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O
Grande Espelho
Estar
dentro do Resorte de Meditação do Osho (Osho International
Meditation Resort) é sempre uma linda surpresa. Quantas
vezes eu caminho em uma direção e de repente me vejo indo
para outra, fazendo uma coisa completamente diferente. Penso
em ir tomar um café, mas encontro uma amiga no meio do
caminho e sento perto da queda d’água para uma conversa
gostosa. Compartilhamos histórias parecidas, sem medo de
expor nossas vulnerabilidades. Esqueço completamente do café.
Atravesso o Plaza, pronta para ir para a academia, e de
repente encontro a Pashianti, querida amiga e facilitadora,
e em dez minutos estou no grupo de Tantra para Mulheres,
como helper (ajudante). Termino uma temporada de grupos e
penso em ficar uns dias sem fazer nada. Almoço no Resorte
de Meditação do Osho e vou ao cinema ver Bollywood movie
com a Rashnu, que eu amo de paixão, e de repente o telefone
toca e do outro lado vem o convite para ser tradutora no
grupo da Anando, que era a antiga secretária do Osho. Esses
dias mesmo, estava em silêncio e fui ao Basho para nadar,
sozinha. Lá encontrei meu namorado e o silêncio se
transformou numa gostosa brincadeira a dois na água e
muitas risadas. É simplesmente mágico estar no “jardim
do Beloved”. Aqui tudo acontece de uma forma muita linda e
eu sempre abro um sorriso muito grande toda vez que a
surpresa quebra meus planos. Nestes momentos eu me sinto na
palma das mãos da Existência, sendo cuidada e guiada com
amor e carinho. E a surpresa da vez é o convite da Radha
para escrever sobre a minha experiência aqui no Resorte de
Meditação do Osho para o Osho Conexão Brasil. Mais uma
linda surpresa! Obrigada, querida.
Não
dá para falar da minha vida, hoje, na Índia sem contar
como cheguei aqui. Seria como olhar uma flor de lótus,
perder-se na beleza dela, e não alcançar a perfeição do
longo processo de emergir da lama, atravessar a água e a
escuridão para olhar o céu, o sol, a lua, sentir o vento,
a chuva, o frio e se abrir inteira, cheia de graça. Eu
comecei a meditar na casa da Ranvita e do Rafeek, em Mogi
das Cruzes, São Paulo. Eu estudei com o Amod, filho deles,
e sabia através da minha prima, que era namorada do Amod,
que eles tinham uma vida diferente. Muito diferente. Eu
acompanhava as aventuras deles à distância e achava tudo
simplesmente fantástico, mas nunca imaginei que eu um dia
estaria na casa deles meditando, e anos mais tarde, na Índia,
vivendo essa vida tão linda!
Era
delicioso sentir o amor da Ran, experienciar as meditações
do Osho (ela me apresentou com todo o amor, uma a uma) e
depois tomar chá, comer pão com azeite e banana amassada
com aveia. O pão que o Rafeek faz e o melhor pão do mundo!
Ir
ao Champa (nome que o Osho deu ao centro deles) fazer dinâmica
às seis da manhã era um prazer. Eu nunca imaginei que
ficaria feliz ao acordar às cinco da manha. Não demorou
muito para que eu sentisse dentro do meu coração que a
meditação seria o meu caminho e eu estava cada vez mais
encantada com a vida e com que estava acontecendo comigo.
Quando li o livro da Ran “Os Místicos”, chorei, sorri e
ali tive mais do que certeza de que eu queria ser sannyasin.
Em setembro de 2005, recebi meu nome Prem Amito (Endeless
Love – amor semmm fimmmm). Veio por email, da India. Eu
pulei de alegria. O Champak carinhosamente mandou o mala por
correio para a casa da Ran e do Rafeek e eu tive um sannyas
celebration tão especial que meu coração e meus olhos
transbordam de emoção só de lembrar. Era só o começo.
