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Conexão
Brasil
abril
de 2009
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O
Futuro não é sombrio
Osho,
Para mim, o futuro do Oriente parece sombrio, seja
qual for a maneira de se olhar para ele – ou a pobreza e a
fome devido ao fatalismo, ou a ocidentalização através do
capitalismo. É preciso que o Oriente se torne um Ocidente
antes que as pessoas novamente se interessem pela busca
interior? É preciso que as pessoas do Oriente se tornem
materialmente ricas antes que sua pobreza espiritual de novo
se torne evidente?
Mas o peso do Ocidente já está excessivo sobre o
mundo: a bomba atômica; a violência devido à frustração;
a automatização da alma; a destruição das florestas e a
poluição do ar e do mar, de tal modo que é incerto se o
meio ambiente conseguirá manter seu delicado equilíbrio.
Conseguirá o mundo suportar mais um outro Ocidente?
“Ruparahi, o futuro apenas parece ser sombrio; ele sempre
teve essa aparência. Isso não é algo novo. Você pode
retroceder ao máximo possível na história humana, até o
exato momento em que começa a humanidade, quando Adão e
Eva foram expulsos do Jardim do Éden, e você descobrirá
que o futuro sempre pareceu sombrio. Pense apenas em Adão e
Eva sendo expulsos do jardim de Deus e as portas sendo
fechadas atrás deles. Como seria o
futuro? Ele deve ter parecido muito sombrio. Tudo que eles conheciam lhes
foi tirado. Sua segurança, sua proteção, seu mundo, tudo
lhes foi tirado. Que esperança futura lhes restou? Somente
escuridão e morte. Deve ter sido
assustador.
E isso não
é apenas uma estória alegórica: toda vez que uma criança
nasce, o futuro lhe parece sombrio, porque de novo o útero
– o ambiente seguro e protegido do útero – lhe é
tirado, e a criança indefesa é expulsa. O que você pensa
que acontece com a criança?
Os psicanalistas dizem que o
maior trauma é o trauma do nascimento, e que a pessoa
carrega esse sofrimento por toda a vida. A palavra
‘trauma’ vem de uma raiz que significa ‘ferimento’.
O trauma do nascimento é o maior ferimento; é muito raro
encontrar uma pessoa cujo trauma do nascimento tenha sido
curado.
Ele se cura apenas quando a
pessoa se torna iluminada, porque com a iluminação ela está
de novo no útero eterno de Deus, do contrário, o ferimento
fica machucando continuamente.
Por toda a sua vida, você
tenta esconder esse ferimento, mas escondendo, ele não
consegue desaparecer. Toda criança ao nascer, ao sair através
canal do nascimento, deve sentir que o futuro é sombrio; e
isso tem sido assim em todas as épocas. O futuro é
desconhecido, por isso ele parece sombrio.
Isto não é algo novo que o
homem moderno esteja sentindo; isso é tão antigo quanto o
homem. Você pode procurar pelos registros mais antigos e
isso sempre foi dito em todas as velhas escrituras, ‘O
futuro é sombrio’. E o corolário é que o passado foi
dourado. ‘O futuro é sombrio’. O passado foi bom – satyug,
a Era da Verdade; e o futuro, kalyug
– a Era da Morte e da Escuridão.
Essa atitude está alojada em
algum lugar, no fundo de sua mente; isso nada tem a ver com
a época e a realidade que o cerca. E você tem que
abandonar essa atitude pessimista, Ruparahi. Isso depende de
sua abordagem.
Por exemplo, é muito simples
dizer, ‘o peso do
Ocidente já está excessivo sobre o mundo: a bomba atômica,’
e ninguém contestará você, isso parece tão óbvio. Mas
eu gostaria de lhe dizer para pensar novamente, para
reconsiderar isso. Na verdade, foi a bomba atômica que
tornou a guerra impossível. Agora, não pode mais haver uma
guerra mundial.
