Todos os
meses apresentamos nesta coluna, uma dica do Osho, uma técnica que
podemos
incorporar ao nosso dia-a-dia, abrindo mais a consciência e trazendo
mais centramento.
Os comentários
do Osho sobre os 112 métodos de meditação que
constituem o Vigyan Bhairav Tantra de Shiva estão
reunidos no livro "The Book of the Secrets". Apenas
os primeiros 47 métodos estão disponíveis em português,
nos volumes 1 e 2 do "Livro dos Segredos", da
Ícone Editora. Nesta seção, a cada mês estamos
traduzindo os comentários do Osho sobre algum dos métodos
ainda não publicados no Brasil. Neste mês de setembro
apresentamos o método nº 83 - "Mude o seu
foco para o espaço em branco'".
A tradução é do Sw. Bodhi Champak. |
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Sobre
o Vigyan Bhairav Tantra, Osho diz: "Estes sutras de
Shiva são as técnicas mais antigas, as mais
ancestrais. Mas você pode chamá-las de as mais
recentes também, porque nada pode ser adicionado a
elas. Elas incluíram todas as possibilidades, todos os
meios para se limpar a mente, para se transcender a
mente. Nem um único método pode ser adicionado aos
cento e doze métodos de Shiva." "Estes
cento e doze métodos de meditação constituem toda a
ciência da transformação da mente." |
Mude o seu foco para o espaço em branco
"
Antes de desejar e antes de conhecer, como posso
dizer 'eu sou'?
Um desejo surge e com o desejo, surge o sentimento de que 'eu
sou'. Um pensamento surge e com o pensamento, surge o
sentimento de que 'eu sou'. Olhe para isso em sua
própria experiência. Antes de desejar e antes de
conhecer, não há ego.
Sente-se silenciosamente e olhe para dentro. Um
pensamento surge e você fica identificado com o
pensamento. Um desejo surge e você fica identificado
com o desejo. Na identificação você se torna o ego.
Então pense: não há qualquer desejo e não há
qualquer conhecimento ou pensamento. Você não consegue
se identificar com coisa alguma. O ego não consegue
surgir.
Buda usava essa técnica e dizia a seus discípulos
para nada fazerem, exceto uma coisa: quando um
pensamento surgir, observe-o. Buda costumava dizer:
quando um pensamento surgir, observe que um pensamento
está surgindo. Dentro de você, observe isso: agora,
um pensamento está surgindo, agora um pensamento
surgiu, agora um pensamento está desaparecendo.
Simplesmente lembre-se de que agora o pensamento está
surgindo, agora o pensamento surgiu e agora o pensamento
está desaparecendo. Assim, você não fica identificado
com ele.
Isso é muito belo e é muito simples. Um desejo surge.
Você está andando na rua, um belo carro passa ao lado.
Você olha para ele, e você nem mesmo olhou e o desejo
de possuí-lo surge. Faça isso. No começo, simplesmente
verbalize, simplesmente diga devagar: 'Eu vi um carro.
Ele é belo. Agora um desejo de possuí-lo surgiu.'
Simplesmente verbalize.
No começo será bom e se você puder dizer isso bem alto
será muito bom: 'Eu estou simplesmente observando que
um carro passou, que a mente disse que ele é bonito, e
agora o desejo surgiu e eu preciso possuir esse carro.'
Verbalize tudo, fale alto para si mesmo e imediatamente
você sentirá que você está diferente. Observe isso.
Quando você estiver eficiente em observar, não há
necessidade de falar em voz alta. Simplesmente dentro de
você observe que o desejo surgiu. Uma bela mulher passa
e o desejo aparece. Simplesmente observe, como se você
não estivesse interessado, você está simplesmente
observando um fato que aconteceu, e então, você de
repente estará fora disso.
Buda disse: observe qualquer coisa que aconteça.
Simplesmente continue observando e quando desaparecer,
de novo observe que agora aquele desejo desapareceu, e
você sentirá um distanciamento do desejo, do
pensamento.
Esta
técnica diz:
Antes de desejar e antes de conhecer, como posso
dizer 'eu sou'?
E
se não existir desejo e se não existir pensamento,
como posso dizer 'eu sou'?
Então, tudo é silêncio, não há qualquer agitação.
E sem qualquer agitação, como posso criar agora
essa ilusão de 'eu'? Se existir alguma agitação, posso me apegar a ela e através dela
posso sentir
'eu sou'. Quando não há qualquer agitação na
consciência, não há qualquer 'eu'.
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Assim, antes do desejo, lembre-se; quando o desejo
chegar, lembre-se; quando o desejo se for, continue
lembrando-se. Quando um pensamento surge, lembre-se.
Olhe para ele. Simplesmente observe que um pensamento
surgiu. Mais cedo ou mais tarde irá embora, porque
tudo é momentâneo, e haverá um espaço em branco.
Entre dois pensamentos existe um espaço em branco,
entre dois desejos existe um espaço em branco, e no
espaço em branco não há qualquer 'eu'.
Observe um pensamento na mente e em seguida você
sentirá que existe um intervalo. Ainda que pequeno,
existe um intervalo. Depois outro pensamento vem e de
novo vem um intervalo. Nesses intervalos, não existe
qualquer 'eu'. E nesses intervalos você é o seu ser
real. Pensamentos estão se movendo no céu. Nesses
intervalos, você pode olhar entre duas nuvens e o céu
é revelado.
Perceba.
Dissolva-se na beleza.
E se você perceber que um desejo surgiu, um desejo se
foi e você permaneceu no espaço em branco e o desejo
não perturbou você... Ele veio e ele foi. Ele esteve
aí, agora ele não está aí e você permaneceu
imperturbado, você permaneceu como você estava antes
dele. Não houve qualquer mudança em você. Ele veio e
passou como uma sombra. Ele não tocou você. Você
permanece sem cicatriz.
Perceba esse movimento do desejo e esse movimento do
pensamento, mas sem movimento em você. Perceba.
Dissolva-se na beleza. E aquele intervalo é belo.
Dissolva-se naquele intervalo; deixe-se cair no espaço
em branco e seja o espaço. Ele é a mais profunda
experiência de beleza. E não apenas de beleza, mas de
bondade e de verdade também. Nesse espaço em branco
você é. |
by Nartan
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Toda a ênfase tem que se mover de espaços preenchidos para espaços
vazios. Você está lendo um livro: existem palavras e existem
sentenças, mas entre as palavras existem os espaços, entre as
sentenças existem espaços. Naqueles espaços você é. Você é o
branco do papel, e os pontos pretos são exatamente as nuvens de
pensamentos e desejos movendo-se em você. Mude a ênfase, mude a
gestalt. Não olhe para os pontos pretos, olhe para o branco.
Em seu ser mais
interno, olhe para os espaços em branco. Seja indiferente aos
espaços preenchidos, aos espaços ocupados. Esteja interessado nos
espaços em branco, nos intervalos. Através desses intervalos você
pode dissolver-se na maior das belezas." |
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