escrituras Hindu sobre sexologia: o Kamasutra de
Vatsyayana... Este é o único livro que eu fui capaz de
encontrar que pode estar conectado com esse incidente
cinco mil anos depois com Vicent van Gogh, porque só o
Vatsyana diz, "Pouquíssimas pessoas sabem que os lóbulos
das orelhas são tremendamente sexuais e sensitivos pontos
no corpo. E os amantes deveriam brincar com os lóbulos
dos ouvidos um do outro" e isso é um fato, embora
desconhecido. Se você começar a brincar com os lóbulos
das orelhas do seu amante, ela ou ele pode achar que você
é um pouco louco - o que você está fazendo? Porque as
pessoas se tornaram aficionadas em certas ideias: beijar
tudo bem... Mas existem tribos onde ninguém jamais ouviu
falar sobre beijo; ninguém jamais ouviu falar sobre
beijo; eles esfregam os narizes, e isso é considerado o
mais amável gesto. Certamente é mais higiênico, muito
mais medicamente suportável do que o beijo francês. As
pessoas que esfregam os narizes acham as pessoas que se
beijam a moda francesa sujas, simplesmente sujo.
Mas essa prostituta talvez
fosse ciente... porque prostitutas se tornam consciente de
muitas coisas que a mulher e o homem ordinário não se
tornam, porque elas estão sempre em contato com tantas
pessoas. Talvez ela soubesse que as orelhas tem um
significado sexual. Elas certamente tem. Vatsayana é um
dos maiores especialista. Freud e Havelock Ellis e outros
sexólogos são só pigmeus ante Vatsayana. E quando ele
diz algo, ele quer mesmo dizer.
Van Gogh viveu sua vida
inteira na pobreza. Ele morreu pintando. Antes de morrer
ele enlouqueceu, porque por um ano continuamente ele ficou
pintando o sol: centenas de pintura, mas nada chegou ao
ponto que ele queria. Mas o dia todo em pé no lugar mais
quente da França, em Arles, com o sol na cabeça - porque
sem a experiência como você pode pintar? Ele pintou sua
última pintura, mas ele enlouqueceu. O calor, a fome...
mas ele era imensamente feliz; e mesmo na sua loucura ele
pintou. E essas pinturas que ele fez no hospício agora
valem milhões.
Ele se suicidou pela
simples razão de que ele já tinha pintado tudo que ele
queria pintar. Agora a pintura já estava acabada; ele
havia chegado ao final. Não havia nada mais a se fazer.
Agora continuar vivendo era só ocupar espaço, o lugar de
alguém; isso era feio para ele. Por isso ele escreveu uma
carta para seu irmão: "Meu trabalho está terminado.
Eu vivi intensamente da maneira que eu escolhi viver. Eu
pintei o que eu quis pintar. Minha última pintura eu
terminei hoje, e agora eu estou pulando dessa vida para
dentro do desconhecido, o que quer que isso seja, porque
essa vida não mais contém qualquer coisa para mim."
Você considerará esse
homem um gênio? Você considerará esse homem
inteligente, sábio? Não, ordinariamente você pensará
que ele é simplesmente maluco. Mas eu não diria isso.
Sua vida e suas pinturas não eram duas coisas: pintar era
sua vida, essa era a vida dele. Então, para o mundo todo
isso parece suicídio - não para mim. Para mim isso
simplesmente parece um fim natural. A pintura está
completa. A vida está cumprida. Não havia outro
objetivo; se ele recebe o Prêmio Nobel, se qualquer
pessoa aprecia suas pinturas... Na sua vida ninguém
apreciou seu trabalho. Na sua vida nenhuma galeria de arte
aceitou suas pinturas, mesmo de graça.
Depois dele morrer,
lentamente, lentamente, por causa do sacrifício dele,
pintar mudou todo o sabor. Não teria havido Picasso sem
Vicent van Gogh. Todos os pintores que vieram depois de
Vicent van Gogh são gratos a ele, incalculavelmente,
porque esse homem mudou toda a direção.