No passado nós podíamos ter
guerras constantes porque as nossas guerras eram muito
ineficientes, não havia perigo algum. É por isso que ao
longo das eras, em três mil anos nós tivemos cinco mil
guerras. Não havia problema algum; aquilo era apenas um
jogo, uma curtição para a mente machista egoísta; ela
precisava muito daquilo. E as guerras teriam continuado se não
aparecesse a bomba atômica. A bomba atômica é o fim das
guerras. |
O futuro
não é sombrio. A própria existência da bomba atômica
significa que agora, se você decidir pela guerra, ela será
um suicídio universal. Quem está pronto para correr esse
risco? Ninguém conseguirá vencer e todo mundo morrerá.
Ninguém conseguirá ser o vencedor; então qual o
objetivo do jogo?
A guerra é significante se
alguém puder vencer e alguém for derrotado. A guerra se
torna absurda se ninguém puder vencer e ambos forem
destruídos. Foi apenas por causa da existência da bomba
atômica que a Rússia e aos Estados Unidos ficaram
impedidos de guerrear, caso contrário, parece que não
havia outra possibilidade a não ser a guerra. Ambos
estavam prontos, totalmente prontos, mas a bomba atômica
tornou a guerra impossível. (...)
A
Terceira Guerra Mundial não vai acontecer, e isso não é
por causa de Buda e Cristo e de seus ensinamentos de não-violência
e de amor, não! Isso será por causa da bomba |
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atômica. Porque agora a morte será
total, o suicídio será completo. Não apenas os homens
serão destruídos, mas também os pássaros, os animais,
as árvores, toda a vida será destruída na terra.
Esta é a única
possibilidade de se abandonar a guerra para sempre. Nós
nos tornamos tão eficientes em matar, que, agora, matar não
pode mais ser permitido. Pense desta maneira e você ficará
surpreso – então o futuro não será mais sombrio.
Você diz, ‘violência devido à frustração’. É verdade. Sempre que alguém
se sente frustrado...e o mundo está se sentindo
frustrado, particularmente o Ocidente. A frustração vem
como uma sombra do sucesso. No Oriente não existe frustração
porque não existe sucesso, então a sombra fica faltando.
No Ocidente existe grande frustração porque o sucesso já
chegou; tudo que o homem precisou desde sempre está
disponível, e não existe qualquer satisfação. O
sucesso fracassou – essa é a frustração.
Mas esse também é o ponto
do sannyas, da meditação, da religião. Sim, você pode
se tornar frustrado e ficar violento porque tudo que você
esperava fracassou – você foi bem sucedido e nada
aconteceu – uma grande frustração surge
em você. Você
pode se tornar um assassino e pode se tornar um suicida.
Mas a outra possibilidade também existe, você pode começar
a pensar de uma maneira totalmente nova, pensar que o
sucesso não pode estar no mundo exterior, que o sucesso
tem que ser algo mais interno, que você estava correndo
numa direção errada. A sua direção estava errada, por
isso você fracassou.
No Ocidente, por causa da
frustração, as pessoas estão se tornando cada vez mais
interessadas em meditação, prece e contemplação. Isso
também é parte da mesma frustração. A minha observação
pessoal é que a pessoa se torna um meditador apenas
quando lhe restam duas possibilidades: suicídio ou
transformação.
Quando no mundo externo
parece haver apenas suicídio e nada mais, a pessoa, então,
se volta para dentro. Somente em tal ponto, no pico da
frustração, a pessoa se volta para dentro. A volta para
dentro não acontece a uma pessoa morna e insensível; ela
acontece apenas quando as coisas estão realmente quentes
e não mais existe qualquer caminho externo. Todos os
caminhos já provaram ser falsos. Quando você ficou
totalmente frustrado com o mundo exterior e todas as
jornadas externas, quando toda a extroversão parece não
ter mais sentido, somente então surge o desejo, o anseio
por uma peregrinação mais interna.
Isso tem sido sempre assim.
