Conexão Brasil                                                        fevereiro de 2005
 

 

Opiniões Pessoais

 

OPINIÕES, METAS, PONTOS DE VISTA, ATITUDES E OUTRAS INVENÇÕES DA MENTE.

      Desde que iniciamos a edição deste boletim pela internet, assumimos um compromisso: o de que o boletim deveria ser distribuído até o primeiro dia de cada mês. Assim aconteceu durante 21 meses. Essa era uma de nossas metas.
     
Neste 22º mês, quando nos preparávamos para, mais uma vez, cumprir as datas pré-estabelecidas, o nosso computador pifou. Ficou indo e voltando várias vezes ao técnico que nos presta assistência, até que chegou o carnaval sem que tivéssemos condições de concluir a edição do boletim de fevereiro.
     
De início, não foi fácil para mim, Champak, encarar essa possibilidade de não cumprir a meta de distribuir o boletim até 1º de fevereiro e, ainda, deixar de responder aos mais de 10 e-mails que recebemos diariamente.


Sw.Bodhi Champak

      Mas, como que por obra do destino, um beija-flor chegou dançando à minha janela e me soprou ao ouvido: “Nada é por acaso; veja os sinais que a vida está lhe mostrando”. Imediatamente a tensão cedeu lugar a um relaxamento e comecei a rever todo o trajeto que tenho percorrido com o boletim nestes 22 meses. Permaneci por mais de uma semana sem acesso ao computador. E muita coisa ficou clara para mim. Pude ver como tenho sido um guerreiro, muito antes mesmo de estar editando este boletim. Particularmente ao criar esta seção, tenho manifestado minha opinião, meu ponto de vista, e tenho assumido atitudes diante de várias situações.
     
É claro que aproveitei as “férias forçadas” e recorri ao Osho, buscando mais clareza e entendimento. E tropecei na seguinte pergunta, no livro Vida Amor e Riso, da Editora Gente: “É importante ter algum tipo de atitude em relação à vida?” e no meio da ampla resposta do Osho, um parágrafo me tocou:
“...Todos nós temos atitudes: esta é a nossa angústia. Todos nós olhamos a partir de um determinado ponto de vista; por isso a nossa vida se torna pobre, porque cada aspecto pode, no máximo, ser apenas unidimensional, e a vida é multidimensional. Você deve ser mais líquido, mais fluido; deve derreter-se mais, fundir-se mais; você não está aqui para ser um censor. Não há nada a ser resolvido. Não tome a vida como um problema; ela é um mistério tremendamente lindo. Beba-a: ela é puro vinho! Embriague-se com ela!”
      Nada mais precisava ser dito.
     
A proposta original do boletim era que o foco central fosse a veiculação da mensagem do Osho e não a divulgação das opiniões, pontos de vistas e atitudes minhas ou de quem quer que seja.
     
Desde que eu comecei a fazer o boletim, a escolha do texto tem sido bastante aleatória e sempre o texto diz alguma coisa que eu preciso ouvir naquele momento (e muita gente tem escrito que o mesmo ocorre com elas). Eu só começo a fazer o boletim depois de traduzir o texto. E ele tem funcionado como a orientação básica para cada edição. E neste mês de fevereiro, o texto, como sempre, deu um seu recado bem preciso sobre todas essas questões. Podem conferir.
      Percebi que “eu” estava “dando uma direção” ao boletim. E que ele, ao contrário, deveria ser mais fluido. Nesses dias "sem ter nada para fazer" tive um insight e senti que o boletim deveria se limitar ao texto do Osho, seus toques, às notícias de Puna e à seção Caixa de Entrada, a qual deveria ser o canal de divulgação das mensagens recebidas de leitores, dos Centros, da Osho International, etc.
      Bem, recebi o recado e disse sim. Doravante, o boletim ficará reduzido àquelas seções. Mas, o que fazer agora com as várias mensagens que recebi ao longo deste mês, com reflexões a respeito das questões que eu mesmo levantei nos números anteriores? E o que fazer com a expectativas de leitores que aguardavam mais um capítulo sobre essas questões?
     
Resolvi, então, que neste mês estaremos apresentando, pela última vez, esta seção e não apenas com a minha própria opinião mas também com a opinião de vários leitores amigos que nos escreveram.
     
