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Consciência:
a Porta de Entrada para o Éden
"Para a
filosofia, muitos são os problemas – infinitos. Mas para
a religião só existe um problema, e esse problema é o próprio
homem. Não é que o homem tenha problemas, mas o homem é o
problema. E por que o homem é o problema?
Os animais não são problemas. Eles são tão
inconscientes, felizes inconscientes, ignorantes, que não há
qualquer possibilidade de existir alguma consciência de
problemas. Os problemas existem, mas os animais não estão
conscientes deles. Não existem problemas para os deuses
porque eles estão totalmente conscientes. Quando a mente é
uma consciência total, os problemas simplesmente
desaparecem como a escuridão. Mas para o homem existe angústia.
O próprio ser do homem, a própria existência do homem, é
um problema, porque o homem existe entre esses dois reinos:
o reino dos animais e o reino dos deuses.
O homem existe como uma ponte entre dois infinitos: o
infinito da ignorância e o infinito do conhecer. O homem não
é animal nem é divino. Ou, o homem é ambos – animal e
divino; esse é o problema. O homem é uma existência
suspensa – algo incompleto, algo que ainda está para ser
– está tornando-se, não é um ser.
Os animais têm ser. O homem é um tornando-se. Ele não
é. Ele apenas está tornando-se. O homem é um processo. O
processo está incompleto. Ele deixou o mundo da ignorância
e ainda não alcançou o mundo do conhecimento. O homem está
no meio. Isso cria o problema, a tensão, a angústia e o
constante conflito.
Existem apenas duas
maneiras para se estar em paz, para estar sem problemas: uma
é retroceder, retornar, ir de volta ao mundo dos animais; o
outro é transcender, ir para frente e ser parte do Ser
Divino. Ser animal ou deus: essas são as duas alternativas.
Retroceder é fácil,
mas será uma coisa temporária – porque uma vez que você
tenha crescido, não conseguirá retroceder permanentemente.
Você pode retornar por um momento, mas em seguida você será
novamente jogado para frente, porque realmente não existe
caminho de volta. Não há realmente possibilidade alguma de
retroceder. Você não consegue ser uma criança novamente,
se você já se tornou um jovem adulto, e você não
consegue se tornar jovem novamente se você já se tornou
velho. Se você conhece algo, então você não consegue
retroceder ao estado em que você era ignorante. Você não
consegue voltar, mas por um momento você pode esquecer o
presente e reviver o passado em sua memória, em sua mente.
Assim, o homem pode
retornar ao nível animal. Estar feliz, mas temporariamente.
Essa é a razão porque os tóxicos, as drogas e o álcool
atraem tanto. Quando você se torna inconsciente através de
alguma química, você retrocede por um momento. Durante um
tempo você não é um homem, você não é um problema. Você
é novamente parte do mundo dos animais, da existência
inconsciente. Nesse tempo você não é um homem, é por
isso que não existem problemas.
A humanidade tem estado
constantemente descobrindo coisas desde o soma
rasa até o LSD a fim de esquecer, de retornar, de ser simplesmente como
criança, para recuperar a inocência animal, para estar sem
problemas: isto é, ser sem humanidade, porque para mim
humanidade significa ser um problema. Esse retrocesso, esse
retorno, é possível, mas apenas temporariamente. Você
voltará de novo, você será um homem novamente, e os
mesmos problemas estarão ali de pé, esperando por você.
Melhor dizendo, eles estarão mais acentuados. A sua ausência
não vai dissolvê-los. Então se cria um círculo vicioso.
Quando você estiver
de volta e consciente, terá que encarar problemas que se
tornaram mais complicados por causa de sua ausência. Eles
cresceram. Então você terá que se esquecer de si
novamente, e toda vez que você esquecer e retornar, os seus
problemas crescerão: você terá que encarar a sua
humanidade novamente. Não se consegue escapar desse jeito.
Pode-se enganar a si mesmo, mas não se consegue escapar
desse jeito.
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A outra alternativa é
árdua: é crescer para ser um Ser.
Quando eu digo ‘retornar’, eu quero dizer tornar-se
inconsciente – perder a pequena consciência que nós
temos. Quando eu digo ‘ser um Ser’, eu quero dizer perder a inconsciência e ser totalmente
consciente.
Da maneira como somos, somente uma parte é
consciente – somente um fragmento muito pequeno do Ser
é consciente, e todo o continente remanescente é apenas
escuridão. Uma pequena ilha é consciente, e todo o
continente, a terra firma, está debaixo da escuridão.
