Esta
palestra está disponível em vídeo (VCD), com
Osho falando e traduzido com sobreposição de voz.
Tradução e voz em português, por Sw.Anand Nisargan,
disponível
para a venda no site www.oshobrasil.com.br
O
milagre do estar atento
Amado Osho,
Como
posso saber a diferença entre uma parte da mente,
observando uma outra parte da mente, e o observador? O
observador pode observar a si mesmo? Uma vez pensei ter
pego ele, e então, naquele mesmo dia, ouvi você dizer
mum discurso: 'Se você pensar que pegou o observador,
você errou o alvo.' Desde então tento observar
sensações no corpo, pensamentos e emoções, e na
maioria das vezes fico simplesmente fisgado neles, mas, de
vez em quando, raramente, sinto-me imensamente relaxado e
nada permanece - ele simplesmente se mantém movendo.
Existe algo a ser feito?
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"Deva
Waduda, a pessoa precisa começar observando o corpo –
caminhando, sentando, indo para a cama, comendo. A pessoa
deveria começar pelo mais sólido, pois isso é mais fácil,
e então deveria se mover para experiências mais sutis. A
pessoa deveria começar observando pensamentos, e quando
ela ficar especialista em observar pensamentos, então
deveria começar a observar sentimentos. Depois que você
sentir que pode observar seus sentimentos, então deveria
começar a observar seus estados de ânimo, os quais são
ainda mais sutis e vagos do que seus sentimentos.
O milagre do observar é o
de que enquanto você observa o corpo, seu observador se
torna mais forte; enquanto você observa os pensamentos,
seu observador se torna mais forte; enquanto você observa
os sentimentos, o observador se torna ainda mais forte;
quando você observa seus estados de ânimo, o observador
é tão forte que pode permanecer ele mesmo, observar a si
mesmo, como uma vela numa noite escura que ilumina não
apenas tudo à volta, mas também a si mesma.
Encontrar
o observador em sua pureza é a maior conquista na
espiritualidade, pois o observador em você é a sua própria
alma, a sua imortalidade. Mas nunca, por um único
momento, pense "Eu o peguei", pois esse é o
momento em que você erra o alvo.
Observar é um processo
eterno; você sempre vai se aprofundando, mas nunca chega
ao fim, no qual possa dizer: "Eu o peguei". Na
verdade, quanto mais fundo você for, mais fica consciente
de que entrou num processo eterno, sem nenhum começo e
nenhum fim.
Mas
as pessoas estão observando somente os outros; elas nunca
se importam em observar a si mesmas. Todo mundo está
observando – este é o observar mais superficial – o
que o outro está fazendo, o que o outro está vestindo,
como ele aparenta... Todo mundo está observando; o
observar não é algo novo a ser introduzido em sua vida.
Ele apenas precisa ser aprofundado, tirar dos outros e
direcionar a seus próprios sentimentos interiores,
pensamentos, estados de ânimo e, finalmente, ao próprio
observador.
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Um
judeu está sentado num trem em frente a um padre.
"Diga-me, sua reverência", o judeu pergunta,
"por que você usa a parte da frente do colarinho
para trás?"
"Porque sou um
padre", responde o sacerdote.
"Eu também sou um
pai, e não uso o colarinho desse jeito", diz o
judeu.
"Oh," diz o
padre, "mas sou pai de milhares."
"Então, talvez",
replica o judeu, "é a sua calça que você deveria
usar ao contrário."
As
pessoas são muito observadoras a respeito de todos os
outros.
"Dois
polacos foram dar uma volta e de repente começou a
chover. "Rápido", disse um deles, "abra o
seu guarda-chuva."
"Não vai ajudar em
nada", disse seu amigo, "meu guarda-chuva está
cheio de furos."
"Então por que cargas
d'água você o trouxe?"
"Porque
não achei que ia chover."
