OSHO CONEXÃO BRASIL                                                                           abril de 2004 


Notícias de Puna



Mensalmente, o boletim Osho Conexão Brasil apresenta aos seus leitores notícias diretamente de Puna, Índia. Esta coluna é de responsabilidade do Sw. Prasado, brasileiro, há alguns anos residente em Puna, na Osho Commune International, onde é o responsável pela tradução para o português do site oficial do Osho:   www.osho.com .


    
                                      

                        Morte, Reencarnação e Vidas Passadas de Osho


"No momento que a criança nasce, você pensa, é o princípio da vida dela.
Isso não é verdade.
No momento que um homem velho morre, você pensa, que é o fim da vida dele.
Não é.
A vida é muito maior do que nascimento e morte.
Nascimento e morte não são duas extremidades da vida; muitos nascimentos e muitas mortes acontecem dentro da vida. Vida em si mesmo não tem nenhum princípio, nenhum fim: vida e eternidade são equivalentes...
A vida começa no ponto da morte de sua vida passada. Quando você morre, de um lado um capítulo da vida, que as pessoas acham que foi toda sua vida, é fechado. Foi somente um capítulo num livro que tem infinitos capítulos. Um capítulo se encerra, mas o livro não é fechado. Apenas vire a página e outro capítulo começa.
A pessoa que está morrendo começa a visualizar sua próxima vida. Esse é um fato conhecido, pois isso acontece antes do capítulo fechar...
Buddha tem um nome para isso, ele chama de tanha. Literalmente significa desejo, mas metaforicamente isso significa a vida inteira do desejo. Todas essas coisas aconteceram: frustrações, realizações, desapontamentos, sucessos, fracassos... mas tudo isso aconteceu dentro de uma certa área que você pode chamar de desejo.
O homem morrendo precisa ver isso na íntegra antes de ir adiante, apenas recordar isso, pois o corpo está indo: essa mente não vai ficar com ele, esse cérebro não vai ficar com ele. Mas o desejo liberado por essa mente se apegará a alma dele, e esse desejo irá decidir sua vida futura. O que quer que tenha permanecido não realizado, ele irá mover-se na direção desse alvo.

Sua vida começa bem antes de seu nascimento, antes de sua mãe ficar grávida, bem antes do fim de sua vida passada. Aquele final é o princípio dessa vida. Um capítulo se encerra, outro capítulo começa. Agora, como essa nova vida será é noventa e nove por cento determinado pelo derradeiro momento da sua morte. O que você juntou, o que você trouxe com você como uma semente -  essa semente irá tornar-se uma árvore, trazer frutos, trazer flores, ou o que quer que aconteça a ela. Você não pode ler isso na semente, mas a semente possui todo o esquema....
Se um homem morre completamente alerta, vendo todo o terreno que ele passou e vendo toda a estupidez disso, ele nasce com uma agudeza, com uma inteligência, com uma coragem – automaticamente. Isso não é algo que ele faz.

Há seis grandes religiões no mundo. Elas podem ser divididas em duas categorias: uma consiste de Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Eles acreditam somente em uma vida. Você está justamente entre nascimento e morte, não existe nada além de nascimento e morte – vida é tudo. Embora eles acreditem no paraíso e no inferno e em Deus, estes são os ganhos de uma vida, uma única vida. A outra categoria consiste de Hinduísmo, Jainismo e Budismo. Eles acreditam na teoria da reencarnação. A pessoa nasce de novo e novamente, eternamente – a menos que a pessoa se torne iluminada, aí a roda pára.
Eu tenho meditado; eu cheguei a um ponto de onde posso ver minhas próprias vidas passadas, e isso é prova suficiente. Isso é o meu saber, minha experiência; isso não tem nada a ver com herança Indiana, crenças ou qualquer coisa assim. Eu falo com minha própria autoridade.
 Eu comecei como um intelectual – não somente nesta vida mas em muitas vidas. Todo meu trabalho em muitas vidas está relacionado com o intelecto – refinando o intelecto, aguçando o intelecto.
Eu conheci tantos grupos esotéricos – nessa vida e antes. Eu estive em contato com muitos grupos esotéricos, mas não posso lhes dizer sobre o paradeiro deles. Não posso lhes dizer o nome deles, pois isso não é permitido. E isso realmente é inútil. Mas eu posso lhes dizer que eles ainda existem, eles ainda tentam ajudar....
Eu conheci Bodhidharma* pessoalmente. Eu viajei com ele por pelo menos três meses. Ele me amava assim como eu o amava. Vocês ficarão curiosos para saber porque ele me amava. Ele me amava porque eu nunca perguntei nada a ele. Ele me disse, “Você é a primeira pessoa que encontrei que não faz nenhuma pergunta – e eu fico entediado com todas essas perguntas. Você é a única pessoa que não me aborrece”.
*(Bodhidharma foi o místico que levou o budismo da Índia para a China.)

