Esta
palestra está disponível em vídeo (VCD), com
Osho falando e traduzido com sobreposição de voz.
Tradução e voz em português, por Sw.Anand Nisargan,
disponível
para a venda no site www.oshoinstituto.com.br
Tantos
Salvadores e o Mundo Não-Salvo
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Amado Osho,
Embora
a sua ênfase seja para, como indivíduos,
entrarmos em nós mesmos, a fim de salvarmos a nós
mesmos, suponho que eu ainda seja ingênuo o
bastante, para sentir que o nosso amor, a nossa
dança e a nossa alegria ainda possam salvar
este belo planeta. Por favor, você pode dizer
algo sobre isso?
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Devaprem, a questão é muito
significante, mas muito complexa para se
entender. Você está perguntando, ‘Embora
a sua ênfase seja para, como indivíduos,
entrarmos em nós mesmos, a fim de salvarmos a nós
mesmos, suponho que eu ainda seja ingênuo o
bastante, para sentir que o nosso amor, a nossa
dança e a nossa alegria ainda possam salvar
este belo planeta.’
Isso
pode salvar o belo planeta, mas você não
deveria carregar essa idéia em si, senão ela
destruirá o seu amor, a sua dança e a sua
alegria. Se no fundo você está supondo que ‘
o meu amor, a minha dança e a minha alegria
podem salvar todo o planeta,’ esta é a estratégia
do ego. Você está se tornando um salvador, está
se tornando tão grande que pode salvar todo o
planeta, simplesmente pelo seu amor, sua dança
e sua alegria.
Tente
entender a complexidade. É possível, se indivíduos
estiverem repletos de amor e de alegria, e a
vida deles não forem estorvos, mas uma dança...
Como subproduto, é possível que o planeta seja
salvo - mas como um subproduto – você não
pode obter o mérito de ter salvar o mundo.
Este
é o problema: se você começar a pensar que
está dançando para salvar o mundo, sua dança
é destruída. Então você não está dançando
totalmente, você não está dançando aqui e
agora, sua dança está se tornando um meio para
salvar o mundo. Então seu amor não é um puro
amor – ele é apenas um outro meio, mas o fim
é salvar o mundo. Será mais fácil para você
entender se eu contar um conto Sufi...
Um
mistíco Sufi estava muito repleto de amor e de
alegria – toda a sua vida era gargalhada, música
e dança. E a história diz que Deus ficou muito
interessado nele pois ele nunca pediu nada, ele
nunca orava. Toda a sua vida era uma prece e não
havia necessidade de orar.
Ele
nunca ia a uma mesquita, e nem mesmo proferia o
nome de Deus; toda a sua existência era um
argumento para a presença de Deus. Se alguém
lhe perguntasse se Deus existia ou não, ele
simplesmente ria -
mas a risada não era nem sim, nem não.
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O próprio Deus ficou intrigado com
aquele estranho místico e veio até ele e
disse, ‘Estou imensamente feliz, pois é assim
que eu gostaria que as pessoas fossem – não
que elas devessem orar por uma hora e fazer tudo
contra isso por vinte e três horas. Não que
elas devessem ficar muito respeitosas quando
entrassem na mesquita, e, quando saissem,
deixassem o respeito ali e fossem os seus velhos
seres: raivosos, invejosos, cheios de ansiedade
e violência.
‘Tenho observado você e apreciado.
Esta é a maneira: você se tornou a prece. No
momento, você é meu único argumento no mundo
que algo mais do que o ser humano existe –
embora você nunca tenha argumentado e nem mesmo
pronunciado o meu nome. Essas são coisas supérfluas...
Mas você vive, você ama, você está tão
repleto de alegria que não há necessidade de
nenhuma linguagem; sua própria presença se
torna o argumento da minha existência. Quero
lhe dar uma bênção. Você pode pedir por
qualquer coisa.
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O sábio disse, ‘Mas não preciso
de nada. Sou tão alegre, e não posso conceber
que exista algo mais.
Perdoe-me, mas não posso pedir pois
realmente não preciso de nada. Você é
generoso, amoroso e compassivo, mas estou tão
imensamente repleto, dentro de mim não existe
espaço para mais nada. Você terá que me
perdoar, eu não posso pedir.’
Deus disse, ‘Eu achei que você não
ia pedir, então não peça por você – mas
você pode pedir pelos outros, pois existem milhões
de pessoas miseráveis, doentes, que nunca
conheceram nada pelo qual possam se sentir
gratas. Posso lhe dar poderes de realizar
milagres e você pode mudar a vida de todas
essas pessoas.’
