Conexão Brasil                                           abril de 2009
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Notícias de Puna

 

 

      Desde o boletim n° 1 em maio/2003 até a edição de março de 2007, o Osho Conexão Brasil apresentou, aqui nesta seção, notícias diretamente do Resort de Meditação do Osho, em Puna. Nos primeiros anos, o nosso amigo Prasado foi um dedicado colaborador, escrevendo todos os meses os seus artigos. Depois tivemos a colaboração do Subuddha e, por fim, do nosso amigo Ansu. Nos últimos 2 anos, a seção ficou suspensa devido a falta de colaborador em Puna. Desde março/09, a nossa amiga Radha, que fora entrevistada no boletim de setembro de 2004 (clique), que ora está em Puna, nos tem brindado com sua matéria, relatando com muito carinho a sua experiência na presente visita ao Resort do Osho na Índia. Neste mês ela fugiu do script e nos presenteou com um belo depoimento da Amito. Veja abaixo.

 

No Resorte do Osho

 

Queridos amigos,

Este mês temos um texto especial, contribuição da Amito, contando “um pouco” da experiência dela como sannyasin e aqui no Resorte de Meditação do Osho, em Puna.
Foi um grande presente para mim, que no momento me encontro super estressada com meu novo trabalho de coordenadora da Multiversidade, substituindo meu chefe por dois meses e sem muito tempo para escrever. Fiquei muito tocada com o texto da Amito que mesmo sendo quase um livro (ela realmente se empolgou : - )) vale muito a pena ler, me emocionou muito, ainda mais saber a historia desta querida amiga. Não adicionei as dicas de viagem, fico devendo para a próxima edição. Espero que se divirtam e se emocionem com a historia deste ser querido que abandonou um cargo importante na Rede Globo para vir aqui meditar e experimentar este universo paralelo no Resorte de Meditação do Osho em Puna. Quem sabe a moda pega e até a Gloria Peres acaba vindo passar uma temporada por aqui depois de terminar Caminhos da India! 
Divirtam-se e muito amor a todos!

Radha
massagemfacialjaponesa@gmail

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O Grande Espelho

 

Estar dentro do Resorte de Meditação do Osho (Osho International Meditation Resort) é sempre uma linda surpresa. Quantas vezes eu caminho em uma direção e de repente me vejo indo para outra, fazendo uma coisa completamente diferente. Penso em ir tomar um café, mas encontro uma amiga no meio do caminho e sento perto da queda d’água para uma conversa gostosa. Compartilhamos histórias parecidas, sem medo de expor nossas vulnerabilidades. Esqueço completamente do café. Atravesso o Plaza, pronta para ir para a academia, e de repente encontro a Pashianti, querida amiga e facilitadora, e em dez minutos estou no grupo de Tantra para Mulheres, como helper (ajudante). Termino uma temporada de grupos e penso em ficar uns dias sem fazer nada. Almoço no Resorte de Meditação do Osho e vou ao cinema ver Bollywood movie com a Rashnu, que eu amo de paixão, e de repente o telefone toca e do outro lado vem o convite para ser tradutora no grupo da Anando, que era a antiga secretária do Osho. Esses dias mesmo, estava em silêncio e fui ao Basho para nadar, sozinha. Lá encontrei meu namorado e o silêncio se transformou numa gostosa brincadeira a dois na água e muitas risadas. É simplesmente mágico estar no “jardim do Beloved”. Aqui tudo acontece de uma forma muita linda e eu sempre abro um sorriso muito grande toda vez que a surpresa quebra meus planos. Nestes momentos eu me sinto na palma das mãos da Existência, sendo cuidada e guiada com amor e carinho. E a surpresa da vez é o convite da Radha para escrever sobre a minha experiência aqui no Resorte de Meditação do Osho para o Osho Conexão Brasil. Mais uma linda surpresa! Obrigada, querida.

Não dá para falar da minha vida, hoje, na Índia sem contar como cheguei aqui. Seria como olhar uma flor de lótus, perder-se na beleza dela, e não alcançar a perfeição do longo processo de emergir da lama, atravessar a água e a escuridão para olhar o céu, o sol, a lua, sentir o vento, a chuva, o frio e se abrir inteira, cheia de graça. Eu comecei a meditar na casa da Ranvita e do Rafeek, em Mogi das Cruzes, São Paulo. Eu estudei com o Amod, filho deles, e sabia através da minha prima, que era namorada do Amod, que eles tinham uma vida diferente. Muito diferente. Eu acompanhava as aventuras deles à distância e achava tudo simplesmente fantástico, mas nunca imaginei que eu um dia estaria na casa deles meditando, e anos mais tarde, na Índia, vivendo essa vida tão linda!

