Outra
novidade é a celebração do Festival Mundial (One World
Celebration) programado para este mês de dezembro no
Resorte. A cada semana do mês de dezembro os países de um
determinado continente apresentarão seu folclore, culinária,
música, danças, artes, etc..
A
semana latina acontecerá entre os dias 6 e 12 de dezembro.
Teremos
jogo de futebol feminino (tantra soccer), quadrilha, forró,
salsa, merengue e muito samba. Além de feijoada
vegetariana, omelete de soja, cocada, brigadeiros, e outros.
Tudo da culinária brasileira.
Nesta
edição do boletim temos uma entrevista com a brasileira
Avinash que está entre Puna e Goa na Índia,
juntamente com seu companheiro Gyandeva, partilhando
encontros de Satsang, Cursos, Sessões e Retiros de Meditação. Esses encontros também acontecem todos os anos
na Alemanha e no Brasil. Ela tem muito o que compartilhar
com as experiências pelas quais passou.
Vejam
vocês mesmos o nosso bate-papo virtual:
Amada Avinash,
Para começar, conte como
foi que você ouviu falar do Osho, o encontro com o Mestre e
sua experiência com o Sannyas.
Como
encontrei o Osho:
Era
primavera do ano de 1977. Eu tinha 16 anos de idade. Um
dia conversava num banco da pracinha com minhas amigas,
quando avistei dois rapazes vestidos da cor de laranja
caminhando. Usavam um colar de contas de madeira com a foto
de alguém. Comentei: “devem ser hippies passeando pela
vila.” Uma amiga então falou que já tinha conversado com
eles e que eram discípulos de um mestre espiritual que
morava na Índia. Alguma coisa em mim mudou imediatamente e
logo surgiu uma certa ´urgência’ de algo que eu não
sabia explicar.
Desde a infância eu já vivia conectada com a vida
espiritual. Tinha passado por muitas experiências que não
podiam ser explicadas no mundo normal. Uma vez eu entrei num
estado tão profundo de êxtase e transparência que perdi
completamente o contato com o mundo e as pessoas. As minhas
rezas eram simples. Eu agradecia à existência tudo
que tinha me acontecido durante o dia... de bom ou de
ruim.
Eu conversava
com os animais... com as árvores. Percebia as árvores se
comunicarem umas com as outras... e sentia uma
tremenda quietude e a sensação de que não existe separação.
Naquele mesmo dia, no banco da pracinha, conversei com
os sannyasins e indaguei tudo sobre o mestre. Digo indaguei,
porque a sede pela ‘verdade’ me fez querer saber
tudo em detalhes. Os sannyasins estavam indo meditar na
beira do rio e nos convidaram. Fui com eles e uma amiga.
Chegando na beira do rio, sentamos em silêncio. Quando
comecei a fazer mais perguntas, eles disseram que não
queriam falar e que a meditação era simplesmente estar em
silêncio, alerta a tudo em volta, a respiração,
etc...
Sentei na posição de lótus, fechei os olhos e senti a
natureza viva, silenciosa e clara... o som das águas do rio
batendo nas pedras era como uma melodia... a vida
simplesmente acontecendo de momento a momento... o tempo
parou... e a mente pensativa também. Quando a meditação
terminou, eu estava transformada.
E naquele mesmo momento perguntei o que deveria fazer
praticamente para me tornar sannyasin.
Naquela época não havia nenhum material em português para
se ler. Somente algumas linhas traduzidas de um jornalzinho
que vinha de Puna. E não havia necessidade de ler coisa
alguma, porque o que estava sendo transmitido pelo Osho era
além de qualquer palavra, tempo ou espaço.
O meu formulário de pedido de sannyas foi preenchido e
enviado para Puna, juntamente com o formulário de uma irmã,
que para minha surpresa, também decidiu ‘dar o salto’.