O sábio disse, ‘Se você insiste,
então posso aceitar suas dádivas, com uma
condição.’
Deus disse, ‘Com uma condição?
Você realmente é estranho. Que condição?’
Ele respondeu, ‘Minha condição é
que eu não devo ficar ciente do que estiver
acontecendo através de mim, por você. Isso
deveria acontecer atrás de minhas costas;
deveria acontecer através de minha sombra e não
através de mim. Eu posso estar passando e minha
sombra pode passar por uma árvore morta, e a árvore
pode focar de novo viva – de novo um verde viçoso,
de novo repleta de flores e frutos – mas eu não
deveria saber disso, porque não quero
retroceder.
‘Se eu souber disso – que eu o
fiz, ou mesmo que Deus me escolheu como seu
instrumento para fazê-lo – fica perigoso.
Assim, a minha condição é: um cego pode começar
a ver, mas nem ele deveria saber que é por
minha causa, nem eu deveria saber que é por
minha causa. Minha sombra, atrás de minhas
costas, fará todos os milagres.
‘Se você puder aceitar a minha
condição, e lembre-se de que eu não deverei
saber de forma algum... Pois estou tão repleto
de alegria e tão bem aventurado. Não me
arraste de volta ao mundo miserável. Não me
arraste de volta para me tornar de novo um
‘Eu’’
E diz-se que Deus lhe falou, ‘Você
não é somente estranho, você é único e
raro. E será assim, você nunca saberá que
coisas estão acontecendo à sua volta. Milagres
estarão acontecendo à sua volta – por onde
você for, milagres acontecerão. Nem as pessoas
saberão que você fez aqueles milagres, nem você
saberá que fez aqueles milagres. Eu me
lembrarei da condição.’
Devaprem, existe uma possibilidade: o
indivíduo que atinge a iluminação, a celebração,
inevitavelmente afetará todo o destino da
humanidade. Mas isso será um subproduto.
Acontecerá atrás de suas costas, através de
sua sombra e não por você. Mesmo supor é
perigoso, pois essa suposição pode lhe dar o
ego e pode destruir a sua alegria e a sua dança.
E se a sua alegria, o seu amor e a sua dança
forem destruídos, então não haveria nenhum
subproduto para salvar o planeta.
Nenhum de meus sannyasins deveria ser
salvador.O mundo conheceu muitos salvadores e o
mundo não está salvo. E a razão é que eles não
estavam tão alertas quanto o místico Sufi;
eles começaram a se gabar de seus milagres,
começaram a alimentar os seus egos através de
seus milagres. Então, os seus milagres se
tornaram apenas magias, apenas truques bem
feitos. Não existe nada de miraculoso neles.
O maior milagre no mundo é que você
pode dançar e desaparecer na dança – então,
deixe que a dança faça o que ela puder fazer.
Que você pode amar e desaparecer no amor –
então, deixe que o amor faça o que ele puder
fazer. Você não poderá proclamar que é você
quem está fazendo aquilo – você já terá
desaparecido.
No seu desaparecimento está toda a
possibilidade de algum milagre acontecer.
Portanto, por favor, não suponha; senão no
fundo o seu amor permanecerá desanimado – você
o está fazendo por algum propósito. E quando o
amor se torna um propósito, ele não é mais
amor. Sua alegria se tornará falsa, porque se
você ficar alegre a fim de que algo possa
acontecer no mundo, você não está realmente
alegre – você está usando a alegria. E se a
sua dança for um meio em direção a algum fim,
ela não pode ser total. A não ser que sua dança
seja um fim em si mesma, não há possibilidade
dela ser total.
E somente uma dança total, um amor
autêntico, uma alegria sincera, talvez possam
criar alguns milagres à sua volta. Mas você não
será aquele que os fez, não será aquele que
possa se gabar a respeito. Eles acontecerão somente quando você não
estiver.
Deus acontece somente quando você
sai do caminho e deixa você mesmo totalmente
vazio, espaçoso. Este é um fenômeno muito
estranho. O convidado só entra na casa quando o
anfitrião desaparece.”
OSHO – The Hidden Splendor - Cap. 16 -
pergunta 2
Tradução:
Sw. Anand Nisargan
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL
FOUNDATION, Suiça.
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os direitos reservados
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