 Era delicioso sentir o amor da Ran, experienciar as meditações do Osho (ela me apresentou com todo o amor, uma a uma) e depois tomar chá, comer pão com azeite e banana amassada com aveia. O pão que o Rafeek faz e o melhor pão do mundo!

Ir ao Champa (nome que o Osho deu ao centro deles) fazer dinâmica às seis da manhã era um prazer. Eu nunca imaginei que ficaria feliz ao acordar às cinco da manha. Não demorou muito para que eu sentisse dentro do meu coração que a meditação seria o meu caminho e eu estava cada vez mais encantada com a vida e com que estava acontecendo comigo. Quando li o livro da Ran “Os Místicos”, chorei, sorri e ali tive mais do que certeza de que eu queria ser sannyasin. Em setembro de 2005, recebi meu nome Prem Amito (Endeless Love – amor semmm fimmmm). Veio por email, da India. Eu pulei de alegria. O Champak carinhosamente mandou o mala por correio para a casa da Ran e do Rafeek e eu tive um sannyas celebration tão especial que meu coração e meus olhos transbordam de emoção só de lembrar. Era só o começo.

Em poucos meses vendi meu carro, aluguei a minha casa, que eu tinha acabado de reformar, com absolutamente tudo dentro (até roupão pendurado no banheiro), e fui com a minha mudança, de trem, para a Bolívia. Eu estava na fase final do Mestrado e podia escrever a dissertação em qualquer lugar do mundo. Escolhi Santa Cruz de la Sierra para ficar perto do meu namorado da época, que estudava Medicina lá. Na Bolívia, senti um vazio gigante e me senti aliviada por ter levado os Cds de meditação. Logo, o vazio deu lugar a criatividade e descobri muitas cores em mim. Comecei a pintar mandalas em almofadas, sempre com muitas espirais. Pintei vasos, plantei flores e aprendi um monte sobre a vida olhando todos os dias aqueles sete vasinhos, na minha varanda. Quando voltei ao Brasil, para defender minha dissertação, um diretor da Globo me convidou para voltar a trabalhar na TV e desta vez o desafio estaria no Nordeste. A nova função: diretora de jornalismo da emissora de Petrolina. Mais do que o salário, a aventura de desbravar outro lugar me encantava e lá fui eu. Voltei para o Brasil e mergulhei na carreira, que eu já tinha deixado para trás quando me apaixonei pelo Mestrado e por um estilo de vida mais suave. Em três meses, senti minha energia completamente minada, eu não estava feliz e entreguei o cargo. Não sabia se eu conseguiria um salário daquele novamente, mas meu vazio que gritava era mais doloroso do que o medo de ficar sem dinheiro.

Voltei para Mogi das Cruzes e fiquei esperando uma vaga na Globo de São Paulo. Eu queria fazer o Doutorado na PUC e trabalhar em SP tornaria meus planos mais fáceis.

          Meu diretor ficou cozinhando a idéia de uma recolocação em São Paulo , até o dia em que ele me fez uma proposta. Adivinha? Voltar para Petrolina, mesmo cargo, mas desta vez com o salário dobrado. Os meus olhos brilharam e voltei, sem pensar. Sou grata pela oportunidade ter batido na minha porta duas vezes. Muito grata. Eu precisava voltar para o sertão, que eu tanto amo. Lá implantei projetos, lancei repórteres nos telejornais nacionais, celebrei com uma equipe fantástica, levei alguns deles para encontros da emissora em outro Estado , para conhecer as redações em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em 16 anos de emissora, colocamos a primeira matéria no Jornal Nacional. A cidade vibrava em se ver na tela da Globo. E eu achava incrível driblar as dificuldades de infra-estrutura, como: mandar fita de barco para Juazeiro, para que a emissora de lá gerasse as imagens para Salvador e de lá para o Rio de Janeiro.

