Conexão Brasil                      dezembro de 2008
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Osho, eu não consigo entendê-lo...

 

      Querido Osho, 
     
Eu não consigo entendê-lo. Eu tentei arduamente, mas fracassei. O que devo fazer agora?

      “Govindo, é necessário me entender?  
      O que é entender?  
      Entender é um esforço intelectual. O que eu estou tentando comunicar nada tem a ver com intelecto. Você consegue sentir, mas não consegue entender; você consegue viver e somente vivendo, será capaz de entender.

    
  Mas as pessoas tentam exatamente o oposto. Primeiro elas querem entender. A idéia é: a não ser que você entenda uma coisa, como pode experimentá-la? Como você pode vivê-la? Isso é lógico, que primeiro você deve entender e somente depois deve tentar viver.  
      Mas a vida não é lógica, a vida é muito mais profunda que a lógica, e muitas vezes a vida é absolutamente ilógica.  
      Se você tentar se agarrar à lógica, irá perder muitas coisas. E essas muitas coisas, são as mais preciosas. Você perderá o amor, perderá a meditação, perderá a alegria, perderá Deus, perderá a liberdade. Você perderá tudo o que faz a vida significante, tudo que lhe dá beleza e esplendor. Você perderá a presença da natureza divina que o circunda. A lógica é uma barreira, não uma ponte.  
      E Govindo, você diz, ‘Eu não consigo entendê-lo’. Você deve estar tentando com a cabeça. Isto aqui é uma comunhão de coração a coração. Se você quiser me entender errado, então a cabeça é o instrumento certo. Daí, você ficará me entendendo errado para sempre. Mas se você quiser me compreender, então você terá que esquecer todos os seus velhos padrões de entender as coisas. O que estou ensinando aqui não é matemática;  não é filosofia que estou ensinando aqui.  
      Eu estou ensinando algo absolutamente existencial. Você tem que viver isso, você tem que dar um salto quântico. Foi-lhe ensinado sempre, para pensar duas vezes antes de dar um salto. E o que eu estou lhe dizendo é: Dê o salto primeiro e depois pense quantas vezes quiser. Porque então, o pensar nada poderá fazer, não poderá lhe fazer mal algum. Mas deixe que o salto aconteça primeiro.
      A meditação tem que ser experienciada. Se você quiser entender o que ela é, perderá o seu sentido, porque ela não é uma questão da mente. Meditação significa um estado de não-mente. Eu estou constantemente empurrando vocês para um estado de não-mente, de todas as maneiras possíveis. O que estou fazendo aqui é absurdo, não é lógico. Você terá que deixar a lógica de lado. Senão eu direi uma coisa e você entenderá outra.

      Coloque o seu intelecto de lado. Mas lembre-se, eu não estou lhe dizendo para colocar sua inteligência de lado. Ao contrário  se você colocar seu intelecto de lado você será muito mais inteligente, porque inteligência e intelectualidade não são sinônimas elas são antagônicas. Inteligência é uma clareza; intelectualidade nada mais é que um estado anuviado. Intelectualidade significa que você tem muitos conhecimentos, e os seus conhecimentos ficam interferindo. A sua mente fica interpretando continuamente  sua mente fica julgando.  
      Ouça-me sem julgamento. Eu não estou dizendo para concordar comigo – a questão não é concordar ou discordar – apenas ouça.  
      Quando você vai às montanhas e ouve o som da cachoeira, você concorda ou discorda dela?  
      Você simplesmente ouve. Quando você ouve uma bela música, você concorda ou discorda?  
      A questão não é concordar ou discordar. Ouvir não é julgar  Por isso, os críticos continuam perdendo muitas coisas. Se um crítico vai ouvir música, o seu ouvir não é total. Ele está constantemente comparando, julgando, interpretando.

      Você precisa ser não-crítico. Você tem que estar simplesmente aberto, vulnerável, receptivo, silencioso. De modo que tudo o que está acontecendo, possa penetrar no centro mais profundo de seu ser. Se você estiver cheio de sua própria mente, Govindo, você vai me entender errado, e é provável que isso aconteça.