É apenas nos extremos, quando a vida se defronta com uma
crise que a transformação acontece. A água evapora aos
cem graus; essa temperatura elevada é necessária. O
Ocidente criou essa temperatura elevada de frustração.
Umas poucas pessoas se tornarão violentas, umas poucas se
tornarão assassinas, outras se tornarão suicidas, mas a
maior parte da humanidade começará a se voltar para
dentro.
Você diz, ‘...a automatização da alma’. A industrialização e o crescimento
da tecnologia não tornaram o homem um autômato, não
fizeram do homem uma máquina. O homem tem sido sempre uma
máquina. A industrialização apenas revelou a verdade.
Isso é uma grande revelação. O homem sempre viveu em
escravidão, mas a escravidão não era tão aparente, não
era tão penetrante, havia sempre a ilusão da
liberdade.
A mecanização de tudo que
o rodeia, fez você ficar consciente de que você nada
mais é que uma máquina. Você sempre foi isso. Os Budas
sempre estiveram lhe dizendo que você existe como um robô,
que você ainda não é um homem, mas as ilusões
persistiam. O mundo moderno está tirando essa ilusão de
você, está revelando a verdade para você: que você
nada mais é que uma máquina – eficiente ou
ineficiente, mas uma máquina.
Isso tinha que ser assim,
pois somente quando você vive com máquinas você
consegue se tornar consciente de sua existência
semelhante a uma máquina. Antes você sempre viveu com árvores,
animais e pessoas e isso lhe deu a falsa idéia de que
existia liberdade.
A liberdade apenas existe
quando você está completamente consciente. Somente um
Buda é livre. A liberdade está na natureza búdica;
ninguém mais é livre, ninguém mais consegue ser livre.
Mas as pessoas podem acreditar... É uma ilusão que
consola muito. O mundo moderno jogou fora a sua ilusão,
para longe de você, e isso é bom porque agora surgirá
um grande desejo de se tornar livre, um grande anseio de
alcançar algo além da máquina.
Por exemplo, o computador
provou que por mais eficiente que sua mente seja, ela não
faz de você realmente um homem, porque um computador pode
fazer a mesma coisa e melhor do que a sua mente. Agora, as
pessoas que costumavam fazer belos trabalhos de matemática
se sentirão ofendidas porque o computador pode fazer o
mesmo, de uma maneira muito melhor. E o trabalho do
computador é tão rápido que, segundo dizem, um problema
cuja solução levaria setenta anos da vida de um grande
matemático, trabalhando todos os dias, um computador
consegue resolver dentro de um segundo.
Qual a lição a ser
aprendida? Que o cérebro nada mais é que um
biocomputador. Sem o computador, isso nunca seria revelado
a você, que o seu cérebro é um computador. Agora, com o
computador, as pessoas que se achavam grandes
intelectuais, matemáticos, cientistas, especialistas estão
todos reduzidos a máquinas. Isso não era possível, dois
mil anos atrás: não havia maneira de se saber que a
mente funciona como uma máquina, que a mente nada mais é
que uma máquina.
Existe só uma coisa que o
computador não consegue fazer. Ele pode ser lógico, mas
ele não consegue ser amoroso; ele pode ser racional, mas
ele não consegue ser meditativo. Um computador não
consegue meditar, não consegue amar. E esta é a esperança,
e é aí que o homem ainda pode ir além das máquinas.
Você pode amar. O seu amor será o fator decisivo para os
dias futuros – não a lógica, pois o computador é
perfeitamente lógico, mais lógico que qualquer Aristóteles;
não a matemática, pois o computador é mais matemático
que qualquer Albert Einstein. |
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O
computador vai resolver todos os problemas. O computador
resolverá todos os problemas que os cientistas costumavam
levar anos para resolver. Ele poderá resolvê-los
em segundos. Mais
cedo ou mais tarde, a ciência estará nas mãos dos
computadores; os cientistas serão necessários apenas
para operar os computadores, e nada mais. O computador
pode fazer as coisas com maior rapidez e mais eficiência,
com muito menos possibilidades de erros. Isto é algo
tremendamente significante. Isso pode fazê-lo ficar muito
assustado, isso pode lhe dar a idéia de que nada mais lhe
resta, o homem é uma máquina, mas isso também pode
preenchê-lo com uma grande esperança, a de que o
computador revelou agora que a cabeça não é a
verdadeira realidade do homem.
