Conexão Brasil                                                              abril de 2005
 

Um Toque de Mestre

Todos os meses apresentamos nesta coluna, uma dica do Osho, uma técnica que podemos 
incorporar ao nosso dia-a-dia, ampliando mais a consciência e trazendo mais centramento. 

 

Os comentários do Osho sobre os 112 métodos de meditação que constituem o Vigyan Bhairav Tantra de Shiva estão reunidos no livro "The Book of the Secrets". Apenas os primeiros 47 métodos estão disponíveis em português, nos volumes 1 e 2 do "Livro dos Segredos", da Ícone Editora. Nesta seção, a cada mês estamos traduzindo os comentários do Osho sobre algum dos métodos ainda não publicados no Brasil. Neste mês de janeiro apresentamos o método nº 108 -  "Torne-se seu próprio guia interior". A tradução é do Sw. Bodhi Champak.
Sobre o Vigyan Bhairav Tantra, Osho diz: "Estes sutras de Shiva são as técnicas mais antigas, as mais ancestrais. Mas você pode chamá-las de as mais recentes também, porque nada pode ser adicionado a elas. Elas incluíram todas as possibilidades, todos os meios para se limpar a mente, para se transcender a mente. Nem um único método pode ser adicionado aos cento e doze métodos de Shiva."  "Estes cento e doze métodos de meditação constituem toda a ciência da transformação da mente." 
 

             Torne-se o seu próprio guia interior

         "A primeira coisa é: você tem o guia dentro de si, mas você não o usa. E você não o tem usado por tanto tempo, por tantas vidas, que talvez você nem mesmo tenha consciência de que o guia existe dentro de si. (....)
          Este sutra é para aquele guia interior: 'Esta consciência é o espírito que guia cada um. Seja esse um'. Não pense com a cabeça. Na verdade, não pense de jeito algum. Simplesmente se movimente. Tente isso em algumas situações. Será difícil porque o velho hábito será começar a pensar. Você terá que estar alerta: não pensar, mas sentir internamente o que está vindo à mente. Você poderá ficar confuso muitas vezes porque você não será capaz de saber se aquilo está vindo do guia interior ou da superfície da mente. Mas logo você conhecerá a sensação, a diferença. 
          Quando alguma coisa vem do interior, ela sobe a partir de seu umbigo. Você pode sentir o fluxo, o calor, vindo do umbigo para cima. Sempre que a sua mente pensa, isso é apenas na superfície, na cabeça, e então aquilo desce. Se a sua mente decide alguma coisa, então você tem que forçar aquilo para baixo. Se o seu guia interior decide, então alguma coisa sai aos borbotões de dentro de você. Vem do centro profundo de seu ser em direção à mente. A mente recebe aquilo, mas não é da mente. Aquilo vem do além, e é por isso que a mente se assusta com essas coisas. Para a razão aquilo não é confiável porque vem lá de trás, sem qualquer motivo, sem qualquer prova. Aquilo simplesmente sai aos borbotões.
          Experimente isso em certas situações. Por exemplo, se você se perdeu dentro de uma floresta, experimente isso. Não pense. Simplesmente feche os olhos, sente-se, fique meditativo, e não pense, porque será inútil. Como você pode pensar? Você não sabe o caminho. Mas pensar tornou-se um tal hábito que você segue pensando mesmo nos momentos em que o pensar não vai chegar a lugar algum. O pensamento só pode acontecer sobre alguma coisa que já é conhecida. Você está perdido numa floresta, não tem qualquer mapa e ninguém a quem você possa perguntar. Sobre o que você está pensando? Mas ainda assim você pensa. Esse pensar será uma preocupação e não um pensar. E quanto mais você estiver preocupado, menos o guia interior poderá ser eficiente.

