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O
romance não consegue ser duradouro
Veena
mora na comuna e é editora do Osho. Ela lhe
escreveu uma nota, dizendo que estava se
sentindo muito fechada e se isolando de tudo e
de todos ao seu redor – incluindo Naresh, o
homem com quem ela estava vivendo.
“Esse momento chega para todo
relacionamento. Faz parte da vida. Mais cedo ou
mais tarde, o romance começa a desaparecer, e
romance é um tipo de coisa que não consegue
ser muito duradouro. Ele é muito excitante,
quando existe, mas quando ele se vai, a pessoa
se sente completamente fechada. Porque a
abertura não era sua – ela era decorrente do
toque romântico inicial, da emoção que sempre
vem quando um relacionamento começa. Sempre que
começa um relacionamento, você está cheio de
esperanças. Todas essas esperanças são
falsas. Mas isso não interessa naquela hora.
Todos aqueles sonhos serão desfeitos, mas quem
se importa? Aqueles sonhos são belos e
dourados.
E
quando se está num sonho, ninguém quer ser
acordado, porque acha que está sendo arrancado
de seu belo mundo. Porém, mais cedo ou mais
tarde, o sonho terá que terminar, ele não
consegue continuar para sempre. Sonho algum
jamais continua – é por isso que ele é
chamado de sonho.
Na
Índia nós definimos verdade como aquilo que
permanece para sempre, para sempre e para
sempre. A eternidade dela é a sua essência.
Aquilo que começa e termina é ‘maya’, um
sonho, uma ilusão.
Assim,
todo relacionamento quando começa é belo e poético.
Depois, pouco a pouco, a poesia é perdida
porque você se torna familiarizado com a outra
pessoa, e ela se torna familiarizada com você,
de modo que a novidade já não mais existe; a
sensação já não está mais ali. Nada mais
existe para ser explorado; a exploração
acabou. Então, você começa a viajar pelo
mesmo caminho de novo, de novo e de novo. E isso
cria tédio. Isso cria uma espécie de meditação
transcendental. Você repete um mesmo mantra de
novo, de novo e de novo.
Nada
mantém você acordado, de modo que começa a
ficar sonolento, começa a se fechar. Nada
existe para ver, então por que manter os olhos
abertos? Nada mais existe para experienciar, então
por que estar aberto? A emoção já se foi... A
lua-de-mel acabou. Porém, somente assim alguma
coisa significativa é possível.
Duas possibilidades se abrem quando um
relacionamento morre, quando se esfria. Uma
possibilidade é você trocar de parceiro. Então
você poderá viver novamente um sonho por uns
poucos dias. Mas o problema surgirá de novo, de
modo que essa possibilidade é apenas uma
maneira de transferir o problema para depois,
empurrando-o para mais adiante. Ele não será
resolvido desse jeito. E isso é o que está
acontecendo no ocidente.
Escolha a parte emocionante, o início,
somente a lua-de-mel. Mas isso se torna uma
flutuação. Muitas pessoas entrarão em sua
vida e você flutuará e sonhará. E aos poucos
você verá que aqueles sonhos ocuparam toda a
sua vida e nada aconteceu. Um dia se sentirá
tremendamente frustrado... Essa é a abordagem
mais fácil.
No
oriente nós pensamos de uma outra maneira. Nós
pensamos que quando um relacionamento se esfria,
este é o momento para um verdadeiro
relacionamento começar. Mas então o
relacionamento será uma prosa, não uma poesia.
Ele será da terra, e não abstrato e do céu.
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É preciso ter coragem para seguir
adiante nesse processo. Assim como a primeira
fase passa, a segunda também passará,
lembre-se. Porque tudo o que acontece aqui é
apenas uma fase passageira. Se eu lhe tivesse
dito no começo que esse sonho iria terminar,
você não me escutaria. Você diria,
‘Como?’ Nenhum amante escuta. E fica
parecendo que a pessoa que lhe diz isso é seu
inimigo. Mas agora eu lhe digo que ele passou. O
segundo estágio também passará se você
persistir no relacionamento.
Se dois amantes forem impedidos de se
encontrar, a primeira fase nunca terminará.
Assim os amantes mais afortunados são aqueles
aos quais não se permite encontrar, de maneira
alguma. A primeira fase deles continua porque
nada existe para desfazer o sonho de suas vidas,
e assim eles podem continuar fantasiando. Uma
vez que você se encontra com a pessoa, tem que
caminhar sobre a terra.
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Um dia você terá que voltar para a
terra. Os sonhos não podem ser o seu alimento;
um alimento verdadeiro é necessário. A segunda
fase também é passageira porque é muito difícil
passar por ela. É muito fácil passar pela
primeira porque nada lhe é exigido; não é um
desafio. Na verdade você gostaria de ficar
agarrado a ela. Agora, a segunda fase vai ser um
grande desafio para você. Ela irá repelir, ela
irá forçá-lo de todas as maneiras a abandonar
o relacionamento, a mudar de parceiro e cair de
novo no sonho. Essa é toda a armadilha da
mente. Mas eu gostaria que você continuasse com
o relacionamento.