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Agora nós
temos que buscar o coração, pois o computador não tem
coração. Somente buscando nossos corações, somente
permitindo que nossos corações dancem, cantem e amem, nós
seremos capazes de manter a glória e a dignidade de um
ser humano, caso contrário, elas se perderão.
O futuro lhe parece sombrio
porque você apenas vê o lado escuro do fenômeno. Você
não está consciente de seu lado mais luminoso. Eu vejo a
madrugada chegando muito próxima. Sim, a noite é muito
escura, mas o futuro não é sombrio, de maneira
alguma.
Na verdade, pela primeira
vez na história humana, milhões de pessoas serão
capazes de se tornar Budas. No passado era muito raro
tornar-se um Buda, porque era muito raro tornar-se
consciente da mecanização do homem. Era preciso uma
grande inteligência para estar consciente de que o homem
é uma máquina. Mas agora não será preciso uma grande
inteligência, ficará muito óbvio que o homem é uma máquina.
E você diz, ‘...a destruição das florestas e a poluição do ar e do mar, de tal modo
que é incerto se o meio ambiente conseguirá manter seu
delicado equilíbrio. Conseguirá o mundo suportar mais um
outro Ocidente?’ Esta é uma das mais belas coisas a
respeito da ciência e da tecnologia: ela cria problemas
apenas para resolvê-los. E o problema somente pode ser
resolvido, após ter sido criado; então ele se torna um
desafio. Agora o maior desafio para a tecnologia é como
manter o equilíbrio da natureza, como manter a harmonia
ecológica. Este é um novo problema, ele nunca existiu
antes.
Pela primeira vez o
Ocidente está encarando um novo problema. Nós temos
vivido nesta terra há milhões de anos. Pouco a pouco nós
estivemos crescendo, nos tornando mais e mais hábeis
tecnologicamente, mas ainda não tínhamos sido capazes de
destruir o equilíbrio natural; nós ainda éramos uma força
muito pequena sobre a terra. Agora, pela primeira vez, a
nossa energia está maior, muito maior do que a energia da
terra que mantém o seu equilíbrio. Isto é um grande fenômeno.
O homem tornou-se tão poderoso que ele consegue destruir
o equilíbrio natural. Mas ele não irá destruí-lo,
porque destruir o equilíbrio natural significa destruir a
si mesmo.
Ele encontrará novas
maneiras; e novos caminhos serão descobertos. O caminho
para recuperar o delicado equilíbrio da natureza não será
através da renúncia à tecnologia. Não será nos
tornando hippies, não será nos tornando Gandhis, não,
de jeito algum. O caminho para recuperar o equilíbrio da
natureza será através de uma tecnologia superior, uma
tecnologia mais elevada, mais tecnologia. Se a tecnologia
consegue destruir o equilíbrio, por que ela não
conseguiria recuperá-lo? Qualquer coisa que pode ser
destruída, pode ser criada. (...)
O caminho não é o
retrocesso; não é possível retroceder. O homem agora não
consegue viver sem eletricidade, sem todos os confortos
que a tecnologia colocou à sua disposição. E também não
há necessidade disso. Isso tornaria o mundo muito pobre.
Você não sabe como o homem viveu no passado, sempre
faminto, sempre doente. Você não sabe como o homem viveu
no passado; as pessoas se esqueceram. Você não sabe qual
era a expectativa de vida no passado: em vinte crianças
nascidas, apenas duas sobreviviam. A vida era muito
feia.
