Conexão Brasil                          setembro de 2007
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Uma experiência de vida comunitária

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      O grande desafio do meditador é a velha máxima: “Estar no mundo sem ser do mundo”. Não é fácil estar simultaneamente envolvido nas coisas do mundo e permanecer num estado meditativo. Isto significa continuar trabalhando, curtindo a vida, se relacionando com as pessoas, realizando aspirações pessoais e tudo mais que envolve esse grande parque de diversões que é o mundo e, ao mesmo tempo, permanecer centrado, sereno, silencioso internamente, sensitivo, amoroso, e todos esses atributos do estado de meditação. 
      Não é raro experimentarmos períodos de recolhimento em meditação, alcançando espaços de muita paz e silêncio, de amor transbordante e felicidade. Mas quando retornamos ao dia-a-dia, parece que tudo aquilo foi um sonho distante. O primeiro que pisa nosso pé, ou nos dá uma fechada no trânsito, já queremos estrangular.
      A experiência da comuna que surgiu ao redor do Osho foi fartamente utilizada como um laboratório para esse difícil aprendizado: estar no mundo sem ser do mundo. Até hoje, quando a gente vai para a comuna, reservamos um período de um, dois ou três meses para aprofundarmos esse experimento. Quando Osho estava no corpo, a gente prolongava e ficava seis meses, um ou dois anos. 
      O que a comuna propiciava e ainda propicia é essa experiência múltipla: meditação, celebração, relacionamentos, trabalho comunitário, workshops, esportes, etc. E dessa experiência múltipla advém um grande aprendizado de como relacionar com as pessoas, como trabalhar, como celebrar, como viver a vida, tudo o que fazemos no dia-a-dia, mas com um grande diferencial: com consciência, momento a momento.
      É claro que é um processo constante de tropeçar, levantar e caminhar. Tropeçamos e levantamos muitas vezes, mas, principalmente, nós caminhamos, avançamos um pouco na nossa jornada.

Sambodhi foi uma das pessoas que tiveram a sorte de viver em comunidades do Osho. Vejam abaixo alguns relatos da experiência dela:

      "Vivi nas comunidades de Osho alguns dos anos mais intensos de minha vida, em vários aspectos. Aqui falarei apenas de trabalho. Era absolutamente novo morar com 80 pessoas num prédio, onde se fazia quase tudo juntos: quartos, refeições, trabalho e divertimento compartilhados, sem distinções de sexo, nacionalidade ou idade. Após o café da manhã, nos reuníamos rapidamente para as informações gerais (mudanças de coordenadores por ex.); poucas tarefas eram realizadas apenas por uma pessoa, trabalhávamos sempre em pequenos grupos. Qualquer um poderia ser convocado para participar dos projetos que surgissem durante o dia, semana ou mês. Fiz parte de equipes bastante diferentes: lavanderia, limpeza geral, cozinha, guarda de valores, guarda noturno, construção, decoração, costura, tradução (escrita e oral), discoteca, almoxarifado, biblioteca, recepção e coordenação. 
      O diferencial era a totalidade na execução de qualquer tarefa, estar presente com o que estava sendo feito; a capacidade de dizer "sim" e "por que não?", deixando um trabalho conhecido por algo novo em áreas onde nunca se transitou; o senso de humor, a camaradagem no trabalho, independente da pessoa com quem se fazia a tarefa, às vezes alguém nem tão simpático; a humildade de pedir ajuda quando necessário e aceitar sugestões. 
      As descobertas foram valiosas, como: experimentar que nosso nível de energia é sempre muito maior do que a gente supõe, que é possível sentir prazer ao realizar tarefas insípidas e desvalorizadas (como lavar banheiros), pois o prazer não depende do que estamos fazendo e sim do como fazemos. Enfim, um grande presente recebido: uma nova relação com o fazer, com o trabalhar."

