O grande
desafio do meditador é a velha máxima: “Estar no mundo
sem ser do mundo”. Não é fácil estar simultaneamente
envolvido nas coisas do mundo e permanecer num estado
meditativo. Isto significa continuar trabalhando, curtindo
a vida, se relacionando com as pessoas, realizando aspirações
pessoais e tudo mais que envolve esse grande parque de
diversões que é o mundo e, ao mesmo tempo, permanecer
centrado, sereno, silencioso internamente, sensitivo,
amoroso, e todos esses atributos do estado de meditação.
Não é raro
experimentarmos períodos de recolhimento em meditação,
alcançando espaços de muita paz e silêncio, de amor
transbordante e felicidade. Mas quando retornamos ao
dia-a-dia, parece que tudo aquilo foi um sonho distante. O
primeiro que pisa nosso pé, ou nos dá uma fechada no trânsito,
já queremos estrangular.
A experiência da comuna
que surgiu ao redor do Osho foi fartamente utilizada como
um laboratório para esse difícil aprendizado: estar no
mundo sem ser do mundo. Até hoje, quando a gente vai para
a comuna, reservamos um período de um, dois ou três
meses para aprofundarmos esse experimento. Quando Osho
estava no corpo, a gente prolongava e ficava seis meses,
um ou dois anos.
O que a comuna propiciava e
ainda propicia é essa experiência múltipla: meditação,
celebração, relacionamentos, trabalho comunitário,
workshops, esportes, etc. E dessa experiência múltipla
advém um grande aprendizado de como relacionar com as
pessoas, como trabalhar, como celebrar, como viver a vida,
tudo o que fazemos no dia-a-dia, mas com um grande
diferencial: com consciência, momento a momento.
É claro que é um processo
constante de tropeçar, levantar e caminhar. Tropeçamos e
levantamos muitas vezes, mas, principalmente, nós
caminhamos, avançamos um pouco na nossa jornada.
Sambodhi
foi uma das pessoas que tiveram a sorte de viver em
comunidades do Osho. Vejam abaixo alguns
relatos da experiência dela:
"Vivi nas comunidades de Osho alguns dos anos mais
intensos de minha vida, em vários aspectos. Aqui falarei
apenas de trabalho. Era absolutamente novo morar com 80
pessoas num prédio, onde se fazia quase tudo juntos:
quartos, refeições, trabalho e divertimento
compartilhados, sem distinções de sexo, nacionalidade ou
idade. Após o café da manhã, nos reuníamos rapidamente
para as informações gerais (mudanças de coordenadores
por ex.); poucas tarefas eram realizadas apenas por uma
pessoa, trabalhávamos sempre em pequenos grupos. Qualquer
um poderia ser convocado para participar dos projetos que
surgissem durante o dia, semana ou mês. Fiz parte de
equipes bastante diferentes: lavanderia, limpeza geral,
cozinha, guarda de valores, guarda noturno, construção,
decoração, costura, tradução (escrita e oral),
discoteca, almoxarifado, biblioteca, recepção e coordenação.
O diferencial era a
totalidade na execução de qualquer tarefa, estar
presente com o que estava sendo feito; a capacidade de
dizer "sim" e "por que não?",
deixando um trabalho conhecido por algo novo em áreas
onde nunca se transitou; o senso de humor, a camaradagem
no trabalho, independente da pessoa com quem se fazia a
tarefa, às vezes alguém nem tão simpático; a humildade
de pedir ajuda quando necessário e aceitar sugestões.
As descobertas foram
valiosas, como: experimentar que nosso nível de energia
é sempre muito maior do que a gente supõe, que é possível
sentir prazer ao realizar tarefas insípidas e
desvalorizadas (como lavar banheiros), pois o prazer não
depende do que estamos fazendo e sim do como fazemos.
Enfim, um grande presente recebido: uma nova relação com
o fazer, com o trabalhar."
“Meditação
deve ser alguma coisa que corre como uma
subcorrente ao longo de todas as atividades de seu
dia. Eu vou lhe sugerir uma meditação simples. Não
interessa o que você estiver fazendo – pode
estar cavando um buraco na terra, plantando novas
roseiras em seu jardim, trabalhando em sua loja ou
defendendo uma causa no tribunal de justiça. O
que você estiver fazendo, faça com toda consciência,
faça com atenção total.”