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Você pode rir muito
facilmente dos atos ridículos das outras pessoas, mas você
já riu de você mesmo? Você já se pegou fazendo algo
ridículo? Não, você se mantém completamente sem se
observar; toda a sua observação é a respeito dos
outros, e isso não é de nenhuma ajuda.
Use essa energia da observação
para uma transformação de seu ser. Isso pode trazer para
você tanta bem-aventurança e tanta bênção que você
nem mesmo pode sonhar a respeito. Um processo simples, mas
uma vez que você comece a usá-lo em você mesmo, ele se
torna uma meditação.
Pode-se fazer meditações
a partir de qualquer coisa. Qualquer coisa que o leva a
você mesmo é meditação. E é imensamente significativo
encontrar sua própria meditação, pois nesse próprio
encontrar você encontrará imensa alegria. E porque é o
seu próprio encontrar, e não algum ritual imposto sobre
você, você adorará entrar fundo nela. Quanto mais fundo
você entrar nela, mais feliz você se sentirá – tranqüilo,
mais silencioso, mais integrado, mais majestoso, mais
gracioso.
Todos vocês conhecem o
observar, então não se trata de aprendê-lo; é apenas
uma questão de mudar o objeto de observação; faça
isso.
Observe o seu corpo e você
ficará surpreso. Posso mover minha mão sem consciência
e posso movê-la com consciência. Você não perceberá a
diferença, mas eu posso sentir a diferença. Quando a
movo com consciência, há uma graça e uma beleza nela,
uma serenidade e um silêncio. Você pode caminhar estando
atento a cada passo; isso lhe dará todo o benefício que
o caminhar pode lhe dar como exercício, mais o benefício
de uma meditação simples fantástica.
O templo em Bodhgaya, onde
Gautama Buda se iluminou, foi feito em memória de duas
coisas... uma árvore Bodhi, sob a qual ele costumava se
sentar. Ao lado da árvore existem umas pedras pequenas
para que se caminhe lentamente sobre elas. Ele meditava
sentado, e quando sentia que já era o bastante – um
pequeno exercício era necessário para o corpo – ele
caminhava sobre aquelas pedras. Essa era a sua meditação
do caminhar.
Quando estive em Bodhgaya,
dando um campo de meditação, fui ao templo e vi
budistas, lamas do Tibete, do Japão e da China. Todos
eles estavam prestando seus respeitos à árvore e não vi
nenhum prestando seus respeitos àquelas pedras sobres as
quais Buda caminhou por quilômetros e quilômetros. Eu
disse a eles: "Isso não está certo, vocês não
deveriam se esquecer dessas pedras; elas foram tocadas
pelos pés de Gautama Buda por milhares de vezes. Mas sei
porque vocês não estão dando nenhuma atenção a elas;
vocês se esqueceram completamente que Buda enfatizava que
vocês deveriam observar cada ato de seus corpos:
caminhar, sentar, deitar..."
Você
não deveria deixar passar inconscientemente nem mesmo um
único momento. A observação afiará a sua consciência.
Essa é a religião essencial, e tudo o mais é apenas
conversa. Mas Waduda, você me pergunta: "Existe
algo mais?" Não, se você puder fazer somente a
observação, nada mais é necessário. Meu esforço aqui
é fazer a religião tão simples quanto possível. Todas
as religiões fizeram justamente o oposto: elas fizeram as
coisas muito complexas, tão complexas que as pessoas nem
ao menos as tentaram.
Por exemplo, nas escrituras
budistas existem trinta e três mil princípios a serem
seguidos por um monge budista; mesmo lembrar-se deles é
impossível. Apenas o número trinta e três mil é
suficiente para dar um treco em você: "Estou
acabado! Toda a minha vida vai ser perturbada e destruída."
Eu lhe ensino: simplesmente
encontre um único princípio que se harmonize com você,
que esteja em sintonia com você, e isso é suficiente."
OSHO – The Golden Future - Cap. 19 - pergunta 3
Tradução:
Sw. Anand Nisargan
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION,
Suiça.
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