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Conexão
Brasil janeiro de
2007 |
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Ao
longo dos mais de 30 anos em que Osho proferiu palestras
para buscadores, por diversas vezes ele fez referência
à questão do vegetarianismo.
Neste mês estamos
publicando uma série de citações de Osho a respeito
desse tema. A seleção e a tradução foi uma gentil
contribuição do nosso amigo Nisargan, que já traduziu
dezenas de livros do Osho e que desenvolve o projeto
Osho Vídeos, com palestras e documentários do Osho
traduzidos para o português.
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Sobre
o Vegetarianismo
Sou vegetariano e gostaria que todo o mundo
se tornasse vegetariano.
Deveríamos criar uma regra que nenhuma comida não-vegetariana
deveria fazer parte do cardápio das universidades, pois
matar e praticar a violência em nome da alimentação
é tão feio e desumano que não se pode esperar que
essas pessoas se comportem de uma maneira amorosa, sensível,
humana. A alimentação não-vegetariana é uma das
causas básicas de toda a sociedade estar em uma luta
praticamente contínua. Ela o torna insensível, duro,
como uma rocha, e cria raiva e violência em você, o
que pode ser facilmente evitado.
The Last Testament, volume
5, capítulo 13
Amado Osho, por que todos
seus discípulos são vegetarianos?
Meus discípulos são vegetarianos não como
um culto, não como uma crença, mas porque suas meditações
os tornam mais humanos, mais do coração, e eles podem
perceber toda a estupidez que é matar seres sensíveis
para comer. É a sensibilidade deles, a consciência estética
que os tornam vegetarianos.
Não
ensino o vegetarianismo, pois ele é um sub-produto da
meditação. Sempre que a meditação aconteceu, as
pessoas se tornaram vegetarianas, sempre, por milhares
de anos.
Os jainistas são vegetarianos há milhares de anos. Você
precisa saber que todos seus 24 mestres vieram da casta
de guerreiros. Todos eles comiam carne; eles eram
guerreiros profissionais. O que aconteceu com essas
pessoas? A meditação transformou toda a visão delas.
Não apenas suas espadas caíram de suas mãos
juntamente com seu espírito guerreiro, mas um novo fenômeno
começou a acontecer: um tremendo sentimento de amor
para com a existência. Elas se tornaram absolutamente
unas com o todo, e o vegetarianismo é apenas uma
pequena parte dessa grande revolução. O mesmo
aconteceu com o budismo.
O
cristianismo, o islamismo e o judaísmo não são
vegetarianos pela simples razão de que essas religiões
nunca se depararam com a revolução que a meditação
traz. Elas nunca se deram conta da meditação.
O
vegetarianismo não é minha filosofia, mas simplesmente
um sub-produto. Não insisto nele, mas insisto na meditação.
Seja mais alerta, mais silencioso, mais alegre, mas
extasiado e encontre seu centro mais profundo. Com isso,
muitas coisas seguirão por si mesmas e, vindo por si
mesmas, não há repressão, não há luta, não há
esforço, não há tortura.
Para mim, a meditação é a única religião essencial,
e tudo o que segue é virtude, pois vem espontaneamente.
Não tenho nada com o vegetarianismo, mas sei que, se
você meditar, crescerá em você nova perceptividade e
sensibilidade e você não poderá contribuir com a
morte de animais.
Há
milhões de pessoas que nunca pensaram no
vegetarianismo. Desde a infância elas contribuem com o
assassinato de animais. Isso não é diferente do
canibalismo. E, desde Charles Darwin, é um fato
absolutamente científico que o ser humano evoluiu dos
animais; então, você está matando seus próprios
antepassados, e os devorando com alegria. Não faça
algo tão maldoso!
A
meditação lentamente lhe traz de volta sua
sensibilidade, e essa sensibilidade torna meu povo
vegetariano. Isso é um ganho, e não uma perda.
A
humanidade perdeu seu coração, e precisamos trazê-lo
de volta a todos que o desejam. Esse é o significado do
meu sannyas.