Por isso, nessa sua última aparição, mudamos o título da seção para “Opiniões Pessoais”.
      Isso não significa que eu esteja dando um passo atrás nas opiniões que externei em edições anteriores. Aquelas são as minhas opiniões e não as opiniões de um boletim que carrega o nome do Osho. Isso tem um significado e uma responsabilidade. Se for preciso guerrear, irei guerrear, mas usando o meu próprio nome e não o do Osho. 

          A primeira manifestação que publicamos é a do Neerava, de Florianópolis. Sw. Anand Neerava é jornalista e já é conhecido dos nossos leitores - veja seu depoimento no boletim nº 16, de agosto de 2004, disponível em nosso site www.oshobrasil.com.br na página "Boletim", seção "Sannyas...". Ele nos escreveu: 

      Caro Champak,
      Me solidarizo com a atenção que você vem dedicando no sentido de proteger o nome, o trabalho e a comunidade original de nosso Mestre Osho.
      Não é fácil a tarefa que você e os líderes da comunidade internacional do Mestre têm nas mãos. 
      Concordo que, cada um de nós, deve agir dentro do que sentir adequado e possível, ao nosso alcance.
      A questão é delicada. Por vezes, indivíduos agem de forma frontalmente inadequada e mesmo desonesta, em nome do Mestre. Por outras, são bem-intencionados e sinceros, legítimos, mas eventualmente contrariam orientações gerais do trabalho de Osho.
      O discernimento sobre o que merece censura, advertência e proibição, denúncia; e o que é julgamento, projeção e tentativa de controle nosso, de nossos Egos, deve ser procedido com cautela e serenidade.
      Apenas para referência histórica, recorde que todos os Mestres e comunidades do passado passaram por situações semelhantes, análogas ou idênticas. E daí advieram as diferentes ordens, as dissidências, as rupturas, os conflitos, as perdas, as divisões e, até mesmo as perseguições, os ódios, a competição, e uma gama de emoções, pensamentos e atitudes que nivelaram - nivelam e podem ainda nivelar no futuro - a postura de discípulos e monges a de humanos mortais carregados dos mesmos defeitos do Ego, do poder, da insanidade e dos vícios de Maya.
      Delicado assunto. Delicados papéis. De uma coisa esteja certo: o Karma é um só; e o Dharma também. Cada um responderá por seus atos. A mentira se diferencia da verdade, mais cedo ou mais tarde. Só o que é autêntico, puro, verdadeiro, sobrevive ao tempo. E este julgamento, percebo, não cabe a nós, mas a cada um, individualmente, e ao próprio tempo. É só esperar, e Ver.
      Love,
      Anand Neerava
  

 

          O segundo depoimento foi da Satto que dirige o Centro de Meditação mais antigo de Belo Horizonte

Estou aqui lendo os depoimentos e as denúncias. Concordo em preservar a obra do mestre em sua integra pois ele mesmo disse que todo caminho tem sua lógica própria e que todos estão certos se forem seguidos na íntegra sem que arranquemos pedaços de diversas obras para misturá-los. A sabedoria é uma só e nós estamos aqui principalmente para conquistarmos nossos corações. Mas para isto vivenciamos muitas loucuras e uma delas é a de acharmos que somos o mestre do outro. Ser mestre para nós mesmos já é bastante difícil imagine para o outro. Mas ele também disse: em caso de dúvida, diga Sim. Uma vez eu estava em Poona e alguém lá da cúpula me disse que depois que Osho se foi seria muito difícil manter o Sim para a existência de todos que por ali passavam. Cada um tem sua trajetória e nós somos muito pequenos para julgarmos. Aqui em BH tem um deputado que não só leu muito Osho como ouviu seus textos depois de gravá-los, e a partir daí criou seus livros e seus discursos. Eu sei que o que ele está fazendo não é ele, não é dele. O ego dele gosta de conquistar as pessoas e se fazer. Mas quem o escuta não sabe que aquele não é ele, mas a mensagem de certa forma está sendo passada, e muita gente está abrindo a mente. O que podemos fazer? Como julgar? Ele é falso, mas o que ele fala não é. Outro famoso palestrante assinou um texto o qual me disseram ser do Osho. Eu ainda não sei se é. Não o encontrei em meus livros. Este eu acho pior, mas a mensagem é belíssima e todos ganham com isto. O que fazer?

