Após sua iluminação, aos vinte e um anos de idade, Osho completou
seus estudos acadêmicos e passou vários anos ensinando filosofia na
Universidade de Jabalpur. Enquanto isso, viajava pela Índia proferindo
palestras, desafiando líderes religiosos ortodoxos, em debates
públicos e encontrando pessoas de todas as posições sociais. Ele leu
extensivamente tudo o que pôde encontrar para expandir sua compreensão
dos sistemas de crença e da psicologia do homem contemporâneo.
No final da
década de 60, Osho começou a desenvolver suas técnicas de meditação
ativa. O ser humano moderno, ele disse, está tão
sobrecarregado com as tradições antiquadas do passado e com as
ansiedades da vida moderna, que precisa passar por um profundo
processo de limpeza antes de poder descobrir o estado de meditação
relaxado e sem pensamento.
Começou a
conduzir campos de meditação por toda a Índia, proferindo discursos
aos participantes e orientando pessoalmente meditações por ele
desenvolvidas.
No início dos anos 70 os primeiros ocidentais começaram a ouvir falar
de Osho, e juntaram-se ao crescente número de indianos que foram
iniciados por ele no neo-sannyas. Em 1974, uma comuna estabeleceu-se à
volta de Osho, em Puna, Índia, e logo os poucos visitantes do Ocidente
tornaram-se bastante numerosos. Muitos eram terapeutas que se deparavam
com as limitações das terapias ocidentais e que procuravam uma
abordagem que pudesse alcançar e transformar as profundezas da psique
humana. Osho os encorajou a contribuírem com suas habilidades à comuna
e trabalhou intimamente com eles para desenvolverem suas terapias no
contexto da meditação.
O
problema com as terapias desenvolvidas no Ocidente, ele disse, é que
elas estão limitadas a tentar tratar a mente, enquanto que o Oriente
há muito compreendeu que a própria mente, ou melhor, nossa
identificação com ela, é o problema. As terapias podem ser úteis
- como os estágios catárticos das meditações que desenvolveu - para
aliviar as pessoas de suas emoções e medos reprimidos, e para
auxiliá-las a se perceberem mais claramente. Porém, a não ser que
comecemos a nos desapegar dos mecanismos da mente e suas projeções,
desejos e medos, iremos sair de um buraco somente para cair num outro. A
terapia, portanto, deve andar de mãos dadas com o processo de
desidentificação e testemunho, conhecido como meditação.
No
final dos anos 70, a comuna em Puna abrigava o maior centro de terapia e
crescimento do mundo, e milhares de pessoas vinham participar dos grupos
de terapia e meditação, sentar com Osho em seus discursos diários e
contribuir com a vida da comuna. Alguns retornavam a seus países e
estabeleciam centros de meditação.
De 1981 a 1985, o
experimento de comuna ocorreu nos Estados Unidos, numa região de mais
de duzentos quilômetros quadrados, no alto deserto do Oregon. A ênfase
primordial da vida da comuna era construir a cidade de Rajeeshpuram, um
"oásis no deserto". E num período de tempo milagrosamente
curto, a comuna construiu casas para cinco mil pessoas e começou a
reverter décadas de estragos - devido ao excessivo uso da terra -
restaurando riachos, construindo lagos e reservatórios, desenvolvendo
uma agricultura auto-suficiente e plantando milhares de árvores.
Em Rajneeshpuram,
meditações e programas de terapia aconteciam na Rajneesh International
Meditation University. As facilidades modernas construídas para a
Universidade e seu meio ambiente acolhedor possibilitaram profundidade e
expansão de seus programas, o que antes não era possível. Cursos e
treinamentos de longa duração foram desenvolvidos, e atraíram um
grande número de participantes, incluindo muitos que já eram
profissionais, mas que desejavam expandir suas habilidades e o
entendimento de si mesmos.
No final de 1985,
contudo, a oposição do governo local e federal a Osho e à comuna
tornou impossível a continuação do experimento. A comuna foi dispersa
e Osho encaminhou-se para um tour pelo mundo, concedendo entrevistas à
imprensa e proferindo discursos para discípulos no Himalaia, na Grécia
e no Uruguai, antes de retornar à Índia, em meados de 1986.
Em janeiro de
1987, Osho restabeleceu-se em Puna, proferindo discursos duas vezes ao
dia. No prazo de alguns meses a comuna de Puna começou um programa
completo de atividades e se expandiu muito mais do que anteriormente.
Foi mantido o padrão de conforto moderno estabelecido nos Estados
Unidos, e Osho deixou claro que a nova comuna de Puna deveria ser um
oásis do século XXI, mesmo na Índia subdesenvolvida. Mais e mais
pessoas vinham do Oriente, particularmente do Japão, e suas presenças
trouxeram um enriquecimento correspondente nos programas de cura e de
artes marciais. Artes visuais e de performance também floresceram,
juntamente com a nova Escola de Mistério. A diversidade e a expansão
refletiram-se na escolha, por Osho, do nome Multiversidade, que abrigava
todos os programas.
E a ênfase na
meditação fortaleceu-se ainda mais - esse era um tema constantemente
abordado nos discursos de Osho, e ele desenvolveu e introduziu muitos
novos grupos de meditação, incluindo a No-Mind, a Rosa Mística e o
Born Again.
Cerca de nove
meses antes de deixar seu corpo, Osho ditou a inscrição para o seu
samadhi, a cripta de mármore e espelho que contém suas cinzas.
Osho
- nunca nasceu, nunca morreu.
Apenas visitou este planeta Terra entre
11
de Dezembro de 1931 e 19 de Janeiro de 1990.
A comuna que cresceu em sua volta ainda floresce em Puna, Índia,
conhecida hoje como Osho International Meditation Resort, onde milhares
de buscadores se reúnem durante todo o ano para participar de seu
programa de meditações e grupos de crescimento.
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