Conexão Brasil                                                       dezembro de 2004
 

 

Notícias de Puna


Mensalmente, o Osho Conexão Brasil apresenta aos seus leitores notícias diretamente de Puna, Índia. Esta coluna é de responsabilidade do Sw. Prasado, brasileiro, há alguns anos residente em Puna, na Osho Commune International, onde cuida da tradução para o português do site oficial do Osho:   www.osho.com .

Neste mês, a Editoria do boletim, por questão de coerência, sentiu a necessidade de fazer este preâmbulo, em função da entrevista do Prasado com a Avinash, uma sannyasin do Osho, brasileira, que vive entre a Índia, Alemanha e Brasil. Ela afirma que realizou o trabalho de encontrar a si mesma. "Realização" ou "iluminação" essa é uma questão que tem levantado polêmicas, devido à posição da Osho International a respeito dessas pessoas que se anunciam como "iluminadas". Essa posição tem base na orientação do próprio Osho para que "seu nome seja sempre usado somente em conexão com Sua visão, Suas meditações e trabalho, e não misturado com outra coisas, porque isso pode confundir as pessoas." (Guia Orientativo para Centros do Osho). Nós, do Instituto Osho Brasil, para fazermos uso do nome do Osho, inclusive neste boletim, assinamos uma "Carta de Entendimento" pela qual nos comprometemos com essa orientação. Nessa carta, está dito: "Osho é muito claro para que não se faça de Seus centros uma plataforma onde outras pessoas possam apresentar seus ensinamentos e sua visão. Ele diz que está bem se você o quiser, isso é sua liberdade, mas então, por favor, retire o Seu nome do espaço e escolha um nome diferente." 

Essa mesma questão polêmica está sendo tratada em nossa seção "Opinião Pessoal" onde estamos publicando a resposta que demos a uma consulta de um leitor, na qual esclarecemos e expressamos o nosso ponto de vista, que entendemos estar em sintonia com a orientação da Osho International. Como foi por coincidência que recebemos a entrevista feita pelo Prasado que, na sua parte final, trata da mesma questão, mas vista sob o ângulo oposto, a nossa intuição nos disse que talvez fosse mesmo interessante publicá-la, para que os nossos leitores tenham a oportunidade de conhecer também esse outro ponto de vista. Assim, assumimos o risco de sermos incoerentes e publicamos esta entrevista, cuja resposta à primeira pergunta é realmente muito linda e comovente. Aliás, conhecemos a Avinash, temos amigos em comum, e nos sentimos muito felizes ao ler a sua entrevista, onde ela demonstra tranqüilidade, alegria e confiança nos caminhos que tem percorrido. Com relação à terceira pergunta, registramos que nós vemos a questão sob uma ótica diferente daquela manifestada na resposta pela Avinash. Leiam a seção "Opinião Pessoal" e entendam os fundamentos dessa nossa discordância.

 

 


Sw. Prasado

 

Olá Amigos,

                     Inaugurado agora em novembro o novo Centro de Recepção (Welcome Center) aqui no resorte de Osho. Todos ficamos surpresos pela beleza, bom gosto e imponência das instalações do novo centro. Logo você poderá ver as fotos do local no site de Osho na Internet. 
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Outra novidade é a celebração do Festival Mundial (One World Celebration) programado para este mês de dezembro no Resorte. A cada semana do mês de dezembro os países de um determinado continente apresentarão seu folclore, culinária, música, danças, artes, etc.. 

A semana latina acontecerá entre os dias 6 e 12 de dezembro.

Teremos jogo de futebol feminino (tantra soccer), quadrilha, forró, salsa, merengue e muito samba. Além de feijoada vegetariana, omelete de soja, cocada, brigadeiros, e outros. Tudo da culinária brasileira.

 

Nesta edição do boletim temos uma entrevista com a brasileira Avinash que está entre Puna e Goa na Índia, juntamente com seu companheiro Gyandeva, partilhando encontros de Satsang, Cursos, Sessões e Retiros de Meditação. Esses encontros também acontecem todos os anos na Alemanha e no Brasil. Ela tem muito o que compartilhar com as experiências pelas quais passou.

Vejam vocês mesmos o nosso bate-papo virtual:

 

Amada Avinash,
Para começar, conte como foi que você ouviu falar do Osho, o encontro com o Mestre e sua experiência com o Sannyas.