E sem as máquinas, havia
escravidão. Foi apenas por causa das máquinas que a
escravidão desapareceu sobre a terra. Se mais máquinas
vierem, então desaparecerá ainda mais essa escravidão.
Os cavalos serão mais livres se mais carros existirem; os
bois estarão livres novamente se mais máquinas existirem
para fazer o seu trabalho; os animais poderão ser livres
novamente.
A liberdade não é possível
sem as máquinas. Se você abandonar as máquinas, o homem
se tornará escravo novamente. Haverá pessoas que começarão
a dominar e a impor. Você já viu as pirâmides? Elas têm
um visual tão bonito, mas cada pirâmide foi construída
de uma tal maneira que milhões de pessoas morreram em sua
construção. Aquela era a única maneira de construí-la.
Todos os belos palácios do mundo, e as fortalezas...
Muita violência aconteceu, somente assim puderam ser
construídos. A Grande Muralha da China – milhões de
pessoas morreram na construção. Elas foram forçadas,
gerações de pessoas foram forçadas, apenas para
construir essa Muralha da China. Agora as pessoas vão até
lá para ver, e se esquecem completamente de que ela
representa um capítulo muito feio da história.
(...)
Eu sou totalmente a favor
da ciência. Minha religião não é contra a ciência;
minha religião absorve a ciência. Eu acredito num mundo
científico. E através da ciência, uma grande religião
vai surgir para o homem, porque quando o homem estiver
realmente livre para ser brincalhão e não tiver
necessidade de trabalhar, uma imensa criatividade será
liberada. As pessoas pintarão, tocarão música, dançarão,
escreverão poemas, irão orar, irão meditar. Toda a
energia das pessoas estará livre para voar alto. (...)
E isso será possível pela
primeira vez. Pense apenas... Toda a humanidade livre do
aprisionamento do trabalho. Então, a energia começará a
se mover em novas direções. As pessoas se tornarão mais
aventureiras, exploradoras, cientistas, musicistas,
poetas, pintores, dançarinos, meditadores. Elas terão
que se tornar, pois a energia precisará de alguma forma
de expressão. Milhões de pessoas irão desabrochar com
Budas.
Eu sou tremendamente
esperançoso a respeito do futuro (...)
Eu sou a favor de que o
Oriente seja ocidentalizado pois a ocidentalização nada
mais é que modernização. Esqueça a palavra
‘Ocidente’. Ocidentalização significa modernização: mais tecnologia, mais ciência,
mais industrialização; e tecnologia mais elevada de modo
que possamos salvar esta terra e seu delicado equilíbrio
ecológico. O Oriente tem que se modernizar e assim o
futuro não será sombrio.
Mas o
maior problema é que a mente oriental é contra a
modernização. Suas velhas tradições são os grandes
obstáculos. O condicionamento de suas mentes é tão
grande que eles cometem suicídio. E eles acham que têm
uma grande cultura, grandes valores e grandes idéias. E
tudo isso está podre! Por causa desse passado podre, eles
não conseguem entender a moderna explosão de grande
conhecimento que pode transformar esta terra num
verdadeiro paraíso.
Esses velhos padrões têm
que ser destruídos. As pessoas me perguntam,
particularmente os indianos, ‘O que você está fazendo
para ajudar a Índia se livrar de sua pobreza?’ Na
verdade, é isso que eu estou fazendo, porque para mim não
se trata de uma questão de distribuir roupas para os
pobres. Isso não vai ajudar. Não é uma questão de
distribuir coisa alguma, não é uma questão de caridade;
é uma questão de mudar suas mentes e sua estrutura de
pensar. Mas, então os problemas surgem: eles ficam mais
antagônicos a mim. A vida é um paradoxo.
O que eu estou dizendo pode
mudar o destino do Oriente, pode transformar toda a sua
feiúra em beleza, mas as pessoas orientais são os
maiores opositores a mim, porque o que eu digo é contra
os seus condicionamentos, suas idéias – idéias
estabelecidas há séculos. É por isso que você não vê
muitos indianos aqui.
