OSHO CONEXÃO BRASIL                                                            maio de 2004    


Sannyas: uma experiência do dia-a-dia

 

Todos os meses estamos apresentando nesta seção o depoimento de um discípulo do Osho que adotou a meditação em seu dia-a-dia e aqui compartilha conosco essa sua experiência. Neste mês estamos apresentando o depoimento do Sw. Deva Prashanto. 

 


Foto do Prashanto (no centro) no momento em que segurava pétalas de rosa esperando as cinzas do Osho

Antes de seu depoimento, Prahsanto, que é um dos mais antigos e  conhecidos sannyasins brasileiros, nos fala um pouco de sua história no sânias.
"Conheci Osho (Rajneesh) em agosto de 1978, sem jamais ter ouvido falar dele. Fui a Puna apenas para cursar um "conselor training" na 'Rajneesh International Meditation University'. Depois descobri que não havia nenhuma 'universidade', mas já era tarde. No dia 12/10/78 recebi das mãos dele o meu mala e o nome. Essa história eu conto no prefácio do livro 'Meu Caminho: O Caminho das Nuvens Brancas' da Icone Editora. 
Da Índia, fui para o México onde fiquei até 1981.
Ao voltar ao Brasil, passei por Brasília onde dei o meu primeiro grupo fora do Rio. Muitos 'velhos' saniasins do DF fizeram esse grupo. Em 1982 fui pela primeira vez a Rajneeshpuran, Oregon, USA. De lá voltei com autorização para abrir um centro de meditação, o Prashtan.
Comprei então, junto com outro saniasin, uma casa no bairro de Santa Teresa, no Rio, bem em frente à que eu morava. Esse centro durou uns 3 anos. 
No ano de 1984, começamos a editar o 'Rajneesh News', sob a direção do Satyaprem, mas, por imposição da 'gang' da Sheela, fomos obrigados a fechá-lo. 
Entre 1982 e 1995, circulei por quase todas as capitais brasileiras, dando conferências, entrevistas em jornais , rádios e TVs. Passei vários anos coordenando grupos em 3 continentes: América do Sul (Brasil e Uruguai) e Central (Costa Rica), Europa (Espanha) e Israel, sempre voltando a Puna onde ficava um tempo descansando.
Desde meados de 2002, comecei a realizar os encontros das 'Escolas de Mistérios', que têm a seguinte estrutura:
1- Compromisso total. Quem faltar a um encontro, sem motivo aceitável, é excluído.
2- Uma vez iniciada a escola, ninguém mais entra.
3- A administração da escola é coletiva.
4. Ninguém cobra nada (inclusive eu). Tudo é doação.
O resto, é profundo mistério.

 


                    

Dia 20 de janeiro 1990. 

Bem cedo. Puna, India. Estou de pé, perto da entrada do ashram. Comigo centenas de outros saniasins. Todos trazemos pétalas de rosa nas mãos para jogarmos sobre as cinzas do mestre que logo virão dentro de um jarro nas mãos de seu irmão.

Uma profunda tristeza, acompanhada de terrível frustração.

Pensava:”Cara! O mestre passou pelo planeta, você ficou quase sete anos perto dele, agora ele se foi e você nada! Perdeu a chance!”

Bem próximo a mim, quase em frente, uma gralha estava pousada num enorme “fícus”, bem lá em cima.

De repente, ela saiu voando e derrubou um galho seco que caiu no chão com grande estrépito...

Pá!

Tudo mudou!

Subitamente lembrei-me o que Osho dissera :”fora do corpo será mais fácil pra mim estar junto de cada um...”

O mestre zen havia usado o cacete ...

Depois deste dia fui me transformando de discípulo em devoto.

Explico: o discípulo está conectado com o mestre pela mente. Ele admira os textos, ama a imagem dele, a presença física; há sempre uma razão para justificar seu discipulado. O devoto está no coração. Não precisa de razões para ter um mestre, não precisa ler seus livros, nem fotos, nem nada! O devoto sente o mestre em todo lugar, enviando sinais de que está pertinho...

O devoto vive no mistério, cercado de sinais. Uma folha cai, um pássaro voa, algo não previsto ocorre...Tudo faz parte desta infinita rede que é a presença misteriosa do mestre. Dos mestres, melhor dizendo pois todos são um só...

Champak pediu-me um depoimento sobre o meu dia a dia como saniasin.

Estou por aí fluindo em meio a alguns sinais que, para mim, podem ser brincadeiras do mestre, ou de minha mente, quem sabe? Isto não me importa. Estou curtindo adoidado!

Não pratico nenhuma técnica de meditação, quase não leio livros, nem os de Osho!

Vou à praia, leio o jornal, faço minha comida, meus chás, viajo pela internet, saio para as compras no supermercado, vejo a tv...Namoro!

Durmo, acordo, cago, mijo, todas essas coisas necessárias ao bom metabolismo corporal...

Lembro: no fim da década de 80, por razões que não interessam agora, Osho sugeriu que eu encontrasse a Kaveesha, então diretora da Escola de Mistérios no ashram. Ela levou-me ao seu quarto, apanhou um “caco” de cristal de quartzo (presente de Osho, disse orgulhosa) e passou-o  várias vezes ao meu redor. No final disse: ”agora você pertence à  Escola de Mistérios”

Naquele momento, e por alguns anos, eu não entendi o que tudo aquilo significava.

Mas seguramente “o mistério” ficou plantado dentro de mim.

A partir  1995 comecei a "ler" os sinais que a vida me enviava e, pouco a pouco, deixei de coordenar grupos de terapia. Entre 2000 e 2001 fiquei esperando algum sinal para iniciar a Escola de Mistérios que estava, havia muito, na minha agenda. Finalmente ele veio (depois eu conto como...) e agora ela existe em quatro cidades: Juiz de Fora, Rio, São Paulo e Vitória. Quando começamos ninguém sabia o que era ou o que seria! Mas como devoto eu sabia que tudo seria revelado nos momentos oportunos.

E, sem fazer nada, absolutamente nada, as coisas estão acontecendo!

Quem quiser saber algo sobre a nossa Escola de Mistérios pode visitar o site

http://www.escolademisterios.hpg.ig.com.br/index.htm 

Embora sabendo que o “mistério” da nossa escola só poderá ser sabido a partir de dentro dela.

Beijins a todos

                                                   Swami Deva Prashanto                                         

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