      A senhora Zockwoski, uma ruiva atraente, pegou um ônibus lotado e ficou de pé junto a um jovem.  
      O rapaz, pensando em lhe ceder o assento, olhou para ela e disse: ‘até onde você quer?’  
      ‘Você me deixou nervosa’, disse bruscamente a garota polaca, ‘Eu poderia lhe perguntar qual é o tamanho?’  

      Se você estiver carregando algo em sua mente, se você estiver pré-ocupado, então tudo o que você ouvir, não será o que está sendo dito, será o que você for capaz de ouvir.  

      Num programa de perguntas e respostas, o apresentador diz: ‘senhorita, valendo cinqüenta dólares, qual foi o primeiro homem na terra?’  
      Senhorita: Adão  
      Apresentador: ‘Resposta correta. Agora, por duzentos dólares, diga-me, quais foram as primeiras palavras de Eva quando ela encontrou Adão?’
      Senhorita (engasgada sem saber o que responder, voltou-se para o apresentador e disse): ‘Xi! Agora ficou duro hein?’  
      Apresentador: ‘Dê os duzentos dólares para essa senhorita’.

      Govindo, não permaneça pré-ocupado com os seus próprios pensamentos. Você deve ter vindo com grande conhecimento. Você deve ter vindo com seus próprios conceitos e está ouvindo através da selva de suas próprias idéias.  
      O que eu estou dizendo é muito simples, totalmente simples. As minhas afirmações são absolutamente comuns. Eu não sou um homem santo, eu não sou santo, eu sou mais comum que você. Eu nada tenho de especial. Eu nem mesmo existo, como posso ser especial?  
      Assim, as minhas afirmações são muito simples. Uma criança consegue entendê-las. Mas você pode continuar não entendendo.  

      Num ônibus da Terceira Avenida em Manhatan...  
      Uma solteirona muito afetada ficou chocada ao ouvir Scarpetti, o imigrante, dizer ao seu amigo:  
      “Emma vem-a primeiro, I vem-a depois, dois essa vem-a juntos, I vem-a de novo, dois essa vem-a junto de novo, I vem-a mais uma vez, pê pê duas vezes, então I vem-a pela última vez”.  
      Quando Scarpetti terminou, a velha dama com o rosto ruborizado virou-se para o policial que estava perto e sussurrou-lhe ao ouvido, “Você não vai prender esse velho horrível?  
       “Por que?” Perguntou o policial, só porque ele soletrou Mississippi?

      Deixe-me repetir / “Eme vem primeiro, I vem depois, dois esses vêm juntos, I vem de novo, dois esses vêm juntos de novo, I vem mais uma vez, pê pê duas vezes, então I vem pela última vez”

      Você me perguntou ‘O que eu devo fazer? Eu tentei arduamente, mas fracassei’  
      Agora, não tente arduamente. Na verdade, pare de tentar, abandone o tentar. Apenas ouça pelo puro prazer de ouvir. 
      O vento passa pelos pinheiros... ouça. 
      O som da água correndo… ouça. 
      Não tente entender. E só por ouvir, algo começará a alcançar seu coração. Uma canção, uma dança, começará a acontecer. O seu coração começará se abrir como uma flor, e uma grande fragrância será liberada – e isso será o entendimento verdadeiro.  
      Govindo, você esteve, sem necessidade, tentando arduamente. Relaxe comigo, não tente arduamente. Se você tentar arduamente você ficará tenso. E não existe qualquer possibilidade de me entender através da tensão. Relaxe e descanse. Eu estou aqui para lhe ensinar relaxamento e descanso total. A compreensão irá acontecer, mas não através da cabeça. Ela vai acontecer através do coração, não através da lógica, mas através do amor. “

 

                          OSHO – The Dhammapada - Vol. 11 - disc 6 – Pergunta 1
                         
Tradução: Sw. Bodhi Champak

   

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