                    Fique despreocupado. Sente-se debaixo de uma árvore e simplesmente deixe que os pensamentos vão se soltando e diminuindo. Simplesmente espere, não pense. Não crie o problema, simplesmente espere. E quando você sentir que o momento de não-pensamento chegou, então levante-se e comece a se movimentar. Para onde o seu corpo se mover, permita o movimento. Você será simplesmente uma testemunha. Não interfira. O caminho perdido poderá ser encontrado muito facilmente. Mas a única condição é: não deixe a mente interferir. 
          Isso tem acontecido muitas vezes sem que percebamos. Grandes cientistas dizem que uma grande descoberta, sempre que é feita, nunca é feita pela mente, sempre é feita pelo guia interior. (......)
          Quando sua mente fica exausta e não consegue mais fazer coisa alguma, ela simplesmente fica de lado. Nesse momento de afastamento, o guia interior pode dar indiretas, pistas, chaves. O homem que ganhou o Premio Nobel devido à estrutura interna da célula humana, viu isso num sonho. Ele viu toda a estrutura da célula humana, a célula interna, num 


Turning In - O Taro Zen, de Osho

sonho, e então, pela manhã ele simplesmente fez um desenho daquilo. Ele próprio não pode acreditar que aquilo podia ser daquele jeito. Após anos de trabalho ele pode concluir que o sonho era verdade. (......)
          'Esta consciência é o espírito que guia cada um. Seja esse um'.  Perca a cabeça e caia nesse guia interior. Ele está aí. As velhas escrituras dizem que o mestre ou o guru (o guru externo) pode ser útil apenas para encontrar o guru interno. Isso é tudo. Uma vez que o guru externo ajudou você a encontrar o guru interno, cessa a função do guru externo.
          Você não consegue alcançar a verdade através de um mestre. Através de um mestre, você consegue apenas alcançar o mestre interior. E então, esse mestre interior conduzirá você até a verdade. O mestre externo é apenas um representante, um substituto. Ele tem o seu próprio guia interior e ele pode sentir o seu guia interior também, porque ambos existem na mesma sintonia, na mesma afinação, na mesma dimensão. Se eu encontrei o meu guia interior, eu posso olhar para você e sentir o seu guia interior. E se eu sou realmente um guia para você, toda a minha orientação será para conduzi-lo ao seu guia interior.
          Uma vez que você esteja em contato com o seu guia interior, eu não sou mais necessário. Agora você pode movimentar-se sozinho. Assim, tudo o que um guru pode fazer é empurrá-lo de sua cabeça para o seu umbigo, de sua racionalização para a sua força intuitiva, de sua mente argumentativa para o seu confiável guia. E isso não é assim apenas com os seres humanos, também é com os animais, com os pássaros, com as árvores, com tudo. (......)
          Sempre que você estiver confuso numa situação e não conseguir ver como se livrar dela, não pense; simplesmente permaneça em profundo não-pensar e permita que o guia interior guie você. No começo você se sentirá com medo e inseguro, mas depois, quando você chegar todas as vezes à conclusão certa, quando você chegar todas as vezes à porta certa, você irá reunir coragem e se tornará confiante.
          Quando essa confiança acontece, eu a chamo de fé. Essa é, na verdade, a fé religiosa: a confiança no guia interior. Argumentação é parte do ego, é você acreditando em você mesmo. No momento em que você vai fundo dentro de si mesmo, você chega à verdadeira alma do universo. O seu guia interior é parte do guia divino. Quando você o segue, você segue o divino; quando você segue você, você está complicando as coisas e você não sabe o que está fazendo. Você pode achar que é muito sábio. Você não é. 
          A sabedoria vem do coração, não do intelecto. A sabedoria vem do interior profundo de seu ser, não da cabeça. Corte sua cabeça, seja sem cabeça, e siga o ser, para onde quer que ele o conduza. Mesmo que ele o leve ao perigo, vá ao perigo, porque esse será o caminho para você e para o seu crescimento. Através daquele perigo você irá crescer e tornar-se maduro." 

 

 

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