 

          A minha (Champak) opinião foi expressa na mensagem que enviei para a Deva Moti, de Fortaleza. Trocamos algumas mensagens, e delas selecionei as seguintes:

January 08, 2005 4:17 PM
Subject: Re:Osho Conexão Brasil-janeiro/2005
Oi família sannyasin, fico um pouco a pensar, quando leio essas noticias de iluminados. Será que só o Osho, pode ser iluminado? Fiquei sabendo que em Puna ILUMINOU, é mandado embora do ashram. Gostaria de saber, como uma sannyasin antiga que sou, qual é esse fenômeno. Meu mestre Osho, pelo que eu entendi, criou meditações e terapias para que nós chegássemos ao estado de acordados. E então, será que até hoje todas as terapias e etc , não conseguiram iluminar ninguém? Tenho muito medo de que essas atitudes sejam para criar a polícia secreta do Osho. Lamentável. Lembro-me de quando estive na India e quando eu dizia que era sannyasin do Osho as pessoas faziam pouco caso. Será que vamos fazer o mesmo com os novos iluminados? Eu Deva Moti tenho certeza que o Osho ainda me serve como Mestre, mas não me incomoda nem nada que outras pessoas preguem a palavra do meu mestre e se digam iluminadas, pois não estou preocupada com o que as pessoas sejam ou façam. Penso que isso é inveja de quem não conseguiu ter coragem para continuar os passos do Osho e só fica na mente tomando conta de quem se iluminou ou não. Essa gente precisa é meditar mais . Um abraço daqueles bem apertados que em 70 nós sannyasins dávamos uns nos outros. beijos Deva Moti

Querida Deva Moti,
Essa questão que você aborda é muito polêmica. Eu fico imaginando uma pessoa, um sannyasin ou não, que nunca tenha ido a Puna, ou que possa ter ido e atuado muitos anos no Ashram como terapeuta, como trabalhador ou simplesmente como meditador. De repente, essa pessoa sente ter alcançado uma visão mais ampla e limpa das coisas, uma consciência maior. Imagino que ela possa ficar quieta e curtindo suas percepções em seu próprio canto, ou pode começar a compartilhar essa experiência que teve. Não acho que essa pessoa precise anunciar aos quatro cantos que se tornou iluminada ou realizada. As pessoas que a conhecerem cuidarão de fazer isso. Imagino que ela continuará absolutamente humilde, centrada e tranqüila. Não vejo como ela precise agora, instalar-se em Puna, ou procurar se introduzir nos Centros Osho ou no meio de sannyasins para divulgar o seu trabalho. Ao contrário, ela estará fazendo o seu trabalho bem tranqüila, aceitando os convites de pessoas que a conhecem e que se sentem bem na sua presença. O mundo é imenso e jardins podem ser criados em inúmeros espaços ainda não explorados. Não há porque essa pessoa ter que mostrar o seu trabalho justamente no Ashram e nos Centros Osho ao redor do mundo que são os jardins criados por Osho para o trabalho dele. Se essa pessoa alcançou uma compreensão maior e uma clareza de visão, com certeza, ela respeitará esses espaços criados com a energia do Osho e com a sua orientação. Há todo um mundo lá fora onde essa pessoa pode desenvolver o seu trabalho e criar os seus próprios jardins. 
Osho sempre foi muito claro quanto a não misturarmos trabalhos, não misturarmos mestres, não misturarmos caminhos, sob pena de nos perdermos e não chegarmos a lugar algum. Ele diz que é preciso que haja entrega, comprometimento e responsabilidade para com um caminho. E Osho é categórico: você tem a sua liberdade de procurar outros caminhos. Mas se assim for, que o deixe e que seja inteiro nesse outro caminho.
Mas, não é isso o que tem ocorrido com um certo grupo de pessoas que ultimamente tem se declarado iluminadas. 
Algumas, parecem ser mesmo oportunistas, valendo-se do vácuo deixado pela ausência física de Osho, para se anunciarem como os novos líderes e orientadores. Usam textos do Osho, imitam sua postura e fala, procuram confundir as pessoas com iniciação no sânias, com mistura de Osho com Xamanismos, ou mistura de Osho com correntes terapêuticas esotéricas que nada têm a ver com ele, ou misturam Osho com suas próprias conveniências. Criam belos sites e oferecem workshops com nomes impressionantes.
Outras têm feito de sua anunciada "iluminação" uma bandeira e um escudo para guerrear contra a administração do Ashran. Essas pessoas têm manifestado um propósito de criar um grupo de seguidores, tem oferecido palestras, satsangs com esse intuito de arregimentar discípulos.
Desde a época em que Osho estava no corpo, pessoas com tal perfil nunca foram permitidas entrar no Ashram que é um espaço criado por ele para o florescimento de seu trabalho. E essa mesma orientação sempre foi dada para os Centros do Osho, onde a exclusividade sempre foi para com o trabalho do Osho. Isso não mudou depois que ele deixou o corpo.
"   O Mestre não está tentando ser Mestre – ele é. Não está agenciando isso; ocorre espontaneamente. Não está procurando, não está buscando discípulos; eles vêm. Acontece espontaneamente. A autêntica energia silenciosa de um Mestre, essa energia luminosa de estar alerta, em paz, descansado, relaxado, à vontade, começa a atrair muitas pessoas à mesma fonte. Essa atração não acontece na mente, mas, num nível mais profundo do que a mente, acontece em seu inconsciente.
                                       (Osho – Vá com Calma, vol. 3 – Cap. 6 – pergunta nº 2)