Começamos a fazer meditações, tingimos todas as roupas
possíveis para a cor laranja, e esperamos pela carta com o
novo nome... um mês se passou. Um dia, quando cheguei em
casa da escola, tinha uma carta da Índia. O meu nome se
tornou Ma Prem Avinash, e minha irmã ganhou o nome de
Ma Prem Nitya. Os dois nomes tinham o mesmo significado:
Amor Eterno.
A
carta estava assinada pelo próprio Osho. Nos sentimos
embriagadas e felizes.
A
sensação era de que toda a existência estava partilhando
aquele momento conosco. Daí em diante minha vida passou a
circular em torno do trabalho de Osho. Eu fazia e dirigia
meditações. Trabalhava ajudando nos grupos de
terapias.
Morava
nos centros de meditações em vários estados do
Brasil.
Houve uma época que eu levantava cedo de manhã, meditava,
depois ia para o banco trabalhar, depois do expediente, eu
dirigia a meditação no centro, depois ia jantar com os
sannyasins. Acabava voltando tarde para casa, mas estava
feliz.
A mente é que faz confusão, quando seguimos os pensamentos
e nos identificamos com eles. Observando os pensamentos, a
gente descobre que eles se dissolvem no silêncio.
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O
meu encontro com o Mestre:
Só
uma prioridade na vida... Como encontrar a mim mesma? Eu
sabia que muita coisa deveria mudar fora de mim para que a
compreensão pudesse acontecer por dentro. Não havia outro
jeito... eu tinha assumido um compromisso com o sannyas e
estava pronta para arriscar o que fosse preciso para
levantar o véu da ignorância, da inconsciência.
Eu ainda morava no centro de meditação no sul do Brasil,
quando um dia, no ano de 1982, chegou a notícia de que o
primeiro festival estaria acontecendo no estado de Oregon
nos Estados Unidos na presença de Osho, e que todos os
sannyasins deveriam participar. Eu tinha acabado de fazer 21
anos de idade, e isso me permitia viajar para o exterior sem
permissão da família. O problema era que eu ainda
estava trabalhando no banco e não tinha dinheiro para a
viagem e estadia na América. Passei aquela noite em claro,
olhando para a foto do Osho.
Eu dizia: “Osho, eu gostaria de ir, mas como tu sabes, não
tenho dinheiro e estou trabalhando”. A resposta que eu
ouvia era: “Se tu quiseres vir, tu podes e quero que tu
venhas... VEM!” A noite inteira entre lágrimas, êxtase,
incerteza, eu dizia que não podia ir e ele dizia VEM!
Quando o sol nasceu eu estava completamente silenciosa e
clara...
Eu vou! Comecei então a providenciar as coisas práticas
como passaporte, dólares e a passagem.
Quando falei para o meu irmão mais velho que estaria
indo para os E.U. ver o Mestre, ele me aconselhou a comprar
um carro ao invés de gastar o dinheiro com a viagem.
Respondi que não havia nada mais importante na minha vida
do que encontrar o Mestre pessoalmente.
Quando o visto foi concedido não pude conter as lágrimas...
eles não entenderam nada... dentro de mim uma tremenda
felicidade... vou ver meu mestre pessoalmente! Depois de
muito vai e vem, assinei minha carta de demissão do banco e
recebi o dinheiro do fundo de garantia.
Chegou o dia da viagem. Juntamente com vários outros
sannyasins, pegamos o avião que nos levaria aos pés do
Osho. Quando lá chegamos, fomos conduzidos às barracas
onde seria nossa moradia durante o festival. À tarde havia
a possibilidade de ver o Osho passando de carro... talvez...
quando ele saísse para passear. Lembro que eu estava na rua
com alguns sannyasins, e de repente alguém gritou: “acho
que é o Osho naquele carro!” Subi rapidamente uma
rampinha e dei de cara com o carro de Osho... e com o Osho!
A alegria, a paz, o amor e tudo que senti era indescritível.
Com um gracioso sorriso ele fez namasté com uma mão só,
porque a outra estava no volante e passou... Uau... o que
aconteceu?... o tempo parou... o desconhecido surgiu e com
ele a eternidade!