Lentamente, lentamente, com
a mudança da direção, suas pinturas foram descobertas.
Uma grande procura foi feita. As pessoas jogaram suas
pinturas em suas casas vazias, ou em seus porões, achando
que elas eram inúteis. Eles correram para seus porões,
descobrindo as pinturas dele, limpando-as. Até mesmo
pinturas falsificadas chegaram ao mercado como autênticas
de van Gogh. Agora há somente duzentas pinturas; ele deve
ter pintado milhares. Mas qualquer galeria de arte que tem
um Vicent van Gogh se sente orgulhosa, porque ele derramou
toda sua vida em suas pinturas. Elas não foram pintadas
por cores, mas por sangue, por coração; seu coração
bate nelas.
Não pergunte a esse tipo
de homem, "Existe alguma razão em pintar?"
Ela está lá nas suas
pinturas, e você está perguntando, "Existe alguma
razão em pintar?" Se você não pode ver o
significado, você é responsável por isso. Quanto mais
alto uma coisa se eleva, menos pessoas irão reconhecê-la.
Quando algo atinge o ponto mais alto, é muito difícil
encontrar até mesmo poucas pessoas que reconheçam. No
ponto Omega final, só a própria pessoa sabe o que
aconteceu com ele; ele não consegue encontrar nem mesmo
um segundo homem.
Por isso que um Buddha tem
que declarar-se por si mesmo que ele é iluminado. Ninguém
mais pode reconhecer isso. porque para reconhecer, você
terá que provar isso. Caso contrário, como você
reconhece? Nenhum reconhecimento é possível porque o
ponto é tão alto. Mas, o que significa um estado búdico?
O que significa se tornar iluminado? Qual é a razão? Se
você pergunta sobre a razão, não há nenhuma. Ela em si
mesma é suficiente. Não precisa nada mais para tornar-se
significante.
É isso que eu quero dizer
quando eu digo que as coisas realmente importantes na vida
não são divididas em fins e meios. Não existe divisão
entre fins e meios. Fins são os meios, meios são os
fins, talvez dois lados da mesma moeda inseparavelmente
juntas; na verdade elas são uma unidade, uma
totalidade.
Você me pergunta,
"Existe alguma razão na viva, em viver?"
Eu estou com medo de dizer
que não existe nenhuma razão na vida, você pensará que
isso significa que você deve cometer suicídio, porque se
não há razão em viver, então o que mais fazer? -
cometa suicídio!
Eu não estou dizendo
suicide-se, porque cometer suicídio também não há razão.
Vivendo: viva, e viva
totalmente. Morrendo: morra, e morra totalmente. E nessa
totalidade você encontrará significado. Eu estou
consideravelmente não usando a palavra
"sentido", e usando a palavra significado porque
"sentido" é contaminada. A palavra sentido
sempre quer dizer algo mais.
Você deve ter escutado,
você deve ter lido em sua infância, muitas estórias...
Por que eles escrevem para crianças? Talvez os escritores
não saibam, mas isso é parte do mesmo tipo de exploração
da humanidade. As estórias são assim: há um homem cuja
vida depende de um papagaio. Se você matar o papagaio, o
homem morrerá, mas você não pode matar o homem
diretamente. Você pode atirar, e nada acontecerá. Você
pode atacá-lo com sua espada e a espada passará pelo seu
pescoço, mas o pescoço permanecerá ainda junto ao
corpo, intacto. Você não pode matar o homem, primeiro
você tem que descobrir onde sua vida está. Então nessas
estórias a vida sempre está em outro lugar. E quando você
descobre você só mata o papagaio e onde quer que o homem
esteja, ele morrerá imediatamente.
Até mesmo quando eu era
criança, eu costumava perguntar para meu professor
"Esse tipo de estória é muito estúpida porque eu não
vejo ninguém cuja vida depende de um papagaio ou um
cachorro ou qualquer outra coisa, como uma árvore."
Era a primeira vez que eu escutava essa estória, esse
tipo de estória; então eu me deparei com muitas outras.