Em
poucos meses vendi meu carro, aluguei a minha casa, que eu
tinha acabado de reformar, com absolutamente tudo dentro (até
roupão pendurado no banheiro), e fui com a minha mudança,
de trem, para a Bolívia. Eu estava na fase final do
Mestrado e podia escrever a dissertação em qualquer lugar
do mundo. Escolhi Santa Cruz de
la Sierra
para ficar perto do meu namorado da época, que estudava
Medicina lá. Na Bolívia, senti um vazio gigante e me senti
aliviada por ter levado os Cds de meditação. Logo, o vazio
deu lugar a criatividade e descobri muitas cores
em mim. Comecei
a pintar mandalas em almofadas, sempre com muitas espirais.
Pintei vasos, plantei flores e aprendi um monte sobre a vida
olhando todos os dias aqueles sete vasinhos, na minha
varanda. Quando voltei ao Brasil, para defender minha
dissertação, um diretor da Globo me convidou para voltar a
trabalhar na TV e desta vez o desafio estaria no Nordeste. A
nova função: diretora de jornalismo da emissora de
Petrolina. Mais do que o salário, a aventura de desbravar
outro lugar me encantava e lá fui eu. Voltei para o Brasil
e mergulhei na carreira, que eu já tinha deixado para trás
quando me apaixonei pelo Mestrado e por um estilo de vida
mais suave. Em três meses, senti minha energia
completamente minada, eu não estava feliz e entreguei o
cargo. Não sabia se eu conseguiria um salário daquele
novamente, mas meu vazio que gritava era mais doloroso do
que o medo de ficar sem dinheiro.
Voltei
para Mogi das Cruzes e fiquei esperando uma vaga na Globo de
São Paulo. Eu queria fazer o Doutorado na PUC e trabalhar
em SP tornaria meus planos mais fáceis.
Meu diretor ficou cozinhando a idéia de uma recolocação
em São Paulo
, até o dia em que ele me fez uma proposta. Adivinha?
Voltar para Petrolina, mesmo cargo, mas desta vez com o salário
dobrado. Os meus olhos brilharam e voltei, sem pensar. Sou
grata pela oportunidade ter batido na minha porta duas
vezes. Muito grata. Eu precisava voltar para o sertão, que
eu tanto amo. Lá implantei projetos, lancei repórteres nos
telejornais nacionais, celebrei com uma equipe fantástica,
levei alguns deles para encontros da emissora
em outro Estado
, para conhecer as redações
em São Paulo
e no Rio de Janeiro. Em 16 anos de emissora, colocamos a
primeira matéria no Jornal Nacional. A cidade vibrava em se
ver na tela da Globo. E eu achava incrível driblar as
dificuldades de infra-estrutura, como: mandar fita de barco
para Juazeiro, para que a emissora de lá gerasse as imagens
para Salvador e de lá para o Rio de Janeiro.
Vivi
intensamente cada instante ali e depois de um tempo o vazio
veio chegando de mansinho. Eu estava perdida acumulando
dinheiro e correndo atrás do sucesso novamente. Eu me
sentia importante alimentando o sonho daquela equipe e não
conseguia enxergar que estava lustrando o meu Ego através
deles. Eu já não meditava mais, já tinha voltado a fumar
e estava tão estressada que já não dormia direito, não
comia direito. A vida estava de cabeça para baixo. Eu
estava sendo engolida por uma máquina que não parava de
girar e eu não conseguia sair. Comprei um livro de colorir
de mandalas, comecei a fazer pilates duas vezes por semana,
dobrei a quantidade de massagens relaxantes por semana,
voltei a correr na orla do rio São Francisco, tentei
diminuir o cigarro. Mas tudo parecia um esforço
sobrenatural sem grandes resultados. Eu já não sabia mais
o que fazer e nem sabia mais quem era a Amito.