From Death to Deathlessness, capítulo 32, questão 3
Vocês cresceram em famílias que não se
preocupavam com o que vocês comiam. Desde o começo,
tudo o que lhes era dado, vocês aceitavam. Vocês se
acostumaram com isso. Essa é uma das razões de que o
maior número de iluminados aconteceu na Índia, pois
este é o único país em que as pessoas são
vegetarianas. Na Índia, também existem não-vegetarianos,
mas, de não-vegetarianos, nenhuma pessoa se
iluminou.
O
caso é semelhante no Ocidente. Isto fere seus
condicionamentos, mas a verdade é que Moisés, Elias e
Jesus não são nada, comparados com Gautama Buda,
Vardhamana, Mahavira, Shankara e Nagarjuna, simplesmente
nada. Seu florescimento, sua elevação... A distância
entre Jesus e Gautama Buda é tão grande pela simples
razão de que essas pessoas, Jesus, Moisés e Elias, são
todas grosseiras, não são sensíveis o suficiente para
se tornarem iluminadas. E porque elas não puderam se
tornar iluminadas, não puderam ensinar o vegetarianismo
a seus seguidores. Se eles tivessem se iluminado, a
primeira coisa a lhes ensinar teria sido o
vegetarianismo.
From Death to Deathlessness,
capítulo 5, questão 4
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Nos Estados Unidos, muitas pessoas me
perguntaram: “É verdade que sua comuna é
vegetariana?” Elas nunca pensaram a respeito; elas
comem carne desde a infância e não podiam acreditar
que cinco mil não-vegetarianos se tornaram
vegetarianos. Eu explicava a elas que é feio matar
animais, seres sensíveis, para servirem de comida,
havendo outras comidas disponíveis. Se você faz isso,
então qual é a diferença entre você e os canibais?
Na verdade, os canibais dizem que a carne mais deliciosa
é a de humanos. Dessa maneira, se o sabor é o fator
decisivo, por que não matarem uns aos outros, por que não
matar o seu filho, a sua esposa? E é isso o que você
está fazendo ao ser conivente com a morte de um animal
– você está matando um marido, um filho, uma esposa,
um pai, uma mãe.
E elas entendiam e diziam: “Nunca pensamos dessa
maneira, mas está certo.”
The Last Testament, volume
4, capítulo 17
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Innocence -
Osho Transformation Tarot
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Buda disse a seus discípulos para não
comerem carne, pois não se trata apenas de uma questão
de reverência à vida. Também é uma questão de que,
se você não estiver repleto de reverência à vida,
seu coração se tornará enrijecido; seu amor se tornará
falso, sua compaixão será apenas uma palavra.
A
preocupação de Mahavira e de Gautama Buda era a de que
o ser humano não deveria comer apenas para viver; ele
deveria comer para crescer em uma consciência mais
pura. Um comedor de carne permanece inconsciente,
acorrentado à terra; ele não pode voar pelo céu da
consciência. As duas coisas não podem coexistir: você
estar se tornando mais e mais consciente e não estar
nem mesmo consciente do que está fazendo, e apenas para
satisfazer o paladar, o que é impossível sem matar.
Você pode se alimentar de comidas vegetarianas
deliciosas; então, comer carne é absolutamente
desnecessário, um hábito apodrecido do passado.
The Messiah, volume 1, capítulo 12
O jainismo é a primeira religião que
tornou o vegetarianismo uma necessidade fundamental para
a transformação da consciência, e eles estão certos.
Matar apenas para comer torna a sua consciência pesada,
insensível, e você precisa de uma consciência muito
sensível, muito leve, muito amorosa, muito compassiva.
É muito difícil para um não-vegetariano ser
compassivo, e, sem ser compassivo e amoroso, você estará
freando seu próprio progresso.
The Transmission of the
Lamp, capítulo 25, questão 1
Temos uma expressão: “Não tenho estômago
para isso.” Essa é uma expressão exatamente precisa.
Há coisas para as quais você não tem estômago. Alguém
lhe insulta e você diz: “Não tenho estômago para
isso, não posso engolir essa.”