Eles escreviam especialmente para crianças. O homem que
estava me ensinando era muito bacana e um senhor respeitável.
Eu perguntei para ele,
"Você pode me contar onde está sua vida? Porque eu
gostaria de tentar..." Ele disse,"O que você
quer dizer?" Eu disse, "Eu gostaria de matar o pássaro
do qual sua vida depende." Você é uma homem
inteligente, sábio, respeitável. Você deve ter colocado
sua vida em algum outro lugar assim ninguém pode matá-lo.
É este o significado dessa estória - que as pessoas sábias
mantém suas vidas em outro lugar, assim você não
consegue matá-los, assim ninguém consegue matá-los. E
é impossível descobrir onde eles guardaram suas vidas a
menos que eles contem o segredo, ninguém pode descobrir.
E esse mundo é tão grande, e há tantas pessoas e tantos
animais, e tantos pássaros, e tantos homens árvore...
ninguém sabe onde aquele homem colocou sua vida.
"Você é um homem sábio,
respeitável você deve ter mantido em algum lugar; você
pode contar só para mim. Eu não matarei o pássaro
completamente; só darei a ele alguns puxões e beliscões,
e ver o que acontece com você."
Ele disse, "Você é
um garoto estranho. Eu tenho ensinado essa estória a
minha vida inteira, e você quer me dar puxões e beliscões.
Isso é só uma estória." Mas eu disse, "Qual
é o significado da estória? Por que você continua
ensinando essa estória e esse tipo de coisa para as crianças?"
Ele não pode responder.
Eu perguntei para meu pai,
"Qual será o significado dessa estória? Por que
essas coisas devem ser ensinadas, que são absolutamente
absurdas?" Ele disse, "Se seu professor não é
capaz de responder, como posso eu responder? Eu não sei.
Ele é muito mais educado, inteligente e sábio do que eu.
Vá perturbá-lo, ao invés de perturbar a mim."
Mas agora eu sei qual é o
significado daquela estória e porque elas continuam sendo
ensinadas para as crianças. Elas entram nos seus
inconscientes e elas começam a pensar que a vida está
sempre em outro lugar no céu, em Deus, sempre em outro
lugar - não está
em você. Você
é vazio, apenas uma concha vazia. Você não tem sentido
na sua vida aqui e agora. Aqui você é só um meio, uma
escada. Se você subir a escada, talvez algum dia você
encontrará sua vida, seu Deus, seu objetivo, seu
significado, qualquer que seja o nome que você dê a
isso. Mas eu lhe digo que você é o sentido o
significado, e a própria vida está intrinsecamente
completa.
A vida não precisa de nada
a ser adicionado. Tudo que essa vida precisa é que você
viva-a totalmente. Se você só vive parcialmente, então
você não sentirá a emoção de estar vivo. É como
qualquer mecanismo quando apenas uma parte está
funcionando...
Por exemplo, em um relógio:
se só o ponteiro dos segundos funcionar, mas nem o
ponteiro das horas e dos minutos se moverem, só o
ponteiro dos segundos continuar se movendo de que servirá?
Haverá movimento, uma parte estará funcionando, mas a
menos que todas as partes funcionem e trabalhem em
harmonia, ele não poderá funcionar.
E essa é a situação:
todo mundo está vivendo parcialmente, uma pequena parte.
Então, você faz barulho, mas você não consegue criar
som algum. Você mexe suas mãos e pernas, mas nenhuma dança
acontece. A dança, a música, o significado entra em
harmonia com todas as funções da existência
imediatamente,
em acordo. Daí
você não perguntará tal questão como: Existe alguma
razão em viver? você saberá.
A vida em si mesma é a razão.
Não existe outra razão. Mas não foi permitido a você
ser um com o todo. Você foi dividido, cortado em várias
partes. Algumas partes foram completamente fechadas tão
fechadas que você nem sabe que pertencem a você. Muito
de você foi jogado no porão. Muito de você foi tão
condenado que embora você saiba que exista, você não
ousa aceitar que isso faz parte de você; você continua
negando; você continua reprimindo. Você conhece apenas
um fragmento muito pequeno de você, o que eles chamam de
consciente, o qual é um produto da sociedade, não um
coisa natural, o qual a sociedade cria dentro de você
para controlá-lo internamente.