Outro dia era meu aniversário, e pedi um ‘frontseat’
(assento perto do mestre no discurso). Quando pedi o
‘front seat’ alguém me perguntou se era meu aniversário
de sannyas ou de corpo. Eu simplesmente disse que isto não
importava, que o importante era que queria ver o meu mestre
de perto, só isso. Ela riu e me deu um lugar bem perto e de
frente. Estar frente à frente com Osho foi intenso e
flutuante. Quando ele olhava nos meus olhos o que eu via era
simplicidade, nada, transparência, que tudo está perfeito
do jeito que é. Desde esse dia compreendi o quanto é
simples e ao mesmo tempo extraordinário SER.
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A
minha experiência com o sannyas:
De
volta ao Brasil, minha vida toda mudou. Sem trabalho, eu
passava as noites em claro, meditando... olhando as nuvens
passar...
Nessa época, muitas visões, compreensão da vida... da
realidade... do que eu quero realmente. Para mim, desde o
momento que tomei sannyas a prioridade era clara! Encontrar
o meu verdadeiro ser! E esta resolução me deu coragem e
confiança de seguir em frente... ir além do conhecido!
O trabalho do Osho tinha que continuar! O que ele tinha
conseguido era possível para todos! Porque é nossa própria
natureza! Ele mesmo diz: “Você já é um Buda. Abra os
olhos e lembre-se de quem você é na realidade. Encontre a
compreensão que vai além do corpo, da mente e dos
sentimentos. Se torne inocente, humilde, e alerta... celebre
e viva o agora.”
Morei durante esta época em vários lugares do Brasil como
Rio, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis
e outros, trabalhando na área terapêutica, partilhando
Osho.
Voltei novamente aos Estados Unidos para o festival de 1984
e de lá, fui diretamente para a Alemanha, juntamente com
outros Sul-Americanos. A idéia da comunidade no Oregon era
fortalecer as comunidades mais fracas dos países menos
desenvolvidos, e criar uma energia mais forte no mundo do
Osho.
Para mim esta era uma maneira de estar mais próxima de Osho
e investir toda a energia no meu crescimento interior. A
primeira comunidade que morei e trabalhei foi em Colônia,
depois Hamburgo e Hannover na Alemanha. Mais tarde, numa
comunidade na Itália.
Nestas comunidades, o trabalho que tocava para mim era
geralmente coordenar a cozinha, o departamento de limpeza ou
o bar da discoteca. Eu não gostava de trabalhar nas
discotecas porque tinha dificuldades de dormir de dia, e não
gostava do movimento e do cheiro de cigarro, mas mesmo assim
estava claro que meu trabalho era estar comigo mesma e
encontrar a felicidade que vai além do ‘disto eu gosto’
e ‘disto eu não gosto’. Além da dualidade da
mente.
À noite, depois do trabalho, um vídeo do Osho era
mostrado. Ele falava em inglês. Naquela época não
entendia inglês muito bem, e apesar do cansaço do longo
dia de trabalho, não perdia um discurso. Me alegrava ver
o Osho e estar em meditação.
No
começo de 1986 o Osho retornou à Índia, depois de ter
viajado pelo mundo inteiro. Exatamente nesta época eu
estava em Colônia na Alemanha, trabalhando para ir vê-lo
na Índia. Nessa fase da minha vida eu meditava muito.
Um dia escrevi uma carta para o Osho, que expressava
a minha gratidão e dizia que eu o amava muito... e
juntamente com estas linhas desenhei uma árvore, uma
flor, um barquinho....
A resposta de Osho dizia:
"O coração não conhece linguagem nenhuma. Ele
sabe como amar, sabe como ter gratidão, sabe como estar
aberto. Ele sabe como chegar tão perto do Mestre, que você
é consumido no profundo silêncio do Mestre. E o silêncio
dele se torna o teu silêncio, e a verdade dele se torna a
tua verdade. Este é o mistério que acontece entre o Mestre
e o discípulo".