Vivi intensamente cada instante ali e depois de um tempo o vazio veio chegando de mansinho. Eu estava perdida acumulando dinheiro e correndo atrás do sucesso novamente. Eu me sentia importante alimentando o sonho daquela equipe e não conseguia enxergar que estava lustrando o meu Ego através deles. Eu já não meditava mais, já tinha voltado a fumar e estava tão estressada que já não dormia direito, não comia direito. A vida estava de cabeça para baixo. Eu estava sendo engolida por uma máquina que não parava de girar e eu não conseguia sair. Comprei um livro de colorir de mandalas, comecei a fazer pilates duas vezes por semana, dobrei a quantidade de massagens relaxantes por semana, voltei a correr na orla do rio São Francisco, tentei diminuir o cigarro. Mas tudo parecia um esforço sobrenatural sem grandes resultados. Eu já não sabia mais o que fazer e nem sabia mais quem era a Amito.

Era hora de voltar a meditar. Comecei a fazer kundalini na sala de casa e aos poucos algumas amigas gostaram da idéia e começaram a meditar comigo. Decidi, secretamente, planejar férias para vir para a Índia. Negociei com o meu diretor e ele aceitou antecipar minhas ferias em quatro meses. Comprei minha passagem para o dia 5 de abril de 2008. A volta seria no dia 5 de maio. Mas, um dia, no meio da noite, acordei com alguma coisa dentro de mim dizendo que eu não voltaria para o Brasil em um mês e que era para eu fechar as portas no Brasil porque outras se abririam. Me assustei, mas ao mesmo tempo sorri por dentro. Eu tinha acabado de assumir aulas numa universidade e o ano letivo estava apenas começando. O meu salário na TV era muito mais que maravilhoso. A TV pagava minha moradia, minhas notas de restaurantes e eu tinha tanta mordomia. Mas, nada era mais importante para mim do que pisar na Índia e a Existência é sempre perfeita. Consegui me desvincular de tudo com amor e compreensão. Fiz uma mochila de oito quilos e embarquei em busca de mim sem ter idéia do que seria da minha vida...

Cheguei no Resorte de Meditação do Osho e fiz o Mystic Rose, Rosa Mistica (processo de 21 dias. Uma semana rindo, uma semana chorando e a ultima em silencio), no Samadhi. No mesmo mês conheci o Deba, meu namorado. Transferi minha passagem e fui ficando. Eu não tinha a menor idéia do que seria da minha vida. Eu não tinha mais emprego no Brasil. Minha irmã estava morando na minha casa. Eu estava completamente solta e aberta ao que a Existência me trouxesse. Fui vivendo dia apos dia, fazendo muitos grupos, programa residencial (morar dentro do Resorte de Meditação do Osho e trabalhar), curtindo as festas e namorando bastante.

Um dia minha amiga Rashnu disse que faria uma apresentação no Variety Show (Show de Variedades) e que precisaria da minha ajuda para estruturar a apresentação e para fazer a narração no dia. Eu topei! Ela queria encenar a vida dela no Resorte de Meditação do Osho e as coisas que ela aprendeu, de uma forma cômica. Eu amei a idéia. O nome da apresentação dela era “The Great Mirror” (O Grande Espelho). A peça começava com ela jovem dançando, celebrando a vida. Depois, ela como juíza, numa mesa cheia de livros (Códigos de Direito), cansada, estressada, irritada. A decisão de voltar para a Índia e o dia-a-dia no Resorte. Eu simplesmente amei fazer parte da peça dela. Eu fiquei escondida num cantinho escuro narrando, e eu nem imaginava o quanto isso seria importante na minha vida e o quanto eu me lembraria com amor daquele dia.

Logo depois, ela voltou para o Brasil e eu segui viagem sozinha pela Índia (Cashemira, Delhi, Agra e Jaipur). Eu já estava aqui há quase cinco meses e a data da minha passagem de volta para o Brasil estava chegando e o visto ia vencer. Eu não tinha a menor idéia do que aconteceria. Voltei para Puna para passar a ultima semana e meu namorado me convidou para ir morar com ele na Itália, por alguns meses. Ele teria de desenvolver um projeto lá. Não pensei duas vezes e aceitei! Voltei para o Brasil para acertar a locação de um imóvel e visitar a minha família. Quinze dias depois, ele desembarcou em São Paulo e na semana seguinte seguimos para a Itália. Foi uma das experiências mais fortes da minha vida, que me traria de volta para a Índia, em janeiro deste ano, de uma forma diferente, pronta para uma grande jornada interior.