A policia está do lado de
fora, os tribunais estão do lado de fora controlando você.
E o consciente está do lado de dentro, que é de longe o
mais poderoso. É por isso que até mesmo nos tribunais,
primeiro eles lhe dão a bíblia. Você faz um juramento
sobre a bíblia porque o tribunal também sabe que se você
é um cristão, colocando sua mão sobre a bíblia e
dizendo, "Eu juro dizer somente a verdade, toda a
verdade, nada mais que a verdade," seu consciente forçará
você a falar a verdade, porque agora você jurou em nome
de Deus, e tocou a bíblia. Se você falar uma mentira você
será jogado no inferno. Antes, no máximo, se você fosse
pego você seria jogado dentro da prisão por alguns
meses, alguns anos. Mas agora você será jogado para
dentro do inferno pela eternidade. Até mesmo o tribunal
aceita que a bíblia é mais poderosa, que o Gita é mais
poderoso, que o Koran é mais poderoso do que o tribunal,
do que os militares, do que o exército.
O consciente é uma das
piores invenções da humanidade. E desde o primeiro dia
em que a criança nasce nós começamos a criar um
consciente nela; uma pequena parte que continua condenando
qualquer coisa que a sociedade não quer em você, e
continua apreciando qualquer coisa que a sociedade quer
em você. Você
não é mais um todo. Você não é mais um todo. O
consciente passa continuamente a forçá-lo, de modo que
você tem que sempre olhar para fora, Deus está
assistindo. Todos os atos, todos os pensamentos, Deus está
assistindo, tenha cuidado! Mesmo em pensamento não é
permitido liberdade: Deus está assistindo. Que tipo de
Fulano espiador é esse Deus? Em todos os banheiros 'Ele'
está olhando através do buraco da fechadura; Ele não
lhe deixa sossegado - até mesmo no seu banheiro?
Existem tribos no mundo
onde mesmo em seus sonhos se você faz algo errado, de
manhã você tem que ir até a pessoa... Por exemplo, você
insultou alguém no seu sonho de manhã você tem que ir
até a pessoa e pedir perdão; "Perdoe-me, noite
passada eu o insultei em meu sonho; Eu sinto muito."
Até os sonhos são controlados pela sociedade. Você não
é permitido até mesmo em sonho ser você mesmo.
Eles continuam falando
sobre livre iniciativa. Isso é tudo tolice porque desde o
começo eles colocam as bases em todas as crianças para a
não livre iniciativa. Eles querem controlar seus
pensamentos. Eles querem controlar seus sonhos. Eles
querem controlar tudo em você. É através de um
dispositivo muito inteligente, o consciente. Isso o
atormenta. Continua lhe dizendo, "Isso não é certo,
não faça isso; você sofrerá." Continua forçando
você: "Faça isso, é a coisa certa a se fazer; você
será recompensado por isso."
Esse consciente nunca
permitirá você ser um todo, não permitirá você viver
como se não existisse nada proibido, como se não
existisse limites, como se você fosse deixado totalmente
independente para ser o que quer que você possa ser. Aí
sim a vida tem um significado, aí viver tem um
significado, não no sentido de que isso o conduziu para
fins, mas no sentido de que o conduziu para a vida em si
mesma. Então, o que quer que você faça, nesse fazer está
a sua recompensa.
Por exemplo, eu estou aqui
falando para vocês. Eu gosto disso. Por trinta e cinco
anos eu tenho estado continuamente falando sem nenhum propósito.
Com todo esse falatório eu poderia ter me tornado um
presidente, um primeiro ministro; não teria problema
algum. Com tanto falatório eu poderia ter feito qualquer
coisa. O que eu ganhei? Mas eu não estou aqui para ganhar
nada, em primeiro lugar. Eu gosto. Essa é minha pintura,
essa era minha música, essa era minha poesia.
