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A
Consciência de Si Mesmo
“Este sutra diz respeito à consciência:
‘Incenso é criar o fogo da consciência em si mesmo’
– criar o fogo da consciência em
si mesmo!
Primeiro é preciso
entender o que se quer dizer por consciência. Você está
caminhando; você está consciente de muitas coisas: das
lojas, das pessoas passando por você, do tráfego, de tudo.
Você está consciente de muitas coisas, apenas de uma coisa
você está inconsciente: de você mesmo. Você está
caminhando na rua: você está consciente de muitas coisas;
você só não está consciente de si mesmo! Essa consciência
de si Gurdjeff chamava ‘lembrança de si’. Gurdjeff
dizia, ‘Constantemente, onde você estiver, lembre-se de
si mesmo.’
Por exemplo, você está
aqui. Você está me ouvindo, mas você não está
consciente de quem está ouvindo, você não está
consciente de si mesmo. Você pode estar consciente de quem
está falando, mas você não está consciente daquele que
está ouvindo. Esteja consciente de quem está ouvindo.
Sinta a si mesmo aqui;
você está
aqui. Por um momento um vislumbre surge, e novamente você
se esquece. Tente!
O que quer que você
esteja fazendo, continue internamente fazendo uma coisa sem
interromper: esteja consciente de si mesmo ao fazer aquilo.
Você está comendo: esteja consciente de si mesmo. Você
está caminhando: esteja consciente de si mesmo. Você está
ouvindo, ou está falando: esteja consciente de si mesmo.
Quando você estiver com raiva, esteja consciente de que você
está com raiva. No exato momento em que a raiva estiver
ali, esteja consciente de que você está com raiva. Essa
constante lembrança de si cria uma energia sutil – uma
verdadeira energia sutil dentro de você. Você começa a
ser um ser cristalizado.
Normalmente, você é
apenas um saco frouxo. Nenhuma cristalização, nenhum
centro realmente – apenas uma liquidez, apenas uma frouxa
combinação de muitas coisas sem qualquer centro – uma
multidão, constantemente se modificando e se mudando, sem
qualquer mestre interior. Por consciência se quer dizer:
seja um mestre! E quando eu digo ‘Seja um mestre’, eu não
quero dizer seja um controlador. Quando eu digo ‘Seja um
mestre’, eu quero dizer, seja uma presença – uma presença
contínua. O que quer que você esteja fazendo ou não
fazendo, uma coisa precisa estar constantemente em sua
consciência: que você é.
Este simples sentir a si
mesmo, sentir que se é, cria um centro – um centro de
quietude, um centro de silêncio, um centro de mestria
interior – um poder interno. E quando eu digo ‘um poder
interno’ eu quero dizer isso literalmente. É por isso que
esse sutra diz ‘o fogo da consciência’. Ela é um fogo.
Ela
é um fogo! Se você começar a estar consciente,
você começará a sentir uma nova energia em você – um
novo fogo, uma nova vida. E por causa dessa nova vida, novo
poder, nova energia, muitas coisas que estavam dominando você
simplesmente se dissolvem. Você não tem que brigar com
elas.
Você só tem que brigar
com sua raiva, sua cobiça, seu sexo, porque você é fraco.
Assim, na verdade, a cobiça, a raiva e o sexo não são os
problemas. A fraqueza é o problema. Uma vez que você
comece a ficar forte internamente, com a percepção da
presença interna que você
é, as suas energias se tornam concentradas,
cristalizadas num único ponto e um Eu nasce. Lembre-se, não
um ego, mas um Eu nasce. O ego é um falso entendimento do
Eu. Sem ter algum Eu, você continua acreditando que você
tem um Eu. Isso é o ego. Ego significa um falso eu. Você não
é um Eu, e ainda assim você acredita que você é um Eu.
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Maulungputra, um buscador da verdade, foi até
Buda. Buda lhe perguntou, ‘O que você está
procurando?’
Maulungputra disse, ‘Eu estou procurando o meu
Eu. Ajude-me!’
