Esta
palestra está disponível em vídeo (VCD), com
Osho falando e com legendas em português,
disponível
para a venda no site www.oshobrasil.com.br
Não
procure ser bom, procure ser consciente
Amado Osho,
Recebi sannyas há sete anos. Você me falou sobre a
testemunha e sobre o observar. Quando você terminou, e
antes que eu pudesse ir embora, você me parou e disse:
“E você é um bom homem”.
Amado Mestre, o seu amor e a sua graça estiveram comigo nesses sete
anos. Eu ainda estou pasmado: O que é um bom homem? |
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Veet Mano, eu me lembro de ter dito a você: “Você é
um bom homem”, pois lhe dei o nome, Veet Mano. Veet Mano
significa ir além do bom homem. A moralidade está
preocupada com boas e más qualidades. De acordo com a
moralidade, uma pessoa que é honesta, verdadeira, autêntica
e confiável é boa. Mas a moralidade não é religião;
mesmo um ateísta pode ser uma boa pessoa, pois todas
essas qualidades de boa pessoa não incluem a divindade...
Eu lhe disse, você é um bom homem; assim, o trabalho
para você não é apenas ser bom, mas transcender a
dualidade de bom e mau. A pessoa religiosa não é somente
uma boa pessoa, ela é muito mais. Para a boa pessoa, a
bondade é tudo; para a pessoa religiosa, a bondade é
apenas um subproduto. A pessoa religiosa é aquela que
conhece a si mesma, aquela que está consciente de seu próprio
ser. E no momento em que você está consciente de seu próprio
ser, a bondade o segue como uma sombra. Então, não há
necessidade de qualquer esforço para ser bom; a bondade
se torna a sua natureza. Da mesma maneira que as árvores
são verdes, a pessoa religiosa é boa.
Mas a boa pessoa não é necessariamente religiosa. Sua
bondade vem a partir de um grande esforço; ela está
lutando contra as más qualidades... mentira, roubo,
insinceridade, desonestidade, violência. Elas estão na
boa pessoa, porém reprimidas... elas podem eclodir a
qualquer momento. A boa pessoa pode transformar-se numa má
pessoa muito facilmente, sem qualquer esforço, pois todas
essas más qualidades estão presentes, apenas dormentes,
reprimidas com esforço. Se você remover o esforço, elas
imediatamente eclodirão em sua vida. E as suas boas
qualidades são somente cultivadas, e não naturais: você
tentou arduamente ser honesto, ser sincero, não mentir,
mas foi um esforço, foi cansativo... A boa pessoa está
sempre séria, pois tem medo de todas as más qualidades
que ela reprimiu; e ela é séria porque no fundo deseja
ser reverenciada pela sua bondade, ser recompensada. Seu
anseio é ser respeitável. Seus pretensos santos são na
maioria apenas boas pessoas.
Eu lhe dei o nome: transcenda o bom homem, e existe
somente uma maneira de transcender o bom homem, que é
pelo trazer mais consciência a seu ser. A consciência não
é algo a ser cultivado; ela já está presente, e apenas
precisa ser desperta. Quando você está totalmente
desperto, tudo o que você faz é bom, e tudo o que você
não faz é mau. A boa pessoa precisa fazer imensos esforços
para fazer o bom e para evitar o mau. O mau é uma tentação
constante para ela. É uma escolha: a cada momento ela
precisa escolher o bom e não escolher o mau. Por exemplo,
um homem como Mahatma Gandhi: ele é um bom homem; por
toda a sua vida ele tentou arduamente estar do lado do
bom, mas mesmo na idade dos setenta ele tinha sonhos
sexuais, e ele ficava muito angustiado: “No que se
refere às minhas horas de acordado, posso me manter
completamente livre do sexo, mas o que posso fazer no
sono? Tudo o que reprimo no dia vem à noite”. Isso
demonstra que a coisa não foi a lugar nenhum; ela ficou
dentro de você, apenas esperando. No momento em que você
relaxa, no momento em que você remove o esforço... e
adormecido, você precisa pelo menos relaxar e remover o
esforço de ser bom... todas as más qualidades que você
reprimiu começarão a se tornar os seus sonhos.
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Seus sonhos são os seus desejos reprimidos. A boa pessoa
está em contínuo conflito. Sua vida não é de alegria;
ela não pode rir de verdade, ela não pode cantar, não
pode dançar. Em tudo, continuamente ela faz julgamentos.