Era
hora de voltar a meditar. Comecei a fazer kundalini na sala
de casa e aos poucos algumas amigas gostaram da idéia e
começaram a meditar comigo. Decidi, secretamente, planejar
férias para vir para a Índia. Negociei com o meu diretor e
ele aceitou antecipar minhas ferias em quatro meses. Comprei
minha passagem para o dia 5 de abril de
2008. A
volta seria no dia 5 de maio. Mas, um dia, no meio da noite,
acordei com alguma coisa dentro de mim dizendo que eu não
voltaria para o Brasil em um mês e que era para eu fechar
as portas no Brasil porque outras se abririam. Me assustei,
mas ao mesmo tempo sorri por dentro. Eu tinha acabado de
assumir aulas numa universidade e o ano letivo estava apenas
começando. O meu salário na TV era muito mais que
maravilhoso. A TV pagava minha moradia, minhas notas de
restaurantes e eu tinha tanta mordomia. Mas, nada era mais
importante para mim do que pisar na Índia e a Existência
é sempre perfeita. Consegui me desvincular de tudo com amor
e compreensão. Fiz uma mochila de oito quilos e embarquei
em busca de mim sem ter idéia do que seria da minha vida...
Cheguei
no Resorte de Meditação do Osho e fiz o Mystic Rose, Rosa
Mistica (processo de 21 dias. Uma semana rindo, uma semana
chorando e a ultima em silencio), no Samadhi. No mesmo mês
conheci o Deba, meu namorado. Transferi minha passagem e fui
ficando. Eu não tinha a menor idéia do que seria da minha
vida. Eu não tinha mais emprego no Brasil. Minha irmã
estava morando na minha casa. Eu estava completamente solta
e aberta ao que a Existência me trouxesse. Fui vivendo dia
apos dia, fazendo muitos grupos, programa residencial (morar
dentro do Resorte de Meditação do Osho e trabalhar),
curtindo as festas e namorando bastante.
Um
dia minha amiga Rashnu disse que faria uma apresentação no
Variety Show (Show de Variedades) e que precisaria da minha
ajuda para estruturar a apresentação e para fazer a narração
no dia. Eu topei! Ela queria encenar a vida dela no Resorte
de Meditação do Osho e as coisas que ela aprendeu, de uma
forma cômica. Eu amei a idéia. O nome da apresentação
dela era “The Great Mirror” (O Grande Espelho). A peça
começava com ela jovem dançando, celebrando a vida.
Depois, ela como juíza, numa mesa cheia de livros (Códigos
de Direito), cansada, estressada, irritada. A decisão de
voltar para a Índia e o dia-a-dia no Resorte. Eu
simplesmente amei fazer parte da peça dela. Eu fiquei
escondida num cantinho escuro narrando, e eu nem imaginava o
quanto isso seria importante na minha vida e o quanto eu me
lembraria com amor daquele dia.
Logo
depois, ela voltou para o Brasil e eu segui viagem sozinha
pela Índia (Cashemira, Delhi, Agra e Jaipur). Eu já estava
aqui há quase cinco meses e a data da minha passagem de
volta para o Brasil estava chegando e o visto ia vencer. Eu
não tinha a menor idéia do que aconteceria. Voltei para
Puna para passar a ultima semana e meu namorado me convidou
para ir morar com ele na Itália, por alguns meses. Ele
teria de desenvolver um projeto lá. Não pensei duas vezes
e aceitei! Voltei para o Brasil para acertar a locação de
um imóvel e visitar a minha família. Quinze dias depois,
ele desembarcou
em São Paulo
e na semana seguinte seguimos para a Itália. Foi uma das
experiências mais fortes da minha vida, que me traria de
volta para a Índia, em janeiro deste ano, de uma forma
diferente, pronta para uma grande jornada interior.
Só
agora eu entendo o que a Rashnu quis dizer com a peça dela
“The Great Mirror”. O Resorte é realmente o Grande
Espelho. É incrível. Quando cheguei aqui no ano passado,
senti uma coisa especial, eu fluía. Mas havia um grande
conflito, uma grande lacuna entre a vida que eu sabia viver
e a que eu desejava viver. Eu continuava fumando nos smoking
área, eu não perdia uma Plaza Party, eu reclamava do
trabalho e das pessoas, muitas vezes sentia que não tinha
tempo para mim, eu estava estressada de novo. Lembro-me que
o Robin, um amigo personal trainer, me incentivou a voltar a
correr e passamos a fazer isso bem cedo, quase que
diariamente. Mas era a mesma tentativa do Pilates
em Petrolina. Eu
não levava adiante. Logo desistia e voltava para a vida
estressada e sedentária. Resumindo: eu estava do outro lado
do mundo vivendo exatamente o que eu vivia no Brasil.