Quando essa pequena ilha também se torna escura, você
retornou, retrocedeu. Essa ignorância é feliz porque
agora você não está consciente dos problemas. Os
problemas estão ali, mas você não está consciente.
Assim, pelo menos para você, parece que não existem
problemas. Esse é o método do avestruz: tampe seus olhos
e o seu inimigo não existe porque você não pode vê-lo
– essa infantilidade, essa lógica juvenil diz que
quando você não consegue ver algo – ele não existe; a
não ser que você veja algo, ele não existe. Assim, se
você não consegue sentir os problemas é porque eles não
existem!
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Quando eu digo ‘ser
um Ser’, para
transcender a humanidade, para se tornar Divino, eu quero
dizer, ser totalmente consciente – ser não apenas uma
ilha, mas todo o continente. Essa consciência irá levá-lo
também além dos problemas, porque os problemas existem
basicamente por causa de você. Os problemas não são
realidades objetivas: eles são fenômenos subjetivos. Você
cria os seus problemas. Você resolve um, e na verdade, ao
resolver aquele um, você terá criado muitos outros,
porque você permanece o mesmo. Problemas não são coisas
objetivas. Eles são parte de você. Porque você é desse
jeito, você cria esses tipos de problemas.
A ciência tenta
resolver os problemas objetivamente, e ela pensa que se não
existirem problemas, o homem estará relaxado. Os
problemas podem ser resolvidos objetivamente, mas o homem
não estará relaxado – porque o próprio homem é o
problema. Se ele resolver alguns problemas, ele criará
outros. Ele é o criador deles. Se você tiver uma
sociedade melhor, os problemas mudarão, mas permanecerão
problemas. Se você tiver uma saúde melhor, melhores
medicamentos, os problemas mudarão, mas permanecerão
problemas.
Quantitativamente
existirão tantos problemas como sempre, porque o homem
permanece o mesmo; somente a situação muda. Você muda a
situação: os velhos problemas não estarão ali, mas
estarão os novos problemas. E os novos problemas são
mais problemáticos do que os velhos, porque você já
estava acostumado aos velhos problemas.
Com os novos problemas
você sentirá mais dificuldade. É por isso que em nossos
tempos, nós mudamos toda a nossa situação, mas os
problemas persistem – mais fatais e criando mais
ansiedade.
Essa é a diferença
entre a religião e a ciência. A ciência pensa que os
problemas são objetivos, eles estão em algum lugar do
lado de fora e podem ser mudados sem mudar você. A religião
pensa que os problemas estão aqui do lado de dentro, em
mim – melhor dizendo, eu sou o problema. A não ser que
eu mude, nada será diferente. As formas serão
diferentes, os nomes serão diferentes, mas a substância
permanecerá a mesma. Eu criarei um outro mundo de
problemas; eu continuarei projetando novos
problemas.
Este homem,
inconsciente de seu próprio ser, inconsciente de si
mesmo, é o criador de problemas. Não sabendo quem ele é,
o que ele é, sem qualquer conhecimento de si mesmo, ele
continua criando problemas – porque, a não ser que você
conheça a si mesmo, não poderá saber para que você
existe e vive, não poderá saber para onde terá que se
mover, não conseguirá sentir qual é o seu destino e
nunca conseguirá perceber qualquer significado. Você
continuará fazendo muitas coisas, mas no final tudo levará
você à frustração – porque se você fizer qualquer
coisa sem saber por que razão você existe, para que você
existe, aquilo não irá lhe dar um satisfação profunda.
Aquilo será irrelevante. O verdadeiro alvo será perdido,
o seu esforço será desperdiçado. E, no final, qualquer
um ficará frustrado. Aqueles que são bem sucedidos estarão
mais frustrados do que aqueles que não alcançaram
sucesso, porque para estes ainda restam esperanças. Mas
para aqueles que foram bem sucedidos, não lhes resta nem
mesmo a esperança. O caso deles se torna desesperador.
Por isso eu digo que não há maior fracasso do que o
sucesso.
A religião pensa em
termos de subjetividade, a ciência em termos de
objetividade: ‘Mude a situação; não toque no
homem.’ A religião diz, ‘Mude o homem; a situação
é irrelevante.’ Qualquer que seja a situação, uma
mente diferente, um ser transformado, estará além dos
problemas. É por isso que um Buda pode existir em
absoluta paz como um mendigo, e um Midas não consegue
viver em paz, nem mesmo tendo com ele o milagre alquímico
- qualquer coisa que ele tocava se tornava ouro. A situação
com Midas se tornava dourada; tudo que ele tocava se
tornava ouro. Mas isso não muda coisa alguma. Melhor
dizendo, Midas está numa situação problemática muito
mais complicada.