Às vezes eu penso em várias pessoas que eu conheci em Puna, e que continuam visitando o Ashram. Eu fico achando mesmo que elas alcançaram uma consciência maior, que elas alcançaram uma compreensão mais abrangente. Algumas vezes eu me encontrei com algumas dessas pessoas e tive uma sensação muito boa, como se um sopro de paz e alegria partisse delas e me refrescasse. E nenhuma dessas pessoas fizeram qualquer declaração ou insinuação a respeito de iluminação ou ou coisa parecida. E eu vejo que elas continuam vivendo como pessoas comuns, como eu e você. E o Ashram não fechou as portas para essas pessoas.
E quando eu vejo muitos de nós (sannyasins e amigos) tomando partido em favor desse ou daquele iluminado, dessa ou daquela mistura de Osho com alguma trabalho que está em moda, eu pergunto: o que está acontecendo? 
Será que muitos de nós não nos apegamos ao sânias como se fosse um movimento, como se fosse a nossa "tribo", como se fosse a nossa "muleta", onde poderíamos encontrar refúgio e apoio contra esse mundo caótico que nos cerca?
É claro que isso é uma tremenda armadilha de nosso ego, optando por um novo papel, um novo nome (sannyas), um novo cenário, com novos atores coadjuvantes, com um novo discurso, mas ainda assim, mantendo-nos presos e apegados a um determinado padrão, ainda que fosse novo, a um novo condicionamento através de uma nova máscara.
E agora que Osho não está mais aqui fisicamente, esse mesmo ego esperto procura fazer a transposição da figura do Mestre para um novo "guru" que se anuncia como a garantia de que todos continuaremos juntos e felizes, com o mesmo suporte, a mesma muleta, os mesmos discursos. Assim, a tribo estaria de novo reunida.
Será que já não é tempo de aproveitarmos a ausência física do Osho e assumirmos a nossa própria história individual, a nossa própria responsabilidade individual? Não é esse o foco de toda a herança que Osho nos deixou através de livros, vídeos, técnicas de meditação, etc? Será que é preciso irmos atrás de algum outro interlocutor da verdade, alguém que seja um intermediário entre Osho e a nossa compreensão limitada? Osho já não nos basta?
Então, Deva Moti, a questão não é ser contra pessoas que se declaram iluminadas. Que bom para elas se elas realmente alcançaram a iluminação. Mas o que isso tem a ver comigo, enquanto discípulo do Osho? O meu caminho, a minha busca, permanecem inalteradas; continuam sendo a minha busca e o caminho que só eu mesmo posso desenhar para mim. Isso é o que eu aprendi com Osho. E se ele próprio nos alerta sobre os riscos de estarmos misturando ensinamentos e caminhos, por que eu iria procurar por outras orientações?
Então, a questão não é ser contra pessoas que se declaram iluminadas. A questão é nos preservarmos, protegermos a nossa busca individual, o caminho que estamos descobrindo individualmente cada um por si. E sinto que é importante protegermos a mensagem do Osho que tanta clareza nos traz através de seus mais de 30 anos de discursos, respondendo a perguntas iguais às que surgem para mim e para você no dia-a-dia de nossa caminhada.
A questão que eu tenho que enfrentar é clara: não são os que se declaram iluminados, não é a a política do Ashram, não são os oportunistas que usam o nome do Osho, não são os discípulos que agem desse ou daquele jeito. A questão que eu tenho que enfrentar é a minha história pessoal, é o meu caminho individual para superar as minhas travas, a minha miopia, a minha incapacidade de abrir os olhos e ver.
É como eu vejo essa questão.
um abraço,
Champak