Parecia um filme que eu já tinha visto. Era tudo igual...
eu estava em busca de mim, mas esperando um milagre
acontecer.
Lembro-me
também que quando entrei no programa residencial, no ano
passado, em poucos dias a Vatayana (Osho Global Conections)
me convidou para facilitar a AUM (Awareness Understanding
Meditation). Achei aquilo incrível. Tudo estava acontecendo
tão rapidamente aqui, do mesmo jeito que aconteceu na
carreira antes. Aceitei facilitar AUM e passei a facilitar
outras meditações no auditório. Eu tinha acabado de
chegar e já estava de robe preto (usado apenas pelos
facilitadores). Comecei a me sentir importante e parecia que
a vida tinha uma nova tarefa para mim. Uma nova profissão.
Depois de uns dois meses, eu estava uma noite no white robe
e alguma coisa dentro de mim disse: “Drop this black robe”
(abandone esse robe preto). E eu não pensei duas vezes para
seguir a voz. Era o mesmo filme, que agora eu consigo ver
com clareza. Se eu continuasse naquela viagem, faria do robe
preto a minha nova proteção, o meu novo poder, me
esconderia novamente atrás da profissão e continuaria
usando muitas máscaras para esconder a minha imensa dor. Não
adiantava mudar de país, tudo seria sempre igual porque eu
não sabia ser diferente.
Eu
tinha experimentado já na casa da Ran e do Rafeek o êxtase
da meditação, o prazer de ser a Amito, mas era uma confusão
dentro de mim. Desde 2005, eu via duas pessoas completamente
diferentes. Era uma guerra interior. Uma era a Lilian
Pachler. Nome e sobrenome. Jornalista, Mestre, que
trabalhava na Globo, que conhecia gente influente, que freqüentava
festas badaladissimas, que tinha affair com gente famosa,
que tinha o carro dos sonhos, desejava dinheiro e fama e a
outra era a Amito, tão diferente, tão mais leve, tão mais
doce, tão mais natural, tão feminina e graciosa, tão
inocente. A Lilian sabia mandar e a Amito sabia dancar! Uma
diferença incrível. Eu tentava unir as duas, mas parecia
uma tarefa impossível.
Este
ano, o resort de meditação do Osho é uma nova descoberta.
Eu comecei a descobrir lugares diferentes, comecei a gostar
de cantinhos que eu nunca dei bola, era um mundo novo. Eu
queria ser invisível só para chegar num banco lá na
quadra de tênis, sem ninguém me ver. Comecei a ficar mais
sozinha, mais quieta. Comecei a ir de manhã para a academia
no Basho e os exercícios eram uma meditação. Eu gostava
de acabar o exercício e meditar, só notar minha respiração.
Tudo estava diferente. Passei quatro dias sem comer, só
tomando água. Nunca pensei em fazer isso na minha vida. Mas
aconteceu e eu respeitei. Era como seu eu precisasse só de
silêncio. Eu só precisava ficar comigo. Meu namorado começou
a notar alguma diferença e os amigos da temporada passada
também. O Grande Espelho estava refletindo algo novo e esse
algo novo era EU! Alguma coisa estava mudando dentro de mim
e nem eu sabia direito o que era. Hoje eu sei que a jornada
interior estava prestes a começar...
No dia em que eu
atravessava o Plaza para ir para a academia e a Pashianti,
querida amiga e facilitadora, me convidou para ser helper no
grupo dela de Tantra para Mulheres outro ciclo dentro do
“jardim do Beloved” começou na minha vida. Dia 2 de
fevereiro de 2009. Eu já tinha decidido começar o grupo de
Codependencia da Vasumati, no dia 3, mas a Existência sabia
do que eu precisava naquele momento. O grupo de Tantra era só
um dia e como eu já tinha feito grupo de cinco dias com ela
no ano passado, sabia que seria uma delícia, mas não
imaginava que mexeria tanto comigo.