 

Como encontrei o Osho: 

Era primavera do ano de 1977. Eu tinha 16 anos de idade. Um dia conversava num banco da pracinha com minhas amigas, quando avistei dois rapazes vestidos da cor de laranja caminhando. Usavam um colar de contas de madeira com a foto de alguém. Comentei: “devem ser hippies passeando pela vila.” Uma amiga então falou que já tinha conversado com eles e que eram discípulos de um mestre espiritual que morava na Índia. Alguma coisa em mim mudou imediatamente e logo surgiu uma certa ´urgência’ de algo que eu não sabia explicar.
Desde a infância eu já vivia conectada com a vida espiritual. Tinha passado por muitas experiências que não podiam ser explicadas no mundo normal. Uma vez eu entrei num estado tão profundo de êxtase e transparência que perdi completamente o contato com o mundo e as pessoas. As minhas rezas eram simples.  Eu agradecia à existência tudo que tinha me acontecido durante o dia... de bom ou de ruim. 
Eu  conversava com os animais... com as árvores. Percebia as árvores se comunicarem umas com as outras...  e sentia uma tremenda quietude e a sensação de que não existe separação. 
Naquele mesmo dia, no banco da pracinha, conversei com os sannyasins e indaguei tudo sobre o mestre. Digo indaguei, porque a sede pela ‘verdade’  me fez querer saber tudo em detalhes. Os sannyasins estavam indo meditar na beira do rio e nos convidaram. Fui com eles e uma amiga. Chegando na beira do rio, sentamos em silêncio. Quando comecei a fazer mais perguntas, eles disseram que não queriam falar e que a meditação era simplesmente estar em silêncio, alerta a tudo em volta, a respiração, etc... 
Sentei na posição de lótus, fechei os olhos e senti a natureza viva, silenciosa e clara... o som das águas do rio batendo nas pedras era como uma melodia... a vida simplesmente acontecendo de momento a momento... o tempo parou... e a mente pensativa também. Quando a meditação terminou, eu estava transformada. 
E naquele mesmo momento perguntei o que deveria fazer praticamente para me tornar sannyasin. 
Naquela época não havia nenhum material em português para se ler. Somente algumas linhas traduzidas de um jornalzinho que vinha de Puna. E não havia necessidade de ler coisa alguma, porque o que estava sendo transmitido pelo Osho era além de qualquer palavra, tempo ou espaço. 
O meu formulário de pedido de sannyas foi preenchido e enviado para Puna, juntamente com o formulário de uma irmã, que para minha surpresa, também decidiu ‘dar o salto’. Começamos a fazer meditações, tingimos todas as roupas possíveis para a cor laranja, e esperamos pela carta com o novo nome... um mês se passou. Um dia, quando cheguei em casa da escola, tinha uma carta da Índia. O meu nome se tornou  Ma Prem Avinash, e minha irmã ganhou o nome de Ma Prem Nitya. Os dois nomes tinham o mesmo significado: Amor Eterno.  
A carta estava assinada pelo próprio Osho. Nos sentimos embriagadas e felizes.  
A sensação era de que toda a existência estava partilhando aquele momento conosco. Daí em diante minha vida passou a circular em torno do trabalho de Osho. Eu fazia e dirigia meditações. Trabalhava ajudando nos grupos de terapias. 
Morava nos centros de meditações em vários estados do Brasil. 
Houve uma época que eu levantava cedo de manhã, meditava, depois ia para o banco trabalhar, depois do expediente, eu dirigia a meditação no centro, depois ia jantar com os sannyasins. Acabava voltando tarde para casa, mas estava feliz. 
A mente é que faz confusão, quando seguimos os pensamentos e nos identificamos com eles. Observando os pensamentos, a gente descobre que eles se dissolvem no silêncio.

