Conexão Brasil                                                        outubro de 2006
 

 

O Trabalho do Osho no Brasil

 

      A nossa proposta é inaugurarmos neste número uma nova sessão que trate do Trabalho do Osho no Brasil. Uma questão delicada e polêmica, sobretudo por que Osho não está mais em seu corpo para responder de forma documentável aos questionamentos que surgirem, nem para referendar ou rechaçar as eventuais colocações que pretendemos que sejam feitas pelas pessoas envolvidas no que poderemos chamar de uma maneira abrangente “O Trabalho do Osho no Brasil”.

      Estamos convidando a todos os nossos leitores, sannyasins e amigos do Osho, que nos escrevam manifestando seus pontos de vistas a respeito das questões aqui levantadas, principalmente aqueles que se sentem envolvidos e comprometidos de alguma forma com o trabalho do Osho. Essas manifestações irão constituir a matéria que pretendemos estar divulgando nesta seção nos próximos números.

      Sabemos, também que é possível que o material que estamos publicando nesta edição não estimule ninguém a nos escrever e assim não teremos matéria para esta seção nos próximos números. Se assim ocorrer, a seção morrerá no nascedouro.

      Para dar início ao que pretendemos ser uma seqüência de matérias, apresentamos dois depoimentos de coordenadores de Centros de Meditação Osho: O primeiro do Ashara que coordena o Centro de Fortaleza (o Estação Zen), que aproveita para lançar a idéia de um Festival dos Amigos do Osho, na virada do ano, em Fortaleza-CE. O segundo depoimento é do Champak, que além de coordenar o Centro de Brasília (o Osho Center) acumula a função de editor deste boletim.

 

Depoimento do Ashara:

      Em setembro tivemos o último encontro da Escola de Mistérios de Fortaleza, em 2006.  As fotos ao lado demonstram claramente como está a energia do grupo. Foi um final de semana de muita celebração, encontro com amigos, abertura e amorosidade.
      Agradecemos ao Prashanto por estar compartilhando a sua energia e compreensão conosco e com muitas outras Escolas de Mistérios pelo Brasil afora.
      Durante o trabalho senti necessidade de colocar algumas palavras e vendo o tema do discurso do Osho deste mês, no boletim, me veio o impulso de compartilhar aqui também.
      Todos sabem que sou um amante do Osho e da visão dele e todo o meu trabalho está direta ou indiretamente focado nessa visão. Tenho, desde 87 trabalhado com Centros de Meditação do Osho e aconteceu disso se transformar no meu trabalho e a minha missão nessa vida, pelo menos até hoje. Estou cada vez mais feliz e realizado por poder compartilhar a visão do meu Mestre com amigos e clientes. Sinto que isso me engrandece, me fortalece e alimenta o meu crescimento pessoal.
      Mas o que também falei durante o encontro da Escola foi que sinto que a grande maioria dos discípulos e amigos do Osho vivem essa visão de forma muito isolada e isso nos enfraquece individualmente e não fortalece os pequenos grupos que se reúnem aqui e ali.


      Certa vez falei isso pra um pequeno grupo de saniasins e ouvi depois comentários que eu estava querendo ser um missionário e querendo formar uma igreja em torno do Osho. Esse talvez seja o grande medo que nos impede de trabalhar juntos, o medo de não querermos cometer o mesmo erro que cometeram todas as grandes religiões do passado e do presente: dogmatizar os ensinamentos de liberdade, amororosidade e religiosidade de grandes Mestres espirituais.
Respondi então que criar uma nova religião não é de forma alguma minha pretensão, mas sinto claramente a necessidade de estarmos trabalhando, vibrando, celebrando juntos e fortalecendo o Campo do Osho em mais e mais lugares nesse planeta
      Sinto que muita gente já está bem consciente para dar esse salto: o de não ter medo da possibilidade de criação de outra religião em torno do Osho. E até acho que algumas vão se formar (se já não se formaram). Mas se você está cada vez mais meditativo e consciente, essa possibilidade jamais vai acontecer. Compreendemos que toda religião é baseada única e exclusivamente no medo de estar só, e meditação é a fórmula essencial para estarmos num profundo estado de solitude, isto é, sós e completamente preenchidos.

      Mas pra não ficar somente no verbal e para aqueles que se sintonizem com essa mensagem, estamos lançando a idéia de um grande encontro nacional de saniasins e amigos do Osho - o FESTIVAL AMIGOS DO OSHO - FORTALEZA, aqui no Osho Centro Estação Zen, de 28 de dezembro/06 a 01 de janeiro/07, pra celebrarmos juntos a entrada de 2007 e fortalecermos o Campo do Osho aqui e em todo o Brasil.
      Vejam (basta clicar) na
NOSSA CAIXA DE ENTRADA, o anúncio do evento.
      O que vocês acham? Aguardo perguntas, comentários e sugestões!
      Muito Amor para todos
      Ashara e equipe do Estação Zen.