 

          Do Firdauz, autor de um livro em que descreve a sua experiência enquanto discípulo do Osho, recebemos a seguinte mensagem:

Caro Champak, 
Gostei muito do assunto que foi tratado em seu comentário deste mês. No entanto sinto que está faltando ser mais claro, verdadeiro e corajoso ao tratar deste assunto. É preciso que citemos nomes e denunciemos quem está agindo ilegalmente contra o nome do mestre. Utilizar discursos, textos, meditações, etc sem citar o nome do autor e mais, mentindo sobre a própria autoria dos mesmos, é demais, é ilegal e dá processos legais. Portanto, pediria a todos que tem real conhecimento de acontecimentos como este que denuncie aqui neste informativo. Assim estaremos realmente ajudando também aos buscadores que estão chegando a não caírem em armadilhas que acima de tudo atrasam a evolução do ser humano e conseqüentemente da vida. Um crime brutal contra a vida.
Firdauz

          Outro depoimento é o do Sw. Anand Nisargan, que já traduziu dezenas de livros do Osho e que desenvolveu o projeto do Osho Vídeos,  apresentando as imagens do Osho em palestras traduzidas para o português. Nisargan também já é conhecido dos nossos leitores - veja seu depoimento no boletim nº 11, de março de 2004, disponível em nosso site www.oshobrasil.com.br na página "Boletim", seção "Sannyas...". Ele nos escreveu: 

"Quem me conhece de perto logo percebe meu profundo amor por Osho, mas, há algum tempo, quem me conhecia de perto também logo percebia em mim os mesmos traços fanáticos presentes nos “religiosos tradicionais”.
"Pelo que sinto, Osho fez de tudo para evitar que esses traços fanáticos aflorassem nas pessoas ligadas a ele, mas parece que a tendência de nossos egos é ter esses traços, e a minha inconsciência era tanta que passei longos anos carregando-os, só me libertando deles quando os percebi claramente.
Eis a relação de alguns desses traços fanáticos que em mim existiam e que convido aos leitores a refletirem se eles também não estão presentes em si:
No fundo no fundo, para mim era mais importante exaltar o Osho para alguém do que contribuir de fato para que esse alguém encontrasse o seu caminho.
Hoje percebo que o mais importante é a pessoa descobrir o seu caminho, mesmo que esse caminho não tenha nada a ver com Osho.
No fundo no fundo havia a ilusão de que estar com Osho era necessariamente a única maneira que havia para a pessoa se desabrochar como ser humano.
Hoje percebo que os caminhos apontados por Osho não são os únicos bons caminhos. Percebo também que outros seres podem apontar até os mesmos caminhos, mas de uma maneira que tenha maior poder de sensibilização para essa ou aquela pessoa.
No fundo no fundo achava que a ligação com qualquer outro mestre que não o Osho necessariamente iria me desviar do meu caminho já longamente percorrido.
Hoje percebo que é possível encontrar mestres que ajudam a me aprofundar no caminho que já venho percorrendo. No meu caso, embora não me feche a outros mestres, não fico correndo atrás deles porque ainda não acabei com o delicioso banquete que Osho disponibiliza à minha mesa, mas sei que o meu caso é o meu caso e que pode não ser o mesmo caso para muitas pessoas.
No fundo no fundo achava que era minha obrigação alertar meus amigos quanto aos charlatões e charlatãs que, para satisfazerem seus próprios egos e bolsos, tentam ser “penetras na festa” dos autênticos iluminados.
Hoje percebo que cada um é responsável pela sua própria vida e pelas suas próprias escolhas e que cada um, de acordo com o seu nível de sensibilidade, tem o mestre, autêntico ou não, compatível com esse nível. Parece que também nesse assunto, tudo se encaixa e tudo pode servir de ajuda no aguçar de nossa sensibilidade.
No fundo no fundo achava que quando um sannyasin tinha o seu “espaço” oficialmente ligado à organização que se formou à volta do Osho, esse era um critério seguro de que essa pessoa e esse “espaço” estavam de fato coerentes com a mensagem do Osho.
Hoje percebo que esse critério não é confiável. Percebo também que existem “espaços” não ligados oficialmente ao Osho e/ou dirigidos por pessoas que nada sabem do Osho, e que são coerentes com a mensagem do Osho.
No fundo no fundo achava que, no máximo, apenas uma pessoa iluminada poderia realmente me auxiliar em meu percurso.
Hoje percebo que uma pessoa não-iluminada também pode transmitir os seus insights e me beneficiar em meu percurso.
No fundo no fundo achava que tudo o que Osho diz necessariamente é uma verdade absoluta válida para todos e em qualquer contexto.
Hoje percebo que devo escutar o Osho e verificar se o que ele diz em determinado momento se aplica a mim e ao meu contexto de vida.
No fundo no fundo achava que quaisquer dessas opiniões que hoje tenho seria um sinal do meu desamor, da minha ingratidão e do meu distanciamento em relação ao Osho.
Hoje percebo que essas opiniões afloram agora em minha consciência justamente devido a eu estar tranqüilo quanto ao meu amor pelo Osho e justamente por ter assimilado um pouco de sua mensagem.