Só nesses momentos quando
eu estou falando e eu sinto a comunhão acontecendo,
nesses momentos quando eu vejo os seus olhos flamejando,
quando eu vejo que vocês alcançaram o ponto... isso me dá
uma tremenda alegria que eu não consigo pensar em nada
que possa ser adicionada a isso. Ação, qualquer ação
feita totalmente, com cada fibra do seu ser...
Por exemplo, se você
amarrar minhas mãos eu não consigo falar, embora não
exista nenhuma relação entre mãos e fala. Eu já
tentei.
Um dia, eu disse a um amigo
que estava comigo, "Amarre as minhas mãos.."
Ele disse, "O
que?" Eu disse, "Apenas amarre-as, e então faça
uma pergunta."
Ele disse, "Eu sempre
tive medo de você, você é louco. E agora se alguém ver
que eu amarrei suas mãos.... e agora eu estou fazendo uma
pergunta e você está respondendo, o que eles irão
pensar?"
Eu disse, "Esqueça
tudo isso. Feche a porta e faça o que eu digo." Ele
fez, porque ele tinha que fazer caso contrário eu teria
mandado ele embora. Eu disse, "Sendo meu convidado,
você não pode fazer essa simples coisa para mim? Então
não me atrapalhe, caia fora."
Então ele amarrou minhas mãos
em dois pilares, e ele fez uma pergunta. Eu tentei de
todas as maneiras possíveis, mas minhas mãos estavam
atadas; Eu não consegui dizer qualquer coisa para ele. Eu
simplesmente disse, "Por favor desamarre minhas mãos."
Ele disse, "Eu não
consigo entender o porque de tudo isso." Eu disse,
"É simples, eu estava tentando ver se eu poderia
falar sem as minhas mãos. Eu não consigo."
O que dizer sobre as mãos...
se eu colocar essa perna para o outro lado, e a outra
perna sobre essa que é o jeito que eu sento no meu quarto
quanto eu não estou falando... Se eu colocar sobre a
outra perna, daí algo vai mal, eu não me sinto
em casa. Então
, o jeito que eu me sento, o jeito como eu movo minhas mãos,
é um envolvimento total. Não é apenas falar com uma
parte de mim; tudo em mim está envolvido nisso.
E só então você pode
encontrar a valor intrínseco de cada ato. Caso contrário
você tem que viver uma vida de tensão, estendida entre
aqui e ali, esse e aquele objetivo distante.
Os pseudo religiosos dizem,
"Claro, essa vida é só um meio você não pode se
envolver totalmente; é só uma prova pela qual você tem
que passar. Não é algo valioso, é só um degrau. O real
está lá, bem distante." E assim sempre permanece
distante. Onde quer que você esteja, o que é real está
sempre distante. Então onde quer que você esteja, você
estará perdendo a vida.
Eu não tenho um objetivo.
Quando eu estava na universidade eu costumava ir para uma
caminhada de manhã, à noite, a qualquer hora... De manhã
e de noite absolutamente, mas se tivesse outro tempo
disponível, eu iria também para uma caminhada, porque o
lugar, as árvores, as ruas eram tão lindas, e cobertas
com árvores tão grandes de ambos os lados que até mesmo
no alto verão havia sombras nas ruas.
Um dos meus professores que
gostava muito de mim costumava me assistir: que alguns
dias eu ia por uma rua, e outros dias eu ia por outra rua.
Havia um pentágono em frente ao portão da universidade,
cinco ruas indo para cinco direções, e ele vivia muito
perto de lá; na última instalação perto do portão.
Ele me perguntou, "As vezes você vai por essa rua,
as vezes por aquela rua. Para onde você vai?" Eu
disse, "Eu não vou a lugar algum. eu simplesmente
vou caminhar."