Buda pediu-lhe para fazer uma promessa: tudo o que
lhe fosse dito, ele teria que fazer. Maulungputra começou
a chorar e disse, ‘Como eu posso prometer? ‘Eu’ não
sou. ‘Eu’ ainda não sou. Como posso prometer? Eu não
sei o que serei amanhã. Eu não tenho qualquer Eu que
possa prometer, por isso, não me peça o impossível. Eu
tentarei. Eu posso dizer no máximo isso: eu tentarei. Mas
eu não posso dizer que tudo o que você diga eu farei,
porque quem
fará isso? Eu estou à procura daquele que pode prometer
e que possa cumprir uma promessa. ‘Eu’ ainda não
sou.’
Buda disse, ‘Maulungputra, foi para ouvir isso
que eu formulei aquela questão. Se você tivesse
prometido, eu o teria mandado ir embora. Tivesse você
dito, ‘Eu prometo que farei isso.’ Eu teria sabido que
você não está realmente à procura do Eu, porque um
buscador precisa saber que ‘ele’ ainda não é. Senão,
qual o propósito da procura? Se você já é, não há
necessidade. Você não é! E se isso pode ser percebido,
então o ego evapora.’
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O ego é uma falsa noção de algo que não existe
em absoluto. ‘Eu” significa um centro que pode
prometer. Esse centro é criado por estar continuamente
consciente, constantemente consciente. Esteja consciente
de que você está fazendo alguma coisa – de que você
está sentado, que agora você está indo dormir, que
agora o sono está chegando, que você está caindo no
sono. Tente estar consciente em todo momento, e então você
começará a sentir que um centro nasceu dentro de você,
as coisas começaram a cristalizar, um centramento está
ali. Tudo agora se relaciona a um centro.
Nós estamos sem
centros. Algumas vezes nós nos sentimos centrados, mas
aqueles são momentos em que a situação torna você
consciente. Se de repente existe uma situação, uma situação
muito perigosa, você começa a sentir um centro em você
porque no perigo você se torna consciente. Se alguém vai
matá-lo, naquele momento você não pode pensar, naquele
momento você não pode estar inconsciente. Toda a sua
energia está centrada, e aquele momento se torna sólido.
Você não pode se voltar para o passado, nem pode se
voltar para o futuro. Este exato momento se torna tudo. E
então você está consciente não apenas do matador: você
se torna consciente de si mesmo – daquele que está
sendo morto.
Naquele momento
penetrante você começa a sentir um centro dentro de si
mesmo. É por isso que os jogos perigosos exercem atração.
Pergunte a alguém que está indo escalar o topo do
Gourishankar, do Monte Everest. Quando pela primeira
Hillary foi até lá, ele deve ter sentido um centro
subitamente. E quando pela primeira vez alguém chegou à
Lua, uma súbita sensação de um centro deve ter
ocorrido. É por isso que o perigo atrai. Você está
dirigindo um carro e vai aumentando mais e mais a
velocidade, até que a velocidade se torna perigosa. Então
você não consegue pensar; os pensamentos param. Então
você não pode sonhar, não pode imaginar. Então o
presente se torna sólido. Em tal momento perigoso, quando
a qualquer momento a morte é possível, de repente você
fica consciente de um centro em si mesmo. O perigo somente
atrai porque em perigo você algumas vezes se sente
centrado.
Nietzsche disse em
algum lugar que a guerra deveria continuar porque somente
na guerra um Eu às vezes é sentido – um centro é
sentido – porque guerra é perigo. E quando a morte se
torna uma realidade, a vida se torna intensa. Quando a
morte está bem próxima, a vida se torna intensa e você
fica centrado. Em qualquer momento em que você se torna
consciente de si mesmo, existe um centramento. Mas se isso
é situacional, então quando a situação se desfaz
aquilo desaparece.
Isso não deve ser
apenas situacional. Isso deve ser mais interno. Assim,
tente estar consciente em toda atividade comum. Quando
sentar em sua cadeira, tente isso: esteja consciente de
quem está sentado. Não apenas da cadeira, não apenas do
quarto, da atmosfera ao redor, esteja consciente daquele
que está sentado. Feche seus olhos e sinta você mesmo;
pesquise profundamente e sinta você mesmo.
