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Conexão
Brasil
maio
de 2009
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Vegetarianismo
e Estética
Osho,
Por
que
você não
permite a alimentação não vegetariana em seu ashram?
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A pergunta é de
Swami Yoga Chinmaya. Na mente de Chinmaya deve haver
alguma idéia de comer carne, deve haver alguma profunda e
oculta violência.
A pergunta foi
feita por um vegetariano, e há milhares de não
vegetarianos aqui. Isso parece muito absurdo, mas as
coisas são assim: nem todo vegetariano é um verdadeiro
vegetariano, mas apenas um reprimido. Surge o desejo...
Mas o motivo de eu
não permitir alimentação não vegetariana no ashram
nada tem a ver com religião. Trata-se de pura estética.
Não acho que, se você ingerir alimentação
não vegetariana, não se iluminará. Jesus se iluminou,
Maomé se iluminou, Ramakrishna
se iluminou. Não houve problema. Você pode ingerir uma
alimentação não vegetariana e pode se iluminar. Então,
não há problema religioso em relação a isso.
Para mim, o problema é estético. Porque Jesus continuou
a comer carne, tenho a impressão de que ele não tem
grande senso estético. Não que ele não seja religioso,
ele é religioso, tão religioso quanto Buda, mas algo está
faltando nele.
Ramakrishna continuou a comer peixe… Simplesmente não
estético... Isso parece um pouco feio. A iluminação não
está em risco, mas sua poesia está, seu senso de beleza
está, sua humanidade está, e não sua super-humanidade.
É por isso que não é permitido em meu ashram, e não
será permitido. Trata-se de uma questão de beleza.
Se você entender isso, muitas coisas se esclarecerão
para você. O álcool pode ser permitido neste ashram, mas
não a carne. Pois o álcool é vegetariano, um suco de
fruta! Fermentado, mas é um suco de fruta. E, às vezes,
ficar um pouco embriagado aflora grande poesia. Isso é
possível, e isso precisa ser permitido. Na nova comuna
teremos um bar, “Omar Khayam”. Omar Khayam é um santo
sufi, um dos sufis iluminados.
Mas a carne não pode ser permitida. Isso é simplesmente
feio. Só de pensar que você está matando um animal para
comer... A própria ideia é não estética. Não sou
contra isso porque o animal é assassinado, pois o que é
essencial no animal viverá, não pode ser assassinado. E
aquilo que não é essencial morrerá, você o matando ou
não. Assim, isso é irrelevante, esse não é um ponto a
ser considerado por mim.
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A questão não é que você matou um animal e que matar não
é bom, não. A questão é que você matou o animal
apenas para comer, enquanto uma saudável alimentação
vegetariana está disponível... Se ela não estivesse
disponível, esse seria um ponto a ser considerado, mas
ela está disponível.
Então, por quê?
Então, por que destruir um corpo? E, se você puder matar
um animal, por que não se tornar um canibal? O que há de
errado em matar um ser humano? Pois a carne que vem de um
corpo humano estaria mais em sintonia com você. Por que não
começar a comer seres humanos? Essa também é uma questão
estética.
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E animais são irmãos
e irmãs, pois o ser humano veio deles. Eles são nossa
família. Matar um ser humano é apenas matar um animal
evoluído. Ou matar um animal é apenas matar alguém que
ainda não evoluiu, mas que está a caminho. Dá no mesmo!
Não faz muita diferença se você matar uma criança que
está no primeiro grau ou se matar um jovem que está no
último ano da universidade. Os animais estão se movendo
em direção aos seres humanos, e os seres humanos já
foram animais. Trata-se apenas de uma questão estética.
Por que não matar sua esposa e comê-la? Ela é tão bela
e tão doce!
Um amigo chegou a
um canibal e a comida foi preparada, e o amigo nunca
provou algo assim. Ele nem mesmo sonhara que comida
poderia ser tão saborosa, tão deliciosa. Quando ele
estava partindo, disse ao canibal: “Adorei a comida.
Nunca apreciei tanto uma comida! Quando eu voltar, prepare
o mesmo prato.” E o canibal respondeu: “Será difícil,
pois eu tinha só uma mãe!”
Por que você não
pode comer sua mãe? Por que você não pode comer seu
marido ou seu filho? Tão delicioso! A questão não é
religiosa, e novamente gostaria de lembrar a você: é uma
questão de estética. Uma pessoa estética fará com que
a vida permaneça bela, que não se torne feia ou
horripilante. Mas a questão surgiu na mente de Chinmaya,
e isso indica algo.
Na Índia, os
vegetarianos não são realmente vegetarianos. Isso é
apenas porque eles cresceram em uma família vegetariana;
assim, desde o princípio o vegetarianismo lhes foi
imposto. E, naturalmente, eles estão curiosos e desejam
provar também outras coisas. E, naturalmente, surge a idéia: todo o mundo é não vegetariano, e as pessoas
devem estar desfrutando! O vegetariano sente que está
perdendo muito, e por isso surgiu a questão. Ela nada tem
a ver com meditação.
Você pode comer
carne e pode meditar, pode comer carne e pode amar, pois
isso também nada tem a ver com o amor. Mas você mostrará
algo sobre si, que você é muito grosseiro, muito
primitivo, inculto, não civilizado, que não tem nenhum
senso de como a vida deveria ser.
OSHO –
The
Diamond Sutra, discurso 6
Tradução: Sw. Anand Nisargan.
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION,
Suiça.
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direitos reservados
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