Num dos primeiros exercícios,
de toque com música, meu coração abriu e eu chorei. Meu
coração estava machucado demais. Eu estava guardando muita
coisa, eu não sabia dar limites e eu estava me ferindo. O
lindo trabalho da Pashianti foi fundamental para eu estar
aberta para começar mais uma linda jornada. No dia
seguinte, comecei o grupo da Codependencia com a Vasumati e
foi uma aventura interior incrível. Ali eu vi o quanto eu
me escondi na minha profissão, me sentindo forte no poder
do meu homem interior, enquanto a minha criança só queria
ser amada e cuidada. Senti o peso de ter uma pessoa
dependente e comecei a entender meu namorado. Chorei a dor
de não me permitir viver minha vida. E de repente uma linda
mulher começou a aparecer. Compreensível e delicada.
A
cada dia do grupo parecia que eu me abria mais e me
transformava mais. Passei a entender o quanto a minha criança
insegura e pidonha colocava meus relacionamentos numa situação
praticamente insuportável. Passei a agradecer interiormente
aos meus namorados por terem me agüentado (risos). Eu
voltava para casa a noite, olhava para o Deba, e começava a
entender a necessidade dele de ter espaço e de se sentir
livre. Agora era claro para mim, que ele não podia ser
minha mãe e nem meu pai. Que loucura! No ultimo dia do
grupo, alguma coisa dentro de mim gritou. Era a minha criança:
“Você viveu seu lado homem poderoso até hoje. Agora, você
descobre uma mulher linda e delicada. E eu? Quem vai cuidar
de mim?”
Todo
mundo parecia feliz. O grupo tinha sido lindo. E eu estava
simplesmente desesperada. Toda aquela compreensão parecia
ter ido para o espaço. Minha criança não chorava, ela
urrava! No dia seguinte, comecei o Primal Rebirth. Sete dias
de isolamento e silêncio, indo fundo nos condicionamentos,
nas crenças, nas feridas. No primeiro dia, caminhar olhando
para o chão, começou a transformar a minha vida. Me senti
uma galinha sem cabeça. Fiquei perdida. Não consegui ir
comprar meu chá no Capuccino Bar. Senti que meus trinta
anos de vida tinham sido dedicados ao exterior e que eu
nunca tinha olhado de verdade para mim mesma. Eu era uma
mentira. Aquilo foi um choque.
Quando
o Primal acabou, eu me senti uma nova pessoa. Por três dias
eu flutuava e nada, absolutamente nada, me incomodava. Eu
estava de bem comigo e com o mundo. Parecia um sonho. Mas,
no quarto dia meu coração começou a
chorar de novo e mesmo que eu não expressasse, eu
continuava, de alguma forma, culpando meu namorado pelas
minhas carências e necessidades. No dia seguinte, eu estava
no cinema com a Rashnu vendo Bollywood movie e o meu
telefone tocou. Era o convite para ser tradutora no grupo da
Anando. Era inacreditavel. O grupo era a continuação do
Primal para mim. Exercícios para identificar a nossa
imagem, dei de cara com a minha grande mascara novamente.
Trabalhamos relacionamentos e como acontece a projeção de
pai e mãe nas relações amorosas, como nos sentimos
pequenos perto do nosso parceiro quando estamos na criança
interior. Trabalhamos os limites, o toque, o silêncio, a
respiração, a intimidade. Tudo era levado todos os dias
para a minha relação e tudo foi tendo um sabor especial.
Eu
já estava fazendo grupo há um mes, mas alguma coisa dentro
de mim pedia mais. Pensei em fazer o grupo da Komala,
brasileira querida famosa com o grupo “Die before you die”
(Morra antes de você morrer). Cheguei a conversar com ela e
estava animada para vivenciar as técnicas Sufis. Mas,
caminhando pelo Plaza, vi um homem de barba sentado para o
Infotalk (informações sobre os grupos que vão acontecer).