Quando a mente começa a mudar, paralelo a
isso o estômago começa a mudar. Esta é minha observação,
que as pessoas que meditam terão de chegar ao momento
em que seus estômagos terão de ser reajustados. É por
isso que os grandes meditadores vieram a acreditar no
vegetarianismo. Essa não era uma filosofia, nada tinha
a ver com qualquer atitude filosófica. Através de
meditações profundas eles vieram a compreender que não
tinham estômago para muitas coisas, era impossível.
O vegetarianismo nada mais é do que um
sub-produto da meditação profunda. Se uma pessoa segue
meditando, aos poucos perceberá que é impossível
comer carne. Não que alguém diga para não comer, mas,
se você entrar fundo em meditação, um dia não terá
estômago para isso, será nauseante. A própria idéia
de comer carne lhe dará ânsia de vômito e ela não
será tolerada pelo seu estômago. Agora você está
sentido que está em um mundo suave, tão sutil e
refinado que não pode acreditar que antes comia carne.
Parece impossível, e para quê?
Podemos colocar carne e coisas assim no estômago
porque muitos instintos primitivos estão na mente:
raiva, ganância, ódio, violência. Uma vez
desaparecidas essas coisas da mente, então o paralelo
também desaparecerá no estômago.
O Cipreste no Jardim, capítulo 17
A contribuição de Pitágoras à filosofia
ocidental é imensa, incalculável. Pela primeira vez,
ele introduziu o vegetarianismo ao Ocidente. A idéia do
vegetarianismo é de imenso valor; ela está baseada na
grande reverência à vida.
A
mente moderna pode agora entender isso de uma maneira
muito melhor, pois agora sabemos que todas as formas de
vida estão interligadas, são interdependentes. O ser
humano não é uma ilha, ele existe em uma rede infinita
de milhões de formas de vida e de existência.
Existimos em uma corrente, não estamos separados. E
destruir outros animais não é apenas feio e desumano,
mas também não-científico. Estamos destruindo nossa
própria fundação, já que a vida existe em uma
unidade orgânica. O ser humano existe como parte dessa
orquestra.
O vegetarianismo simplesmente significa: não
destrua a vida; vida é Deus. Evite destruí-la, senão
você estará destruindo a própria ecologia.
E há algo muito científico por trás
disso. Não é por acaso que todas as religiões que
nasceram na Índia são basicamente vegetarianas e que
todas as que nasceram fora da Índia são não-vegetarianas.
Os cumes mais elevados da consciência religiosa
nasceram na Índia.
O vegetarianismo funciona como uma purificação.
Quando você come animais, fica pesado, é puxado mais
em direção à terra. Quando você é vegetariano, fica
leve, está mais sob a lei da graça, sob a lei do poder
e começa a ser puxado em direção ao céu.
Sua comida não é apenas comida, ela é você.
O que você come, você se torna. Se você come algo que
esteja fundamentalmente baseado em assassinato, em violência,
não pode se elevar acima da lei da necessidade. Você
se tornará mais ou menos um animal. O humano nasce
quando você começa a se mover acima dos animais,
quando começa a fazer algo a si mesmo que nenhum animal
pode fazer.
O vegetarianismo é um esforço consciente,
um esforço deliberado, para tirá-lo do peso que o mantém
atado à terra, de tal modo que assim você possa voar.
Quanto mais leve a comida, mais profunda será
a meditação. Quanto mais grosseira a comida, então a
meditação se torna mais e mais difícil. Não estou
dizendo que a meditação é impossível para um não-vegetariano;
ela não é impossível, mas é desnecessariamente difícil.
É como um homem que sobe uma montanha e
carrega muitas pedras. É possível que, mesmo
carregando pedras, você possa chegar ao topo da
montanha, mas isso cria problemas desnecessários. Você
poderia ter jogado fora essas pedras, poderia ter se
aliviado e a escalada poderia ser mais fácil e mais
agradável.
A pessoa inteligente não carrega pedras
quando sobe uma montanha, não carrega nada desnecessário.
E, quanto mais alto ela estiver, mais e mais leve ficará;
mesmo se estiver carregando algo, ela o abandonará.