A mente ocidental sente
imediatamente uma profunda afinidade comigo. É porque eu
estou sempre a favor do moderno, do novo. A mente
ocidental consegue me entender imediatamente, ela sente
uma similaridade, mas a mente oriental simplesmente fica
agitada. No momento em que a mente oriental escuta o que
eu estou dizendo, ela começa a negar, a se tornar antagônica;
ela começa a se defender. (...)
Ao lhe falar dessa maneira
total, eu estou correndo o risco de criar problemas
desnecessários para mim! Eu poderia estar falando esses
velhos e estúpidos tipos de espiritualidade e o país
ficaria muito orgulhoso de mim e as pessoas iriam me
adorar. Mas eu não estou interessado em seu adorado, nem
que a Índia sinta orgulho de mim. Todo o meu interesse é
como mudar a mente podre deste país, como lhe dar uma
nova visão.
Mas eles são contra mim,
embora o que eu esteja fazendo seja sua única esperança.
A Índia precisa tornar-se
moderna, tornar-se mais capitalista, mas a própria
palavra ‘capitalismo’ assusta as pessoas. Eles começam
a pensar que eu estou trabalhando para a C.I.A. Povo tolo!
A C.I.A. pode estar trabalhando para mim, mas por que eu
estaria trabalhando para a C.I.A.? Mas a mente deles está
definida. Faça você o que quiser, mas continue falando
sobre o socialismo, e eles se sentirão bem. Na Índia
todo mundo fala sobre o socialismo. As pessoas não são
socialistas, de jeito algum. As pessoas falam sobre o
socialismo porque isso traz votos.
Pode ser que eu seja a única
pessoa em todo este país que tem coragem de dizer que o
capitalismo é a única coisa certa. Pode ser que eu seja
a única pessoa neste país que tem coragem de dizer que a
Índia deve se aproximar mais e mais dos Estados Unidos e
abandonar a sua política de neutralidade. Toda essa política
é uma tolice, ela não vai ajudar a Índia. Somente através
do capital americano, do ‘know-how’ americano e da
tecnologia americana. os problemas deste país poderão
ser resolvidos. (...)
Eu não
acho que o futuro seja sombrio. O futuro é muito cheio de
esperança, muito brilhante. Nunca foi assim antes, porque
pela primeira vez o homem está chegando muito próximo a
um ponto em que poderá se livrar de todo trabalho. O
homem, pela primeira vez, poderá viver no luxo, e viver
no luxo é estar pronto para se mover para dentro, você
terá que se mover para dentro: a jornada externa está
terminada. Tudo o que pode ser alcançado no mundo externo
já foi alcançado... Agora, uma nova aventura.
O que aconteceu com Buda
pode acontecer com toda a humanidade no futuro. Ele viveu
no luxo – ele era filho de um rei – e por causa dessa
vida luxuosa, ele tornou-se consciente. Uma vez que não
havia problema algum do lado de fora, ele pode cair em si
mesmo, ele pode encontrar maneiras e meios de entrar no
mundo interior. Ele tornou-se interessado em saber ‘Quem
sou eu?’ O que aconteceu ao Buda pode acontecer a toda a
humanidade se ela se tornar rica, externamente rica. Estar
rico externamente é o começo da riqueza interior.
E eu lhe ensino uma religião
que pressupõe a ciência, uma religião que é sensata e
sensual. Eu lhe ensino uma religião que aceita o corpo,
que ama o corpo e que respeita o corpo. Eu lhe ensino uma
religião que é terrena, que ama esta bela terra, que não
é contra a terra. A terra tem que ser a base de seu vôo
celestial.
OSHO – The Secret - Cap. 16 – Pergunta
1
Tradução:
Sw. Bodhi Champak
Copyright
©
2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos
os direitos reservados
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