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O meu encontro com o Mestre:

Só uma prioridade na vida... Como encontrar a mim mesma? Eu sabia que muita coisa deveria mudar fora de mim para que a compreensão pudesse acontecer por dentro. Não havia outro jeito... eu tinha assumido um compromisso com o sannyas e estava pronta para arriscar o que fosse preciso para levantar o véu da ignorância, da inconsciência. 
Eu ainda morava no centro de meditação no sul do Brasil, quando um dia, no ano de 1982, chegou a notícia de que o primeiro festival estaria acontecendo no estado de Oregon nos Estados Unidos na presença de Osho, e que todos os sannyasins deveriam participar. Eu tinha acabado de fazer 21 anos de idade, e isso me permitia viajar para o exterior sem permissão da família. O problema era que eu ainda estava trabalhando no banco e não tinha dinheiro para a viagem e estadia na América. Passei aquela noite em claro, olhando para a foto do Osho. 
Eu dizia: “Osho, eu gostaria de ir, mas como tu sabes, não tenho dinheiro e estou trabalhando”. A resposta que eu ouvia era: “Se tu quiseres vir, tu podes e quero que tu venhas... VEM!” A noite inteira entre lágrimas, êxtase, incerteza, eu dizia que não podia ir e ele dizia VEM! Quando o sol nasceu eu estava completamente silenciosa e clara... 
Eu vou! Comecei então a providenciar as coisas práticas como passaporte, dólares e a passagem.  Quando falei para o meu irmão mais velho que estaria indo para os E.U. ver o Mestre, ele me aconselhou a comprar um carro ao invés de gastar o dinheiro com a viagem. Respondi que não havia nada mais importante na minha vida do que encontrar o Mestre pessoalmente. 
Quando o visto foi concedido não pude conter as lágrimas... eles não entenderam nada... dentro de mim uma tremenda felicidade... vou ver meu mestre pessoalmente! Depois de muito vai e vem, assinei minha carta de demissão do banco e recebi o dinheiro do fundo de garantia. 
Chegou o dia da viagem. Juntamente com vários outros sannyasins, pegamos o avião que nos levaria aos pés do Osho. Quando lá chegamos, fomos conduzidos às barracas onde seria nossa moradia durante o festival. À tarde havia a possibilidade de ver o Osho passando de carro... talvez... quando ele saísse para passear. Lembro que eu estava na rua com alguns sannyasins, e de repente alguém gritou: “acho que é o Osho naquele carro!” Subi rapidamente uma rampinha e dei de cara com o carro de Osho... e com o Osho! A alegria, a paz, o amor e tudo que senti era indescritível. Com um gracioso sorriso ele fez namasté com uma mão só, porque a outra estava no volante e passou... Uau... o que aconteceu?... o tempo parou... o desconhecido surgiu e com ele a eternidade! 
Outro dia era meu aniversário, e pedi um ‘frontseat’ (assento perto do mestre no discurso). Quando pedi o ‘front seat’ alguém me perguntou se era meu aniversário de sannyas ou de corpo. Eu simplesmente disse que isto não importava, que o importante era que queria ver o meu mestre de perto, só isso. Ela riu e me deu um lugar bem perto e de frente. Estar frente à frente com Osho foi intenso e flutuante. Quando ele olhava nos meus olhos o que eu via era simplicidade, nada, transparência, que tudo está perfeito do jeito que é. Desde esse dia compreendi o quanto é simples e ao mesmo tempo extraordinário SER. 

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A minha experiência com o sannyas:

De volta ao Brasil, minha vida toda mudou. Sem trabalho, eu passava as noites em claro, meditando... olhando as nuvens passar... 
Nessa época, muitas visões, compreensão da vida... da realidade... do que eu quero realmente. Para mim, desde o momento que tomei sannyas a prioridade era clara! Encontrar o meu verdadeiro ser! E esta resolução me deu coragem e confiança de seguir em frente... ir além do conhecido!
O trabalho do Osho tinha que continuar! O que ele tinha conseguido era possível para todos! Porque é nossa própria natureza! Ele mesmo diz: “Você já é um Buda. Abra os olhos e lembre-se de quem você é na realidade. Encontre a compreensão que vai além do corpo, da mente e dos sentimentos. Se torne inocente, humilde, e alerta... celebre e viva o agora.”
Morei durante esta época em vários lugares do Brasil como Rio, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e outros, trabalhando na área terapêutica, partilhando Osho. 
Voltei novamente aos Estados Unidos para o festival de 1984 e de lá, fui diretamente para a Alemanha, juntamente com outros Sul-Americanos. A idéia da comunidade no Oregon era fortalecer as comunidades mais fracas dos países menos desenvolvidos, e criar uma energia mais forte no mundo do Osho. 
Para mim esta era uma maneira de estar mais próxima de Osho e investir toda a energia no meu crescimento interior. A primeira comunidade que morei e trabalhei foi em Colônia, depois Hamburgo e Hannover na Alemanha. Mais tarde, numa comunidade na Itália.
Nestas comunidades, o trabalho que tocava para mim era geralmente coordenar a cozinha, o departamento de limpeza ou o bar da discoteca. Eu não gostava de trabalhar nas discotecas porque tinha dificuldades de dormir de dia, e não gostava do movimento e do cheiro de cigarro, mas mesmo assim estava claro que meu trabalho era estar comigo mesma e encontrar a felicidade que vai além do ‘disto eu gosto’ e ‘disto eu não gosto’. Além da dualidade da mente. 
À  noite, depois do trabalho, um vídeo do Osho era mostrado. Ele falava em inglês. Naquela época não entendia inglês muito bem, e apesar do cansaço do longo dia de trabalho, não perdia um discurso. Me alegrava ver o Osho e estar em meditação.  
No começo de 1986 o Osho retornou à Índia, depois de ter viajado pelo mundo inteiro. Exatamente nesta época eu estava em Colônia na Alemanha, trabalhando para ir vê-lo na Índia. Nessa fase da minha vida eu meditava muito.  Um dia escrevi uma carta para o Osho, que expressava a minha gratidão e dizia que eu o amava muito... e juntamente com estas linhas desenhei uma árvore,  uma flor,  um barquinho....
A resposta de Osho dizia:
"O coração não conhece linguagem nenhuma. Ele sabe como amar, sabe como ter gratidão, sabe como estar aberto. Ele sabe como chegar tão perto do Mestre, que você é consumido no profundo silêncio do Mestre. E o silêncio dele se torna o teu silêncio, e a verdade dele se torna a tua verdade. Este é o mistério que acontece entre o Mestre e o discípulo". 
Pouco depois eu estava na comunidade em Puna. Estar novamente na presença de Osho era uma enorme alegria. Não tinha outro interesse a não ser meditar, estar, e participar do desenvolvimento do mundo sannyas.
No Ashram em Puna, trabalhava na Escola de Mistérios dando sessões de Balanceamento de Chakra/Energia,  Aconselhamento e Tarô. Também fazia traduções dos livros de Osho para o português, e traduzia grupos de terapia para brasileiros e espanhóis que não entendiam bem o inglês. Foi em uma destas traduções em grupos de terapia, em janeiro de 1989, que conheci o meu companheiro Gyandeva. Ele era então um dos terapeutas. 
De vez em quando era necessário também fazer outros trabalhos como limpeza de casas, para que pudesse ter o dinheiro suficiente para ir para Puna o mais rápido possível. Todo  o tempo e dinheiro eram investidos para o auto-conhecimento... para a expansão da consciência!

  

Amada Avinash,
Vemos que você teve experiências enriquecedoras nas comunas por onde passou e também com o Mestre Osho - um privilégio que poucos seres humanos tiveram. 
Hoje você e seu companheiro Gyandeva viajam por vários países compartilhando as experiências pelas quais passaram. 
Agora vamos falar sobre a iluminação. Como explicar algo que parece não ser deste mundo? O que você responde quando lhe perguntam se você é iluminada?

 

Amado Prasado.
Agora vamos para a resposta:

A iluminação é além da mente. Além da dualidade "isto e aquilo". Você entra em comunhão com o todo. Você acorda para a verdade de que está neste planeta de passagem. Você começa a viver a vida de momento a momento, transcendendo assim o tempo, e entrando numa nova dimensão de sabedoria. Este estado de consciência além da mente é possível para todos. A realidade é experienciada como um salto no desconhecido. Você se torna Ser, ou melhor, você lembra que você já é quem você está buscando, e relaxa no Agora, em amor e aceitação.
Cada ser humano mais cedo ou mais tarde, vai ter que encarar as limitações das suas própria máscaras e confusão mental. Vai ter que perceber que muita energia está sendo desperdiçada em tensões, sofrimentos, frustrações, etc... e que ele se apega a elas como se fossem uma grande coisa...  e a vida acaba se tornando um fardo.
Osho diz: "Viva no mundo, mas não pertença a ele".
A mente se identifica com o "Eu Sou fulano de tal, eu penso e eu sinto." Corre para satisfazer os desejos, e acaba esquecendo de que tudo passa... que com o desejo vem a frustração. A felicidade está na jornada em si, e não nos resultados.
Observando os pensamentos, você acaba percebendo os espaços de silêncio entre um pensamento e outro, você vê que eles aparecem e desaparecem... que não são permanentes... Surge então, uma urgência de saber "quem sou eu" na realidade, além do corpo, da mente e das emoções. Esta urgência se torna prioridade.  A energia se direciona para esta redescoberta, enquanto se vive no momento, celebrando e confiando na confiança. Aqui, as portas se abrem para o nascimento do "novo homem". Sincero, inocente, silencioso, risonho, VIVO!
Há um momento, que um "salto" na realidade  acontece por si só, pela graça divina...  e te aniquila como EU.
Você, literalmente, VIVE a existência em si antes do surgimento do mundo. O que eu expresso aqui não pode ser chamado de experiência, porque não existe ninguém experienciando... mas neste "acontecer", há um momento em que tudo se dissolve completamente... uma explosão no nada... tu é "jogado" no nada... aonde não existe nem em cima, nem embaixo, nem lados, nem cores, nem céu, nem mar... absolutamente nada... nem mesmo espaço. A  compreensão é de que nós somos a existência... aquilo que nunca nasceu e nunca vai morrer... que é eterno... 
Depois de uma "experiência" como esta, você vive em  união com a verdade. A dualidade da vida continua, mas as ações acontecem de acordo com o momento... aceitando o que é. Tudo muda, e ao mesmo tempo nada muda. Finalmente a volta para casa... para Simplesmente Ser... estar...  Aí a Liberdade! 
Quando alguém me pergunta se sou iluminada, eu envio uma outra pergunta que diz: "Vamos ver primeiro o que você entende por iluminação."
Os mestres usam palavras diferentes para expressar este fenômeno, que parece até uma piada, já é a nossa própria natureza. Osho usa a palavra iluminação. Cada pessoa traduz à sua própria maneira de acordo com a sua personalidade ou nível de compreensão,  com o que ela acredita. A verdade é que todos esquecem de que a realização na verdade está além das idéias, dos conceitos, dos preconceitos, de como o "iluminado" deve falar, agir, sentir. Um ser realizado é imprevisível. Ele flui com a existência, e raramente é compreendido... 
Tem uma história contada pelo Osho que eu gosto muito:  
"Um rei foi visitar um grande mestre pela primeira vez. Quando ele chegou foi recebido por um homem muito simples que trabalhava no jardim. Ele disse que queria ver o mestre e o jardineiro o levou para uma sala dizendo para esperar que o mestre já viria. O rei entrou, sentou e esperou. De repente ele viu o jardineiro chegar e sentar na cadeira do mestre. Ele com muita raiva, disse: “Saia daí imediatamente. Estúpido. Você está desrespeitando o mestre.” O jardineiro saiu da cadeira, sentou no chão e disse: “agora a cadeira está vazia, e o mestre não virá, porque eu sou o mestre!”
E o rei perdeu a oportunidade.
Esta história mostra a simplicidade de ser e como a mente humana funciona. Osho também dizia que muitas pessoas caem na ilusão "cheguei... me iluminei", mas que o Ego - o Eu se revelava entrando pela porta de trás. Vigilância é necessário!
O Papaji dizia que quando alguém diz: "Eu consegui! Arrogância. Eu ainda estou buscando! Também arrogância". Além da dualidade está a resposta... no mistério... em ser...  e se espalha para todos aqueles que são capazes de abrir o coração para este mistério.
Eu prefiro usar a palavra realização, e eu posso dizer que realizei o meu trabalho de encontrar a mim mesma.
Agora, vindo da minha própria experiência eu partilho,  junto com Gyandeva, este espaço de "Simplesmente Ser".  Nós mostramos aos amigos presentes nos "encontros" de que é possível abandonar a ilusão,  e viver em  paz...  amor... em união com a verdade - aqui e agora.

Amada Avinash,
Muito autêntica sua resposta à pergunta sobre iluminação. Você está num espaço muito bonito, não importa que nome dêem a isso. Você mesma escolheu o nome desse espaço: Simplesmente ser ( Simply being).
Agora para encerrar nossa entrevista virtual, uma última questão para que o texto não fique muito extenso:   
Muitos sannyasins questionam uma regra administrativa aqui no resorte de Osho em Puna. Como deve ser do seu conhecimento, aqueles que se declaram iluminados e passam a exercer abertamente atividades afins tais como: reunir grupos para encontros de satsang, sessões de meditações e grupos de terapias, abrir homepage na internet, etc. 
Estes são solicitados a não freqüentar mais o resorte em Puna sob a alegação de que seus ensinamentos causariam confusão com relação aos ensinamentos de Osho. Ou seja, são tidos como concorrentes do Osho. Considero o assunto polêmico, mas não importante. Como você abordaria essa questão?