Se você está indo para
algum lugar então certamente você continuará indo pela
mesma rua; mas eu não estava indo a lugar algum, isso era
só parte da minha excentricidade. Eu ia para o pentágono
e eu costumava ficar lá de pé parado por alguns
instantes. Isso o deixava mais intrigado: como eu decidia?
o que eu fazia ficando lá de pé? Eu costumava decidir
dependendo para onde o vento estivesse soprando. Para onde
quer que o vento estivesse soprando era para lá que eu
iria; esse era o meu destino. "Então às
vezes," ele dizia, "Você vai pela mesma rua por
uma semana continuamente; às vezes você vai só um dia,
e no dia seguinte você muda. O que você faz lá? E como
você decide?" E eu disse a ele, "É muito
simples. Eu fico lá de pé e eu sinto' qual rua me chama,
para onde o vento está soprando. Eu vou com o vento. E é
lindo ir com o vento. Trotando, correndo, o que quer que
eu queira fazer. E o vento está lá, fresco, disponível.
Então, é assim que eu decido."
A vida não é ir para
algum lugar. É apenas um 'ir para uma caminhada matinal'.
Escolha para onde quer que todo seu ser esteja fluindo,
para onde o vento esteja soprando. Vá por esse caminho o
mais longe que ele puder lhe levar, e nunca espere
encontrar qualquer coisa. Por isso que eu nunca fui
surpreendido, porque eu nunca estive esperando nada. Então
a questão não é o que me surpreende: tudo é uma
surpresa. E não existe desapontamento: tudo é
contentamento. Se for assim, bom; se não for assim,
melhor ainda.
Uma vez entendido que viver
momento a momento é tudo o que significa religião, então
você entenderá o porque de eu dizer em abandonar essa idéia
de Deus, céu e inferno, e toda essa baboseira. Só
precisa abandonar isso completamente por causa disso,
estando carregado com tantos conceitos você está sendo
impedido de viver momento a momento. Viva a vida em uma
unidade orgânica. Nenhum ato deveria ser parcial, você
deveria estar inteiramente envolvido nisso.
Uma estória Zen.
Um rei muito curioso,
querendo saber sobre o que essas pessoas fazem em um
mosteiro, perguntou, "Quem era o Mestre mais
famoso?"
Descobrindo que o Mestre
mais famoso daqueles tempos era Nan-in, ele foi ao
mosteiro dele. Quando ele entrou no mosteiro ele encontrou
um lenhador. Ele o perguntou, "O mosteiro é grande,
onde eu encontro Mestre Nan-in?"
O homem fechou os olhos e
pensou por alguns instantes, e ele disse, "Agora você
não conseguirá encontrá-lo."
O rei disse, "Por que
eu não conseguirei encontrá-lo agora? Você sabe que eu
sou o imperador?"
Ele disse, "Isso é
irrelevante. Quem quer que você seja, isso é problema
seu, mas eu lhe garanto que você não conseguirá encontrá-lo
agora."
"Ele saiu?"
perguntou o rei.
"Não, ele está
ai," respondeu o lenhador.
O rei disse, "Mas ele
está trabalhando, está em alguma cerimônia, ou em
isolamento? Qual é o problema?
O homem disse, "Ele
está agora cortando lenha na sua frente. E quando eu
estou cortando lenha, eu sou só um lenhador. Agora, onde
está Mestre Nan-in? Eu sou só um lenhador. Você terá
que esperar."
O imperador pensou,
"Esse homem é maluco, simplesmente maluco. Mestre
Nan-in cortando lenha?
Ele foi em frente, e deixou
o lenhador para trás. Nan-in continuou cortando madeira.
O inverno estava chegando,e precisava-se estocar lenha. O
imperador poderia esperar, mas o inverno não esperaria. O
imperador esperou por uma hora, duas horas - e então pela
porta dos fundos veio Mestre Nan-in, em seu traje de
Mestre. O rei olhou para ele. E ele se parecia com o
lenhador, mas o rei curvou-se.
O Mestre sentou-se, e
perguntou, "Por que você dificultou tanto a sua
vinda até aqui?"
O rei disse, "Tem
muitas coisas, mas deixarei as perguntas para depois.
Primeiro eu quero saber: você é o mesmo homem que estava
cortando lenha?"