“Meditação deve ser alguma coisa que corre como uma subcorrente ao longo de todas as atividades de seu dia. Eu vou lhe sugerir uma meditação simples. Não interessa o que você estiver fazendo – pode estar cavando um buraco na terra, plantando novas roseiras em seu jardim, trabalhando em sua loja ou defendendo uma causa no tribunal de justiça. O que você estiver fazendo, faça com toda consciência, faça com atenção total.”
Osho, The Last Testament

      Uma experiência de vida comunitária com consciência pode ser a alavanca para um grande salto em nossa vida. Podemos aprender desde nos relacionar com amigos e namorados, quanto permanecer no aqui-agora, que é talvez a chave mestra para abrir as várias portas na vida.
      Para não ficar somente na teoria, faça uma pequena experiência. Andando a pé, de carro ou de bicicleta, lembre-se, de repente, de olhar a paisagem como um todo. Mesmo que você tenha passado por aquele lugar dezenas de vezes.
     
Quando mudo meu foco e olho para o todo, a paisagem muda imediatamente. Aquelas mangueiras ou cajueiros na estrada tomam imediatamente um colorido todo especial. O céu se transforma num azul vivo e brilhante. A paisagem antes velha conhecida, agora parece nova e vibrante. Vem uma sensação paupável e preenchedora de que “sou parte”.
     
“Ser parte” é certamente a maior experiência que o Ser Humano pode alcançar, é o que todos nós procuramos. Quando nos sentimos excluídos da família, do relacionamento íntimo, dos amigos, nos sentimos mal, a vida parece sem valor. Quando nos sentimos parte de um trabalho, de uma organização, ou de um grupo de amigos, aquilo parece preenchedor. Osho repetidas vezes nos fala de uma experiência maior que é nos sentirmos parte da vida, parte da própria existência. 
      Mas, como diz o mestre, “comece lentamente, passo a passo”, certo? Assim, começamos, a partir deste semestre, aqui no Osho Estação Zen, um novo experimento a que chamamos Sangha – Uma Experiência de Vida Comunitária. Este experimento pretende ser este pequeno passo para que possamos atingir novas competências, novos valores individuais, como prazer no trabalho, prazer e satisfação nos relacionamentos, motivação e intensidade em tudo o que fazemos, criatividade, relaxamento, amabilidade, poder de decisão, compartilhamento, auto-estima, confiança e tudo o mais que uma experiência centrada no aqui-agora pode nos oferecer.
     
Abriremos ao público dois experimentos neste segundo semestre de 2007. O primeiro acontecerá entre os dias 06 a 09 de setembro e o segundo de 22 a 31 de dezembro – incluindo o natal e o ano novo que culminará com o nosso 2º Festival Amigos do Osho.
     
A programação do Sangha (6 a 9 de setembro) já está no nosso site www.e-zen.com.br . Utilizaremos desde meditações ativas e passivas até sessões de Renascimento e Osho Pulsation para chegar a espaços profundos de relaxamento e então estaremos prontos para brincar com jardinagem, cozinha, limpeza, mosaicos, piscina, voley, caminhadas, mas principalmente estaremos curtindo cada tarefa de uma forma que muitos ainda não experimentaram - com prazer, relaxamento, bom-humor, centramento, sensibilidade e amorosidade. E certamente sairemos daqui com a consciência de que existe uma maneira diferente de fazer as coisas, uma nova maneira de viver a vida – uma forma mais leve, prazerosa e relaxada.
     
Então programe-se e venha se juntar ao nosso grupo, participando dessa experiência que pode ser um grande marco em sua vida.

“Na comuna, quando você cruza com pessoas exatamente como você e tem que confiar nelas, tem que amá-las, tem que ter uma atitude de entrega – não com um jeito de briga, não competitivo, mas pronto para se fundir com elas – isto é difícil. Mas você tem que assumir esse desafio. A não ser que você assuma esse desafio, você não conseguirá chegar perto de mim.
Essas pessoas são os meus artifícios, a comuna é um artifício. Essas pessoas são tão frágeis como você, tão fracas, tão raivosas, tão ciumentas, se aborrecem e se irritam rapidamente sem motivo algum. Fica difícil para você sentir amor por elas. Mas este é o teste. Apesar delas, a força de seu amor tem que crescer dentro de você.”
Osho, From Bondage to Freedom – cap. 32

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