Herrigel estava
aprendendo com um Mestre Zen. Por três anos
continuamente, ele esteve aprendendo a arte de manejar o
arco. E o Mestre sempre lhe dizia, ‘Está bom. Tudo o
que você está fazendo está bom, mas ainda não é o
bastante.’ Herringel tornou-se um arqueiro mestre. A sua
pontaria tornou-se cem por cento perfeita, e ainda assim o
Mestre lhe dizia, ‘Você está indo bem, mas ainda não
o bastante.’
‘Com uma pontaria
cem por cento perfeita!’ disse Herrigel. ‘Então, o
que você espera? Como eu posso agora ir mais adiante? Com
cem por cento de precisão, como você pode esperar algo
mais?’
Conta-se que o Mestre
Zen lhe disse, ‘Eu não estou me referindo à sua arte
de manejar o arco, nem à sua pontaria. Eu estou me
referindo a você. Tecnicamente você se tornou perfeito.
Mas quando a sua flecha deixa o arco, você não está
consciente de si mesmo, então tudo isso é fútil. Eu não
estou interessado na flecha alcançando o alvo. Eu estou
interessado em você! Quando a flecha no arco é lançada,
internamente também a sua consciência deve ser lançada.
E mesmo se você errar o alvo, isso não faz diferença
alguma, mas o alvo interior não deve ser errado, e você
o está errando. Você se tornou tecnicamente perfeito,
mas você é um imitador.’ Mas para uma mente ocidental
ou, na verdade, para uma mente moderna (e a mente
ocidental é a mente moderna), é muito difícil se
conceber isso. Isso parece tolice. A arte do manejo do
arco diz respeito a uma eficiência em se ter uma mira
muito particular.
Aos poucos Herringel
foi ficando desapontado e um dia ele disse, ‘Agora estou
indo embora. Isso parece impossível. Isso é impossível!
Quando você está mirando em algo, a sua consciência vai
ao seu alvo, ao objeto, e se você quiser ser um arqueiro
bem sucedido você terá que se esquecer de si mesmo –
para se lembrar apenas da pontaria, do alvo, e esquecer o
resto. Somente o alvo deve estar ali.’ Mas o Mestre Zen
estava continuamente forçando-o a criar um outro alvo
interno. Este arco deve ser usado para atirar em dupla
direção: apontando para o alvo externo e continuamente
apontando em direção ao interno – o Eu.
Herrigel disse,
‘Agora eu me vou. Isso parece impossível. A sua condição
não pode ser satisfeita.’ E no dia em que estava
partindo, ele estava sentado. Ele veio para despedir-se do
Mestre, e o Mestre estava apontando para um outro alvo.
Outra pessoa estava aprendendo e pela primeira vez
Herrigel não estava envolvido. Ele estava sentado e só
estava ali para se despedir. No momento em que o Mestre
terminasse sua aula ele iria se despedir e partir. Pela
primeira vez, ele não estava envolvido.
Mas então, de
repente, ele tomou consciência do Mestre e da consciência
duplamente direcionada do Mestre. O Mestre estava mirando.
Por três anos continuamente ele esteve com o mesmo
Mestre, mas ele estava mais interessado em seu próprio
esforço. Ele nunca viu realmente esse homem – o que ele
estava fazendo. Pela primeira vez ele viu e percebeu, e de
repente, espontaneamente, sem qualquer esforço, ele veio
até o Mestre, pegou o arco de suas mãos, mirou o alvo e
lançou a flecha. E o Mestre disse, ‘O.K.! Pela primeira
vez você conseguiu. Eu estou feliz.’
O que ele fez?Pela
primeira vez ele estava centrado em si mesmo, o alvo
estava lá, mas ele também estava lá – presente.
Assim, tudo o que você estiver fazendo, tudo – não
precisa ser a arte de manejo de arco: tudo o que você
estiver fazendo, até mesmo o simples estar sentado –
esteja duplamente direcionado. Lembre-se do que está
acontecendo do lado de fora e também se lembre de quem
está dentro. (....)
Não me pergunte
‘Quem sou eu?’ Feche os olhos, vá para dentro e
descubra quem está perguntando, quem é esse
questionador. Esqueça de mim. Descubra a fonte da
pergunta. Vá profundamente para dentro. (....)