Pouco depois eu estava na comunidade em Puna. Estar
novamente na presença de Osho era uma enorme alegria. Não
tinha outro interesse a não ser meditar, estar, e
participar do desenvolvimento do mundo sannyas.
No Ashram em Puna, trabalhava na Escola de Mistérios dando
sessões de Balanceamento de Chakra/Energia,
Aconselhamento e Tarô. Também fazia traduções dos livros
de Osho para o português, e traduzia grupos de terapia para
brasileiros e espanhóis que não entendiam bem o inglês.
Foi em uma destas traduções em grupos de terapia, em
janeiro de 1989, que conheci o meu companheiro Gyandeva.
Ele era então um dos terapeutas.
De vez em quando era necessário também fazer outros
trabalhos como limpeza de casas, para que pudesse ter o
dinheiro suficiente para ir para Puna o mais rápido possível.
Todo o tempo e dinheiro eram investidos para o
auto-conhecimento... para a expansão da consciência!
Amada Avinash,
Vemos que você teve experiências enriquecedoras nas
comunas por onde passou e também com o Mestre Osho - um
privilégio que poucos seres humanos tiveram.
Hoje você e seu companheiro Gyandeva viajam por vários países
compartilhando as experiências pelas quais passaram.
Agora vamos falar sobre a iluminação. Como explicar algo
que parece não ser deste mundo? O que você responde quando
lhe perguntam se você é iluminada?
Amado
Prasado.
Agora
vamos para a resposta:
A
iluminação é além da mente. Além da dualidade
"isto e aquilo". Você entra
em comunhão com o todo. Você acorda para a verdade de que
está neste planeta de passagem. Você começa a viver a
vida de momento a momento, transcendendo assim o tempo, e
entrando numa nova dimensão de sabedoria. Este estado de
consciência além da mente é possível para todos. A
realidade é experienciada como um salto no desconhecido.
Você se torna Ser, ou melhor, você lembra que você já é
quem você está buscando, e relaxa no Agora, em amor e
aceitação.
Cada
ser humano mais cedo ou mais tarde, vai ter que encarar as
limitações das suas própria máscaras e confusão mental.
Vai
ter que perceber que muita energia está sendo desperdiçada
em tensões, sofrimentos, frustrações, etc... e que ele se
apega a elas como se fossem uma grande coisa...
e a vida acaba se tornando um fardo.
Osho
diz: "Viva no mundo, mas não pertença a ele".
A mente se identifica com o "Eu Sou fulano de tal, eu
penso e eu sinto." Corre para satisfazer os desejos, e
acaba esquecendo de que tudo passa... que com o desejo vem a
frustração. A felicidade está na jornada em si, e não
nos resultados. Observando
os pensamentos, você acaba percebendo os espaços de silêncio
entre um pensamento e outro, você vê que eles aparecem e
desaparecem... que
não são permanentes... Surge
então, uma urgência de saber "quem sou eu" na
realidade, além do corpo, da mente e das emoções. Esta
urgência se torna prioridade.
A energia
se direciona para esta redescoberta, enquanto se vive no
momento, celebrando
e confiando na confiança. Aqui, as portas se abrem para o
nascimento do "novo homem".
Sincero,
inocente, silencioso, risonho, VIVO!
Há um momento, que um "salto" na realidade
acontece por si só, pela graça divina...
e te aniquila como EU. Você,
literalmente, VIVE a existência em si antes do surgimento
do mundo. O
que eu expresso aqui não pode ser chamado de experiência,
porque não existe ninguém experienciando... mas neste
"acontecer", há um momento em
que tudo se dissolve completamente... uma explosão no
nada... tu
é "jogado" no nada... aonde não existe nem em
cima, nem embaixo, nem lados, nem
cores, nem céu, nem mar... absolutamente nada... nem mesmo
espaço. A
compreensão é de que nós somos a existência...
aquilo que nunca nasceu e nunca vai morrer... que é
eterno...