Eu disse, “Há uma razão”.
Ele disse, “Qual é a razão?”
Eu disse, “Eu apenas respondo. Nunca pergunto. Se você tiver alguma questão você pode me perguntar. Se você não tiver uma questão então mantenha sua boca fechada”.
Ambos rimos, pois ambos pertencíamos a mesma categoria de insanidade. Ele me pediu para continuar a jornada com ele, mas eu disse, “Desculpe, eu tenho que seguir meu próprio caminho, e a partir desse ponto este se separa do seu”.

Ele não podia acreditar. Ele nunca havia convidado ninguém antes. Esse era o homem que tinha recusado mesmo o imperador Wu – o maior imperador daqueles dias, com o maior império – como se ele fosse um mendigo. Bodhidharma não podia acreditar em seus olhos, que eu pudesse recusá-lo.

Eu disse, “Agora você sabe como é se sentir recusado. Eu queria lhe dar um sabor disso. Adeus”.

Mas isso aconteceu quatorze séculos passados.

Alguns dias atrás Lama Karmapa disse algo sobre mim... Karmapa havia dito que um corpo meu de algum nascimento passado está preservado numa caverna no Tibet. Noventa e nove corpos estão ali preservados, dentre eles um corpo é meu, isso foi dito por Karmapa.
No Tibet eles têm tentado por milhares de anos preservar os corpos nos quais alguma coisa extraordinário aconteceu. Eles preservaram tais corpos como uma experiência. Pois tais eventos não acontecem com freqüência, e não acontecem tão facilmente. Após milhares de anos, de vez em quando tais coisas acontecem. Por exemplo, o terceiro olho de alguém abriu e com isso, um buraco foi aberto no osso onde o terceiro olho existe. Tal evento acontece uma vez em centenas de milhares de anos. O terceiro olho se abre em tantas pessoas mas esse buraco não acontece a todos. Quando esse buraco ocorre, a razão por trás disso é que nesse caso o terceiro olho se abriu com tremenda força. Tal crânio ou tal corpo é então preservado por eles.
Por exemplo, a energia sexual de alguém, a energia básica, surgiu com tal força que fez um buraco na coroa da cabeça dele e incorporou-se ao cosmos. Tal coisa só acontece de vez em quando. Muitas pessoas dissolvem-se na realidade universal, mas a energia filtra tão lentamente, e com tantos intervalos, que a energia simplesmente penetra em pequenas medidas, e um buraco não é criado. De vez em quando, isso ocorre com tal repentina intensidade que, quebrando o crânio, toda a energia une-se ao cosmos. Assim eles preservam esse corpo. Dessa maneira, até agora eles fizeram o maior experimento na história da humanidade. Eles preservaram noventa e nove corpos. Assim Karmapa disse que um corpo meu também está preservado entre esses noventa e nove corpos...
Esse é o nonagésimo sétimo corpo, se contado do lado oposto, pode ser o terceiro corpo.

Você me pede: “Por favor você pode dizer alguma coisa sobre sua vida passada, e se você nasceu na sua presente vida completamente realizado?”
Meu nascimento anterior ocorreu a cerca de setecentos anos passados...
Pode ser dito que nasci com conhecimento quase completo. Eu digo quase só porque alguns passos não foram deliberadamente dados, e deliberadamente isso pode ser feito.
Nessa conexão, o pensamento Jainista é muito científico. Eles dividiram o conhecimento em quatorze passos. Treze passos estão nesse mundo e o décimo quarto está no além...
Após um certo estágio de desenvolvimento, por exemplo, após a consecução dos doze passos, o espaço de tempo que leva para conseguir os passos restantes pode ser esticado. Eles podem ser conseguidos tanto em um nascimento, em dois nascimentos ou em três nascimentos. O adiamento pode ter grande utilidade.

Após a consecução da completa realização não há mais possibilidade posterior de nascer mais do que uma vez. Tal iluminado não vai cooperar ou auxiliar por mais do que um nascimento adicional. Mas após a consecução dos doze passos, se dois puderem ser deixados de lado, assim tal pessoa pode ser útil por muitos nascimentos mais. E a possibilidade de pô-los de lados está aí.
Alcançando o décimo segundo passo, a jornada chegou quase ao fim. Eu digo quase: isso quer dizer que todos os muros desabaram; somente uma cortina transparente permanece através da qual tudo pode ser visto. Contudo a cortina está aí. Após suspendê-la, não há qualquer dificuldade de ir adiante. Após ir além da cortina, o que quer que você ordinariamente seja capaz de ver pode ser visto também do outro lado da cortina. Não há absolutamente nenhuma diferença.