Só agora eu entendo o que a Rashnu quis dizer com a peça dela “The Great Mirror”. O Resorte é realmente o Grande Espelho. É incrível. Quando cheguei aqui no ano passado, senti uma coisa especial, eu fluía. Mas havia um grande conflito, uma grande lacuna entre a vida que eu sabia viver e a que eu desejava viver. Eu continuava fumando nos smoking área, eu não perdia uma Plaza Party, eu reclamava do trabalho e das pessoas, muitas vezes sentia que não tinha tempo para mim, eu estava estressada de novo. Lembro-me que o Robin, um amigo personal trainer, me incentivou a voltar a correr e passamos a fazer isso bem cedo, quase que diariamente. Mas era a mesma tentativa do Pilates em Petrolina. Eu não levava adiante. Logo desistia e voltava para a vida estressada e sedentária. Resumindo: eu estava do outro lado do mundo vivendo exatamente o que eu vivia no Brasil. Parecia um filme que eu já tinha visto. Era tudo igual... eu estava em busca de mim, mas esperando um milagre acontecer.

Lembro-me também que quando entrei no programa residencial, no ano passado, em poucos dias a Vatayana (Osho Global Conections) me convidou para facilitar a AUM (Awareness Understanding Meditation). Achei aquilo incrível. Tudo estava acontecendo tão rapidamente aqui, do mesmo jeito que aconteceu na carreira antes. Aceitei facilitar AUM e passei a facilitar outras meditações no auditório. Eu tinha acabado de chegar e já estava de robe preto (usado apenas pelos facilitadores). Comecei a me sentir importante e parecia que a vida tinha uma nova tarefa para mim. Uma nova profissão. Depois de uns dois meses, eu estava uma noite no white robe e alguma coisa dentro de mim disse: “Drop this black robe” (abandone esse robe preto). E eu não pensei duas vezes para seguir a voz. Era o mesmo filme, que agora eu consigo ver com clareza. Se eu continuasse naquela viagem, faria do robe preto a minha nova proteção, o meu novo poder, me esconderia novamente atrás da profissão e continuaria usando muitas máscaras para esconder a minha imensa dor. Não adiantava mudar de país, tudo seria sempre igual porque eu não sabia ser diferente.

Eu tinha experimentado já na casa da Ran e do Rafeek o êxtase da meditação, o prazer de ser a Amito, mas era uma confusão dentro de mim. Desde 2005, eu via duas pessoas completamente diferentes. Era uma guerra interior. Uma era a Lilian Pachler. Nome e sobrenome. Jornalista, Mestre, que trabalhava na Globo, que conhecia gente influente, que freqüentava festas badaladissimas, que tinha affair com gente famosa, que tinha o carro dos sonhos, desejava dinheiro e fama e a outra era a Amito, tão diferente, tão mais leve, tão mais doce, tão mais natural, tão feminina e graciosa, tão inocente. A Lilian sabia mandar e a Amito sabia dancar! Uma diferença incrível. Eu tentava unir as duas, mas parecia uma tarefa impossível.

Este ano, o resort de meditação do Osho é uma nova descoberta. Eu comecei a descobrir lugares diferentes, comecei a gostar de cantinhos que eu nunca dei bola, era um mundo novo. Eu queria ser invisível só para chegar num banco lá na quadra de tênis, sem ninguém me ver. Comecei a ficar mais sozinha, mais quieta. Comecei a ir de manhã para a academia no Basho e os exercícios eram uma meditação. Eu gostava de acabar o exercício e meditar, só notar minha respiração. Tudo estava diferente. Passei quatro dias sem comer, só tomando água. Nunca pensei em fazer isso na minha vida. Mas aconteceu e eu respeitei. Era como seu eu precisasse só de silêncio. Eu só precisava ficar comigo. Meu namorado começou a notar alguma diferença e os amigos da temporada passada também. O Grande Espelho estava refletindo algo novo e esse algo novo era EU! Alguma coisa estava mudando dentro de mim e nem eu sabia direito o que era. Hoje eu sei que a jornada interior estava prestes a começar...