Depois
de uma "experiência" como esta, você vive em
união com a verdade. A dualidade da vida continua,
mas as ações acontecem de acordo com o momento...
aceitando o que é. Tudo muda, e ao mesmo tempo nada muda.
Finalmente a volta para casa... para Simplesmente Ser...
estar... Aí a
Liberdade!
Quando
alguém me pergunta se sou iluminada, eu envio uma outra
pergunta que diz: "Vamos ver primeiro o que você
entende por iluminação." Os
mestres usam palavras diferentes para expressar este fenômeno,
que parece até uma piada, já é a nossa própria natureza.
Osho
usa a palavra iluminação. Cada pessoa traduz à sua própria
maneira de acordo com a sua personalidade ou nível de
compreensão, com
o que ela acredita. A
verdade é que todos esquecem de que a realização na
verdade está além das idéias, dos conceitos, dos
preconceitos, de como o "iluminado" deve falar,
agir, sentir. Um ser realizado é imprevisível. Ele flui
com a existência, e raramente é compreendido...
Tem
uma história contada pelo Osho que eu gosto muito:
"Um
rei foi visitar um grande mestre pela primeira vez. Quando
ele chegou foi recebido por um homem muito simples que
trabalhava no jardim. Ele disse que queria ver o mestre e o
jardineiro o levou para uma sala dizendo para esperar que o
mestre já viria. O rei entrou, sentou e esperou. De repente
ele viu o jardineiro chegar e sentar na cadeira do mestre.
Ele com muita raiva, disse: “Saia daí imediatamente. Estúpido.
Você está desrespeitando
o mestre.” O jardineiro saiu da cadeira, sentou no chão e
disse: “agora a cadeira está vazia, e o mestre não virá,
porque eu sou o mestre!” E
o rei perdeu a oportunidade.
Esta
história mostra a simplicidade de ser e como a mente humana
funciona. Osho
também dizia que muitas pessoas caem na ilusão
"cheguei... me iluminei", mas que o Ego - o Eu se
revelava entrando pela porta de trás. Vigilância é necessário!
O Papaji dizia que quando alguém diz: "Eu consegui!
Arrogância. Eu ainda estou buscando! Também arrogância".
Além da dualidade está a resposta... no mistério... em
ser... e se
espalha para todos aqueles que são capazes de abrir o coração
para este mistério. Eu
prefiro usar a palavra realização, e eu posso dizer que
realizei o meu trabalho de encontrar a mim mesma.
Agora,
vindo da minha própria experiência eu partilho,
junto com Gyandeva, este espaço de
"Simplesmente Ser".
Nós mostramos aos amigos presentes nos
"encontros" de que é possível abandonar a ilusão,
e viver em paz...
amor...
em
união com a verdade - aqui e agora.
Amada
Avinash,
Muito
autêntica sua resposta à pergunta sobre iluminação. Você
está num espaço muito bonito, não importa que nome dêem
a isso. Você mesma escolheu o nome desse espaço:
Simplesmente ser ( Simply being).
Agora para encerrar nossa entrevista virtual, uma última questão
para que o texto não fique muito extenso:
Muitos
sannyasins questionam uma regra administrativa aqui no
resorte de Osho em Puna. Como deve ser do seu conhecimento,
aqueles que se declaram iluminados e passam a exercer
abertamente atividades afins tais como: reunir grupos para
encontros de satsang, sessões de meditações e grupos de
terapias, abrir homepage na internet, etc.
Estes são solicitados a não freqüentar mais o resorte em
Puna sob a alegação de que seus ensinamentos
causariam confusão com relação aos ensinamentos de Osho.
Ou seja, são tidos como concorrentes do Osho. Considero o
assunto polêmico, mas não importante. Como você abordaria
essa questão?
Amado
Prasado,
Aqui vai a resposta a tua última pergunta:
Quando
Osho ainda estava no corpo, a presença dele no Ashram
trazia uma paz viva, intensa, de outro mundo.