 

          O último depoimento é o da Ma Satyam Ida Olga, coordenadora do Centro Osho Vidheya, de Salvador. Ela também já é conhecido dos nossos leitores por depoimentos em edições anteriores - no boletim nº 19, de novembro de 2004, disponível em nosso site www.oshobrasil.com.br na página "Sannyas..." e no no boletim nº 21, de janeiro de 2004, disponível também em nosso site, na seção "Depoimento". Ela nos escreveu: 

 

Champak;

Este tema surgido veio para promover um entendimento maior, maior clareza nas dúvidas, crenças, criticas e atuações; veio como para um amadurecer temas como “liberdade” e “poder real”, pois que liberdade tem limites e o limite é o respeito à diversidade, em qualquer estágio .

Será bem esclarecedor, que o boletim publique a resposta ao tema do poder, dada por  Osho em 03/03/1978!! ( Sabedoria  das Areias II, Editora Gente, 1º pergunta , pág.150  e também a pág.180, da última pergunta

A primeira pergunta (pag. 150):
Sinto que desejo brigar com você. Existem muitas coisas com as quais quero esbravejar, mas parece não haver espaço para isso. (...) Sinto que existe uma hierarquia neste lugar e algumas pessoas estão em grande viagem de poder; e não gosto disso. Permaneço devido ao meu sentimento por você, por meus amigos e por mim mesmo, mas não gosto da organização e de sua vibração. Eu deveria ir embora?

Osho: "Por favor."

A última pergunta (na pag. 180, Osho volta a fazer referência à primeira pergunta):
...
Osho: "...Você não pode evitar a situação que estou criando. Você precisa aceitá-la, o que é difícil. Ela é uma situação, uma estratégia. Por isso é difícil engoli-la - essa foi a primeira pergunta, a do Sudesh. Ele não consegue aceitar a organização daqui. Se não pode aceitá-la, por mais que pense que me ama, esse amor não é suficiente. Se você me ama o bastante, dirá sim às coisas que estou fazendo aqui. Deve haver algo nelas.
Você não pode ver agora, pois não tem olhos.
Sudesh diz: 'As coisas à sua volta não estão certas, estão viradas de pernas para o ar'. Eu as arrumei assim. Passar por elas e aceitá-las é aproximar-se de mim. Isso o ajudará a crescer em confiança. Se você não puder crescer, então é melhor que parta; dê seu lugar a outra pessoa..."

 

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