O vegetarianismo é de imensa ajuda, ele
muda a sua química. Quando um animal é morto, ele está
com raiva, com medo, naturalmente. Quando você mata um
animal... Pense em você sendo morto. Qual será o
estado de sua consciência? Qual será sua psicologia?
Todos os tipos de veneno serão liberados em seu corpo,
pois, quando está com raiva, um certo tipo de toxina é
liberada em seu sangue. Quando você está com medo, de
novo outros tipos de toxinas serão liberadas em seu
sangue. E, quando você está sendo assassinado, esses são
o medo e a raiva supremos. Todas as glândulas de seu
corpo liberam todos os seus venenos.
E o ser humano segue vivendo dessa carne
envenenada. Se ela o mantém raivoso, violento,
agressivo, isso não é estranho, mas natural. Quando
você vive da morte, não tem nenhum respeito pela vida,
é inimigo da vida.
E quem é inimigo das criaturas de Deus também
não pode ser amigo de Deus. Se você destruir uma
pintura de Picasso, não pode ser respeitoso para com
Picasso, é impossível. Todas as criaturas pertencem a
Deus; Deus vive nelas, respira nelas. Elas são sua
manifestação, assim como você. Elas são irmãos e
irmãs.
Quando você vê um animal, se a idéia de
irmandade não lhe surgir, você não sabe o que é
prece, nunca saberá o que é prece. E é tão feia a própria
idéia de que apenas por comida, apenas pelo paladar,
você pode destruir a vida. É impossível acreditar que
o ser humano siga fazendo isso.
Pitágoras foi o primeiro a introduzir o
vegetarianismo no Ocidente. É de uma grande
profundidade o ser humano aprender a viver em irmandade
com a natureza, em irmandade com as criaturas. Essa é a
base, e somente sobre essa base você pode basear sua
prece, sua meditatividade. Você pode observar por si
mesmo: quando você come carne, a meditação será mais
difícil.
É um fato inquestionável que, se você
quiser meditar, se quiser silenciar a mente, se quiser
ficar leve, tão leve que a terra não possa puxá-lo
para baixo, tão leve que você comece a levitar, tão
leve que o céu se torne disponível a você, então
precisará se mover do condicionamento não-vegetariano
para a liberdade do vegetarianismo.
O vegetarianismo não tem nada a ver com
religião: ele é algo basicamente científico. Ele não
tem nada a ver com moralidade, mas muito a ver com estética.
É inacreditável que um ser humano de sensibilidade, de
consciência, de compreensão e de amor possa comer
carne. E, se ele puder comer carne, então algo está
faltando; em alguma dimensão ele ainda está
inconsciente do que está fazendo, inconsciente das
implicações de seus atos.
Mas Pitágoras não foi ouvido, não foi
acreditado; pelo contrário, foi ridicularizado e
perseguido. E ele trouxe um dos maiores tesouros do
Oriente para o Ocidente, ele trouxe um grande
experimento. Se ele tivesse sido ouvido, o Ocidente
teria se tornado um mundo totalmente diferente.
Não podemos mudar a consciência humana a
menos que comecemos a mudar o corpo humano. Quando você
come carne, está absorvendo o animal em você, e o
animal precisa ser transcendido. Evite!
Você terá que observar toda a sua vida,
terá que observar cada pequeno hábito em detalhe,
pois, algumas vezes, algo muito pequeno pode mudar toda
a sua vida. Algumas vezes pode ser algo muito simples, e
ele pode mudar a sua vida tão totalmente que parece
inacreditável.
Tente o vegetarianismo e você ficará
surpreso: a meditação se tornará mais fácil, o amor
se tornará mais sutil e perderá sua grosseria, se
tornará mais sensível e menos sensual, e o seu corpo
também começará a ter uma vibração diferente; você
se tornará mais gracioso, mais suave, mais feminino,
menos agressivo, mais receptivo.
O vegetarianismo é uma mudança alquímica
em você, ele cria o espaço no qual o metal básico
pode ser transformado em ouro.
Philosophia Perennis, volume 2, capítulo 6
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