         No dia em que eu atravessava o Plaza para ir para a academia e a Pashianti, querida amiga e facilitadora, me convidou para ser helper no grupo dela de Tantra para Mulheres outro ciclo dentro do “jardim do Beloved” começou na minha vida. Dia 2 de fevereiro de 2009. Eu já tinha decidido começar o grupo de Codependencia da Vasumati, no dia 3, mas a Existência sabia do que eu precisava naquele momento. O grupo de Tantra era só um dia e como eu já tinha feito grupo de cinco dias com ela no ano passado, sabia que seria uma delícia, mas não imaginava que mexeria tanto comigo.

         Num dos primeiros exercícios, de toque com música, meu coração abriu e eu chorei. Meu coração estava machucado demais. Eu estava guardando muita coisa, eu não sabia dar limites e eu estava me ferindo. O lindo trabalho da Pashianti foi fundamental para eu estar aberta para começar mais uma linda jornada. No dia seguinte, comecei o grupo da Codependencia com a Vasumati e foi uma aventura interior incrível. Ali eu vi o quanto eu me escondi na minha profissão, me sentindo forte no poder do meu homem interior, enquanto a minha criança só queria ser amada e cuidada. Senti o peso de ter uma pessoa dependente e comecei a entender meu namorado. Chorei a dor de não me permitir viver minha vida. E de repente uma linda mulher começou a aparecer. Compreensível e delicada.

A cada dia do grupo parecia que eu me abria mais e me transformava mais. Passei a entender o quanto a minha criança insegura e pidonha colocava meus relacionamentos numa situação praticamente insuportável. Passei a agradecer interiormente aos meus namorados por terem me agüentado (risos). Eu voltava para casa a noite, olhava para o Deba, e começava a entender a necessidade dele de ter espaço e de se sentir livre. Agora era claro para mim, que ele não podia ser minha mãe e nem meu pai. Que loucura! No ultimo dia do grupo, alguma coisa dentro de mim gritou. Era a minha criança: “Você viveu seu lado homem poderoso até hoje. Agora, você descobre uma mulher linda e delicada. E eu? Quem vai cuidar de mim?”

Todo mundo parecia feliz. O grupo tinha sido lindo. E eu estava simplesmente desesperada. Toda aquela compreensão parecia ter ido para o espaço. Minha criança não chorava, ela urrava! No dia seguinte, comecei o Primal Rebirth. Sete dias de isolamento e silêncio, indo fundo nos condicionamentos, nas crenças, nas feridas. No primeiro dia, caminhar olhando para o chão, começou a transformar a minha vida. Me senti uma galinha sem cabeça. Fiquei perdida. Não consegui ir comprar meu chá no Capuccino Bar. Senti que meus trinta anos de vida tinham sido dedicados ao exterior e que eu nunca tinha olhado de verdade para mim mesma. Eu era uma mentira. Aquilo foi um choque.

Quando o Primal acabou, eu me senti uma nova pessoa. Por três dias eu flutuava e nada, absolutamente nada, me incomodava. Eu estava de bem comigo e com o mundo. Parecia um sonho. Mas, no quarto dia meu coração começou a  chorar de novo e mesmo que eu não expressasse, eu continuava, de alguma forma, culpando meu namorado pelas minhas carências e necessidades. No dia seguinte, eu estava no cinema com a Rashnu vendo Bollywood movie e o meu telefone tocou. Era o convite para ser tradutora no grupo da Anando. Era inacreditavel. O grupo era a continuação do Primal para mim. Exercícios para identificar a nossa imagem, dei de cara com a minha grande mascara novamente. Trabalhamos relacionamentos e como acontece a projeção de pai e mãe nas relações amorosas, como nos sentimos pequenos perto do nosso parceiro quando estamos na criança interior. Trabalhamos os limites, o toque, o silêncio, a respiração, a intimidade. Tudo era levado todos os dias para a minha relação e tudo foi tendo um sabor especial.

