Conexão Brasil                                                       setembro de 2006
 

 

Notícias de Puna


Mensalmente, o Osho Conexão Brasil apresentava aos seus leitores notícias diretamente de Puna, Índia. Esta coluna era de responsabilidade do Sw. Prasado, brasileiro, que residiu alguns anos no Osho International Meditation Resort. Prasado voltou para o Brasil e por alguns meses ainda conseguimos um outro colaborador, o Sw. Subuddha que depois também retornou ao Brasil. Deixamos, então de publicar esta coluna. 

Neste mês, o nosso amigo Ansu nos enviou a matéria abaixo, relatando sua experiência em recente visita que fez à comuna do Osho em Puna..

 

  

De volta ao Osho Ashram

      Os sinais de uma das mais festejadas economias emergentes estão presentes em qualquer cidade de grande porte na Índia. Não seria diferente em Pune, a cidade que Osho escolheu para erigir um local destinado a desenvolver a sua visão do que ele chamou de “O Novo Homem”.

      Muito tráfego, poluição, riquishás barulhentos em toda parte, vendedores ambulantes e mendigos em meio a modernos prédios e shopping centers, pequenos templos nas esquinas fumegantes de incensos, camelos de aluguel para passeios e até um elefante portando um cartaz de propaganda andando calmamente em meio ao trânsito. Como diz o escritor Salman Rushdie, “a Índia é o caos que faz sentido”. Tudo acontece ao redor da tranqüilidade do Osho Ashram, depois chamado de Osho Commune, agora de Osho Resort, o seu nome mais recente. Apegado ao passado de outras estadas por lá, continuo a chamá-lo simplesmente de “ashram”.

      Depois de 7 anos sem aparecer, enquanto eu esperava o resultado do meu teste de AIDS na recepção, pensava nos paralelos e nas diferenças entre o ashram e os centenários mosteiros do budismo tibetano que eu recém havia visitado no Himalaia indiano e no Nepal. O frescor da atmosfera do ashram lembrava-me o silêncio e a beleza das semanas anteriores em que eu havia caminhado por dias a fio nas trilhas das montanhas mais inebriantes do planeta. Assim como nos mosteiros, os discípulos do Osho vestem longas túnicas cor de vinho, fazem várias meditações por dia, às vezes iniciando antes do sol raiar, e estão envolvidos numa busca. Mas as semelhanças param por aí. Os sannyasins do Osho não perdem uma oportunidade de paquerar, namoram, fazem grupos de terapia, dançam e se divertem nas festas que acontecem duas vezes por semana no próprio ashram, ao som do melhor música eletrônica.

      Depois de alguns dias sentindo-me um pouco deslocado, sensação inicial comum em quem chega pela primeira vez, logo me sinto à vontade com as novidades, como o grande auditório climatizado em forma de pirâmide onde acontecem as principais meditações e o “vazio” do piso de mármore que restou do antigo auditório ao ar livre onde o Osho falava e vinha para o encontro dos Robes Brancos. Depois de tantos anos, fico dividido entre a sensação de estar chegando pela primeira vez e as inevitáveis comparações com o ashram de alguns anos atrás quando Osho percorria estes caminhos.

      Dentre as coisas que não mudaram estão a constante alegria apenas por circular pelo ashram e observar as tantas pessoas de diferentes origens com um astral que raramente se vê em outros lugares, as várias oportunidades para dançar nas mais diversas horas do dia, durante ou fora das meditações, tomar um capuccino no café-bar onde sempre se encontra algum amigo. Uma atmosfera docemente estranha e familiar, alternando silêncio e um clima de festividade, me deixam com lágrimas de gratidão por voltar a este espaço. Desta vez, eu havia viajado ao Oriente com outros planos, iria apenas “passar” por Pune para ver o que andava acontecendo, mas terminei ficando por 40 dias, até esgotar o período da minha viagem. Escrevendo agora no Brasil, já com planos de voltar novamente quando puder, lembro as palavras de um amigo que também gostou de descobrir que o ashram ainda tem a sua “magia” e que dá uma vontade danada de estar lá.

                                                                                          Ansu    

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