Eis por que digo quase: dando mais um passo, a pessoa pode ir além da cortina.

Mas desse jeito só há possibilidade de mais um nascimento, enquanto que se a pessoa permanece desse lado da cortina a pessoa pode ter tantos nascimentos quanto queira. Depois de cruzar para o além, não há nenhum modo de retornar mais de uma vez para esse lado da cortina...
Setecentos anos atrás, na minha vida anterior, havia uma prática espiritual de vinte e um dias, para ser feito antes de morrer. Eu estava para deixar meu corpo após vinte e um dias de jejum total. Havia razões para isso, mas eu não pude completar esses vinte e um dias. Faltaram três dias. Esses três dias eu tive que completar nessa vida. Essa vida é a continuação dali. O período intermediário não tem nenhum significado nesse respeito. Quando somente três dias restavam daquela vida, eu fui assassinado. Vinte e um dias não puderam ser completados porque fui assassinado apenas três dias antes, e esses três dias foram omitidos...
A pessoa que me matou não tinha qualquer inimizade comigo, embora ele tenha sido tomado e tratado como um inimigo. Esse assassinato tornou-se valioso...
Agora eu ainda posso ter outro nascimento. Agora existe a possibilidade de mais um nascimento. Mas isso irá depender se eu sentir de que isso será útil. Durante toda essa vida eu continuarei me esforçando para ver se mais um nascimento será de alguma utilidade. Depois vale a pena nascer outra vez; do contrário o assunto está encerrado e é inútil fazer mais algum esforço. Dessa forma esse assassinato foi valioso e útil.
Nos últimos momentos de minha vida anterior, o trabalho restante podia ter sido feito em apenas três dias pois o tempo era muito compacto. Minha idade era de cento e seis anos.

Tempo passava muito rápido. A história desses três dias continuou na minha infância nesse nascimento. Na minha vida passada isso estava no seu final, mas para finalizar esse trabalho aqui nessa vida levou vinte e um anos.

Muito tempo, se a oportunidade for perdida, pode ser necessário passar tanto quanto sete anos para cada dia. Assim nessa vida eu não pude vir completamente realizado, mas vim quase completamente realizado...

*(O entendimento Jainista e Budista em detalhes sobre vidas passadas com relação aos mestres iluminados é por demais complexo para ser incluído aqui.)
O pouco que eu disse sobre minha vida passada não é porque esta não tenha algum valor ou que vocês possam saber alguma coisa sobre mim. Eu lhes disse isso somente porque isso pode lhes fazer refletir sobre vocês mesmos e colocar vocês em busca de suas vidas passadas. Na hora que vocês conhecerem suas vidas passadas, ocorrerá uma revolução espiritual e uma evolução. Assim vocês irão começar de onde vocês haviam deixado suas vidas passadas; do contrário vocês ficarão perdidos em intermináveis vidas e nunca chegarão a lugar nenhum. Só haverá repetição.

Tem de ter um elo, uma comunicação, entre essa vida e a anterior. O que quer que você tenha alcançado na sua vida passada deve vir a ser conhecido, e você deve ter a capacidade de dar o próximo passo adiante...

Atualmente a dificuldade é essa: não é muito difícil lhes fazer lembrar dos seus nascimentos passados, mas a coisa chamada de coragem foi perdida. Só é possível lhes fazer lembrar seus nascimentos anteriores se vocês tiverem alcançado a capacidade de permanecer imperturbável no meio das maiores dificuldades dessa vida. Do contrário isso não é possível.

Quando nenhuma memória dessa vida puder ser uma causa de ansiedade para você, só assim você pode ser levado para as memórias das vidas passadas. Do contrário essas memórias se tornarão grandes traumas para você, e a porta de tais traumas não pode ser aberta a menos que você tenha dignidade e capacidade para enfrentá-las.
Você me escuta? Você me vê? Eu estou à porta e bato, e eu bato devido a uma promessa feita em outra vida, em outra era.

Essa foi minha promessa feita a muitos amigos na vida anterior: que quando a verdade for alcançada, eu os informarei."

 

                                           N.T.  Texto do Osho traduzido diretamente do site www.oshoworld.com 
                                                     No site não havia citação da origem do texto. 

                                                                            Puna, 29 de Março de 2004.

                                                                                       Swami Prasado

 

Instituto Osho Brasil - Caixa Postal 6157 - CEP 70749-970 - Brasília-DF
telefax: (61) 274-8497 - E-mail: osho_brasil@uol.com.br - www.oshobrasil.com.br