Quando vi, já estava sentada na cadeira de frente para ele.
Eu não sabia nada sobre o grupo dele, mas alguma coisa
dentro de mim sabia que eu tinha que falar com ele.
Transomatic Illumination Gestalt – Dream Dialogue &
Past Life Dialogue Training. Esse era o nome do grupo de 14
dias. O homem de barba me explicou um pouco, mas confesso
que dentro de mim alguma coisa dizia: “Pare por aqui.
Chega. Você já descobriu tanta coisa no Primal. O que mais
você quer? Se essa vida já esta cheia de confusões e de
coisas a serem digeridas, imagina a confusão que vai ser se
você descobrir ainda mais coisas de vidas passadas”.
Parecia
que o homem sabia o que eu estava pensando. Ele me olhou e
disse: “Você descobriu a verdade, mas é só uma parte. A
verdade é muito maior”. Me despedi dele com um abraço
gostoso e disse que sentiria se esse era o momento de fazer
esse grupo. A minha resposta interior foi sim. No dia 26 de
fevereiro comecei outra linda jornada, com o Devageet
(dentista do Osho). Depois de duas lindas semanas no Dream
Dialogue and Past Life, fiz mais uma semana de Diamond
Awareness. Só o que eu vivi nestas três semanas rende um
livro. Deixo aqui registrada a minha enorme gratidão e
respeito pelo Devageet. Eu me senti tão perto do Beloved
Master. Eu sentia a presença dele, eu sentia que ele falava
comigo, lia meu pensamento e quando eu pensava em me
distrair, ele me trazia de volta para a meditação.
Simplesmente inesquecível.
No
ultimo dia do Diamond Awareness eu descobri meu tesouro, um
diamante azul maravilhoso. Um filme passou dentro de mim. Me
lembrei da minha paixão pelos espirais e mandalas, na Bolívia,
e de repente eu estava ali, naquele grupo, olhando aquela
mandala enorme no chão, colorida e linda. Num quadro branco
ele tinha desenhado círculos e quadrados mostrando como as
formas se movimentam para chegar ao espiral. O tempo parou
por um segundo e um silêncio enorme só me fazia sentir
gratidão e mais gratidão. Eu estava no lugar certo. Eu
tinha me encontrado. Meus espirais, minha paixão pelas
cores e pelas mandalas já eram sinais e estavam me guiando
para esse lindo trabalho, que o OSHO deu ao Devageet. O
corpo realmente tem memórias e a única maneira de voltar
para casa é encarar essa linda viagem interior, com
coragem, leveza e muito prazer!
O
grupo do Devageet acabou no dia 20 de marco e eu não vou
parar. A Bela, linda terapeuta, me convidou para ser helper
no Primal Rebirth e hoje, dia 22 de março, vou terminar
este texto, almoçar com o Deba no resort, brincar um pouco
na piscina, passar na casa de uma amiga e pegar algumas
roupas que deixei lá, depois vou arrumar minhas malas para
me mudar amanhã cedinho para o resort. Mais sete dias no
“jardim do Beloved”. Isso tudo está planejado assim,
nesta ordem, mas pode ser que uma deliciosa surpresa quebre
parte dos planos, que eu sorria e sinta mais uma vez a Existência
me carregando nos braços. Está tudo perfeito!
Eu
não tinha pensado em passar a manhã de domingo na frente
do computador, mas aconteceu. Foi um presente da Radha. Amei
escrever este texto. Chorei de alegria, sorri com o coração
e senti tanto amor transbordando em mim, que um monte de
vezes corri a minha cadeira para alcançar o Deba no
computador ao lado e enchê-lo de beijos.
Sinto
vontade de agradecer a cada pessoa que faz parte da minha
jornada e não tenho a menor idéia de como fazer isso.
Talvez eu precisaria de mais alguns domingos porque cada
pessoa que cruzou o meu caminho até hoje, me ensinou alguma
coisa sobre mim, mesmo que naquele momento eu não pudesse
compreender.
Obrigada,
Beloved Master!
Um beijo com muito amor J
Amito
premamito@gmail.com
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