Isto tem que ser
descoberto e consciência significa o método para se
descobrir esse centro mais interno. Quanto mais
inconsciente você for, mais distante você estará de si
mesmo. Quanto mais consciente, mais próximo de alcançar
a si mesmo. Se a consciência for total, você estará no
centro. Se a consciência for menor, você estará próximo
da periferia. Quando você está inconsciente você está
na periferia, onde o centro é completamente esquecido.
Assim, essas são as duas possibilidades de se mover.
Você pode se mover
para a periferia; então você se move para a inconsciência.
Sentado diante de um filme, sentado em algum lugar ouvindo
uma música, você pode esquecer-se de si mesmo; então
você está na periferia. Mesmo me ouvindo, você pode
esquecer-se de si mesmo. Então, de novo, você está na
periferia. Lendo o Gita ou a Bíblia ou o Corão, você
pode esquecer-se de si mesmo. Então você está na
periferia.
Tudo o que você
fizer, se você puder lembrar-se de si mesmo, então você
estará próximo do centro. Até que um dia, de repente,
você estará centrado. Então você terá energia. Essa
energia, esse sutra diz, é o fogo. Toda a vida, toda a
existência, é energia, é fogo. Fogo é um nome velho;
agora eles chamam isso de eletricidade. O homem rotulou
isso com muito nomes, mas fogo é um bom nome.
Eletricidade parece um pouco morto; fogo parece mais vivo.
Esse fogo interno, o sutra diz, é o incenso. Quando alguém
vai a um culto, leva algum incenso, dhoop,
com ela. Aquele dhoop,
aquele incenso, é sem utilidade a não ser que você
tenha vindo com seu fogo interno como sendo o incenso.
(.....)
Aja atentamente. Esta
é uma jornada longa e árdua e é difícil estar
consciente até mesmo por um simples momento. A mente está
constantemente batendo as asas. Mas isso não é impossível.
Isso é árduo, isso é difícil, mas não é impossível.
É possível! Para todo mundo isso é possível. Somente
esforço é necessário – um esforço com todo o coração.
Nada pode ser deixado para trás: nada internamente deve
ser deixado sem ser tocado. Tudo deve ser sacrificado pela
consciência. Somente então a chama interna será
descoberta. Ela está ali. Se alguém descobrir a unidade
essencial entre todas as religiões que já existiram ou
que ainda possam existir, então essa simples palavra
‘consciência’ será a descoberta. (....)
Consciência é a técnica
para se centrar, para alcançar o fogo interno. Ele está
ali dentro. E uma vez que ele seja descoberto, somente então
nós somos capazes de entrar no templo – não antes,
nunca antes.
Mas nós podemos
enganar a nós mesmos com os símbolos. Os símbolos
existem para nos mostrar realidades profundas, mas nós
podemos usá-los como fraudes. Nós podemos queimar um
incenso externo, nós podemos adorar objetos externos, e
então nos sentirmos à vontade, achando que fizemos
alguma coisa. Podemos nos sentir religiosos sem que
sejamos absolutamente religiosos. Isso é o que está
acontecendo; é nisso que a terra se tornou. Todo mundo
pensa que é religioso só porque está seguindo símbolos
externos, sem qualquer fogo interno.
Continue fazendo esforços
mesmo se você fracassar. Você está no começo. Você irá
fracassar mais vezes, mas mesmo o seu fracasso irá ajudá-lo.
Quando você fracassa ao tentar ser consciente por um
simples momento, você sente pela primeira vez o quanto
você é inconsciente.
Caminhando ao longo da
rua, você não consegue dar alguns poucos passos sem cair
na inconsciência. De novo você se esquece de si mesmo.
Você começa a ler um letreiro e esquece de si mesmo.
Alguém passa, você olha e então esquece de si mesmo.
Os seus fracassos serão
úteis. Eles lhe mostrarão o quanto você é
inconsciente. E mesmo se puder se tornar consciente de que
você é inconsciente, você terá ganho uma certa consciência.
Se um louco se tornar
consciente de que ele é louco, já estará no caminho da
sanidade.”
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OSHO
-
The
Ultimate
Alchemy
-
Vol. 2 - Capítulo #1 -
Palestras
sobre Atma Pooja Upanishad.
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
©
2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos
os direitos reservados
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