PS. Adorei quando escrevi esta mensagem para o Champak e ele gostou e está nos dando a maior força. Nesse momento isso já me dá um incentivo adicional para eu começar a trabalhar com alegria e entusiasmo na preparação desse projeto. Isso mesmo que o Mestre nos ensina: "Fazer com prazer"!

      Paz e alegria e muito prazer para todos!

 


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Depoimento do Champak: Por que um Osho Meditation Center?

      Eu tenho uma maneira muito simples e muito objetiva de ver as coisas. Sinto que às vezes é simples e objetiva em demasia. Isto é algo que ainda tenho que trabalhar comigo mesmo: ser mais fluido, trazer um pouco mais de poesia à minha vida, permitir um pouco mais de loucura. Aliás este é o toque do Osho sobre o meu nome: Champak, que é o nome de uma flor oriental.
      Mas, com essa minha maneira simples e objetiva, quando eu declaro que tenho Osho como meu mestre, antes de tudo eu tenho que saber o que significa essa declaração. O que significa ter Osho como mestre? 
      Na minha adolescência em Juiz de Fora havia um último ônibus às 2h da madrugada. Depois dele, tínhamos que voltar para casa a pé. Não havia outra alternativa.
      Eu sinto Osho como o último ônibus na minha caminhada. Depois dele, eu terei que caminhar sozinho. 
      Osho nos dá todas as ferramentas, todas as técnicas, todas as dicas, todos os esclarecimentos e nós diz: não acredite em mim, experimente e chegue às suas próprias conclusões. E quando conseguir estar de pé, centrado e puder caminhar sozinho, livre-se de mim. Siga só.
      Para mim, Osho é um sumo da verdade que está aí para ser absorvido, o máximo que for possível; para ser experimentado... Uma fonte permanente de inspiração e desafios.
      E Osho diz que na busca pessoal é fundamental que haja comprometimento, entrega total e responsabilidade para com um caminho; e acrescenta que se você misturar caminhos diferentes você não chega a lugar algum... Ele ainda diz que cada mestre tem suas próprias estratégias, sua maneira própria de seduzi-lo para encorajá-lo a dar o salto quântico... 
      Por tudo isto, eu sinto que se estou com Osho, não posso estar com ele, e ao mesmo tempo, estar com A, B ou C, ainda que eu perceba uma sintonia com outras mensagens, afinal o propósito de todos os mestres é o mesmo. 
      As palavras do Osho têm uma abrangência e profundidade, além de um poder imenso de esclarecer as questões desde as mais simples às mais complexas. 
      Só para dar um exemplo, em The Book of the Secrets, vol. 4, cap. 9, ele diz:

      “Não faça nada por sua conta, e não misture duas técnicas, porque o funcionamento delas é diferente, suas maneiras são diferentes, suas bases são diferentes. Elas conduzem ao mesmo fim, mas enquanto meios, são totalmente diferentes. Às vezes elas podem ser diametralmente opostas. Assim, não misture duas técnicas. Use a técnica como ela é apresentada.
      Não a mude, não a melhore – porque você não pode melhorá-la, e qualquer mudança que você traga para a técnica pode ser fatal.”

      O que se pode entender disso? Só uma coisa: que as suas técnicas não devem ser alteradas, não devem ser misturadas. Não é para se fazer uma montagem com metade da Dinâmica e metade da Kundalini, ou incluir um estágio, por conta própria, na seqüência de uma Nadabrahma. Resumindo, Osho quer dizer exatamente aquilo que ele está dizendo. Ele sempre foi absolutamente claro. Não há qualquer necessidade de querer interpretar as suas palavras. É simples: basta ouvi-las.
      Osho não falou para o povo dos anos 70 e 80 e agora está fora de moda e precisa ser adaptado pelos experts. Osho falou para as gerações que ainda vão nascer. Osho nos mostrou uma religiosidade sem religião que há de ser a visão do novo homem, do homem do futuro.
      Então, me perguntam: por que um Centro de Meditação Osho? Por que um centro oficialmente filiado a Puna? Não seria mais fácil simplesmente abrir um espaço de meditação sem os compromissos e obrigações que temos que assinar com a Osho Global Connections?
      E os contestadores mais ferrenhos ficam questionando: qual o sentido de estar filiado a Puna se Osho não está mais no corpo? quem são essas pessoas que estão administrando a comuna hoje? o que elas estão fazendo? por que dar satisfação a elas? etc, etc. 
      Para mim não interessa quem sejam os administradores de plantão da comuna do Osho em Puna, hoje chamada de Resorte Internacional; não me interessa se as suas decisões administrativas agradem A e desagradem B. 