Agora, o nosso mundo
criou, através da ciência, uma situação Midas. Nós
podemos tocar qualquer coisa e transformá-la
em ouro. Um
Buda
vivendo como mendigo vive numa paz e silêncio tão
profundos que os imperadores sentem inveja dele. Qual é o
segredo? A ênfase no homem – no interior do homem –
é significante, não a situação. Assim você deve mudar
o lado interno do homem. E só existe uma mudança: se você
crescer em sua consciência, você muda, você se
transforma. Se você tem uma queda em sua consciência, de
novo você muda, se transforma. Mas se a sua consciência
for diminuída, você cai em direção aos animais. Se a
sua consciência for ampliada, você se move em direção
aos deuses.
Este é o único
problema para a religião: como ampliar a consciência. É
por isso que a religiões tem sido sempre contra as
drogas. A razão não é moral nem ética – não!. Os
chamados moralistas puritanos têm dado um colorido muito
errado a toda essa coisa. Para a religião, não é uma
questão de moralidade se alguém fizer uso de drogas.
Isso não é uma questão de moralidade, em absoluto,
porque a questão da moralidade somente surge quando eu
entro em contato com um outro alguém.Se eu faço uso de
álcool e me torno inconsciente, essa não é uma questão
de um outro alguém. Eu estou fazendo algo comigo mesmo. A
violência é uma questão de moralidade, não o álcool.
Até mesmo se eu prometer encontrá-lo numa determinada
hora e não aparecer, isso será imoral porque alguém
mais estava envolvido. O álcool pode se tornar uma questão
moral se uma outra pessoa estiver envolvida, caso contrário
não será uma questão moral definitivamente. É algo que
você faz consigo mesmo. Para a religião isso não é uma
questão moral. Para a religião a questão é mais
profunda: a questão é ampliar ou reduzir a consciência.
Uma vez que você
tenha o hábito de cair na inconsciência, será mais e
mais difícil ampliar sua consciência. Isso vai se tornar
mais difícil porque o seu corpo não irá lhe dar suporte
na ampliação da consciência. Ele irá lhe dar suporte
na sua queda. O próprio metabolismo de seu corpo ajudará
a você a ficar inconsciente. Ele não o ajudará a estar
consciente. E qualquer coisa que se torne uma barreira
para você estar mais consciente, isso é um problema
religioso, não um problema moral.
Assim, algumas vezes
acontece de você encontrar uma pessoa alcoólatra mais
moral do que uma pessoa não alcoólatra, mas nunca uma
pessoa mais religiosa. Um alcoólatra pode ser mais
compassivo do que um não alcoólatra; ele pode ser mais
amoroso que um não alcoólatra, ele pode ser mais
honesto, mas nunca mais religioso. E quando eu digo
‘nunca mais religioso’, eu quero dizer, nunca uma
pessoa mais consciente e atenta. Esse crescimento em
consciência cria angústia.
(................)
O homem se torna
consciente do futuro, consciente do passado, consciente da
vida, consciente da morte. Kierkgaard chamou essa consciência
de ‘angústia’.Você pode ter uma queda, mas isso será
temporário. De novo você se levantará. Assim, a única
possibilidade é a de crescimento – crescer no conhecer
até o ponto em que você possa dar o salto, porque o
salto só é possível a partir dos extremos. Para um
extremo nós temos que retroceder. Nós podemos fazê-lo,
mas ele é impossível porque não conseguimos permanecer
nele. Nós somos jogados para frente de novo e de novo. A
outra possibilidade é se nós crescermos em consciência,
até o ponto em que estejamos totalmente conscientes, no
qual transcendemos.
Quando a pessoa se
torna totalmente consciente, quando até mesmo essa percepção
de que ‘eu estou consciente’ é abandonada, quando ela
se torna exatamente como animais, quando eles estão
alegres e felizes (eles não sabem que quando você está
totalmente consciente você se torna um deus), se essa
consciência é total, então você está simplesmente
consciente sem
saber que você está consciente. Esta simples
consciência será a porta de entrada, você estará de
novo no Jardim do Éden – não como animais, mas como
deuses. E esse é um processo inevitável. A expulsão de
Adão e a entrada de Jesus é um processo inevitável. A
pessoa tem que ser jogada fora de sua ignorância: este é
primeiro passo. E então ela tem que ser jogada fora de
seu conhecimento: este é o segundo passo.”
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OSHO
-
The
Ultimate
Alchemy -
Vol. 2 - Capítulo #1 -
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
©
2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos
os direitos reservados
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