Eu já estava fazendo grupo há um mes, mas alguma coisa dentro de mim pedia mais. Pensei em fazer o grupo da Komala, brasileira querida famosa com o grupo “Die before you die” (Morra antes de você morrer). Cheguei a conversar com ela e estava animada para vivenciar as técnicas Sufis. Mas, caminhando pelo Plaza, vi um homem de barba sentado para o Infotalk (informações sobre os grupos que vão acontecer). Quando vi, já estava sentada na cadeira de frente para ele. Eu não sabia nada sobre o grupo dele, mas alguma coisa dentro de mim sabia que eu tinha que falar com ele. Transomatic Illumination Gestalt – Dream Dialogue & Past Life Dialogue Training. Esse era o nome do grupo de 14 dias. O homem de barba me explicou um pouco, mas confesso que dentro de mim alguma coisa dizia: “Pare por aqui. Chega. Você já descobriu tanta coisa no Primal. O que mais você quer? Se essa vida já esta cheia de confusões e de coisas a serem digeridas, imagina a confusão que vai ser se você descobrir ainda mais coisas de vidas passadas”.

Parecia que o homem sabia o que eu estava pensando. Ele me olhou e disse: “Você descobriu a verdade, mas é só uma parte. A verdade é muito maior”. Me despedi dele com um abraço gostoso e disse que sentiria se esse era o momento de fazer esse grupo. A minha resposta interior foi sim. No dia 26 de fevereiro comecei outra linda jornada, com o Devageet (dentista do Osho). Depois de duas lindas semanas no Dream Dialogue and Past Life, fiz mais uma semana de Diamond Awareness. Só o que eu vivi nestas três semanas rende um livro. Deixo aqui registrada a minha enorme gratidão e respeito pelo Devageet. Eu me senti tão perto do Beloved Master. Eu sentia a presença dele, eu sentia que ele falava comigo, lia meu pensamento e quando eu pensava em me distrair, ele me trazia de volta para a meditação. Simplesmente inesquecível.

No ultimo dia do Diamond Awareness eu descobri meu tesouro, um diamante azul maravilhoso. Um filme passou dentro de mim. Me lembrei da minha paixão pelos espirais e mandalas, na Bolívia, e de repente eu estava ali, naquele grupo, olhando aquela mandala enorme no chão, colorida e linda. Num quadro branco ele tinha desenhado círculos e quadrados mostrando como as formas se movimentam para chegar ao espiral. O tempo parou por um segundo e um silêncio enorme só me fazia sentir gratidão e mais gratidão. Eu estava no lugar certo. Eu tinha me encontrado. Meus espirais, minha paixão pelas cores e pelas mandalas já eram sinais e estavam me guiando para esse lindo trabalho, que o OSHO deu ao Devageet. O corpo realmente tem memórias e a única maneira de voltar para casa é encarar essa linda viagem interior, com coragem, leveza e muito prazer!

O grupo do Devageet acabou no dia 20 de marco e eu não vou parar. A Bela, linda terapeuta, me convidou para ser helper no Primal Rebirth e hoje, dia 22 de março, vou terminar este texto, almoçar com o Deba no resort, brincar um pouco na piscina, passar na casa de uma amiga e pegar algumas roupas que deixei lá, depois vou arrumar minhas malas para me mudar amanhã cedinho para o resort. Mais sete dias no “jardim do Beloved”. Isso tudo está planejado assim, nesta ordem, mas pode ser que uma deliciosa surpresa quebre parte dos planos, que eu sorria e sinta mais uma vez a Existência me carregando nos braços. Está tudo perfeito!

Eu não tinha pensado em passar a manhã de domingo na frente do computador, mas aconteceu. Foi um presente da Radha. Amei escrever este texto. Chorei de alegria, sorri com o coração e senti tanto amor transbordando em mim, que um monte de vezes corri a minha cadeira para alcançar o Deba no computador ao lado e enchê-lo de beijos.

Sinto vontade de agradecer a cada pessoa que faz parte da minha jornada e não tenho a menor idéia de como fazer isso. Talvez eu precisaria de mais alguns domingos porque cada pessoa que cruzou o meu caminho até hoje, me ensinou alguma coisa sobre mim, mesmo que naquele momento eu não pudesse compreender.

 Obrigada, Beloved Master! 

          Um beijo com muito amor J

Amito
          premamito@gmail.com

 

 

   

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Didgeridoo

um instrumento aborígine australiano
fácil de tocar, som preenchedor, silencia a mente
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Mandalas para trazer beleza e harmonia
Criadas por Shanti e Gyano
visite o site das mandalas
http://mandaladeluz.110mb.com

 

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