      Para mim, o que conta é que ali, ao redor de Osho criou-se um campo de energia, um Buddhafield, que nas suas palavras, se estendeu por todo o mundo, através dos Centros, das comunas, dos sannyasins e de seus amigos (sobre isto, leia a seção de texto deste mês publicada no boletim). 
Da mesma forma que eu sinto a presença de Osho caminhando ao meu lado, quando estou em meditação, amoroso e com minha sensitividade aguçada, assim também eu sinto a diferença de energia quando eu medito em casa, no meu quarto e quando medito no salão do Osho Center, que é um espaço do Osho, devotado a ele, e proclamado por ele próprio como uma ramificação do Buddhafield criado ao seu redor.
      E quando eu medito com outras pessoas, 


Festa de Inauguração do Osho Center Brasília

a minha experiência é diferente de quando medito só. Além disso eu considero muito o que Osho disse a respeito dos seus Centros, comunas e ashrams. E ele sempre foi absolutamente claro. Não há qualquer necessidade de querer interpretar as suas palavras. É simples: basta ouvi-las. E o que ele diz sobre seus Centros?

      “Lembre-se de uma coisa: cada um de meus sannyasins carregam algo de mim, cada um de meus sannyasins se tornam uma parte de mim, espiritualmente, fisicamente, de todas as maneiras possíveis. Meus sannyasins não são crentes, eles estão num caso amoroso Isto é um fenômeno LOUCO!Onde quer que meus sannyasins se encontrem, a minha presença será sentida. Onde quer que meus sannyasins celebrem, a minha mensagem será percebida, porque celebração é a minha mensagem. 
      Dancem tão totalmente que seus egos se dissolvam e desapareçam. 
      Dance tão totalmente que o dançarino não esteja mais presente, mas apenas a dança permaneça. Então vocês me encontrarão, onde quer que vocês estejam.
      E agora, um fato tem que ser sabido e reconhecido: que meu Buddhafield não vai estar confinado a este pequeno local onde eu estou vivendo com uns poucos milhares de sannyasins. Todas as pequenas comunas, ashrams, centros em todo o mundo se tornarão pequenos Buddhafields. E isto pode ser feito: se você pegar algo da minha alegria, algo do meu amor, algo do meu riso, e levar consigo. Onde quer que você for, você estará levando a fragrância do Buddhafield até lá. Você estará levando sementes.”
                                                                 OSHO – Come, Come, Yet Again Come – Cap. 14

      Não é preciso ser mais claro. Da mesma forma que tornar-se sannyasin significa, entre outras coisas, uma declaração pública de que aceita e quer Osho como seu mestre, assim também é um Centro Osho. É declarar e assumir publicamente que este espaço é devotado ao mestre Osho, que está em sintonia com ele e que aceita as orientações que ele deixou para o funcionamento de seus Centros. É uma vontade de querer fazer parte desse Buddhafield.
      E sobre isso ele ainda diz:

      “Um mestre é de tremenda ajuda, e se o mestre também tiver um Buddhafield... Um mestre pode se movimentar sozinho, sem criar um Buddhafield. Para criar um Buddhafield, o mestre tem que criar milhares de discípulos. Ele tem que criar uma energia multidimensional na qual todos os tipos de pessoas contribuem, derramam sua energia. Ele tem que fazer um oceano de energia, tão tremendamente poderoso que qualquer um que entrar nesse oceano poderá ser transformado – algumas vezes apesar delas mesmas, algumas vezes sem mesmo elas saberem o que está acontecendo.  
      É fácil acontecer isto com um mestre. É ainda mais fácil acontecer isto com um mestre que tem um Buddhafield. E meu esforço é não apenas criar um Buddhafield aqui, mas criar pequenos oásis por todo o mundo. Eu não gostaria de confinar esta tremenda possibilidade a esta pequena comuna aqui apenas. Esta comuna será a fonte, mas ela terá ramificações por todo o mundo. Ela será a raiz, mas ela se tornará uma grande árvore. Ela vai alcançar todos os países, ela vai alcançar todas as pessoas que tenham o potencial. Nós criaremos pequenos oásis; nós já começamos a criar pequenas comunas e centros por todo o mundo.  
      Quase duzentas pequenas famílias já estão funcionando por todo o mundo, mas isto é apenas o começo. Milhares de comunas irão acontecer, uma vez que esta comuna se torne realmente e totalmente estabelecida. Isto irá criar um tal ímpeto, que irá criar uma vontade de que tenhamos muitas comunas por todo o mundo. E onde quer que meus sannyasins estejam juntos, eu estarei lá. Onde quer que eles estejam sentados em meditação, minha presença será sentida.  
      Assim, nós temos que criar a raiz e em seguida as ramificações. O mundo todo não pode vir até aqui, mas nós podemos enviar nossos mensageiros, nossos apóstolos; nós podemos enviar nossas ramificações para longe e para locais variados.Nós podemos cobrir toda a terra. Nós já estamos cobrindo toda a terra.  
      Isto tem uma imensa importância hoje, pois se isto não acontecer, a humanidade não terá futuro. O ‘velho homem’ já está morto, vocês estão carregando um cadáver. O novo homem é absolutamente necessário – somente assim esta terra continuará vivendo, somente assim este planeta permanecerá vivo.  
      E o homem tem a capacidade de renovar a si mesmo – de morrer para o passado e renascer. O homem tem a capacidade de ressurreição. Mas a terra hoje está quase como um deserto e pequenos oásis são necessários em todo lugar, de modo que aqueles que têm sede não possam dizer, ‘O que nós podemos fazer? A água não está disponível. Como poderemos saciar nossa sede?’ Nos temos que fazer com que Deus esteja disponível a todo buscador possível, em todo o mundo.”  
                                           OSHO – The Dhammapada – The Way of the Buddha – cap. 6

      E ainda há um outro aspecto que Osho apresenta a respeito da necessidade de criarmos Centros. E este é um aspecto que diz respeito a todos nós, sannyasins e amigos do Osho.

      “Todos os dias, pessoas vêm a mim com suas experiências. E quando elas relatam suas experiências, eu posso ver os seus medos, em suas faces e em seus olhos – elas estão com medo. Quando eu lhes digo que é um bom sinal que aquelas coisas estejam acontecendo, imediatamente o clima muda. Elas começam a rir e ficam felizes. Se elas puderem me ouvir dizer que ‘isto é lindo’, que ‘eu estou feliz com você’,que ‘você está crescendo de uma maneira legal’, imediatamente acontece uma grande mudança. Da tristeza, elas saltam para uma grande alegria. Nada mudou, a experiência delas é a mesma. Eu apenas lhes dei uma interpretação diferente. Elas estavam amedrontadas porque elas não sabiam.  
      Essas coisas não são para se acreditar ou desacreditar, mas simplesmente para serem guardadas na memória, de maneira que, se o momento chegar, você será capaz de interpretar corretamente – e a interpretação correta é de grande significância. Senão, a jornada interior se torna muito difícil. Existem muitos momentos nos quais a pessoa quer retornar e voltar para o mundo e ser normal.  
      A pessoa começa a sentir que algo anormal está acontecendo, e ‘anormal’ é uma palavra condenatória. E se você conversar com outras pessoas que nunca meditaram, elas lhe dirão, ‘Vá a um psicanalista ou a um psiquiatra. É melhor você fazer um check-up. Que tolice é esta que você está falando? Uma sensação de que está maior! Você perdeu a razão? Você disse que teve a sensação de que está subindo e que a gravidade desapareceu? Ou que ficou menor e menor e então desapareceu? Você está alucinando, você está sendo vítima de ilusões. Você tem que ir a um psiquiatra – ele vai endireitá-lo, ele vai consertá-lo’ (...)  
      Por isto, se algumas coisas acontecerem algumas vezes, procure sempre por pessoas que meditam. É por isto que eu estou insistindo tanto para que se abram centros em todo o mundo, de modo que os sannyasins possam meditar, e se alguma coisa acontecer, eles podem encontrar outros sannyasins, eles podem compartilhar suas experiências. Pelo menos haverá alguém compreensivo. Pelo menos haverá alguém que não irá condená-lo, que respeitará a sua experiência, que aceitará a sua experiência, que lhe dará esperança e inspiração, que lhe dirá, ‘Bom, vá em frente. Muito mais ainda vai acontecer.’ Um mestre é necessário somente por causa disso – alguém em quem você possa confiar, alguém que está simplesmente dizendo, ‘Isto é bom e você pode seguir em frente’, e você pode seguir em frente. A jornada é cheia de riscos.  
                                              OSHO – The Secrets of the Secrets – vol. 2 – Cap. 5

             

 

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