Impossível de descrever! Antes
dele deixar o corpo disse que estaria dissolvido nas árvores,
nos pássaros enfim, em tudo, em todo lugar. Ele
também disse "Deixo com vocês o meu sonho". Que
sonho é este? O sonho dele, e de todos os mestres
verdadeiros de todos os tempos, é, e sempre será, acordar
aqueles seres sinceros que vêm até ele em busca de paz, do
verdadeiro amor, da dissolução
do sofrimento, enfim, da razão de viver. É um convite para
vermos que toda a arrogância só traz separação. E que
existe muito mais em SER.... além da mente.
Depois que o Osho deixou o corpo, o Ashram se tornou um
resorte. Se tornou um local mais propício para atividades físicas,
criatividades, luxo, e acabou esquecendo, em meio a tudo
isto, da mensagem número um do Osho que é o encontro
consigo mesmo na essência...
na elevação da consciência.
Para
ilustrar, estas foram palavras do próprio Osho para
Gyandeva em 1980
em Poona, quando deu o sannyas:
"Meditação significa um estado de não-mente:
simplesmente parado, simplesmente sentado, simplesmente ser.
No momento que você está neste espaço, você sabe o que
é Deus. E conhecer Deus é conhecer tudo. Conhecer Deus é
Ser Deus. E este é o desabrochar do seu Ser, o último
florescimento do lótus de mil pétalas da consciência."
Eu
compreendo o receio do Ashram. Se tornou moda dizer "me
iluminei". Muitos se dizem iluminados, alguns largaram
ou nunca se tornaram sannyasins,
e outros começaram a falar mal do Osho. Então
os ensinamentos dessas pessoas podem trazer confusão para
os novos buscadores. Mas como o Osho mesmo diz: “Um falso
mestre pode ser de ajuda e um mestre verdadeiro pode não
ajudar, tudo dependerá da sua abertura... da sua coragem e
sede pela verdade. Cada um deve seguir o seu coração e
abrir os olhos para ver, além das aparências.” Os
buscadores devem estar
vigilante com o "guru" com quem eles se envolvem. Se
alguém, mesmo
que não esteja de acordo com as idéias do Ashram, está
espalhando o amor que receberam do Osho, a graça dele, que
ótimo!
O amor de Osho não pertence a ninguém e como ele mesmo
diz: “a minha conexão com cada um de vocês é única!”
A
verdade é simples... os "sannyasins" ou os "
iluminados" que complicam esta
simplicidade em nome da verdade, só para ganharem
prestígio e poder estão ‘viajando’. Mas,
porque não permitir pessoas "que se dizem
iluminadas" de freqüentar o Resorte? Isto mostra
somente que a presença de políticos e padres que o Osho
sempre martelou está acontecendo também no Ashram de Osho.
A
terapia pode auxiliar as pessoas a compreenderem a
psicologia dos seus problemas, clareando e criando espaço
para o SER florescer. Para
o acordar... a presença de alguém que VIVE a verdade
facilita a compreensão. A
existência do resorte (ashram) dá a oportunidade àqueles
novos que chegam de experienciar, além dos trabalhos de
terapias, a vida em comunidade. É
um lugar onde rola muita criatividade, assim... é uma
escola de artes. Mas
parece que a arte da verdadeira meditação está faltando.
E não é falha do Osho, os responsáveis é que deveriam
abrir mais o espaço para
o surgimento do novo homem que Osho sempre falou; sem
medo, sem receios, corajosos,
prontos para serem verdadeiros e viver na inocência
do agora... sem preconceitos.
Ninguém
jamais poderá concorrer com o Osho, isto não é possível...
Ele é único e sempre será. O
Osho diz que é possível a iluminação acontecer neste
momento. Ouça
seu próprio coração.... E confie... não em alguém em
particular, mas na confiança em si... e tenha coragem de
viver no AGORA.
Puna, 28 de Novembro de 2004.
Swami
Prasado
swamiprasado@yahoo.com
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