Lembre-se sempre que a dor é um grande
estimulante e o prazer é um tranquilizante. O
sofrimento ajuda mais que toda felicidade junta.
Um simples momento de sofrimento é mais
valioso do que toda uma vida de satisfação de
prazeres, conforto e conveniências. Por que?
Porque você quer se agarrar ao prazer. Já o
sofrimento você quer jogar fora. Você gostaria
de correr para longe de toda aquela coisa, de
escapar para algum lugar. Mas se você der
prosseguimento, uma certa integração acontecerá
para você.
E exatamente continuando com ele,
permanecendo ali e não escapando nem correndo
para longe, mas encarando-o, você se tornará
forte. Pela primeira vez a alma surgirá em você.
Você sentirá que alguma coisa se ajustou. Você
não é mais simplesmente partes soltas. Todas
as partes chegaram no lugar e formaram um padrão.
Gurdjieff costumava chamar isso de o
verdadeiro nascimento do ego. Antes você tinha
muitos egos, muitos “Eus”. Sempre que uma
pessoa está pronta para encarar um sofrimento,
depois de um sonho desfeito, então esse
sofrimento será tremendamente valioso. Mas você
não consegue ver isso neste exato momento.
Se você passar pelo sofrimento, você o
aceitará como uma parte. Você vivia no sonho,
e agora, quem vai viver, quando o sonho foi
quebrado? Você vivia no palácio, agora vive
nas ruinas – porque todo palácio, mais cedo
ou mais tarde, torna-se uma ruina. E, quando
mais cedo acontecer, melhor, porque então o
desafio surge. Assim, este é o grande desafio
para você.
Passe por ele. Aceite ele também.
Algumas vezes o terreno é muito áspero,
algumas vezes a montanha é muito perigosa para
ser escalada, algumas vezes existem momentos
tristes e infelizes, e puro tédio, mas tudo
isso é a vida. E a pessoa tem que vivê-la em
todas as dimensões.
Assim, a maneira mais fácil é sair do
relacionamento. E logo você começa a sonhar
com um outro alguém.
Eu
não quero sair do relacionamento. Ele é a
melhor parte de minha vida!
Então fique nele, deixe que esta fase
passe também. Ela também passará; nada há
para ser feito.
Sob
certo sentido, o que você está dizendo é
certo. Eu quero dizer, o meu caso amoroso com o
Naresh é bom, mas o meu amor por você e pelas
meditações...
Eu
sinto como se eu estivesse sofrendo há muito
tempo e estivesse tentando observar isso e
manter uma distância. Nenhum de nós sente que
isso é por causa do outro. Nós temos tentado
ajudar um ao outro e nós nos sentimos muito próximos.
Eu
não sei – talvez você consiga ver...
Não, não. Você está tentando enganar.
Você pode não saber... Mas como é possível
que você não saiba? No fundo você deve saber.
Quando o caso amoroso das pessoas está
indo bem, elas ficam muito abertas também para
mim. Mas elas não estão abertas para mim –
elas simplesmente estão abertas para o amor e
para o sonho. Em tal sonho, elas sonham que estão
abertas para mim. Quando o caso amoroso delas
termina, elas também se sentem fechadas para
mim, porque elas nunca estiveram abertas.
Mas, medite sobre isso. Se você pensa
que não existe problema algum entre você e o
Naresh, e se você se sente próxima de mim, então
isso não será difícil; algo pode ser feito.
Mas primeiro você tem que decidir se isso é
entre você e eu... Porque eu não vejo dessa
maneira.
Você está projetando algo como sendo
entre você e eu, de modo que você possa salvar
o Naresh e o relacionamento. Você está
tentando desviar a sua mente. Assim, ao invés
de você ficar com raiva dos seus sonhos, você
fica com raiva das meditações. Você está
jogando todo o peso em cima delas, o que não é
verdade; isso é apenas uma desculpa.
E isso acontece por toda a vida. Nós
nunca definimos exatamente a causa. É dessa
maneira que a miséria continua crescendo. Uma
vez corretamente diagnosticado, noventa e nove
por cento dos problemas desaparecem. (...)
Pense a respeito disso por sete dias e
depois me conte. Mas se você pensa que o que
está causando algum problema para o seu
relacionamento amoroso é este ashram e o fato
de viver aqui, então eu sou sempre a favor do
amor. Esqueça este ashram completamente e
esteja em qualquer lugar que você goste. Mm?
Pense sobre isso de novo."
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OSHO – Beloved of my Heart - 22 de maio
de 1976
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
©
2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos
os direitos reservados
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