Os Limites da Percepção
"Qualquer
coisa que nós vemos é limitada, qualquer coisa que
nós sentimos é limitada, todas as percepções são
limitadas. Mas se você puder estar consciente, então,
toda coisa limitada estará desaparecendo no ilimitado.
Olhe para o céu. Você verá uma parte limitada dele,
não porque o céu seja limitado, mas porque os seus
olhos são limitados, o seu foco é limitado. Mas se
você puder tornar-se consciente de que essa limitação
é por causa do foco, por causa de seus olhos, que não
é o céu que é limitado, então você verá os limites
fundindo-se com o ilimitado. Qualquer coisa que nós
vemos torna-se limitado por causa de nossa visão. Fora
isso a existência é ilimitada, fora isso tudo está se
dissolvendo em alguma outra coisa. Tudo está perdendo
os seus limites, a todo momento as ondas estão
desaparecendo dentro do oceano, e não há qualquer fim
para coisa alguma, e não há qualquer começo. Todas as
coisas são todas as coisas. (...)
Assim,
sempre que você vir alguma coisa limitada, lembre-se de
que além do limite ela está desaparecendo, a
limitação está desaparecendo. Sempre olhe além e
além.
Então, você pode fazer uma meditação. Simplesmente
sente-se debaixo de uma árvore e olhe. Qualquer coisa
que vier à sua visão, vá além, olhe além e não
pare em lugar algum. Simplesmente descubra onde essa
árvore está se dissolvendo. Esta árvore, esta pequena
árvore em seu jardim, tem toda a existência dentro
dela. Ela está se dissolvendo a todo instante. Se o Sol
não nascer amanhã, esta árvore morrerá, porque a
vida desta árvore está junta com a vida do Sol. A
distância entre eles é muito grande; para os raios do
Sol atingirem a Terra leva tempo, um tempo de dez minutos.
Um tempo de dez minutos é muito longo, porque a luz se
propaga numa velocidade tremendamente rápida. A luz se
propaga a uma velocidade de cento e oitenta e seis mil
milhas num segundo e ela, partindo do Sol, leva 10
minutos para alcançar esta árvore. A distância é
tremenda, é vasta. Mas se o Sol não estiver mais lá,
esta árvore imediatamente desaparecerá. Eles existem
juntos. A árvore está se dissolvendo a cada momento no
Sol e o Sol está se dissolvendo na árvore. A todo
momento o Sol está entrando na árvore, fazendo-a
viver. Uma outra coisa é ainda desconhecida pela
ciência, mas a religião diz que está acontecendo: é que na vida nada pode existir
sem resposta. Se o Sol está dando vida à árvore, a
árvore deve estar devolvendo vida ao Sol, porque na
vida existe sempre uma resposta e a energia equaliza. A
árvore deve estar dando vida ao Sol. Eles são um.
Então, a árvore desaparece, a limitação desaparece.
Sempre que você olhar, olhe para o além e não pare em
lugar algum. Continue e continue até você perder a sua
mente, até você perder todos os seus padrões
limitados. De repente, você estará iluminado. Toda a
existência é uma unidade. Essa unidade é a meta. E,
de repente, a mente estará cansada de padrões,
limitações, fronteiras. E na medida em que você
continua insistindo em ir além, puxando para além e
além, a mente escorrega. De repente ela desiste, e
você olha para a existência como uma vasta unidade,
todas as coisas se dissolvendo em outras coisas, todas
as coisas se transformando em outras coisas.
Você pode fazer uma meditação a partir disso.
Sente-se por uma hora e trabalhe com isso. Não crie
limitação em lugar algum. Qualquer que seja a
limitação, tente encontrar o além e mova-se para lá
e continue movendo-se. Logo a mente ficará cansada,
porque a mente não agüenta o ilimitado. Somente com o
limitado ela pode se relacionar. Com o ilimitado ela
não consegue se relacionar. Ela fica entediada, ela
fica cansada. Aí ela diz: 'Chega! Agora pare!' Mas não
pare, continue se movendo. Chegará o momento em que
a mente ficará para trás e somente a
consciência estará se movendo. Nesse momento você
terá a iluminação da unidade, da não-dualidade. Essa
é a meta. Esse é o pico mais alto da consciência. E
esse é o maior êxtase possível para a mente humana e
a mais profunda felicidade."
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