                                

Amado Prasado,
Aqui vai a resposta a tua última pergunta:
Quando Osho ainda estava no corpo, a presença dele no Ashram trazia uma paz viva, intensa, de outro mundo.  Impossível de descrever!
Antes dele deixar o corpo disse que estaria dissolvido nas árvores, nos pássaros enfim, em tudo, em todo lugar. Ele também disse "Deixo com vocês o meu sonho". Que sonho é este? O sonho dele, e de todos os mestres verdadeiros de todos os tempos, é, e sempre será, acordar aqueles seres sinceros que vêm até ele em busca de paz, do verdadeiro amor, da dissolução do sofrimento, enfim, da razão de viver. É um convite para vermos que toda a arrogância só traz separação. E que existe muito mais em SER.... além da mente.
Depois que o Osho deixou o corpo, o Ashram se tornou um resorte. Se tornou um local mais propício para atividades físicas, criatividades, luxo, e acabou esquecendo, em meio a tudo isto, da mensagem número um do Osho que é o encontro consigo mesmo na essência...  na elevação da consciência. 
Para ilustrar, estas foram palavras do próprio Osho para Gyandeva em 1980 em Poona, quando deu o sannyas:
"Meditação significa um estado de não-mente: simplesmente parado, simplesmente sentado, simplesmente ser. No momento que você está neste espaço, você sabe o que é Deus. E conhecer Deus é conhecer tudo. Conhecer Deus é Ser Deus. E este é o desabrochar do seu Ser, o último florescimento do lótus de mil pétalas da consciência."
Eu compreendo o receio do Ashram. Se tornou moda dizer "me iluminei". Muitos se dizem iluminados, alguns largaram ou nunca se tornaram sannyasins,  e outros começaram a falar mal do Osho.
Então os ensinamentos dessas pessoas podem trazer confusão para os novos buscadores. Mas como o Osho mesmo diz: “Um falso mestre pode ser de ajuda e um mestre verdadeiro pode não ajudar, tudo dependerá da sua abertura... da sua coragem e sede pela verdade. Cada um deve seguir o seu coração e abrir os olhos para ver, além das aparências.” Os buscadores devem  estar vigilante com o "guru" com quem eles se envolvem. Se alguém,  mesmo que não esteja de acordo com as idéias do Ashram, está espalhando o amor que receberam do Osho, a graça dele, que ótimo! 
O amor de Osho não pertence a ninguém e como ele mesmo diz: “a minha conexão com cada um de vocês é única!”
A verdade é simples... os "sannyasins" ou os " iluminados" que complicam esta  simplicidade em nome da verdade, só para ganharem prestígio e poder estão ‘viajando’. Mas, porque não permitir pessoas "que se dizem iluminadas" de freqüentar o Resorte? Isto mostra somente que a presença de políticos e padres que o Osho sempre martelou está acontecendo também no Ashram de Osho.
A terapia pode auxiliar as pessoas a compreenderem a psicologia dos seus problemas, clareando e criando espaço para o SER florescer.
Para o acordar... a presença de alguém que VIVE a verdade facilita a compreensão. A existência do resorte (ashram) dá a oportunidade àqueles novos que chegam de experienciar, além dos trabalhos de terapias, a vida em comunidade. É um lugar onde rola muita criatividade, assim... é uma escola de artes.  Mas parece que a arte da verdadeira meditação está faltando.
E não é falha do Osho, os responsáveis é que deveriam abrir mais o espaço para  o surgimento do novo homem que Osho sempre falou; sem medo, sem receios, corajosos,  prontos para serem verdadeiros e viver na inocência do agora... sem
preconceitos. Ninguém jamais poderá concorrer com o Osho, isto não é possível... Ele é único e sempre será. O Osho diz que é possível a iluminação acontecer neste momento. Ouça seu próprio coração.... E confie... não em alguém em particular, mas na confiança em si... e tenha coragem de viver no AGORA.

  

                                            Puna, 28 de Novembro de 2004.

                                                               Swami Prasado
                                                          swamiprasado@yahoo.com 

  

 

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