A sua mente está repleta de condenação e julgamento; e
porque ela própria está tentando arduamente ser boa, ela
também está julgando os outros pelo mesmo critério. Ela
não pode aceitá-lo como você é; ela pode aceitá-lo se
você preencher as suas demandas de ser bom. E porque ela
não pode aceitar as pessoas como elas são, ela as
condena. Todos os seus santos estão cheios de condenação
para com todo mundo: todos vocês são pecadores. Essas não
são as qualidades da pessoa religiosa autêntica. A
pessoa religiosa não tem julgamento, não tem condenação.
Ela sabe uma coisa: que nenhum ato é bom, nenhum ato é
mau; a consciência é boa e a inconsciência é má. Em
inconsciência, você até pode fazer algo que pareça bom
para o mundo inteiro, mas para a pessoa religiosa isso não
é bom. E você pode fazer algo mau e ser condenado por
todo o mundo, exceto pela pessoa religiosa. Ela não pode
condená-lo, pois você está inconsciente. Você precisa
de compaixão, e não de julgamento, e não de condenação...
você não merece o inferno, ninguém merece o inferno. |
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À medida em que a sua meditação se aprofunda, o seu
testemunhar se torna grande. Quando você recebeu sannyas
há sete anos, era isso o que eu estava lhe dizendo sobre
o testemunhar e o observar. Eu me esqueci de lhe dizer
para não pensar que o testemunhar e o observar nada mais
são do que boas qualidades. Foi por isso que quando você
estava partindo eu o parei de novo e lhe disse que você já
era um bom homem. Assim, algo mais está implícito no
transcender a dualidade do bom e do mau. Ao chegar num
ponto de absoluta consciência, não existe a questão de
escolha... você simplesmente faz tudo o que é bom. Você
o faz inocentemente, da mesma maneira que a sua sombra o
segue, sem esforço. Se você correr, a sombra corre; se
você parar, a sombra pára... mas não há esforço por
parte da sombra... A pessoa de consciência não pode ser
considerada sinônima da pessoa boa. Ela é boa, mas de
uma maneira muito diferente, de um ângulo muito
diferente. Ela é boa não porque esteja tentando ser boa;
ela é boa porque ela é consciente... e na consciência,
o mau, o vil e todas aquelas palavras condenatórias
desaparecem, como a escuridão desaparece na luz.
As religiões decidiram permanecer somente como
moralidades. Elas são códigos éticos; elas são úteis
para a sociedade, mas não úteis para você, não úteis
para o indivíduo. Elas são conveniências criadas pela
sociedade. Naturalmente, se todos começassem a roubar, a
vida se tornaria impossível; se todos começassem a
mentir, a vida se tornaria impossível; se todos fossem
desonestos, você absolutamente não poderia existir.
Assim, no nível mais baixo, a moralidade é necessária
para a sociedade; ela é uma utilidade social, mas não
uma revolução religiosa... Não fique satisfeito em
apenas ser bom. Lembre-se, você precisa chegar a um ponto
onde você não necessita nem mesmo pensar sobre o que é
bom e o que é mau. Sua própria percepção, sua própria
consciência simplesmente o leva em direção àquilo que
é bom... não existe repressão. Eu não chamaria Mahatma
Gandhi de um homem religioso; somente de um bom homem... e
ele tentou realmente com persistência ser bom. Não
suspeito de suas intenções, mas ele estava obcecado pela
bondade. Uma pessoa religiosa não está obcecada por
nada... ela não tem obsessão. Ela está apenas relaxada,
calma e quieta, silenciosa e serena. A partir de seu silêncio,
tudo o que floresce é bom, sempre é bom... ela vive numa
consciência sem escolha.
Este é o significado de seu nome, Veet Mano: vá além do
conceito comum de um bom homem. Você não será bom, não
será mau. Você será simplesmente alerta, consciente,
perceptivo, e então, tudo o que segue será bom. De uma
maneira diferente, posso dizer que em sua total consciência
você atinge a qualidade da divindade... e bom é somente
um subproduto muito pequeno da divindade...... As religiões
o ensinaram a ser bom, de tal modo que um dia você possa
encontrar Deus. Isso não é possível; nenhuma boa pessoa
jamais encontrou a divindade. Estou ensinando justamente o
contrário: encontre a divindade e o bom virá
espontaneamente. E quando o bom vem espontaneamente, ele
tem uma beleza, uma graça, uma simplicidade, uma
humildade; ele não pede por nenhuma recompensa aqui ou
depois. Ele é a sua própria recompensa.
OSHO – The Rebellious Spirit - Cap. 19 -
pergunta 1
Tradução:
Sw. Anand Nisargan
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION,
Suiça.
Todos os
direitos reservados
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