Osho,
The Last Testament |
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Uma experiência
de vida comunitária com consciência pode ser a alavanca
para um grande salto em nossa vida. Podemos aprender desde
nos relacionar com amigos e namorados, quanto permanecer
no aqui-agora, que é talvez a chave mestra para abrir as
várias portas na vida.
Para não ficar somente na
teoria, faça uma pequena experiência. Andando a pé, de
carro ou de bicicleta, lembre-se, de repente, de olhar a
paisagem como um todo. Mesmo que você tenha passado por
aquele lugar dezenas de vezes.
Quando mudo meu foco e olho para o todo, a
paisagem muda imediatamente. Aquelas mangueiras ou
cajueiros na estrada tomam imediatamente um colorido todo
especial. O céu se transforma num azul vivo e brilhante.
A paisagem antes velha conhecida, agora parece nova e
vibrante. Vem uma sensação paupável e preenchedora de
que “sou parte”.
“Ser parte” é certamente a maior experiência
que o Ser Humano pode alcançar, é o que todos nós
procuramos. Quando nos sentimos excluídos da família, do
relacionamento íntimo, dos amigos, nos sentimos mal, a
vida parece sem valor. Quando nos sentimos parte de um
trabalho, de uma organização, ou de um grupo de amigos,
aquilo parece preenchedor. Osho repetidas vezes nos fala
de uma experiência maior que é nos sentirmos parte da
vida, parte da própria existência.
Mas, como diz o mestre,
“comece lentamente, passo a passo”, certo? Assim, começamos,
a partir deste semestre, aqui no Osho Estação Zen, um
novo experimento a que chamamos Sangha
– Uma Experiência de Vida Comunitária. Este
experimento pretende ser este pequeno passo para que
possamos atingir novas competências, novos valores
individuais, como prazer no trabalho, prazer e satisfação
nos relacionamentos, motivação e intensidade em tudo o
que fazemos, criatividade, relaxamento, amabilidade, poder
de decisão, compartilhamento, auto-estima, confiança e
tudo o mais que uma experiência centrada no aqui-agora
pode nos oferecer.
Abriremos ao público dois experimentos neste
segundo semestre de 2007. O primeiro acontecerá entre os
dias 06 a 09 de setembro e o segundo de 22 a 31 de
dezembro – incluindo o natal e o ano novo que culminará
com o nosso 2º Festival Amigos do Osho.
A programação do Sangha (6 a 9 de setembro)
já está no nosso site www.e-zen.com.br
. Utilizaremos desde meditações ativas e passivas até
sessões de Renascimento e Osho Pulsation para chegar a
espaços profundos de relaxamento e então estaremos
prontos para brincar com jardinagem, cozinha, limpeza, mosaicos,
piscina, voley, caminhadas, mas principalmente estaremos
curtindo cada tarefa de uma forma que muitos ainda não
experimentaram - com prazer, relaxamento, bom-humor,
centramento, sensibilidade e amorosidade. E certamente
sairemos daqui com a consciência de que existe uma
maneira diferente de fazer as coisas, uma nova maneira de
viver a vida – uma forma mais leve, prazerosa e
relaxada.
Então programe-se e venha se juntar ao nosso
grupo, participando dessa experiência que pode ser um
grande marco em sua vida.
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“Na
comuna, quando você cruza com pessoas exatamente
como você e tem que confiar nelas, tem que amá-las,
tem que ter uma atitude de entrega – não com um
jeito de briga, não competitivo, mas pronto para
se fundir com elas – isto é difícil. Mas você
tem que assumir esse desafio. A não ser que você
assuma esse desafio, você não conseguirá chegar
perto de mim.
Essas pessoas são os meus artifícios, a comuna
é um artifício. Essas pessoas são tão frágeis
como você, tão fracas, tão raivosas, tão
ciumentas, se aborrecem e se irritam rapidamente
sem motivo algum. Fica difícil para você sentir
amor por elas. Mas este é o teste. Apesar delas,
a força de seu amor tem que crescer dentro de você.”
Osho,
From Bondage to Freedom – cap. 32 |
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