Ele disse, "Agora eu
sou Mestre Nan-in. Eu não sou o mesmo homem; tudo se
transformou. Agora eu estou aqui sentado como Mestre
Nan-in. E você pergunte como um discípulo, com
humildade, receptividade. Sim, um homem muito, muito
parecido comigo estava cortando lenha, mas aquele era o
lenhador. O nome dele também é Nan-in."
O rei ficou tão intrigado
que foi embora sem perguntar o que ele tinha vindo
perguntar. Quando ele voltou para a corte, seus assessores
perguntaram o que tinha acontecido.
Ele disse, "O que
aconteceu é melhor ser esquecido. Esse Mestre Nan-in
parece ser absolutamente insano! Ele estava cortando lenha
e disse, ‘Eu sou o lenhador e Mestre Nan-in não está
disponível no momento.’ Então o mesmo homem veio em
trajes de Mestre e eu o perguntei, e ele disse, ‘Um
homem parecido estava cortando lenha, mas ele era o
lenhador; Eu sou o Mestre.”
Um dos homens da corte
disse, "Você perdeu o ponto do que ele estava
tentando lhe dizer - que quando ele corta lenha ele está
totalmente envolvido nisso. Nada é deixado que possa ser
parte de Mestre Nan-in; nada é deixado, ele é apenas um
lenhador." E na linguagem Zen, que é difícil de se
traduzir, ele não dizia exatamente que "Eu sou um
lenhador", ele dizia, "Agora a lenha esta sendo
cortada não um lenhador porque não há nem mesmo espaço
para o lenhador." É simplesmente lenha sendo
cortada, e ele está tão envolvido nisso, que é só
lenha sendo cortada: o corte da lenha está acontecendo. E
quando ele vem como Mestre, claro, é em uma qualidade
diferente. As mesmas partes estão agora num diferente
acordo.
Assim, em cada ação você
é uma pessoa diferente, se você envolve-se totalmente
nisso. Buddha costumava dizer, "É como a chama de
uma vela que parece ser a mesma, mas nunca é a mesma nem
sequer por dois momentos consecutivos. A chama está
continuamente se tornando fumaça, e nova chama está
surgindo. A velha chama está indo, a nova chama está
chegando. A vela que você acendeu a noite não é a mesma
vela que você assoprará pela manhã. Esta não é a
mesma chama que havia começado; aquela já se foi, ninguém
sabe para onde. É apenas a semelhança da chama que lhe
deu a ilusão de que esta é a mesma chama."
O mesmo acontece com o seu
ser. É uma chama. É um fogo. A cada momento o seu ser
está mudando, e se você se envolver totalmente em
qualquer ação você verá como a mudança acontece em
você - cada momento um novo ser, e um novo mundo, e uma
nova experiência. Tudo de repente se torna tão cheio de
novidade que você nunca vê a mesma coisa duas
vezes.
Então, naturalmente, a
vida se torna um mistério contínuo, uma surpresa contínua.
Em cada passo um novo mundo se abre, de tremendo
significado, de um êxtase incrível. E quando a morte
chega, a morte também não é vista com algo separado da
vida. É parte da vida, não um fim da vida. É exatamente
como os outros acontecimentos: o amor aconteceu, o
nascimento aconteceu. Você era uma criança, e então sua
infância desapareceu; você se tornou jovem, e então sua
juventude desapareceu; você se tornou velho, e então a
velhice desapareceu - quantas coisa já aconteceram! Por
que você não permite que a morte também aconteça assim
como os outros incidentes? E, na verdade, a pessoa que
viveu a vida momento a momento, vive a morte também, e
descobre que todos os momentos da vida podem ser postos de
um lado e que o momento da morte pode ser posto do outro
lado, e ainda assim pesa mais. Em todos os sentidos pesa
mais porque é a vida toda condensada; e algo a mais é
adicionado à ela, o qual nunca foi disponível a você.
Uma nova porta se abre, com toda a vida condensada: uma
nova dimensão se abre.
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